Naquela noite Regina demorou para dormir, assistiu ao vídeo de Henry mais algumas vezes e pensou em Emma, pensou nos dois. Nos três. Por fim o seu choro a embalou e a fez dormir. Enquanto isso, a loira chegou em casa, beijou o filho que já estava dormindo e se deitou na cama, ficou pensando em tudo que aconteceria enquanto olhava para o teto. Sua preocupação podia estar naquele Halloween, mas Emma não estava se importando tanto assim com as bruxas, ela se importava muito mais com Regina, e foi pensando na morena que ela também adormeceu.

Na manhã seguinte Storybrooke já amanheceu em clima de festa. Agora que tudo estava bem, um momento de comemoração e alegria os deixavam animados. Todos ajudaram como podiam na decoração final do Granny’s para a festa de logo mais a noite. Emma estava se arrumando para ir até a Delegacia, quando Henry acordou e desceu as escadas correndo já com sua mochila nas costas.

–Hey, hey, hey. Que pressa é essa ? –Emma perguntou assim que o filho passou correndo por ela sem vê-la.

–Ah, mãe. –ele voltou e a abraçou. –Eu vou até a o Granny’s ajudar com os preparativos finais. Você vai para a Delegacia ?

–Sim, todo mundo pode estar querendo festejar hoje, mas tem sempre algum sem vergonha a solta, então eu preciso trabalhar. –e não era apenas ao trabalho de Xerife que Emma estava se referindo. –Tenho uma notícia boa pra você.

–O quê ? –Henry abriu um sorriso cheio de esperanças. –Minha mãe resolveu ir a festa ?

–Não. –a loira respirou fundo ao ver o sorriso no rosto do filho sumir. –Eu mostrei o seu vídeo pra ela e ela amou, demais, inclusive pegou minha câmera pra ela só pra poder ficar assistindo você o tempo todo lhe dizendo aquele monte de coisas bonitas. –completou bagunçando os cabelos do garoto que acabou rindo junto dela.

–Se você conseguir falar com ela hoje, diga que eu posso estar festejando, mas que minha mente e meu coração vão estar nela.

–Pode deixar. –Emma sorriu ao ouvir aquelas palavras, pois sua mente e seu coração também estavam em Regina. –E Henry, ela ta doida pra poder te abraçar e dizer que te ama de pertinho, viu ?

–Eu sei. Mal posso esperar por amanhã, quando tudo já tiver passado. Eu vou correndo na mansão vê-la. –Henry piscou para a loira antes de sair correndo porta afora, deixando Emma para trás desejando que aquilo fosse realmente possível e que o amanhã existisse para todos eles.

***

Quando a noite chegou, todos se dirigiram para o Granny’s onde havia muita comida especial de Halloween e música alta, além das diversas fantasias diferentes que todos usavam. Emma ajudou Henry com a dele e ficou feliz em ver o quê ele havia escolhido para vestir, enquanto ela disse que ia vestida de Xerife mesmo, afinal não podia se dar ao luxo de usar nada extravagante quando Bruxas de verdade estavam prestes a atacar a cidade e ela precisaria lutar. Se juntou aos outros no Granny’s e ficou esperando o momento certo de poder sair e fazer tudo que havia planejado, torcendo para que saísse tudo certo.

Enquanto isso na mansão, Regina estava sentada no sofá da sala, com todas as luzes apagadas e apenas algumas velas acesas iluminando o local. Esperava o momento em que elas fossem começar a entrar por aquela porta, ou pelas janelas, ou qualquer outro lugar que fosse. Mas a sua preocupação maior era Emma. Ela pedia para que tudo se saísse bem com o feitiço protetor, e que ela conseguisse acabar com as bruxas antes da loira chegar e correr o risco de perdê-la.

De repente as luzes começaram a piscar e Regina se levantou e olhou a sua volta. Eram elas. Era hora. Ela respirou fundo enquanto nuvens de fumaça preta, roxa e vermelha se dissolviam em sua sala e em seguida as bruxas se materializavam em sua frente.

–Regina, feliz dia das bruxas, querida amiga ! –Maleficent foi a primeira a vir até a morena, lhe cumprimentar com um beijo no rosto e arrancando risadas das demais pela sua ironia.

–Feliz nosso dia ! –Regina forçou um sorriso irônico entrando no jogo e as fazendo rir de novo.

–Por quê não está vestida para a ocasião ? –indagou Tremaine indo cumprimentá-la.

Só então Regina se dera conta de que usava suas roupas habituais de Prefeita e não os vestidos de bruxa que todas eram acostumadas a usar.

–Bem, é dia de usar fantasias e eu resolvi vir de pessoa normal e patética como todas as outras dessa cidade. –se sentiu aliviada ao ouvi-las rir de sua explicação improvisada.

–Ou, você está ótima querida. –Cruella foi a próxima a ir até ela. –Mesmo nessas vestes ridículas.

–Você também querida. –Regina forçou um sorriso enquanto via Úrsula vir até ela. –Belas pernas, Úrsula. –piscou para a outra que agora exibia um par de pernas ao invés dos tentáculos nojentos.

–Ainda prefiro meus preciosos tentáculos, mas fazer o quê. –riu antes de ir se juntar as outras bruxas que haviam se sentado no sofá da sala.

–Mas e então, que horas vamos para a Prefeitura iniciar o ritual final ? –Gothel perguntou após cumprimentar a anfitriã.

–Bem, acho que antes podemos descontrair um pouco e conversar mais sobre como nossa vida será esplêndida daqui para a frente. Não acham ? –Regina se sentou junto delas e então iniciaram uma conversa na qual a morena quase não conseguira prestar atenção, pois sua mente estava em outro lugar, em outras pessoas.

***

Emma aproveitou que todos estavam dançando juntos e saiu correndo do Granny’s sem que a vissem. Parou na rua em frente ao estabelecimento e ergueu as duas mãos em direção do mesmo, enquanto fechava os olhos e tentava canalizar toda a sua magia. Segundos depois a luz emanou de suas mãos e circundou o local todo criando uma bolha protetora e invisível.

A loira sorriu ao ver que havia conseguido fazer o feitiço de proteção e mentalmente agradeceu a Regina pelas aulas de magia, jamais teria conseguido sem ela, mesmo praticando tanto sozinha como estava fazendo naqueles últimos dias. Ao pensar na morena, estalou os dedos mudando sua fantasia e então sumiu em uma fumaça branca que só se dissipou quando estava em frente a mansão da morena.

Lá dentro, as bruxas continuavam conversando e dando suas risadas macabras, até que todas as velas se apagaram de uma vez tornando tudo mais escuro ainda e as fazendo se calar. As luzes começaram a piscar sem parar antes de tudo se tornar um breu e de repente a lareira se acender de uma vez com chamas enormes e brilhantes. Regina engoliu em seco sem saber o quê estava acontecendo. Tudo se tornou mais confuso ainda para elas e para as demais bruxas, quando uma fumaça branca apareceu na sala trazendo uma pessoa totalmente coberta por uma capa azul escura.

–Boa noite ! –a pessoa se virou para elas, mas sem deixar seu rosto aparecer devido ao capuz que acompanhava a capa. Sua voz era fria e fez Regina sentir um arrepio em sua espinha. Todas as bruxas se levantaram.

–Quem é você ? –Cruella se apressou em perguntar, antes de Maleficent emendar:

–Regina, não sabia que havia convidado mais alguém.

Regina, sem saber quem era aquela pessoa e sem saber o que dizer, se calou e agradeceu quando a criatura começou a se aproximar dizendo:

–Ninguém me convidou, eu vim porquê quis, sozinha.

–E como ficou sabendo da nossa Convenção ? –Úrsula perguntou intrigada.

–Eu sei de tudo, vocês podem não me conhecer, mas eu sou a pessoa que sabe de tudo, tão bruxa quanto todas vocês, e mais poderosa do que todas vocês juntas. –ia dizendo enquanto caminhava lentamente na direção delas. As bruxas deixaram um riso escapar.

–Como pode ser a mais poderosa se nem mesmo sabíamos da sua existência ? –Tremaine fez todas as bruxas rirem, mas o riso cessou assim que a pessoa com a capa ergueu a mão e começou a sufocar a dona da pergunta.

–Se eu fosse vocês, não duvidavam. Se eu nunca apareci, é por um bom motivo e para a felicidade de vocês. Eu quero voltar para casa também, e quero reinar junto de vocês, semeando o mal entre todas essas pessoas medíocres que estão lá fora. –a pessoa avançou mais um pouco e só parou ao ouvir a pergunta.

–Qual o seu nome ? E por quê não tira a capa e nos deixa ver quem você é ?

–Meu nome é Morgana. –respondeu antes de se aproximar de quem havia feito a pergunta, com a capa lhe cobrindo totalmente o rosto. –E eu acho que o meu cabelo não é comprido o bastante como você gosta Gothel, por isso prefiro continuar com a capa. –ironizou antes de avançar para a próxima. –Oh, e você Lady Tremaine, também quer que eu retire a capa ou prefere que eu escove os ladrilhos das paredes pra deixar tudo brilhando como você adora ? –não esperou a resposta e avançou mais ainda. –Cruella, melhore a sua feição querida, ou quer que eu te traga um dálmatas para que você volte a sorrir ? –ela ia mostrando que conhecia bem todas as bruxas presentes, e estas não ousaram interrompê-la. –Úrsula, pernas definitivamente não combinam com você. –bocejou assim que chegou junto de Maleficent. –De repente me bateu um sono, espero que não se importe. –sussurrou apenas para a bruxa, antes de se dirigir até Regina. Parou em frente a morena, tapando a visão das demais bruxas e só então ergueu um pouco o rosto mostrando quem era. Regina sentiu seu coração disparar. –E você Regina, devo dizer que está mais linda a cada dia que passa. –sorriu ao dizer aquela enorme verdade. “Emma”, ela leu nos lábios da morena como uma advertência, e então piscou indicando que estava tudo bem.

–Obrigada, Morgana ! –Regina respondeu para não perder a compostura diante das demais. Não podia acreditar que Emma estava ali, fazendo tudo diferente do que haviam combinado, se arriscando daquela maneira.

–Espero não ter interrompido nada importante, ops, o mais importante não está aqui não é mesmo, e sim na Prefeitura. Eu adoraria vê-lo. –falou antes de sumir em sua fumaça branca.

–O feijão mágico. –Maleficent gritou antes de todas as bruxas começarem a sumir em suas fumaças de tons sombrios. Regina se apressou em ir junto delas para proteger Emma. Ela nem queria imaginar o quê aconteceria se a descobrissem, só sabia que daria a vida por ela se preciso fosse.

Assim que toda a fumaça que as levou até a Prefeitura desapareceu, puderam ver Emma, ou no caso, Morgana, ao lado da cúpula onde estava o último feijão mágico. A capa cobria o seu rosto, mas as bruxas imaginavam um olhar de cobiça vindo dela, no entanto, a loira só conseguia sentir nojo e raiva daquele pequeno feijão mágico.

Maleficent tentou avançar para perto de Emma, e assim que Regina percebeu as outras indo junto, se apressou em interrompê-las se colocando entre elas e a loira com a mão estendida como se pedisse para pararem.

–Esperem, não vamos gastar energia com qualquer uma. –a loira riu ao escutar Regina dizer aquilo, riu se sentindo feliz pela morena ter entrado na brincadeira. Resolveu brincar mais ainda também, deixando a risada preencher todo o local.

–Qualquer uma ? –se virou na direção delas. –Eu não sou qualquer uma, afinal tenho os mesmos propósitos de todas vocês. Voltar para casa, fazer maldades, reinar, mais maldades.

–Regina ... –Maleficent se voltou para a amiga. – ... por quê nunca nos contou sobre ela ?

–Maleficent tem razão. –tudo pareceu ter ficado claro para Gothel. –Se foi você quem lançou a maldição, sabia muito bem quem havia trazido, inclusive essa ... bruxa.

–Então mentiu para nós ? –Úrsula se uniu as outras e junto dela Cruella e Tremaine também, começando a encurralar a morena que sem saber o quê dizer, apenas começou a se afastar conforme avançavam contra ela.

Voltou seu olhar para Emma, e a loira sentiu seu peito se apertar sem saber o quê fazer, e quando ia ir até ela, a morena parou voltando a sua postura firme, antes de dizer:

–Horas, eu precisava de uma espiã para nós. –as bruxas pararam e arquearam as sobrancelhas esperando uma continuação. –Eu não podia simplesmente estar em todos os lugares, a todo momento e como a Morgana sabe muito bem como se isolar de todos, eu achei que ela seria uma ótima espiã.

–Fui eu que pedi para que ela não contasse isso pra vocês. Surpresas desse tipo, cheias de maldades, parecem ótimas nessas ocasiões, vocês não acham ? –Emma perguntou receosa, torcendo para que acreditassem naquela desculpa.

Todas as bruxas permaneceram com as expressões sérias, alternando os olhares entre Emma e Regina, antes de deixarem ecoar pela Prefeitura suas risadas macabras. A loira e a morena trocaram um olhar aliviadas e deixaram a respiração que seguravam, escapar.

–Por quê não nos contou antes ? –Cruella ria junto das demais. –Isso foi genial, gostei mais disso do que da maçã envenenada.

–Ótimo, então eu acho que podemos começar o ritual de retorno, não é mesmo ? –Emma colocou as mãos na cúpula onde estava o feijão mágico. –Posso ?

As demais assentiram, agora já confiando em Emma, que abriu a cúpula e pegou o feijão. O depositou na palma de sua mão e ergueu a outra pronta para usar sua magia.

–Espera. –Tremaine gritou a fazendo parar. –Precisamos pegar os trouxas que estão lá fora primeiro.

–Não se preocupem, já os embalei e assim que eu usar minha magia, eles estarão junto de nós. –o silêncio perdurou. –Tomei conta de tudo, garotas. –e foi quebrado pelas risadas mais uma vez.

Emma depositou o feijão no chão com calma, a fim de abrir o portal usando sua magia, mas assim que estendeu a mão e a mágica começou a emanar dela, o vento que preencheu o local fez seu capuz voar mostrando seu rosto para elas.

–Eu conheço esse rosto. –Maleficent gritou e a loira recolheu as mãos novamente fazendo com que tudo parasse. –Salvadora. –o olhar assustado de Emma, confirmou tudo. –Peguem ela, e a Regina também, traidora. –apontou para a morena que permanecia ao lado de Emma.

–Vem comigo, Regina. –Emma rapidamente segurou na mão da morena e com a outra pegou o feijão que estava no chão antes de desaparecerem em sua fumaça branca. As demais bruxas as seguiram logo em seguida.

A fumaça se dissipou, e as duas caíram no meio da floresta de Storybrooke, se olharam a fim de dizerem algo, mas nem tiveram tempo, pois as outras bruxas começaram a aparecer junto delas no minuto seguinte. Emma olhou para elas, depois para Regina e sem pensar duas vezes, atirou o feijão para o lado fazendo com que o portal fosse aberto.

–Vão para o inferno. –gritou antes de lançar magia contra elas.

Maleficent defendeu o feitiço de Emma com sua magia, em seguida lançou outro para cima da loira que foi arremessada longe. Regina se colocou a frente e fez os galhos das árvores agarrarem Cruella, Tremaine e Gothel, enquanto atirava um feitiço em Maleficent, porém esse foi cortado por Úrsula que a agarrou com seus tentáculos e a ergueu, enquanto os galhos livraram as outras bruxas.

–Por quê está fazendo isso, hein ? –Maleficent chegou perto da morena que estava suspensa pelos tentáculos de Úrsula.

–Regina. –a loira gritou do outro lado da floresta vindo correndo até elas.

Bastou um olhar de Maleficent para que as demais entendessem o recado e começassem a caminhar lentamente até ela. Regina tentava insistentemente usar sua magia para se soltar, mas os tentáculos de Úrsula estavam a esmagando. Ver Cruella, Gothel e Tremaine irem atrás de Emma, fez seu coração se apertar e tudo que conseguir fazer, foi gritar:

–Emma, corre. Deixe que ela me mate, mas se salva e a todos também.

–Então é isso ? –Maleficent riu encarando a morena que a olhou confusa. –É ela ?

–Sim. –Regina respondeu fazendo sua magia se explodir em um clarão que atirou as duas que estavam junto dela para longe. Sem esperar mais se virou e correu para onde Emma estava.

–O portal. –Emma avisou sendo sufocada pela magia das três ao mesmo tempo.

Regina atirou uma para cada lado, mas quando ia ajudar a loira sentiu seu corpo ser suspenso e preso no ar. Emma no mesmo instante se reergueu e atirou Maleficent longe mais uma vez. Estavam as cinco de um lado, e as duas do outro. Se olharam em concordância, seria agora ou nunca.

Estenderam suas mãos para a frente e deixaram que suas magias emanassem delas, enquanto do outro lado as demais bruxas faziam o mesmo. Eram cinco contra duas que tentavam jogá-las dentro do portal, porém as outras bruxas eram a maioria. Usavam toda sua força para canalizar o quanto pudessem da magia de cada uma, mas bastou um rápido olhar para o portal a tempo de vê-lo se fechando aos poucos, que fez as duas se desesperarem. Maleficent e as outras olharam para o mesmo local e riram vitoriosas.

–Desistam. –Úrsula gritou enquanto a guerra de magia continuava no meio delas.

Emma e Regina se olharam, olhares cheios de medo, mas no fundo de cada um encontraram a esperança que tanto precisavam. Sorriram uma para a outra e no mesmo instante a magia que emanava das mãos de cada uma se fundiu virando uma só.

–Mas o quê ? –Gothel deixou escapar, enquanto as outras quatro engoliram em seco, confusas.

Ao verem o quê havia acontecido com suas magias, entenderam o quê aquilo significava. Precisavam lutar juntas, como Emma havia dito, pois só assim venceriam, só assim seriam fortes o bastante, só assim fariam uma magia mais poderosa do que todas.

Juntas.

Cada uma desceu uma de suas mãos, deixando a magia ser feita apenas pela outra, e então entrelaçaram seus dedos e ergueram as mãos que agora se encontravam juntas. No olhar uma da outra era como se pudessem ler o quê elas mesmas queriam dizer: “eu jamais irei desistir de você”.

O portal estava quase que totalmente fechado, as cinco bruxas espantadas com aquela magia tentaram ir para cima delas, mas Emma e Regina avançaram sem medo e apenas um clarão iluminou todo o local quando elas as arremessaram dentro do portal.

Bruxa a bruxa foram sendo sugadas e só podiam se ouvir os gritos delas ecoando pelo portal que se fechava cada vez mais. Maleficent foi a última a passar por ele e antes de ser totalmente sugada, ainda gritou:

–Nós vamos voltar. –sua mão lançou a última magia que conseguiu, Regina sentiu a mão de Emma deixando a sua, e as duas se olharam assustadas antes da loira começar a ser puxada para o portal também.

Emma foi de encontro a ele e nada mais pode ser visto, pois ao se fechar ele se explodiu em outro clarão de luz que fez Regina cair no chão tapando o rosto devido a luz forte. Ao se levantar, tudo havia voltado a ser apenas a escuridão da noite em Storybrooke, e ela estava sozinha. Olhou a sua volta, completamente desesperada, mas tudo que conseguia ver era uma fumaça branca pairando no ar.

–Não. –gritou antes de cair sentada no chão aos prantos, seu coração batia desesperado dentro do peito. –Não. –gritou mais uma vez antes de se deitar, chorando descontroladamente. Agarrou as folhas secas que estavam a sua volta, como se o simples fato de apertá-las pudesse fazer a dor parar.

De repente a fumaça branca que pairava no ar começou a se juntar em um mesmo lugar formando um redemoinho. Regina se sentou novamente e assustada ficou observando o redemoinho se formar até parar de vez. A morena se levantou e caminhou até onde a fumaça estava, mas quando tentou tocá-la, ela voou de uma vez e com velocidade começou a sumir escuridão a dentro. Se Regina havia conseguido prestar atenção e acompanha-la com o olhar, podia jurar que a fumaça ia em direção a sua mansão. Sem esperar mais, sumiu em sua fumaça roxa também.

Quando esta de dissipou, a morena estava em frente a sua mansão. Bastou um rápido olhar para cima e pode ver quando a fumaça branca entrou pela janela do andar de cima. Sentiu um fio de esperança se acender dentro de si e então entrou correndo para encontrar a fumaça chegando até a sala. Ficou parada no meio do cômodo vendo ela começar a formar uma silhueta que aos poucos foi ficando conhecia, até que não havia mais fumaça alguma, apenas alguém usando uma capa azul escura, parada em sua sala.

–Emma ? –perguntou sentindo as mãos trêmulas. Viu a mão da pessoa subir e puxar o capuz que lhe cobria o rosto. –Emma. –sussurrou correndo até a loira que a tomou em seus braços, lhe apertando forte. –O quê aconteceu ? –segurou o rosto dela entre as mãos e a olhou preocupada.

–Eu não sei. –Emma respondeu sentindo as coisas ainda girando a sua volta. –E as bruxas ?

–Nós a derrotamos. Nós conseguimos. –sorriu sentindo seus olhos se encherem de lágrimas. Emma sorriu também antes de puxá-la para outro abraço. –Eu achei que você tinha sido levada pelo portal ... –Regina ia dizendo enquanto passava a mão pelo rosto de Emma, como se quisesse se certificar de que ela estava inteira. – ... eu pensei que ... que eu tivesse te perdido. –confidenciou e viu um sorriso se formar no rosto da loira, que retirou a mão da morena de seu rosto e a beijou.

–Não, o portal se fechou antes de me levar. E nunca ... –fixou seu olhar no de Regina que estava cheio de lágrimas, e falou com um sorriso no rosto. – ... você nunca vai me perder.

Suas mãos deslizaram até a cintura da morena, que levou novamente suas mãos ao rosto da loira, sem nunca quebrarem a troca de olhares. Podiam sentir as respirações descompassadas diante as confidências enfim trocadas, confidências que elas sabiam o quê significavam. Emma a puxou para mais perto de si colando os seus corpos, os olhares desceram para os lábios, onde sorrisos se formaram antes de se encontrarem em um beijo que a tanto tempo vinham guardando. Um beijo que começou urgente e foi se tornando calmo conforme iam sentindo aquele toque que lhes aqueceu os corações, aquele toque que tanto ansiaram.

–Eu deveria dizer que te odeio, por ter feito tudo diferente do que combinamos. –Regina falou após o beijo, com sua testa colada a da loira enquanto tranquilizavam suas respirações. Emma apenas riu antes de puxar o rosto dela para poder olhar em seus olhos de novo.

–O seu plano era ótimo, mas eu não podia nem sonhar em deixar alguma coisa acontecer com você, então eu tive que quebrar as regras. Pode dizer que me odeia. –o sorriso em seus lábios denunciava a brincadeira.

–Mesmo você merecendo, eu não posso dizer isso, porquê o quê eu sinto é exatamente o contrário.

–Eu falei que nós éramos fortes juntas, eu sabia que nós íamos vencer juntas, porquê eu tinha certeza de que o meu sentimento era correspondido. Na verdade agora eu acabei de ter a certeza de que ele é. –ela sorriu e seus olhos brilharam cheios de lágrimas, assim como os de Regina enquanto esta também sorria. –Eu te amo, Regina ! –não conseguiu mais segurar as lágrimas e elas enfim desceram pelo seu rosto, assim como a morena também deixava que escorressem pelo seu novamente. –Eu te amo de uma maneira que eu pensei que jamais fosse capaz de amar !

–Eu também te amo, Emma ! Eu te amo como nunca amei alguém antes e mais do que qualquer outra coisa em minha vida ! –sorriram antes de se entregarem a outro beijo, cheio de amor, cuidados e felicidade.

O beijo acabou e elas se abraçaram, um abraço apertado entre duas pessoas que se amam, pra selar aquele momento especial e único para elas. O primeiro momento de muitos que teriam juntas desse dia em diante.

–Não tem perigo que elas voltem, não é mesmo ?

–Não, nenhum, estamos livres delas. Storybrooke está a salvo, e eu finalmente vou poder viver um Halloween feliz na minha vida. –Regina riu junto de Emma que a puxou para outro abraço. –Eu juro que poderia passar essa noite toda aqui com você, se eu não estivesse morrendo de vontade de abraçar o Henry. Nós podemos ir até o Granny’s ?

–Mas é claro que sim, mas antes você precisa de uma fantasia também. –Emma estalou os dedos e em segundos a morena estava vestida com uma capa preta, parecida com a da loira. –Pronta pra chegar arrasando ? –a loira perguntou puxando o capuz que lhe cobriu o rosto.

–Mais do que pronta. –Regina respondeu rindo e também puxando o capuz para que lhe cobrisse o rosto. Deram as mãos e sumiram em suas fumaças de magia.

Pararam em frente ao Granny’s e se prepararam para uma entrada triunfal. Pelo jeito ninguém havia sentido falta de Emma, pois a música continuava animada lá dentro, e quanto a Regina, ninguém havia sentido falta antes. Foram até a porta e a abriram através de suas magias, logo em seguida entraram no local com as capas escuras e os capuzes lhes cobrindo os rostos.

A música parou e junto dela todos que festejavam. Os olhares se voltaram para as duas figuras que pararam no meio da lanchonete, vendo um círculo de pessoas se formar em volta delas. Por dentro riam do que estava acontecendo, e queriam prolongar aquilo. Emma deu um passo a frente e falou tentando disfarçar a voz:

–Por quê pararam a música ? Por favor, continuem, mas antes eu tenho algo para fazer. –ela se moveu e o pessoal recuou assustado, mas nada fizeram, pois tudo que a loira fez foi se ajoelhar e pegar a mão da morena junto da sua, antes de descer o capuz arrancando risadas do pessoal. Olhou a sua volta sorrindo, deu uma leve piscada para Henry e então voltou seu olhar para Regina e perguntou: –Você quer namorar comigo ? Com direito a festa e testemunhas.

Regina lentamente desceu seu capuz e pode-se ouvir por todo o Granny’s os cochichos do pessoal, mas ela não conseguia prestar atenção em nada, a não ser em Emma, a mulher que amava ali, ajoelhada e sorrindo para ela, lhe fazendo a pergunta que agora a morena percebera que havia esperado tanto para ouvir, vindo dela.

–Sim, com toda a certeza desse mundo, eu quero ser a sua namorada. –respondeu sorrindo como nunca, enquanto Emma se levantava para enfim lhe tomar em um beijo apaixonado.

O silêncio que perdurava no local, logo deu lugar aos aplausos que vieram do povo. Elas se separaram e sorriram para eles, vendo o semblante alegre que traziam no rosto. Mary e David olharam para elas curiosos, mas os sorrisos nos rostos denunciavam o que sentiam.

–Que volte a música. –Emma pediu em voz alta e segundos depois a música agitada já havia voltado ao local e o pessoal se dispersou novamente.

–Mãe. –Henry gritou vindo correndo em direção a elas, e Regina o pegou em seus braços em um abraço forte e cheio de saudades.

–Meu amor, que saudades. –a morena segurou o rosto do filho entre as mãos e o encheu de beijos. –Que saudades.

–Você veio. Se sente melhor ?

–Sim, meu amor. Me sinto feliz, muito feliz. –o sorriso enorme em seu rosto, fez o coração de Emma se aquecer dentro do peito.

–Eu sinto muito se organizei essa festa toda e isso te magoou, eu me senti muito mal em ver você isolada por causa disso. Me perdoa ? –o garoto pediu olhando nos olhos da mãe.

–Não, não, não. Para com isso, você não precisa pedir perdão. A festa foi uma ideia maravilhosa e eu mal cheguei e já estou adorando tudo. –ela passou a mão pelo rosto do garoto que sorriu. –Eu é que fui uma boba, me sentindo mal a toa, por uma coisa tão alegre.

–Mas pelo jeito a Emma deu um jeito nisso. –ele arqueou uma sobrancelha, que fez as duas darem risada. –Nisso e em muito mais.

–Henry. –a loira falou segurando um riso.

–Deixa, ele só está dizendo verdades. –a morena voltou seu olhar para Emma. –Eu só precisava de amor, e não podia ser qualquer um, tinha que ser o dela. –a loira se aproximou e a envolveu com um dos braços.

–Era de se imaginar, né ? Você abriu a porta pra ela, mas pra mim não. Dava pra sentir um clima rolando. –Henry arrancou uma gargalhada de cada uma. –Mas se eu me lembro bem, você está me devendo um abraço e um eu te amo, não está ?

Regina puxou o filho para perto de si e o abraçou o mais forte que podia, em seguida sem se separar dele, apenas encheu sua bochecha de beijos, tantos beijos que fizeram uma careta se formar no rosto do garoto.

–Eu te amo ! Muito, meu amor. E apesar do que eu acabei de dizer, você também é o responsável pela minha felicidade, porquê você me da forças pra enfrentar tudo o quê vier. –para Regina e Emma, aquele frase tinha um significa bem maior do que para qualquer outra pessoa, e elas trocaram um rápido olhar enquanto o garoto tornava a abraçar a mãe.

–Agora minha festa está completa. E ah, gostou da minha fantasia ? –só depois da pergunta do filho, Regina foi prestar atenção no que ele vestia. Sua fantasia era de bruxo, o quê fez ela sorrir e apertar suas bochechas.

–Meu bruxinho mais lindo de todos.

–Mãe. –ele reclamou fazendo as duas rirem. –A varinha e o chapéu estão na mesa. Eu queria uma fantasia bem real e significativa, e eu escolhi ser um bruxo, não porquê eu acho que você seja uma bruxa, mas pra provar que não importa o quê digam sobre você, bruxa ou não, você sempre será a minha mãe e eu te amo assim, do jeito que você é e jamais quero que você mude.

Sua fala foi abafada pelos braços da morena o puxando para outro abraço, enquanto sentia o choro se entalar em sua garganta. Todas aquelas palavras vindas de Henry fizeram seu coração se encher de alegria, se é que ela era capaz de se sentir mais feliz do que se sentia naquele momento. Estava junto das duas pessoas que mais amava em toda a sua vida, Henry e Emma. A loira se sentia da mesma maneira, e a cena do filho e da mulher que amava se abraçando, a fez ir até eles e completar o abraço em família.

–Agora chega, eu vim pra minha primeira festa de Halloween e não quero ficar chorando o tempo todo. –a morena tirou risadas dos dois, enquanto respirava fundo se recompondo.

–Eu vou pegar meu chapéu e minha varinha, pra você ver a fantasia completa. –Henry falou se afastando das duas, mas ainda mostrou a língua ao ouvir Emma gritar:

–Vai lá, Harry Potter.

A loira se voltou novamente para Regina e sorriram grandemente, enquanto Emma segurava em sua cintura e a morena envolvia seu pescoço com os braços para as duas começarem a dançar. Em torno delas os demais dançavam animados, mas era como se mais nada no mundo existisse além delas, que só queriam aproveitar aquele momento, da companhia uma da outra.

–Nós salvamos o mundo e ninguém vai ficar sabendo. –a brincadeira de Emma, fez Regina rir.

–Bom, eu acho ótimo assim. Se bem que todos mereciam saber que eu estava planejando acabar com todo mundo, junto das minhas irmãs.

–Eu não acho que isso seja necessário, afinal a vilã se tornou uma heroína no final. Se um dia eles descobrirem, ou resolvermos contar, então o faremos. Mas eu acho muito mais legal se continuarmos mantendo isso como um segredo nosso, isso é demais, você não acha ? –Regina acabou rindo mais uma vez daquela Emma que agora mais parecia uma criança em uma brincadeira divertida.

–Você tem razão, assim é bem mais divertido. Todo mundo feliz, só não acho que tenha alguém nesse mundo, que se sinta mais feliz do que eu. –Regina completou enquanto a loira encostava sua testa na dela.

–Eu. –ela sussurrou e as duas riram, antes dela completar: –Feliz dia das bruxas, meu amor !

E Emma não esperou que Regina lhe desejasse o mesmo, pois ela sabia que aquele era o dia das bruxas mais feliz de suas vidas. Ao invés disso, tomou os lábios da morena nos seus em um beijo apaixonado. Um amor que preenchia todo aquele local e o protegia, um amor que fazia daquele dia, um Halloween feliz.