Dear Katie escrita por The Blowers Daughter


Capítulo 1
What have you done lately?




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/559335/chapter/1

O dia estava demasiadamente frio.
Katie não gostava do clima assim, digo, esse frio a incomodava. Era como se seus ossos estivessem virando liquido.
Ótimo! Katie seria o único ser humano a ter tido uma fusão dentro de si. E seria bom que a solidificação acontecesse também, porque a moça tinha certeza de que não gostaria de ter os ossos líquidos.
Se não houvesse prometido a Richard que iria ajuda-lo, Katie já estaria na cafeteria tomando um café bem quente e ouvindo John falar de um assunto qualquer.
Em horas como essa, Katie detestava ser uma boa aluna em física.
Matemática, ciências e química vinham no pacote. Mas a física era a matéria que Katie mais se dedicava, era sua paixão... Claro, depois de John.

— Onde você estava Katie? — Perguntou Richard assim que abriu a porta para a amiga e sentiu o vento frio entrar.
— Na merda do metrô. — Respondeu ela e o empurrou para o lado. — Está muito frio aqui fora.
— Nem preciso te convidar para entrar, você é de casa. — Richard riu.
— Sou mesmo, senão você acha que eu ia estar aqui? Nesse frio? — Katie riu e sentou-se no sofá. Logo viu a mãe do amigo sentada na mesa, imóvel. — Boa tarde senhora Fritz.
— Boa tarde Katie! — Ela acenou.
— Vamos começar logo isso? — Perguntou Richard.

John estava impaciente. Ele batia o pé ritmadamente e bufava de 30 em 30 segundos.
— Está com algum problema meu jovem? — Perguntou um garçom.
— Não, está tudo bem. — John relaxou os ombros.
Era difícil marcar encontros com Katie, a cada vez ela se atrasava mais.
Ele não ia ligar. Iria esperar ela ir até ele, por sua livre e espontânea vontade. E no seu horário também.
John levantou a cabeça e viu Katie correndo em sua direção. Seus sapatinhos de camurça fazem barulho no piso da cafeteria.

— Olá, John, me desculpe. — Ela beijou sua bochecha.
— Onde você estava? — Perguntou ele.
— Não vai perguntar como foi meu dia? — Katie franziu a testa.
— Depois. — Ele olhou-a nos olhos. — Onde você estava?
— Ajudando Richard com o dever de física. — Katie sentia-se culpada. John tinha o dom de fazer uma coisa certa parecer errada.
— Katie, eu já não lhe disse que não deve marcar outros compromissos quando tiver marcado algo comigo?

— John, por que você está falando comigo desse jeito?
— Você não sabe cumprir horários? — John arqueou uma sobrancelha.
— John você esta agindo como meu pai. — Respondeu ela. — E eu sei cumprir horários, mas o Richard precisou muito da minha ajuda. Não pude negar.
— Então aprenda. — Retrucou ele.
— Aprenda o que? — Perguntou ela.
— A negar!

— John! Por que está me dizendo essas coisas horríveis?
— Não estou fazendo nada demais, só perguntando de um jeito mais delicado se você não sabe ver hora.
— Eu sei ver hora sim senhor, e já está na hora de eu ir embora. — Ela se levantou e John segurou seu braço.
Katie olhou.
— Se você sair por essa porta, está tudo acabado. — Então John a soltou. — Faça sua escolha.
Katie não queria terminar com John, mas ela queria ir para casa. Ficar sozinha e refletir sobre as coisas que havia escutado.

— John, eu vou sair. Mas não quero sair da sua vida, por favor, me pedoe. Mas tarde nós podemos conversar, mas agora... Talvez seja melhor conversarmos amanhã e não hoje. Se eu me atrasei foi porque eu realmente precisei ajudar meu amigo. Eu não quero sair da sua vida, não ainda. Você está falando tudo isso de cabeça cheia. Não vale a pena, eu amo você.
Katie beijou a testa de John e o viu assentir lentamente.
A moça pegou o metrô de volta para casa. Lágrimas queriam desabar por sua face, mas com o frio que estava, elas iriam congelar antes que tocassem suas bochechas rosadas pelo frio.
Katie era uma das milhares amantes da hipérbole.
Quando chegou em casa, as lagrimas que ela tanto segurava começaram a escapar.
Seus pais não estavam em casa, haviam saído a uma semana atrás para uma segunda lua de mel no Brasil.

E haviam deixado Katie no maldito frio da Alemanha.
A moça ainda tinha esperanças de que sua mãe não voltaria com uma irmãozinho ou irmãzinha de presente para ela.
Ser filha única era algo muito bom, e não ter irmãos mais novos era uma coisa que ela amava.
Seus pais quase não ficavam em casa, e dividir o pouco tempo que tinha com eles com um bebê seria péssimo.
Katie não queria aprender a trocar fraudas, não queria ter que dar mamadeira e nem fazer serviço de babá.
Ela não queria que sua mãe voltasse grávida dessa segunda lua de mel.

Katie caminhou até o telefone da cozinha, lá ficava a agenda telefônica.
Discou o número da casa de Richard e no segundo toque o mesmo atendeu.
— Alô?
— Richard? — Perguntou ela fungando.
— Katie? Você está chorando? — Richard ficou alarmado, ele não gostava de ver — nem ouvir — Katie chorar.
— Você pode vir aqui em casa? — Sua voz estava ficando fraquinha. — Estou precisando conversar.

— Claro, em 40 minutos chego aí. — Respondeu ele preocupado.
— Vou deixar a porta aberta. — Katie fungou mais uma vez e desligou.
Ela correu para o quarto e deitou-se em sua cama. Katie chorava muito, chorava por decepcionar John, chorava por estar sozinha quando queria companhia e chorava também pelos filhotinhos de cachorro que não tinham um lar.
Richard queria tanto ajudar sua amiga que chegou lá em menos de 40 minutos, bem, sua mãe lhe emprestou o carro.
— Katie? Katie? — Ele chamava enquanto subia as escadas.
— Aqui no quarto. — Gritou ela com a voz sufocada.

— O que houve? — Perguntou ele sentando-se na beirada da cama. — Ele partiu seu coração hoje?
Katie sentou-se e assentiu.
— Por que? O que aconteceu?
— Eu marquei de ir com ele tomar um café, mas acabei me atrasando porque fui te ajudar com o dever de casa. Quando eu cheguei lá, ele me passou o maior sermão. — Ela abaixou os olhos. — Me perguntou se eu não sabia cumprir horários, se eu não tinha um relógio...
— O que você disse?
— Eu disse que sabia ver hora e já estava na hora de eu ir embora, então ele disse para mim que se eu passasse por aquela porta estava tudo acabado.

— E pelo visto você passou pela porta, não foi? — Richard perguntou secando as lágrimas dos olhos inchados da amiga.
— Passei, mas antes eu disse à ele que deveríamos conversar amanhã. E que eu não ia sair da vida dele assim tão fácil.
— Katie... Algumas pessoas podem falar para você que o John só disse isso porque te ama, mas eu não vou dizer nada.
— Eu sei, você não precisa dizer nada.
— Vamos lá, Katie! — Richard se levantou da cama com um salto.
— O que? — Katie riu.

— Então querida, querida Katie, pegue chá para nós dois. Está uma tarde bonita, vamos tomar chá na varanda.
— Tarde bonita? — Perguntou Katie.
— Ok, mais ou menos. — Richard corou. — Mas eu não desisti do chá. Vamos tomar chá lá na varanda. — Richard puxou Katie para que ela se levantasse da cama.
— Ok, vamos fazer o chá. — Katie se levantou.
Os dois foram para cozinha preparar o chá de frutas vermelhas, o favorito de Katie e Richard.
Quando estava pronto Katie o serviu em suas xícaras e os dois foram sentar-se nas cadeiras da varanda.

— Está muito frio aqui. — Reclamou ela.
— Tome o chá, vai esfriar. — Richard ignorou.
— Está frio! — Katie voltou a reclamar. — O vento balançava seus fios de cabelo que estavam soltos do coque bagunçado que ela havia feito no improviso.
— O frio tem que ser sentido, o vento quer ser escutado. Quer nos tocar, só que não damos oportunidade a ele. — Richard olhou para o liquido vermelho dentro da caneca e sorriu.
— Filosofou! — Katie bateu duas palminhas para ele. — Quando você publicar um livro eu vou ser a primeira a comprar.
— Obrigado, obrigado! — Ele fez uma reverência e riu.

— Lembra de quando éramos mais jovens? Lembra de como não nos importávamos com nada? — Perguntou ele imerso em pensamentos.
— Lembro. — Respondeu ela bebendo um grande gole do chá.
— As pessoas costumavam sorrir e nós segurávamos as mãos no parque. — Richard lembrou.
— É, e ver o sol aos domingos nos fazia sorrir. — Katie completou.
— Katie?
— Sim?

— O que você tem feito ultimamente? Não deixe essa bagunça te enlouquecer, lembre-se do amor verdadeiro.
Katie não disse nada, seus olhos brilharam e ela deixou sua xícara na mesinha ao seu lado.
— Vamos adotar um filhote de cachorro? — Perguntou ela.
— Vamos, eu apoio! — Richard sorriu e os dois foram para o abrigo de animais.
Richard foi dirigindo rápido, como o abrigo era perto eles chegaram em menos de 20 minutos lá.
Katie se apaixonou por um filhote de rasque siberiano de pelos castanhos.

— Então, já fez sua escolha? — Perguntou uma moça, que obviamente trabalhava lá.
— Sim. — Respondeu Katie. — Vou ficar com o rasque siberiano.
— Ótima escolha. — A moça abriu a cela e tirou o bichinho de lá. Ele não devia ter mais de 3 meses de vida. — Toma, vou pegar os papeis para você assinar.
— Richard! — Katie chamou. — Já escolhi. — Respondeu ela mostrando o cachorro.
— Ele é lindo Katie, oi meu amorzinho... — Richard pegou o cachorro do colo de Katie para que ela pudesse assinar a papelada.
A moça deu três folhas para a jovem.

— Pronto, tem mais alguma coisa? — Perguntou ela.
— Não, era só isso. Boa sorte.
— Obrigada. — Katie e Richard acenaram, Katie pegou o cachorrinho no colo.
— Já sabe qual nome vai dar para ele? — Perguntou Richard curioso.
— Sei. — Respondeu ela beijando a cabeça do filhote.
— Qual será?

— Ice Tea. — Respondeu ela.
— Ice Tea? — Perguntou Richard um pouco assustado.
— Sim, Ice Tea.
— Mas... Mas por que?
— Porque eu gosto de chá gelado.
— Mas ele não tem cara de Ice Tea.

— Ah... Ele tem sim, não é Ice Tea? — O cachorrinho abanou o rabinho.
— Então tá, o cachorro é seu. — Richard sorriu. — Ice Tea. — Acariciou o bichinho.
— Ele é lindo. Não é? — Perguntou Katie. Ele se sentia tão bem, tão feliz!
— É sim. — Richard olhou para os dois. O vento frio se chocou contra o corpo de Ice Tea e ele tremeu no colo de Katie. Ele tirou sua toca e o colocou dentro. Ele era tão pequeno que cabia lá dentro. Richard riu quando viu o cachorro no toca vermelha da garota.
— Assim está melhor. — Ela murmulhou.
— Como está o coração Katie?

Katie sorriu e olhou para Richard. Depois para Ice Tea e de volta para Richard.
— Quase curado. — Katie sorriu mais uma vez.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Dear Katie" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.