Acordou novamente com aquela sensação estranha. O cansaço impediu que investigasse o que o incomodava, então tornou a virar-se de lado e adormecer novamente.

Sobressaltou-se minutos mais tarde. Talvez horas, ele não saberia dizer. Mais uma vez, aquela coisa macia e úmida que sentia na bochecha direita. Era talvez o pesadelo mais real que já tivera.

Dessa vez, decidiu não dormir novamente. Não abriu os olhos também. Só colocou a mão muito próxima do rosto, e esforçou-se para manter uma respiração regular e lenta, inspirando e soltando como se estivesse em transe.

Aguardou pelo momento certo sem se mover. Podia sentir uma inclinação no colchão ao seu lado, um peso que o empurrava para baixo, mas não olhou. Estava certo de que eram os travesseiros que, na hora, não estava usando. Tinha que ser.

Seu coração batia mais forte à medida que sentia a hora chegar. Seu dedo indicador roçava no queixo, e qualquer um que o olhasse teria certeza de que dormia.

O calor esquentou sua bochecha direita, e, quando sentiu a umidade, moveu os dedos e apertou. Era escorregadio, quente e deslizava por sua pele, sempre devagar.

O que quer que fosse que agarrara, não podia se parecer mais com uma língua.