Isabella

Chegamos na casa de Shopie e batemos na porta, uma senhora muito gentil nos atendeu nos pedindo para entrar e disse que Shopie estava no quarto e nos avisou que estava mal. Batemos na porta e ela atendeu.

– Precisamos conversar. – disse Megh.

– Shopie, eu queria pedir desculpas porque...- ela me abraçou forte repentinamente.

– Desculpa eu amiga, não deveria ter falado aquilo, você é uma amiga maravilhosa, me desculpa é que eu me deixei tomar pelo ciúmes e ele ficava te olhando, me desculpa. – ela disse tudo rapidamente.

– Tudo bem, te entendo Shopie, me desculpa também pelo que disse.

– Eii podem parar com tantas desculpas, chega!! – disse Megh.

– Okay, vamos comer algo meninas? – disse Shopie.

– Já comemos agora pouco e eu tenho que ir para casa porque esta ficando tarde.

– É o amigo do irmão dela não gosta que ela chegue tarde, quer dizer o irmão dela não gosta que ela chegue tarde. – disse Megh ironizando.

– Que história é essa Isa? - perguntou Shopie curiosa.

– História nenhuma.

– Então porque ficou toda boba quando ele te deu um beijo na bochecha, vi que ficou vermelha. – disse Megh.

– Euu não... nãoo fiquei não. – disse falhando a voz.

– Porque essa tremedeira toda ao falar? – Disse Megh me fazendo ficar mais nervosa.

– Só estou é..... com sede. – menti.

– Para Megh, deixa ela, um dia a gente descobre.

...

Em casa...

Abri a porta do apartamento e vejo Josh sentado sem camisa, meu mundo parou! Que visão, ele estava dormindo e a televisão estava ligada. Fui até meu quarto tomei um banho e troquei de roupa. Estranhei John não estar em casa, fui até o quarto dele e nada do garoto aparecer. Vesti um pijama do bob esponja e fui até a cozinha pegar um copo de água porque estava morrendo de sede.

Parei no meio da sala e Josh continuava a dormir, o reparei por alguns minutos e peguei o controle que estava perto dele no sofá, cheguei mais perto e senti o cheiro delicioso do seu perfume que me deixava desnorteada, não deveria ter chegado tão perto dele, senti uma imensa vontade de tocar o rosto dele e ficar aconchegada em seus braços. Me sentei no sofá e passei a mão em seu cabelo , Josh se mexeu um pouco, mas seu sono estava tão pesado que nem acordaria. Passei a mão pelo seu rosto e ele pegou minha mão e beijou levemente aconchegando em seu rosto. Sorri ao sentir o seu toque carinhoso.

Não sei o que estava sentindo direito, mas não posso me apaixonar novamente, muito menos por ele, um cara grosso, egocêntrico e mulherengo. Me perdi nos meus pensamentos quando vejo Josh com seus olhos vidrados em mim. Eu não sabia se saia correndo ou se ficava ali parada o olhando. Minha reação foi a melhor possível, dar uma desculpa esfarrapada pela cena constrangedora.

– Quer que eu comente sobre essa cena, ou que eu deixe passar? – ele disse se levantando, ficando sentado no sofá de frente para mim. – ainda bem que a luz estava apagada, apenas a luz da televisão nos iluminava, pois meu rosto estava mais vermelho que tudo. – Josh continuou a segurar a minha mão, e me fitava com aqueles olhos azuis incríveis.

– Não faça isso, corre! – disse minha mente.

– Não consigo! – uma briga estava travada, entre minha mente e o meu coração.

Josh acariciou meu rosto e eu fechei os olhos para sentir o seu toque suave. Ele se aproximou mais e senti que sua respiração estava acelerada, seus olhos se encontraram com os meus naquela escuridão e ele chegou perto do meu ouvido e sussurrou. – Não estraga tudo agora, preciso saber como é sentir seus lábios sobre os meus. – sua voz rouca me fez sentir um arrepio. Não conseguia falar nada, pensar nada, apenas pensar no que ele disse. Josh colocou uma mecha de cabelo minha para trás da minha orelha e colocou uma de sua mãos no meu rosto, ele me olhava com doçura, não com desejo e malicia. Sua outra mão foi parar na minha nuca e ele se aproximou mais, beijando o canto da minha boca, que em seguida passou seus lábios sobre os meus e me deu um selinho carinhoso. Quando iria permitir que o beijo se aprofundasse ouvimos o trinco da porta e Josh se afastou rapidamente, se sentando no sofá e eu corri para a cozinha.

John abriu a porta e estava cantando algo, ele cumprimentou Josh e veio ao meu encontro na cozinha.

– Oi maninha mais linda desse mundo inteiro. – me deu um beijo estalado na bochecha.

– Ue ue que animação toda é essa?

– Tem nome e sobre nome. – disse se sentando na mesa e comendo uma maça.

– Qual? – me virei e o encarei

– Não te interessa. – fiz cara de ofendida e ele riu. – Só conto se você prometer não contar pra ninguém.

– Eu prometo. – disse chegando mais perto.

– Eu acho que estou amarrado numa mina ai. – disse sorrindo.

– Sabia! – exclamei.

– Para Isa, assim não conto mais nada.

– Okay, não brinco mais – disse animada.

– É a Kath, ela é sobrenatural cara. Não sei como ela consegue ser daquele jeito, cheguei a conclusão que to amarrado nela.

– E ela sabe?

– Não sei, não dou muito na cara.

– Quer que eu seja cúpida?

– Nem pensar, quero apenas que me ajude a ter mais encontros com ela.

– E como vou fazer isso, sem que ela note?

– Chamando as suas amigas para a gente sair, assim ela vem junto.

–Com uma condição.

– Que condição?

– Quero liberdade! – exclamei.

– Que tipo de liberdade? - ele arqueou a sobrancelha.

– A chave do apartamento, horário livre, sem regras e coisas superfulas.

– Okay, mas as regras da casa permanecem as mesmas. – sorri satisfeita.

Peguei um iogurte e sai da cozinha quando esbarro sem querer com o Josh, ele ficou trancando o meu caminho, me olhando com aqueles olhos lindos, agora sem aquela ternura, parecia confuso, tentei sair, mas quando eu fui para um lado e foi para o mesmo e assim vice versa.

– Posso passar? – disse ele grosso.

– Claro. – respondi com uma voz mais baixa.

Corri para o meu quarto e me deitei na minha cama pensando naquele troglodita que eu quase beijei na sala. Quando estávamos juntos ele agia diferente, mas mudava de humor repentinamente, isso me deixava confusa.

Dias depois

Sexta feira

Os dias da semana se passaram rápidos demais, depois daquele momento constrangedor com Josh, não nos falamos muito na verdade não nos vemos muito, ele passa mais no trabalho e nas festas do que em casa. Varias meninas ligam aqui para casa e perguntam por ele e digo que ele morreu atropelado por um caminhão, trágico não é? Eu o mataria pior! Estou com muita raiva desse garoto.

No relógio marcavam 18:00 horas e já estava na hora de me arrumar para ir no bar country que o Alex tinha me convidado. Tomei um banho, sequei meus cabelos, e coloquei um vestido floral com preto e um salto alto fino, fiz uma make mais simples e peguei uma bolsa de mão.

Quando sai do quarto vi Josh e uma garota parada no corredor, eles estavam se beijando, na verdade quase.. é se sabe ... na minha frente. – Pigarrei e Josh me olhou. A garota me olhou dos pés a cabeça, e continuou a beijar o pescoço de Josh. Queria pular em cima dela e tirar essa garota de cima dele.

– O Motel é do outro lado da rua. - ironizei.

– Sempre tão engraçadinha Isabella. –disse Josh ironizando. - a garota disse. – Josh vamos pro seu quarto logo. – E o tapado respondeu. – Calma amor, só vou dispensar a loira aqui.

– Vai sair ou quer que eu chame o John? – disse brava.

– Você vai sair, agora. E a casa é minha também e eu faço o que eu bem entendo aqui dentro, até você que você chegou e estragou tudo. Porque não ficou com sua vidinha perfeita em Paris? Você só veio para cá porque a sua avó não suporta a sua cara e o único que te ama é o seu irmão. – ele disse bravo e gritando. - O que não aguenta ouvir a verdade? Derrepente seu humor se foi Isa? -disse debochando.

Não estava acreditando naquele Josh que estava na minha frente, seu olhar era raivoso e sua voz rude. Engoli o choro e respirei fundo para não acabar chorando.

– Não basta só palavras para me afetar, sou bem mais forte do que isso! – passei por eles e bati na porta, e logo o choro começou a escorrer pelos meus olhos, um sentimento de dor, tristeza e rancor me invadiu e queria acabar tudo com aquilo. Mandei uma mensagem para Alex e disse que não poderia ir para o nosso “encontro”. Peguei um taxi e fui direto para uma farmácia comprar o que me acalmaria, isso resolveria o meu problema.

Passei perto de um parque e me sentei no banco mais atrás das árvores, chorei muito e enquanto chorava pensei em todas as palavras que Josh avia me dito e constatei que eram verdade, ninguém me amava, eu não tenho uma família, nem casa, minha vida amorosa esta um caos e estou me sentindo um lixo. Peguei as laminas e comecei a cortar meus braços, o sangue não me incomodava e nem a dor. Não era certo fazer aquilo, eu prometi para o John, mas não conseguia tirar aquela dor a não ser que sentisse outra.

Limpei o sangue que escorria com a minha blusa e passei em um bar e comprei umas cervejas, não eu nunca bebi, só socialmente, mas precisava esquecer aquelas palavras duras. Bebi cerca de umas seis, o gosto era horrível, mas mesmo assim bebi tudo. Alguém se aproximou de mim e pude ver que era o Alex, ele me olhou e olhou para os meus braços que estavam vermelhos e inchados pelos cortes.

– Isa, vem comigo. – ele disse me pegando pela mão. – Estava tão tonta que nem vi onde fomos, apenas o segui. Ele entrou no nosso prédio e me levou para o apartamento dele, ele fez um café preto para mim e fez os curativos nos meus braços, depois daquilo não vi mais nada.

Acordei meio tonta e com muita dor de cabeça e nos braços. Olhei ao redor e vi que estava no meu quarto, não me lembrava de muita coisa, apenas dos cortes, da bebida e do Alex. Olhei para o lado e vi John deitado ao meu lado, droga! Ele sabe dos cortes, e agora? John se mexeu e me viu acordada.

– Isa, como você ta? – disse se aproximando da cama.

– Estou bem, só com dor de cabeça.

– Isa, porque fez isso? – disse triste. – Você prometeu para mim. – meus olhos se encheram de lagrimas e chorei, ele veio ao meu encontro e disse que precisava de ajuda.

– Quer ir para uma clinica? Lá você vai se recuperar melhor.

– Não! – disse baixinho. – Preciso de você, não posso passar por isso de novo sozinha. – John me abraçou forte.

– Eii calma, to aqui contigo, nunca vou te abandonar. – chorei mais ainda em seus braços.

Ficamos um tempo conversando e John tentou me animar de todas as maneiras, ele trouxe até chocolate. Assistimos bob espoja e Chaves a manhã toda, mas nada me animava.

Depois de uma tarde e um começo de noite de episódios e risadas me levantei e fui até a cozinha pegar um copo de coca cola bem gelada. Meu receio era encontrar Josh e a tal garota novamente, não estava com um emocional muito bom para brigas novamente. Peguei meu copo de coca cola e dei de cara com ele na porta estático me olhando. Ele olhou para mim, e em seguida para os meus braços. Seu sorriso morreu e ele estava muito sério, veio em minha direção e pegou meus braços delicadamente.

– Isa.. – ele parou e ficou me olhando. Meus olhos se encheram de lágrimas ao lembrar das palavras dele. – O que é isso? – fiquei em silencio. – ele me olhava e mais uma vez perguntou. – Isa, o que aconteceu com você? – não respondi, eu não conseguia, estava sem reação alguma. – ISABELAAA o que é isso? O que aconteceu? – disse gritando. – engoli o choro e consegui responder.

– Não é da sua conta! – exclamei. – ele estava indignado e ainda me olhava serio.

– Por favor Isa, me diz o que aconteceu. – ele suspirou fundo e falou mais calmo. – eu o olhei com meus olhos cheios de lágrimas.

– Eu me mutilei, satisfeito? – disse ríspida. – ele me olhou incrédulo e não sabia o que dizer.

– Isa.. – ele parou.

– Não precisa falar nada, não quero ouvir suas palavras. – uma lágrima escorreu pelo meu rosto.

– Porque fez isso? – disse ainda indignado.

– Porque eu quis! – gritei.

– O que te levou a fazer isso?

– A vida. – disse com ironia. – ele abaixou a cabeça e disse.

– Seu irmão tinha me falado sobre isso, mas não acreditei. Você não deveria ter feito isso, poxa olha como estão seus braços, sabia que você pode ter hemorragia por causa disso?

– Melhor ainda, assim eu não incomodaria a todos e daria um fim na minha triste vida. – disse com um certo sarcasmo na voz. – ele balançou a cabeça.

– Isa, me perdoa eu não deveria ter dito aquilo para você, estava bravo e...

–Não precisa se preocupar comigo, eu já vou sair dessa casa, afinal eu não passo de um encosto nos ombros do meu irmão não é? – as lagrimas caíram sobre meu rosto e ele encheu os olhos de lágrimas.

– Isa eu disse tudo de cabeça cheia, não queria dizer aquilo.

– Sabe o que mais me dói Josh? Não é eu ter me cortado até sangrar, não são as suas palavras afiadas, o que mais me dói é ver que você é um duas caras, uma pessoa esnobe e que provavelmente nunca vai saber o que é ser amado. – disse tudo o que estava dentro de mim. Minhas palavras pareciam facas afiadas sendo jogadas nele, mas não me importei apenas às atirei ferindo a quem ferir. – ele limpou ás lágrimas do meu seu rosto e saiu de perto de mim sem dizer nada.

Chorei ainda mais, até que John chegou e me abraçou novamente, não queria ter dito aquilo, não queria ter sentido aquilo, não queria estar assim, meu coração esta abalado, não posso mais sentir isso, não posso.