Beyond the Vengeance escrita por Mello


Capítulo 5
Recomeço


Notas iniciais do capítulo

E aí galera mais um capítulo da fic, demorou um pouco mais do que eu pretendia, mas chegou.

Boa leitura.



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Ela me atacou. Pulou em cima de mim com a faca afiada pronta para me matar, mas consegui desviar do golpe. Senti seu sangue escorrendo pela minha mão quando minha adaga perfurou acidentalmente sua barriga. Eu a apoiei em meus braços e vi a vida a deixando, mas, em um último suspiro, ela conseguiu agarrar meu pescoço para que eu abaixasse para ouvi-la melhor.

— Foi sua culpa! — ela sussurrou antes de tombar a cabeça de lado. Os olhos sem vida olhando para o nada…

Acordei num salto. Estava ofegante e meu coração batia rápido. Eram três horas da manhã e eu tinha acordado pela terceira vez com o mesmo pesadelo. Me sentei na cama, encolhido. Tentei me acalmar, mas era inútil. Segurei a cabeça com ambas as mãos e fechei os olhos tentando controlar a respiração. Após vários minutos consegui, mas não me sentia mais tranquilo. Não posso me entregar ao desespero, disse a mim mesmo, várias vezes.

Tentei me concentrar em qualquer coisa que não fosse aquilo, mas aquilo ficava se repetindo em minha mente, como se alguém tivesse ligado o botão de replay e eu não conseguisse desligar. Por tentei pensar realmente no assunto, tentar achar algo para fazer. Nada podia desfazer o que tinha sido feito, mas deveria haver algo para me redimir qualquer coisa. Me lembrei do que John havia dito. Ela tinha ido sozinha para floresta e quando voltou já estava possuída.

Silenciosamente saí do chalé de Atena. Era proibido sair de noite sem autorização e as Harpias tinham permissão para devorar qualquer um que desobedecesse, mas eu estava decidido. Me esgueirei até chegar ao início da floresta. Caminhei entre as árvores por alguns minutos. Só não estava no escuro porque a luz da lua ajudava. Após mais alguns minutos chamei Adam usando o pingente na pulseira. Ele veio voando e pousou em meu braço como sempre.

— Preciso de sua ajuda — Ele inclinou a cabeça como se perguntasse “o quê?” — preciso que você encontre alguém — Expliquei o melhor que pude a ele. Eu sei que pode parecer ridículo, mas de alguma maneira Adam entendia cada palavra. Certa vez quando ele estava impaciente pensando que eu traria um rato para ele no dia, disse, brincando, que se ele trouxesse algo para eu comer também pensaria sobre o rato. Minutos depois ele estava em cima da minha cama no chalé com um cachorro-quente. Logo depois que terminei de explicar Adam saiu voando por entre as árvores.

Continuei caminhando pela floresta. Uma nuvem escondeu completamente a lua e tudo ficou escuro. Mesmo assim eu ainda percebia as árvores ao meu redor. Era estranho. Eu conseguia distinguir a localização das árvores, mas não exatamente vê-las. A visão noturna, pensei. Meus irmãos já haviam falado sobre ela. Um dos poderes dos filhos de Atena. Todos os semideuses tinham algum poder, mas cada um se desenvolvia de forma diferente. Muitos pensavam que os poderes da prole de Atena se limitavam a sabedoria e perícia com armas, mas os poderes iam muito além disso. Lion, nosso monitor, disse que os poderes surgiam de forma diferente, mesmo entre irmãos. Alguns podiam desenvolver telepatia primeiro, no meu caso, recém-descoberto, Visão noturna.

Como o escuro já não era um problema pra mim, continuei andando. Um barulho nas árvores me fez ficar alerta, mas logo relaxei quando vi que se tratava de Adam. Ele novamente pousou em meu braço.

— Achou alguma coisa? — perguntei.

Ele piou eufórico e saiu voando entre as árvores. Tive que correr para acompanhá-lo, mas com minha visão noturna foi fácil. Um animal pequeno passou correndo perigosamente perto dos meus pés e quase o esmaguei. Devia ser um esquilo ou algum outro bicho do mesmo tamanho. Adam sumiu detrás de algumas árvores e acelerei para acompanhá-lo. De repente estávamos em uma clareira ampla e aparentemente vazia. Adam voou para o meio da clareira. Seguindo ele percebi que não estava completamente vazia. Bem ao centro havia uma pilha de gravetos queimados. Uma fogueira já apagada. Aproximei a mão e notei que ainda estava um pouco quente. Alguém definitivamente tinha estado ali recentemente. Antes que pudesse procurar mais pistas, um barulho veio da floresta. Um barulho alto, não como um esquilo, mas como um rinoceronte caminhando pela floresta. Também tive certeza de que não era Adam.

A criatura emergiu das árvores com um rosnado que fez Adam voar para longe. Um cão enorme começou a vir em minha direção. Ele era inteiramente preto, exceto pelo os olhos vermelhos e os dentes afiados a mostra. O cão infernal se misturava às sombras, mas eu conseguia distingui-lo.

Ele avançou tentando me morder, mas, rolando para o lado e sacando a espada da pulseira, consegui provocar um pequeno corte em uma das patas dianteiras. Isso só serviu para deixa-lo mais furioso. Ele atacou novamente. Dessa vez usando as garras afiadas da pata para arranhar minha perna, fazendo três novas aberturas em minha calça. Cambaleei para trás com a perna ferida. O cão se preparou para realizar o ataque final e teria conseguido se Adam não tivesse mergulhado em sua direção e cravado as garras em seu focinho. Ele se balançou ferozmente tentando se livrar do incomodo. Minha coruja foi arremessada no chão com violência. Senti um aperto no coração, mas me tranquilizei quando o vi novamente voando para o alto. A raiva tomou conta de mim. Disparei contra o cão infernal, substituindo a espada pela lança. Ele ainda estava de lado devido ao ataque de Adam e percebeu minha investida tarde demais. Pulei por cima dele cravando a lança em suas costas e caindo do outro lado. O monstro uivou de dor, mas não tive pena. Saquei a espada novamente e decepei sua cabeça com um só golpe. O cão se dissolveu em pó.

Guardei as minhas armas enquanto recuperava o fôlego. Chamei Adam para ter certeza de que ele estava bem. Por sorte ele não tinha sofrido nem um ferimento. Mas eu tinha três belos cortes na perna. Agora, sem a adrenalina da luta, a dor castigava minha perna. Procurei na clareira por mais alguma pista, mas não havia nada. Decidi cuidar da minha perna antes de continuar.

Voltei cuidadosamente até a enfermaria, mancando. No caminho pude ver duas harpias patrulhando o acampamento, mas estavam longe demais para ver ou ouvir. A porta da enfermaria estava fechada, mas não trancada. Não havia ninguém lá dentro então pude entrar despreocupado. Foi um pouco difícil achar onde ficavam as coisas que eu precisava no escuro. Eu não podia acender as luzes porque seria como gritar para as harpias virem me devorar. Agradeci silenciosamente pelo poder que tinha recebido. Sem a visão noturna eu nunca teria conseguido cuidar da minha perna.

Demorou um pouco, mas finalmente consegui enfaixar minha perna e, depois de comer um pequeno pedaço de ambrosia, eu estava pronto para procurar mais pistas. Pensei um pouco: se alguém estivesse fugindo provavelmente não iria sair pela colina meio-sangue. Ela é muita exposta. Um bom lugar para sair do acampamento era a praia. De noite ninguém ia lá e, supondo que houvesse um barco, qualquer um poderia fugir com facilidade.

Me dirigi até a praia, chegando lá em alguns minutos. A praia era extensa então tive que caminhar por algum tempo procurando pistas. Quando já estava quase no fim da praia (e da minha esperança) avistei pegadas na areia. A trilha de pegadas ia em direção ao mar, mas não voltava. Comparei o tamanho das pegadas com a minha própria. Eram do mesmo tamanho. Então quem quer que seja tinha o mesmo número de calçado do que eu. Supus que se tratava de um menino talvez com a mesma idade que eu. Estava preste a voltar quando de repente ouvi um barulho de asas, mas não era Adam.

Me virei e me deparei com uma das harpias que patrulhavam o acampamento. Ela nem mesmo quis me dar uma bronca, simplesmente me atacou. Ela não era nem de longe tão perigosa quanto o cão infernal. Mesmo com minha perna machucada foi fácil me esquivar de seus ataques. Me esquivei dela uma dúzia de vezes sem nem mesmo atacar. Ela gritou frustrada, mas antes que pudesse ter outra oportunidade saquei minha espada e a golpeei formando um arco amplo com sua ponta. O golpe provocou um corte profundo em sua asa direita e por pouco não a separou do resto corpo. A harpia caiu no chão e antes que pudesse pensar em levantar cravei a lâmina da espada em seu peito. Enquanto o pó da harpia se misturava com a areia disparei pela praia voltando ao chalé. Se outras harpias viessem verificar o que tinha acontecido com aquela eu não poderia estar perto. Poderia lidar com as Harpias, mas Quíron não ia deixar o desaparecimento das harpias passar despercebido. Com sorte ele não ligaria muito por apenas uma.

No caminho até o chalé 6 não tive mais problemas. Quando cheguei ao chalé o sol já começava a aparecer no horizonte. Rapidamente me livrei da calça rasgada, atirando bem no fundo da gaveta abaixo da minha cama. Vesti outra e deitei em minha cama tomando cuidado para não acordar o chalé inteiro. Esperava que não notassem a pequena diferença na cor das calças, uma um pouco mais escura que a outra. Fechei meus olhos, tentando relaxar. Foi sua culpa! As palavras imediatamente ecoaram em meus ouvidos, mas dessa vez eu respondi.

— Sim — sussurrei concordando — por isso não descansarei até vingar sua morte.


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Notas finais do capítulo

Não se esqueçam de deixar os reviews aí nos comentários, isso ajuda muito tanto na motivação quanto na escrita, pra eu saber o que tá bom, o que precisa melhorar etc.

É isso galera, até a próxima.



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