Untitled escrita por SuuriNarttu


Capítulo 13
Não somos os únicos


Notas iniciais do capítulo

Vamo voltar a ativa lo/



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Kage saiu do meu quarto e eu pude descansar um pouco, ainda era tarde quando me deitei. Às 4 da manhã eu acordei, olhei pro meu lado e Morgana estava ali deitada. Eu não sabia que estávamos nesse nível de intimidade. Levantei e fui arranjar algo pra comer, Morgana também acordou e me disse:

— Esperei você acordar mas você demorou, então acabei pegando no sono também. Trouxe comida.

E então ela levantou e eu reparei que ela estava usando uma camiseta preta minha, ela se virou e pegou um prato que estava no chão ao lado dela da cama e me entregou. Eu agradeci e ela disse:

— O que acha da Ilana? Eu gostei dela.

— Posso comer primeiro? Aliás, cadê as crianças?

— Estão dormindo no sofá da sala. Todos estão dormindo.

— Todos no sofá? Não cabe. Ou cabe?

— Não, as crianças e Kage estão no sofá. Ilana fez uma cama no chão.

— Ah, menos mal. E porque só você veio pra cá?

— Achei que devíamos estar todos juntos, mas você estava sozinho no quarto, então vim ficar aqui, caso algo acontecesse. Ainda não estou muito a vontade de ficar sozinha.

— Faz sentido. Primeira vez na cidade?

— Com certeza, esses prédios e lojas e um monte de coisas estranhas, é tudo muito novo pra mim. Lembrei de uma coisa depois que você dormiu, eu peguei suas armas depois que vocês sumiram, guardei elas no seu armário.

— Obrigado, estava com pouca munição mas acho que tem mais por aqui no meu quarto. Já que é sua primeira vez, aqui, olhe pela janela.

O sol estava nascendo sob todo aquele cenário de desolação, não era o ideal mas ainda assim era bonito. Ela olhava com bastante carinho para todo o ambiente, mesmo que tivesse sido destruído com a chegada das florestas. Terminei de comer e fui até a sala, Kage também já estava acordado, parece que todos tiveram uma noite legal aqui ontem. Voltei ao meu quarto para me preparar para mais tarde e Morgana foi tomar um banho, eu não sei porque, mas a combinação de Morgana e água me acendem. Achei melhor me conter, ela terminou e veio pro quarto de toalha, ela ficou de costas e quando tirou a toalha, vi que nas suas costas, as cicatrizes tinham ficado mais avermelhadas, pareciam fogo dentro de sua pele. Ela se vestiu e disse que tinha treinado mais suas magias enquanto eu estava fora e que queria ir junto comigo a procura do abrigo, acho que ela não queria ficar aqui com uma estranha e de qualquer forma, a ajuda de mais um é sempre bem vinda. Fomos pra sala e Ilana perguntou se podia se juntar a nós também, alguém tinha que cuidar das crianças então achei melhor deixar o garoto com o Curandeiro, o garoto nem fez muita questão já que prefere ficar com a garota do que qualquer coisa. Nos aprontamos e fomos lá pra fora. Chegando na porta do prédio, me senti meio nostálgico de estar ali de novo, fomos andando até uma loja de armas que tinha pelo bairro, víamos algumas luzes e postes funcionais apesar de estarem meio quebrados, ainda dava pra ouvir a rádio por algumas caixas de som espalhadas pela cidade, vários manequins despidos pelas loja de roupa, a fauna das florestas invadindo a cidade e até alguns cachorros transitavam ali sem nenhum problema, estava um clima agradável. Não tão agradável se você pensasse no caos que aconteceu aqui no início mas estava tão...calmo e tranquilo, me fez lembrar de um poema chamado "A cidade onde apenas eu existo". Chegamos a loja e para surpresa de ninguém, estava totalmente saqueada. Felizmente eu não procurava armas e sim, mais munições. Todo mundo foi dar uma olhada pela loja e nas lojas ao lado, foi quando Morgana veio falar comigo:

— Acho que não fui muito honesta com você quando chegou.

Eu sabia que tinha algo estranho rolando com ela. Ela continuou:

— Quando chegamos no seu apartamento, ainda haviam algumas pessoas lá, vivendo nos corredores. Eles queriam tirar proveito de nós dois só por sermos um garoto e uma mulher. Um deles chegou a me encostar, foi aí que eu percebi que não podia deixar aquilo chegar mais longe, eu tive que agir rápido e então eu os arremessei pela grande janela do corredor. Um deles continuou agonizando no chão um dia inteiro na porta do prédio, vocês devem ter passado por ele.

Olhei incrédulo pra ela não pelo acontecido, mas pela tranquilidade que ela me disse que jogou alguém pela janela. Porém, se você pensar mais detalhadamente, foi necessário e até justo. Ela me perguntou:

— Você me acha um monstro, não é?

— Claro que não, eu fiquei surpreso pela frieza dos detalhes mas com certeza eu sei que eles mereceram.

Ela ficou meio cabisbaixa e eu nem tinha terminado de falar:

— Eu disse pro Kage antes e vou te dizer o mesmo, não há monstro pior do que o ser humano. Numa situação dessas de caos dominado, isso vai trazer à tona o pior de todos e você não agiu como eles, você se defendeu e defendeu ao garoto. Você agiu certo. Desde os primórdios, você descobre que é matar ou morrer e não importa o quão evoluída a sociedade fique, isso não muda.

Ela não ficou contente mas não estava mais chateada. Acho que é por isso que ela não queria ficar sozinha no apartamento, entendo ela. Pus minha mão em seu ombro com o intuito de confortar ela mas fomos interrompidos por um grito:

— GENTE, VENHAM AQUI RÁPIDO!

Era a voz de Ilana que estava vindo de dentro da loja que estávamos, parecia estar surpresa, como se estivesse em apuros, fomos todos correndo até lá e ela disse:

— Olhem só o que eu achei.

Ela apontou para uma espingarda que estava trancada num armário, ela quase nos matou do coração só por estar feliz de ter encontrado uma arma. Olhei pra ela e ela estava toda contente, virei pro Kage e disse:

— É assim que nossa "solução" vai nos ajudar? Chamando atenção?

— Erro de principiante, ela vai tomar mais cuidado daqui pra frente.

Kage foi conversar com ela e eu agachei para pegar algumas munições que encontrava pelo chão. Morgana veio até mim e disse:

— Não precisava ser tão grosso assim, ela só ficou animada.

— Ela não precisava se animar tanto, mas ela fez, não foi? A animação dela vai fazer com que sejamos mortos.

Imediatamente desviamos nossa atenção para a porta da loja, onde ouvimos passos e pessoas murmurando. Todos nós nos juntamos e nos escondemos atrás do balcão do caixa, as pessoas entraram na loja e pudemos ouvir melhor a conversa:

— Eu tenho certeza que ouvi uma voz vindo daqui.

— Você tá ouvindo demais, vamos voltar pro abrigo, estão esperando por nós.

Eram três pessoas adentrando a loja, eu não sei o que Kage fez mas de alguma forma ele se transformou numa névoa azul e foi até a entrada da loja, eles viram aquilo e começaram a atirar nele porém sem atingi-lo, todas as balas passavam direto por Kage, eles ficaram espantados, assim como eu. Enquanto isso, Ilana e Morgana surpreenderam dois deles e os desmaiaram, deixando apenas um de pé, ele ficava olhando assustado pra cada um de nós. Ele estava cercado, foi quando ele se virou pra mim e disse:

— Calma aí gente, só estávamos procurando por alguém.

— Armados? São poucas as conversas que eu conheço que armas precisam ser usadas.

— Você. É você!

As garotas olharam pra ele mais hostis, armas apontadas e magias à postos, então ele soltou a arma, levantou as mãos e completou:

— Não, acalmem-se, eu sou amigo.

— Amigo de quem?

— de Shelly.

Meu coração disparou ao ouvir o seu nome, meu olhar perdido, minha expressão perplexa, voltei a perguntar:

— Shelly?! De onde a conhece? E como me conhece? Espera, essa pergunta foi idiota mas enfim, como a conhece?

— Ah, é simples, viemos na mesma nave.


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Notas finais do capítulo

Tentando aprender como terminar com um cliffhanger kkkkkkkk



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