Beyond the Vengeance escrita por Mello


Capítulo 47
A Fuga dos Mentalistas


Notas iniciais do capítulo

Como prometido, dessa vez sem atrasos para variar, aí está o capítulo do mês.
Se meu cérebro parar de criar histórias paralelas sempre que estou escrevendo essa fic, talvez eu consiga manter o ritmo até o final.

Boa leitura.



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Chris correu o máximo que suas pernas aguentavam. Sem saída para baixo, agora ele subia as escadas intermináveis esperando que o tempo que estava ganhando fosse o suficiente para bolar um plano.

O prédio estava um caos. O alarme tocava a todo volume, mas não o impedia de ouvir a gritaria e os passos apressados dos outros mentalistas.

Já sem força alguma nas pernas, Chris jogou o peso do corpo contra a porta de aço que dava para o terraço. Ela se abriu revelando o ar fresco da noite. Nuvens escuras cobriam o céu até onde se podia ver e a lua não dava sinal que podia vencer a barreira negra entre ela e a cidade.

Em pânico, ele percebeu que não havia mais nada o que fazer. Olhou para trás e fechou a porta. Sabia que tinha apenas um minuto até que chegassem até ele. Procurou em volta por algo que pudesse bloquear a porta, mas algo de repente bloqueou sua visão. Antes de perceber que não estava sozinho no terraço, uma rasteira o jogou no chão. Impedindo um novo ataque, Chris girou e chutou seu atacante que recuou um passo. Pondo-se em pé, ele viu o leve brilho de uma adaga se mover rápido em sua direção e subitamente parar. Chris também parou.

A figura em sua frente estava usando uma máscara preta que cobria a metade inferior de seu rosto, mas Chris reconheceria aqueles cabelos loiros em qualquer lugar. A garota abaixou a máscara, seus olhos cinzentos o avaliando.

— O que está fazendo aqui?

— O que eu estou fazendo aqui?! — Chris perguntou meio atordoado por vê-la naquelas condições. — O que você está fazendo?! Onde esteve todo esse tempo? E por que Halie de uma hora pra outra passa a perseguir você desse jeito?

— Não só a mim pelo visto.

Chris a observou ir até a porta de aço, escalar as paredes do batente e pegar de cima dele uma barra de metal. Usando dois apoios, um de cada lado da porta (que Chris podia jurar que nunca esteve lá), ela fixou a barra, impedindo qualquer um de passar facilmente pela porta do lado dentro.

— O que está acontecendo, Juliet? — Chris voltou a perguntar. — Aquela explosão… foi você?

A garota pareceu que ia começar a falar, mas o ruído de alguém batendo na porta a interrompeu. Ela o olhou nos olhos novamente. Chris a conhecia bem o suficiente para saber que ela estava tomando uma decisão difícil naquele momento.

Outra batida na porta. Dessa vez mais forte. Chris sabia que havia pessoas lá dentro que poderiam passar por cima daquela barra de metal se isso fosse necessário.

— Estamos sem tempo. — Ela falou. Mais baixo dessa vez, como se temesse ser ouvida por quem quer que estivesse atrás da porta. — Lute comigo.

— O quê?

Antes que Chris pudesse entender o que aquilo significava, ela veio para cima dele. Chris bloqueou o primeiro soco de forma relutante e isso o desequilibrou obrigando-o a dar vários passos para trás. Outro soco veio e o acertou em cheio no rosto. Depois outro o atingiu na barriga.

— Lute! — Chris notou uma urgência em sua voz, embora ela ainda falasse baixo.

Ele se esquivou de alguns golpes antes de bloquear o seguinte e empurrar a garota para trás. Decidindo obedecer ao que ela tinha dito, Chris correu até ela preparando uma série de socos.  Por alguns segundos eles brigaram se esquivando e bloqueando os golpes um do outro quando Chris finalmente acertou um soco e, num momento de hesitação, parou.

A garota aproveitou a chance para acertá-lo com um soco e afastá-lo com um chute. Cambaleando para trás, Chris notou que estava na beirada do prédio com apenas um pequeno muro separando-o de uma queda de trinta andares. Voltando-se para sua adversária, ele viu quando ela levou a mão às costas e jogou algo no chão à frente dele. Quase que instantaneamente, uma fumaça branca tomou conta de tudo a sua frente. Rápida como um raio, a garota surgiu em meio a fumaça e agarrou sua mão.

— Vem!

Chris trombou contra o muro de proteção antes de um puxão incentivá-lo a subir nele. A fumaça já tinha se espalhado o suficiente para que ele não visse nada além da garota ao seu lado. Ele se virou na direção de um estrondo quando a barreira que segurava a porta cedeu.

— Pule!

Chris deixou que a mão da garota o guiasse. Por um segundo apavorante eles caíram livremente. A garota apertou sua mão com força. De repente ele parou de cair e a mão que o segurava começou a impulsioná-lo para frente. Chris ouviu o gemido da garota quando seus músculos de retesaram violentamente enquanto freavam a queda de ambos.

Ele bateu a cabeça em algo duro, mas que se despedaçou quando o peso do resto do seu corpo o atingiu. Chris caiu e rolou pelo chão. Ouviu a garota cair logo atrás dele e rolar também, mas percebeu que ela ficou em pé quase que imediatamente após a queda.  Chris levantou a cabeça para olhar para ela. Embora ofegante, parecia estar bem. Atrás podia ver uma janela despedaçada e uma corda que caía do lado de fora. Além disso, Chris podia ver o prédio dos mentalistas atrás. Levou alguns segundos para perceber que estavam no prédio ao lado.

— Vamos, ainda não estamos seguros.

Ela o ajudou a levantar. Chris abafou um gemido ao sentir uma dor aguda do lado esquerdo do corpo, na altura da cintura, mas a garota já estava na porta da frente. Ele teve que correr para alcança-la. Desceram alguns lances de escada antes de entrarem em um corredor e depois em uma espécie de sala comercial. Até ali Chris não vira ninguém além dos dois no prédio. Então o motivo se tornou claro em sua mente.

Rota de fuga.

Chris não sabia se sentia mais tranquilo ao saber disso. Em qualquer outro situação isso provavelmente seria motivo para admirá-la. Naquele dia, porém, era um motivo para deixá-lo com raiva… assim que estivesse em condições de sentir raiva.

A dupla correu pela sala entrando em outra porta num cômodo que Chris julgou ser uma sala de reuniões. Juliet correu até uma janela, a abriu e pulou. Chris teve que se aproximar para ver que ela pousara em um andaime suspenso um pouco abaixo. O andaime balançou por um tempo, mas assim que Chris julgou que era seguro, pulou também da janela e aterrissou ao lado da garota. Uma nova onda de dor o atingiu, mas ele sabia que não podia parar. Com o andaime ainda balançando, Chris sentiu que estavam descendo em um ritmo controlado.

— Mais um pouco e estaremos fora de perigo. — Ela disse.

Chris duvidou disso, mas não falou nada.  Estavam apenas alguns andares acima do chão quando o andaime parou. A garota abriu outra janela, mas dessa vez, em vez de entrar, pegou algo lá dentro e puxou. Uma longa tábua de madeira saiu da janela. A garota a posicionou uma ponta no andaime e a outra no ponto mais alto de uma escadaria de incêndio no prédio ao lado.

Antes que Chris pudesse protestar, ela subiu na tábua e caminhou cuidadosamente até o outro lado.

— Venha.

Chris soltou todos os palavrões que conhecia e alguns que não sabia que conhecia enquanto subia na tábua. Quando estava na metade do caminho seu repertório de palavras indevidas já havia acabado, mas o medo só tinha aumentado. Porém, quando atingiu o outro lado, não teve tempo de comemorar. A garota já descia as escadas e em segundos já estava no chão. Chris precisou de um pouco mais de tempo.

— Por aqui.

A garota o conduziu por uma série de becos. Chris percebeu que estava indo para a avenida atrás do prédio dos mentalistas. Um caminho inteligente. Com qualquer veículo, mesmo que soubessem onde os dois estavam, devido ao sentido do tráfego, eles seriam mais rápidos a pé. E mesmo que alguém os tivesse seguido até ali, após atingir a avenida seria fácil despistar qualquer seguidor se misturando aos pedestres.

Chris teve que se apoiar numa parede para recuperar o fôlego. Seu lado esquerdo agora explodia de dor.

— Você está sangrando!

A garota se aproximou dele e examinou o ferimento.

— Acho que me cortei naquela janela. — Ele disse. Pousou a mão sobre o ombro da garota e a olhou nos olhos. — O que está acontecendo, Juliet?

— Eu queria poder te contar, mas não há tempo. — Ela mordeu o lábio inferior, ainda checando o corte na cintura de Chris — O ferimento não é tão grave, mas é bom cuidar dele assim que puder. Tem algum lugar por perto onde você pode se esconder?

Chris pensou por um momento.

— Tem um apartamento onde posso ficar. Não sei se Terry está lá ou não, mas acho que mesmo que esteja de mau humor ele vai me deixar ficar lá se aparecer desse jeito.

Um mês deve ter sido o suficiente para ele esfriar a cabeça, Chris pensou.

— Terry… qual é o nome inteiro dele?

Chris estranhou a pergunta, especialmente o tom em que ela foi feita.

— Terry Rivers. Por quê?

Juliet arregalou os olhos. Dessa vez foi ela quem segurou o ombro de Chris e o olhou.

— Fique longe dele, Chris. Mesmo que ele não esteja lá, não vá ao apartamento dele. Encontre outro lugar.

— Do que você está falando? Por que eu tenho que ficar longe dele?

— Ele está na lista Halie.

Chris não achou que algo naquela noite pudesse ser mais inesperado do que rever Juliet em tais condições, mas aquilo foi. Havia uma espécie de boato entre os mentalistas (que quase beirava à lenda urbana), de que Lan Halie, sua líder, tinha uma lista dos semideuses mais perigosos ao redor do mundo. Supostamente essa lista era tão secreta que a somente a própria Halie tinha conhecimento dos nomes escritos nela, e apenas alguns mentalistas a tinham visto de perto. Chris nunca ouvira falar de qualquer nome específico da lista.

— Você está dizendo que a lista realmente existe?

— Sim, ela existe. Eu… estava trabalhando na investigação sobre um dos nomes da lista e por isso eu posso afirmar que ela existe. E Terry Rivers está nela.

— Ok, isso é um exagero. A lista pode ser secreta, mas eu conheço Terry e mesmo que ele fosse uma ameaça eu poderia nomear dez, talvez vinte pessoas mais perigosas que ele. Quantos nomes essa lista tem afinal?

Juliet olhou pra ele com preocupação.

— Chris, eu acho que você não o conhece tão bem. Eu não sei quantos nomes a lista tem porque só a vi por alguns instantes, mas consigo me lembrar de todos os cinco nomes que vi. Terry Rivers está em quarto lugar.


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Notas finais do capítulo

Minha internet está segura agora (ufa).

Até a próxima.



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