As Patricinhas de Konoha escrita por CherryBomb91


Capítulo 5
Abafando


Notas iniciais do capítulo

Yoooo pessoal, como vão?
Demorei, né?
Mas estou de volta com um capítulo fresquinho nesta quarta-feira :)
Quero agradecer aos comentários e favoritos, leitores novos, sejam bem vindos.
Espero que gostem.
Boa Leitura.



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SAKURA

Acordei-me ao som do meu despertador. Espreguicei-me, despertando daquele sono gostoso e logo lembrei-me de que hoje era o dia triunfal de Hinata. Não pude deixar de sentir o sorriso iluminar o meu lindo rosto com a possibilidade de que todos virão a minha obra prima.

Levantei-me da cama e entrei no meu closet, peguei meu uniforme e fui para o banheiro fazer minha higiene matinal. Depois de estar toda arrumada e linda, saí do quarto com minha mochila e foi inevitável não topar com Sasuke que saía de seu quarto também.

— Bom dia, pirralha – ele cumprimentou me chamando com aquele apelido estúpido, me olhando de cima abaixo. – Você vai para escola ou para uma festa?

Revirei os olhos enquanto caminhávamos por aquele corredor.

— Você não entende mesmo, não é?

Sasuke apenas arqueou as sobrancelhas com aquela sua cara de bunda.

Suspirei.

— Uma garota bonita como eu, sempre tem que ficar linda e bem arrumada – expliquei o óbvio. – Não importa se estar indo para escola ou para uma festa.

— Quanto mais cresce, mais boba fica.

— Sasuke, me polpa, tá? Hoje nem você e nem ninguém vai acabar com o meu dia.

Ele ergueu as sobrancelhas para cima enquanto me olhava pelos ombros.

— E posso saber o motivo dessa alegria toda?

Revirei os olhos pela segunda vez. Acho que tenho que parar de revirar os olhos antes que eu fique com algum toque.

— Hoje vai ser o dia que a Hinata vai brilhar.

— E?

— E aí todos vão apreciar a minha obra prima – sorri, o fitando. – Não é demais?!

Sasuke revirou os olhos parando no topo da escada e me fazendo parar também. Ele me fitava com aquela cara de superior que eu detesto.

— Só não esquece que a garota não é nenhum tipo de fantoche e sim uma pessoa.

— Mas é uma pessoa que precisava de minha ajudinha. – Coloquei as mãos em meus quadris e o olhei com uma expressão incrédula. – Você não percebeu o estado lastimável daquela criatura? Ela estava precisando de mim, e eu nunca iria deixar aquela garota andando por aí pagando mico com aqueles farrapos que ela chama de roupas.

Ele sorriu sarcasticamente.

— Não acredito que estou escutando esse monte de baboseiras.

Oh!

Qual era o problema daquele garoto? Ele por acaso estava cego por não perceber que eu só vivia para fazer o bem? Como ele não enxergava que eu era uma coisa rara nesse mundo podre?

— Você se comporta como um velho, sabia? – E dei uma olhada em seu perfil. – Olha só para você?

Sasuke desviou seus olhos dos meus e observou seu perfil com uma expressão confusa.

— O que tem eu? – E me olhou de volta.

— Isso! – Apontei para suas roupas e ele as fitou novamente com o cenho franzido. – Você deveria se vestir melhor, e olha que não é por falta de dinheiro. Isso está feio.

Bom, Sasuke não se vestia tão mal assim, mas poderia ficar melhor com um toque feminino, tipo, uma pessoa que entenda de modas, tipo, eu.

Dei um passo à sua frente, ficando bem perto, perto o suficiente para sentir seu cheiro masculino... nossa, ele cheirava muito bem..., mas que droga que estava pensando? Sasuke não era cheiroso e pronto.

Ignorando aquele pequeno detalhe – não tão pequeno assim -, levei minhas mãos até a gola de sua camisa preta de xadrez que estava aberta, sobrepondo a camiseta cinza por baixo e levantei a gola para cima.

— Levanta essa gola que assim ficará melhor...

— Para! – Fui interrompida com suas mãos segurando os meus pulsos. Seu rosto era sério enquanto olhava os meus olhos, e meu coração acelerou nas batidas.

O jeito que o Sasuke estava me olhando havia me desconcertado.

Por que eu estava daquele jeito nervosa e com meu coração acelerado por um simples toque de suas mãos em minha pele? Por que as minhas mãos estavam começando a ficar geladas e úmidas? E que sensação era aquela que deixava as minhas pernas trêmulas? Puff. Era só o Sasuke. O cara mais chato que eu tive do desprazer de conhecer. Eu não deveria sentir essas coisas estranhas só porque estávamos tão próximos que desafiava as leis da física. Bom, não exatamente essa lei, mas sim a minha lei.

Me sentindo pouco constrangida, desviei meus olhos para o lado, soltando todo o ar que eu nem havia percebido que prendia. Ele me soltou, dando alguns passos para trás, mas eu podia sentir seus olhos queimando a minha pele, e juro que aquilo era muito incomodante.

E se eu sentia todo aquele desconforto por está tão próxima de meu inimigo, agora tudo havia ido para o espaço quando ele começou a falar, me arrancando daquele mundinho secreto de incertezas que ficou a minha mente:

— Esqueça. Não sou uma de suas amiguinhas que fazem tudo o que você quer como se fosse cachorrinhos.

Ergui meus olhos para ele, sentindo o meu cenho franzir. Uma ova que eu ficaria por baixo, e ataquei com todo o meu veneno, meu tom saindo ácido e agressivo:

— Nem de longe você estaria aos pés da minha lista de amigos, por que você não é nada para mim.

Quem esse energúmeno pensa que é para falar comigo daquele jeito? Eu sou Sakura Haruno, a garota mais linda e popular de toda a cidade. E não era obrigada a ficar ali na presença daquela cacatua escutando os seus absurdos.

O canto de sua boca ergueu-se para cima num sorriso irritantemente sarcástico enquanto cruzava os braços.

— Você não muda mesmo, não é? Pois vou te dizer uma coisinha – e seu corpo veio para a minha frente e o meu foi para trás. – O mundo não gira ao seu redor.

— Dane-se.

E passei por ele, esbarrando propositalmente meu ombro em seu braço, e desci as escadas rapidamente.

— Quanta educação. – Seu tom sarcástico me fez ter vontade de dizer um monte de palavras feias, mas como sou uma pessoa educada eu apenas o ignorei.

Quando entrei na sala de jantar, sentei-me na minha cadeira observando Chiyo terminar de colocar os alimentos sobre a mesa.

— Bom dia, menina Sakura – ela me cumprimentou enquanto arrumava as frutas.

— Bom dia, Chiyo – murmurei pegando uma torrada no prato.

— Bom dia, Chiyo – a voz de Sasuke soou quando ele entrou no cômodo, dando um beijo no rosto da senhorinha que eu adoro.

Chiyo apenas soltou algumas risadinhas.

— Menino Sasuke, bom dia.

— Sabia que a senhora é a mulher mais bonita desta casa? – O babaca soltou aquele comentário desnecessário enquanto me olhava com aquele sorriso irritante nos lábios.

Revirei os olhos, ignorando aquela babaquice.

Idiota.

Chiyo gargalhou dando tapinhas na mão dele e o babaca se sentou de frente para mim. Alguns minutos depois papai apareceu já vestido impecavelmente com seu terno italiano, passando por mim e depositando um beijo em minha cabeça antes de se sentar em sua cadeira na ponta.

— Bom dia, crianças – ele disse, enchendo sua xícara de café quente e depois levando a boca.

— Bom dia – disse eu e Sasuke ao mesmo tempo.

O nosso café da manhã havia sido em silêncio a não ser com o anúncio de papai que me levaria para escola hoje. E antes que eu levantasse da minha cadeira e pegar as minhas coisas na sala e esperá-lo do lado de fora, ele me impediu:

— Querida, você nadou dirigindo o seu carro?

Naquela hora eu pude sentir todo o meu corpo congelar. Como ele descobriu? Se papai souber que fui para escola dirigindo o carro sem ao menos tirar minha carteira, ele me mataria. Ou pior, era bem provável de ele tomar todos os meus nenês, os meus cartões de crédito.

Isso nunca!

Engoli a seco, tentando me manter calma e revirar a minha mente em busca de uma desculpa para me livrar daquela enrascada. Mas vou confessar uma coisa, estava difícil.

— Olhei a quilometragem de seu carro e vi vários quilômetros percorridos. – E franziu o cenho, e me vi mais nervosa, soando frio para ser mais exata. – Você andou pegando esse carro e dirigindo por aí sem uma habilitação, Sakura?

Estou frita!

Cara, como estou frita! Papai agora me mata.

— Papai... e-eu...

— Fui eu, Kizashi – a voz calma de Sasuke atraiu nossa atenção para ele.

Franzi o cenho, o observando agora que olhava para papai com toda a calma do mundo. O que esse idiota estava fazendo?

— Usei o carro da Sakura ontem para pegar um livro que emprestei ao Suigetsu na aula que me esqueci de pegar de volta na hora da saída. Eu não estava achando aonde havia colocado as minhas chaves do meu carro e eu meio que estava com pressa, pois tinha um trabalho a fazer. Aí pedi a Sakura que me emprestasse o carro dela. – E me fitou, arqueando as sobrancelhas. – Não se lembra?

Pela primeira vez eu me senti muda. Não tinha o que falar, pois estava supressa por Sasuke estar me acobertando daquele jeito. Eu pensava que ele iria colocar mais lenha naquela fogueira e me ferrar de vez.

Tanto papai quanto Sasuke olhavam para mim, e foi só aí que percebi que eu deveria falar algo:

— Eh... é claro – limpei a garganta. – É claro que me lembro – e o fitei, atuando como uma atriz de Hollywood. – Você ficou me perturbando que acabei emprestando.

— Me desculpe, princesa – desculpou-se papai, me olhando com uma expressão culpada. Em seguida Sasuke era alvo de seus olhos, as sobrancelhas arqueadas. – Você não sentiu um pingo de vergonha dirigindo um veículo daquele porte não, Sasuke?

A cacatua apenas relaxou na cadeira e eu prendi uma risada, desviando meus olhos para minhas torradas, imaginado como ele deveria ficar dirigindo o meu carro cor-de-rosa sem capô. Uma verdadeira gazela.

Ai como sou má.

— Não dá para pensar direito na hora do sufoco – ele resmungou indiferente.

Me levantei da cadeira.

— Papai, vou esperá-lo no carro.

— Estou indo daqui a pouco – ele respondeu voltando sua atenção para o jornal.

Saí daquele cômodo e peguei minha mochila que estava na sala e logo já me vendo do lado de fora daquela casa. Ouvi passos vindo logo atrás e quando virei minha cabeça vi Sasuke vindo em seguida, com aquela mesma cara chata de paisagem.

— Está me devendo uma.

Parei de andar e ele se aproximou, me olhando com quem não quer nada.

— O quê?

Ele parou a minha frente e cruzou os braços, erguendo as sobrancelhas para cima.

— Não vai me agradecer por ter salvo seu pescoço?

Era só o que me faltava! Eu detestava o Sasuke na maior parte do meu dia, mas eu não podia ignorar que ele havia feito uma coisa boa para mim. Sério, nunca imaginei. Mas a pior parte daquilo tudo era ter que engolir meu orgulho e o agradecer. Acho que meu rosto estava se contorcendo numa careta quando as palavras de agradecimento estavam entaladas em minha garganta. Estava difícil de cuspi-las para fora.

— O-obri... obriga... – suspirei, fechando os olhos por um segundo. Força, Sakura, disse para mim mesma e murmurei baixinho: - Obrigada.

— Ahn? – Ele colocou a mão na orelha, aproximando de mim. – Não escurei direito. Pode repetir, por favor?

Ele estava debochando de mim.

Bufei, irritada com aquela palhaçada, observando aquele sorrisinho nojento em sua boca. Aposto que ele estava adorando aquilo.

— Obrigada! – Minha voz soou alta e de bom som. – Se não fosse por você eu estaria frita. Entendeu agora, ou quer que eu soletre?

— Acho que quero que você soletre – zoou, prendendo uma risada.

Franzi o cenho.

— Babaca!

Dei as costas para ele e comecei a me afastar com passos rápidos e pesados, sentindo-o me seguindo.

— Ei, pirralha – eu o ignorei. – Mal-educada, estou falando com você!

— Fale com meu cabelo.

Ele segurou meu braço, e me virou de frente para ele.

— O que você quer?

— Calma, nervosinha – e soltou meu braço, enquanto estava com aquele sorriso que eu odeio. – Só para você ficar situada, hoje teremos aulas de reforço.

— Ahn? – Franzi mais o cenho. – Tivemos aulas naquele dia.

Ele cutucou minha testa com um dedo.

— Eu prometi ao seu pai que iria colocar um cérebro nessa sua cabecinha de vento.

— Oh!

Empurrei sua mão para o lado e dei as costas para ele, batendo meu cabelo no ar e entrei no carro de papai, sentando-me no banco do carona. Sasuke me olhou enquanto seguia para o seu carro feio e arriscou uma piscada de olho para mim antes de sair da garagem.

Como se não bastasse ele morando no mesmo teto que eu e me dando aulas particulares novamente, agora eu tinha uma dívida com ele? Isso tinha como ficar pior? Não quero nem imaginar.

*  *  *

— Tchau, papai. – Me despedi assim que o carro de papai parou em frente à escola.

— Valeu pela carona, tio – disse Ino, abrindo a porta do banco de trás. No meio do caminho eu havia pedido para o papai dar carona a Ino, já que Gaara só chegava atrasado.

— Tenham uma boa aula, meninas, e não aprontem – disse Papai com aquela expressão séria, mas no fundo era só uma casca.

— Assim o senhor me ofende, papai, sou um verdadeiro anjinho – e dei um beijo em sua bochecha antes de sair do carro.

— Sei.

Ino e eu começamos a caminhar pelo grande gramado daquele pátio aberto recebendo olhares de vários garotos que só faltavam nos comerem com os olhos, mas nenhum deles me interessava. Eram todos um bando de crianças num corpo de adolescentes. Ridículos. Mas eu não podia reclamar por ser a mais desejada, não é?

— Os pais do Deidara vão viajar no próximo final de semana e ele já anunciou para todos que vai haver festinha. – A voz de Ino soou enquanto retirava um espelho redondo dentro de sua mochila enquanto caminhávamos em direção a um banco de madeira que ficava debaixo de uma árvore.

— Como você sabe disso?

— Gaara.

— Hm – e sentamos no banco e cruzei as pernas.

— Você vai? – E desviou os olhos do espelho para mim. – Te pergunto por que sei que está de castigo... essas coisas.

— Ino, querida, você sabe que castigo não consta no meu dicionário – e tomei o espelho de suas mãos, observando meu lindo reflexo. – E é claro que vou.

— Se você diz – e tomou o espelho de minhas mãos.

— Chata.

Ela respondeu me dando língua e sorriu, voltando a se olhar no espelho.

O banco aonde estávamos sentadas nos proporcionava uma ampla visão de todos naquele pátio, de quem entrava e de quem transitava. E não demorou para que meus olhos enxergasse a nojenta da Karin chegar em seu Toyota vermelho, ridícula. Ela estacionou na vaga e saiu junto de mais duas vira-latas, Kim e Tayuya.

Minha nossa senhora do bom gosto, a Kim não percebia que aquela bolsa com estampa egípcia estava totalmente fora de moda? E os sapatos da Karin? Aquilo não poderia ser chamado de sapatos e sim de tijolos. Tayuya ninguém se fala, o seu cabelo tingido com tinta barata parecia que foi aparado por um cortador de grama.

E como se o meu olhar fosse magnético, as três me viram, mas logo desviaram o olhar, entronchando a cara para o lado e cochichando da minha vida como sempre. Eu sei, ser linda dar isso, as inimigas morrem de inveja.

Dois minutos depois eu vi Hinata chegar na garupa de uma bicicleta preta. O garoto que a trazia estava vestido todo simples de jeans surrado e uma camiseta cinza, tinha cabelos longos e amarrados para trás. Confesso que era bonitinho, parecia com Hinata.

— A Hinata acabou de chegar – comentei para Ino, que finalmente desviou sua atenção daquele espelho.

— E quem é o carinha?

— Não sei.

Hinata se despediu dele que deu meia volta e foi embora pedalando.

— Gostosinho.

— Deixa o Gaara ouvir isso.

— O Gaara é um idiota.

Hinata caminhava por aquele pátio gramado olhando para os lados, parecia sem jeito. Eu podia perceber que ela estava atraindo muitos olhares curiosos e abobados. E foi inevitável não sorrir satisfeita com o meu digníssimo trabalho. Minha mais nova obra prima estava usando o uniforme que havia dado para ela e que caiu perfeitamente em seu perfil. Ela deixou os cabelos soltos e a franjinha tinha deixando-a linda.

Hinata estava simplesmente abafando.

— Uau, isso sim que é mudança – disse Ino.

— Claro, nós somos demais.

Estendi minha mão com a palma para cima e Ino bateu com a sua, finalizando com a nossa mexidinha de dedos, estilo glitter.

Hinata parou a nossa frente, e a sua expressão de boneca estava assustada, sentando no meio entre mim e Ino, colocando sua mochila no colo.

Franzi o cenho, sem entender aquela abordagem.

— Está todo mundo me olhando – ela disse. – E isso indica que só pode ter alguma coisa de errado comigo. Como da outra vez que fui para escola sem saber que tinha pasta de dente na minha testa.

Ino gargalhou.

— Como foi para escola sem saber que tinha pasta de dente na sua cara?

— Eu não costumo ficar me olhando no espelho, e na noite anterior eu havia dormido encima de um tubo de pasta de dentes que estava em cima do sofá. Ela estourou e sujou todo o meu cabelo e minha testa...

— Hinata – interrompi sua histeria com minhas mãos em seus ombros. – Não tem nada de errado com você. Só está linda, só isso.

Ela piscou algumas vezes.

— Sério?

Ino colocou um braço em volta de seus ombros, a fazendo virar enquanto apontava para um grupo de garotos populares do terceiro ano a uns dez metros de distância de aonde nós estávamos.

— Está vendo aqueles caras ali?

— O que estão com a jaqueta do time?

— Sim. – Ino a fitou por alguns segundos e voltou a olhar os jogadores. – Eles venderiam o fígado nesse exato momento só para trocar umas palavrinhas com você.

Hinata afastou-se de Ino com a boca aberta, e a expressão surpresa.

— Isso é sério?

Ino deu de ombros.

— Aham.

— Você vai ter que se acostumar a partir de hoje a ser uma das garotas mais desejadas da escola, querida. – Eu disse enquanto fitava os jogadores, dei tchauzinho para o de cabelos vermelhos que sorriu, se achando o rei do Egito.

Idiota.

— Nossa, eu nunca pensei que algum dia um cara ficaria doido por mim. – Hinata sorriu, percebendo sua real realidade. – O máximo que consegui até hoje foi ganhar uma flor de massinha de um menino catarrento do primário.

Foi inevitável uma troca de olhares significativos entre mim e Ino naquele momento, compartilhando as confissões de fracasso de nossa mais nova amiga.

— Agora tudo será diferente – eu disse, atraindo seu olhar para mim. – Você está maravilhosa e é uma de nós agora.

Hinata apenas sorriu, assentindo com a cabeça, pouco mais calma.

— Tudo isso é diferente para mim, entende?

— Pois se acostume, fofa, pois atenção é o que não lhe faltará a partir de hoje – disse Ino. – E por falar em atenção, quem é o garoto que te trouxe na bicicleta?

— É o meu irmão, Neji.

— Seu irmão é bem gato, sabia?

Hinata revirou os olhos.

— Mas não se engane com aquele rostinho, pois ele é um chato controlador que só vive no meu pé.

— Nem me fale de chatice, pois tenho um exu na minha casa – eu disse, lembrando-me daquela cacatua.

— Ah, Sakura, você falando assim do Sasuke é até pecado. O cara é lindo e incrivelmente gostoso. Não concorda, Hinata?

— O Sasuke é bem bonito mesmo.

Revirei os olhos.

— Às vezes eu penso que você não tem namorado, Ino.

— Olhar não arranca pedaço, tá? Não estou cometendo nenhum pecado.

— Só na sua mente.

— Pode ser.

Apenas revirei os olhos mais uma vez com aquela cara de nojo que a Ino adora fazer. A bicha era nojenta quando queria.

— Hinata?

Olhamos ao mesmo tempo para o drogado do Naruto que havia se aproximado de nós e agora estava a nossa frente.

Era só o que me faltava agora.

— É você mesmo? – E era visível a cara de paspalho que ele fazia, como se Hinata não fosse dessa dimensão.

Hinata fez uma cara de boba enquanto abria um sorriso Colgate Luminous White Advanced, para aquele idiota.

O quê?

Para tudo!

Eu não podia acreditar no que meus olhos veem. Não podia acreditar que a minha mais nova obra prima estava dando trela para aquele drogado.

— Sim, sou eu mesma – ela respondeu e riu baixinho, suas bochechas ficando coradas. – Estou um pouco diferente.

Naruto riu, fungando o seu nariz vermelho, passando os dedos no seu olho esquerdo que também estava vermelho. Pelo seu estado lamentável de embriaguez, ele estava drogado.

— Caraca, quase nem te reconheci.

E Hinata sorriu mais.

Eu apenas fiz uma careta e Ino murmurou algum xingamento baixinho.

— Está bonita.

— Obrigada.

Eu não podia deixar minha mais nova amiga se meter naquela roubada. Naruto não tinha futuro algum e era repetente e pelo jeito que as coisas andavam ele repetiria novamente o segundo ano. A maior parte do dia ele ficava assim, alto, de tão drogado. Se fosse para os fundos do colégio o pegaria com o grupo que ele andava vendendo, comprando e consumindo drogas. Não sei por que ele ainda não teve uma overdose.

— Naruto, cai fora daqui! – Minha voz saiu agressiva enquanto me punha de pé, atraindo a atenção dele para mim.

— Meu papo aqui é com a Hinata, não com você.

Puxei o braço da Hinata e Ino também ficou de pé.

— Vamos embora, Hinata – e meus olhos focaram naquele garoto que nos ficava com o cenho franzido. – E você não se aproxime mais da gente.

Eu e as meninas nos afastamos daquele idiota, indo o mais longe possível dele, e paramos debaixo de uma outra árvore do outro lado daquele pátio. E não acreditei quando vi que Hinata estava com o semblante pouco triste.

Fala sério!

— Hinata – chamei e ela me olhou. – Você não pode ficar de amizades com aquele garoto.

Ela franziu o cenho.

— Por que não, Sakura? Não vejo mal algum ser amiga dele, e além do mais, o achei bem legal.

— Legal? – Ino questionou, incrédula. – Hinata, se você não percebeu, o Naruto estava drogado, e olha que é só oito horas da manhã. Esse garoto não tem futuro algum. Ele passa o dia todo desse jeito e nos becos sinistros da cidade se drogando com uns caras super barra pesada. Naruto é problema.

— Mas o achei tão gentil – sua voz agora era um murmúrio, cabisbaixa.

Coloquei uma mão em seu ombro, trazendo sua atenção para mim.

— Naruto é problema, Hinata. E além do mais, nós iremos encontrar um garoto legal para você – e sorri. – E já até sei quem pode ser seu pretendente.

Ela suspirou nem um pouco animada.

— Tudo bem.

Nossa atenção foi totalmente desviada quando o Jeep de Gaara entrou no estacionamento com vários de seus amigos fazendo barulho. O rap do Eminen estava tão alto que destruiria os tímpanos de qualquer pessoa que chegasse perto. Não sei como eles não ficaram surdos ainda.

— O Gaara chegou, Ino.

— Idiota! - Ela bufou, cruzando os braços. – Para me trazer a escola não quer, mas não tem problema em trazer os babacas de seus amigos.

— Como eles conseguem ficar com o som nessa altura? – Hinata perguntou.

— Nem me pergunte isso.

Gaara desligou o som e saiu do Jeep e se aproximou com seus três amigos cachorrinhos atrás de si. O namorado da minha amiga estava com um boné preto com a aba virada para trás, o blazer amarrado na cintura, a camisa branca para fora da calça com as mangas arregaçadas até os cotovelos e vários botões de cima aberto e a gravata inteiramente frouxa.

Gaara era um bad boy marrento e super popular, as garotas só faltavam se jogar aos seus pés, para a infelicidade de Ino que morria de ciúmes e de amores por ele. Um relacionamento quase que tóxico, já que eles viviam mais brigando do que estando de bem. E cá entre nós, eu preferia eles brigados, pois eles de bem era um nojo

— Olá, Gaara – cumprimentei assim quando ele parou a nossa frente.

Ele sorriu.

— Fala aí, Sakura, tudo na moral?

— Se na moral, você quis dizer, bem, sim.

— Hm – e seus olhos verdes fitaram Hinata. – Você não é a garota que chegou essa semana?

— Sou eu sim – e ela sorriu pouco tímida.

— Está bonita, hein?

Ino deu um tapa em seu braço.

— Gaara, deixa de ser cafajeste.

— Porra, Ino, só estou elogiando a garota, caralho.

A educação e bons modos passou longe de Gaara. O cara poderia ter seu próprio dicionário de palavrões.

— Você é um idiota!

Gaara apenas revirou os olhos e olhou para seus amigos atrás de si que cochichavam enquanto fitavam Hinata com olhos de cobiça.

— Vaza, quero falar em particular com a minha mina.

E os três saíram sem dizer nada, como verdadeiros capachos.

— Nós estamos indo, Ino – eu disse puxando Hinata pelo pulso.

Nem morta ficaria ali vendo a briga desses dois.

INO

Olhei para o estupido do meu namorado depois que ficamos sozinhos, tentando procurar em minha mente os motivos para namorar com um cara tão grosso como Gaara. Às vezes nem eu mesmo me entendia, mas fazer o quê, se meu coração adorava um bad boy.

— O que você quer? – Perguntei enquanto cruzava os braços, vestindo minha expressão mais séria.

— Por que está toda boladinha? É assim que recebe seu homem depois de sete horas sem o ver? Ainda diz que me ama.

— Oh! – Não acredito que o Gaara pensa que o meu mundo gira ao seu redor... quase. – Você inventa mil e uma coisa que não me trazer ao colégio, mas dar carona para esses idiotas sem ao menos reclamar e não quer que eu fique brava? Eu sou sua namorada e tenho que estar em primeiro lugar sempre.

Ele revirou os olhos, suspirando.

— Quantas vezes eu tenho que dizer para deixar de se comparar com os meus parças? Você é minha namorada e eles são meus amigos, é diferente.

— Não é o que parece – virei a cara. – Parece que eles são mais importantes do que eu.

— Claro que você é importante, porra, você é minha mulher.

— Dá para você parar de me chamar de mulher? – Minha voz saindo entredentes enquanto voltava a fitá-lo.

— Mas você é – e se aproximou de mim como um lobo. – Uma mulher muito complicada e que me dar muito trabalho.

— Vai para lá – tentei me afastar de suas mãos, me fazendo de difícil, e um sorriso cafajeste abrir na boca de Gaara.

— Eu sei que você gosta – disse baixinho, agarrando minha cintura com força e colando os nossos corpos. Arfei com aquela pegada, sentindo suas partes íntimas e quente encostar em minha barriga. – Também sei que gosta quando de pego desse jeito.

— Eu não gosto não – minha voz soando como um miado.

Ele sorriu mais e abaixou o rosto, cheirando meu pescoço.

— Gosto do seu cheiro. – E me apertou mais a cintura, me fazendo soltar um gemido abafado. Com a outra mão ele segurou meus cabelos, me puxando contra sua boca sedenta. Sua língua invadiu a minha boca, totalmente faminta. Agarrei seu pescoço, me entregando aquele momento. Sabia que passava a maior parte brigando com ele, mas sempre resolvemos nossos problemas assim, nos agarrando.

Gaara me beijava como sempre fazia, faminto, com força, e com muita luxuria. Aquilo sempre me deixava de pernas bambas, e por várias vezes quase que paramos na cama.

Separamo-nos por falta de ar, mas ele trilhava beijos pelo meu pescoço. Gemi baixinho, esquecendo que estávamos no pátio, e que completamente tínhamos plateia, mas pouco estava me lixando. Beijar Gaara era muito melhor.

Ele me fitou com aqueles olhos verdes contornados com lápis preto, sua boca estava manchada de batom rosa, mas sabia que ele não ligava. Mordi o lábio inferior, mas ele passou o dedo desfazendo o gesto.

— Odeio quando você morde o lábio. Sabe que isso me deixa com tesão.

— E se essa for a minha intenção? - Eu quis provocá-lo, de propósito.

— Você vai acabar na minha cama.

Meu coração acelerou mais como resposta. Apesar de estarmos namorando a dois anos, nós nunca transamos, ainda era virgem. Gaara tinha muita paciência comigo nesse assunto, mas eu sabia que ele já estava perdendo o controle comigo em algumas situações. Mas eu não estava preparada e tinha muito medo de fazer alguma coisa errada.

Gaara me beijou novamente, mas desta vez o beijo foi mais calmo. Era muito raro quando ele me beijava desse jeito, assim como ele demostrava seus sentimentos mais íntimos. Ele sempre escondia seu lado romântico dentro daquela casca bruta de ignorância, mas eu sempre conseguia arrancar o que ele mais escondia.

— Meu irmão chega do Canadá sexta à noite, e minha mãe vai dar um jantar. - Ele disse assim que nos separamos.

— E? - Perguntei, sentindo minha respiração acelerada e meu coração batendo  desenfreado.

— Quero você lá.

— É mesmo? E se eu não for.

— É claro que você vai, estou mandando. - Ele me beijou novamente.

Afastei-me dele e o olhei incrédula.

— Gaara, odeio quando você fala como se eu fosse sua propriedade que tem que arcar com todos os seus desejos.

— Eu nunca disse que você é minha propriedade – franziu o cenho. – Olha a merda que está dizendo, Ino? Estou pedindo na moral para você e tu aí de palhaçada.

— Não estou de palhaçada – e me afastei de seus braços.

— Está sim. - Ele aumentou a voz. – Quero você comigo na casa dos meus pais. Quero você bonita, mas não tão gostosa. Não quero ver meu irmão te urubuzando.

— Você é inacreditável.

E para o meu alívio o sinal tocou.

— Só estou cuidando do que é meu, você me dar muito trabalho

Bufei, sentindo suas mãos me agarrarem novamente.

— O sinal tocou.

— O que tenho haver com isso? – E arqueou a sobrancelha, despreocupado.

— Eu quero ir para aula.

— Foda-se as aulas, não estou afim de assisti-las hoje. – Ele tentou me beijar, mas virei meu rosto para o lado. – Pare de bancar a difícil, mulher.

Irritada, o empurrei com todas as minhas forças, me desvencilhando de seus braços.

— Você é um babaca, Gaara. – Minha voz saiu bem alta. - E pare de me chamar de mulher!

— Porra, Ino, tu é chata pra caralho quando quer – ele ralhou, me olhando com raiva. – Quer saber, fique aí por que para mim já deu.

Gaara saiu pisando duro, cheia de raiva e me deixando para trás.

— Vai mesmo, seu idiota – gritei, sentindo meu sangue subir pela minha cabeça. – Eu que não quero saber de você!

Respirei profundamente, e definitivamente não queria mais olhar na cara de Gaara Alfredo do Sabaku.

Babaca.


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Notas finais do capítulo

O que me dizem?
Espero receber suas opiniões.
Bjs.



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