Aquele tornado não deixou só rastros na cidade, mas também na vida de Ray.

Ray e entrou e por um momento esqueceu de todos os seus problemas. Afinal, você não precisa deles quando se tem marshmallows, música e amigas, certo?
Elas ficaram fazendo as mesmas coisas de sempre: arrumaram os cabelos, fizeram as unhas, conversaram sobre a escola e os garotos, comeram besteiras e falaram com seus chihuahuas em tom de voz idiota – lembrando muito garotas da Califórnia.
Mas tiveram que parar, quando o irmão de Lilly entrou no quarto e disse que elas corressem para o porão, pois um tornado muito forte estava vindo e passaria pela cidade. Ray ficou perplexa e com medo, já que ainda não devia ter dado tempo para que seus pais chegassem em casa. Saiu correndo tropeçando em seu pijama azul listrado, deixando uma pantufa para trás, e olhou para o céu. Toda aquela ventania e casas sendo destruídas. Ficou petrificada. Uma lágrima escapou de seus olhos. O ursinho que segurava caiu de suas mãos. O pai de Ally começou a puxa-la pra dentro com pressa.
— O que você está pensando garota? Fique aqui dentro!
Ally não disse nada, apenas entrou, se jogou no chão empoeirado e chorou, como uma criança pequena. Ninguém entendeu ao certo o que havia acontecido, pensaram que ela devia ter se assustado com a cena, mas não era só isso. Ray chorou tanto que caiu no sono, e, quando acordou, já era de manhã. Quando levantou, percebeu que todos a olhavam de uma forma diferente. Como se estivessem tentando disfarçar, esconder algo dela. Olhavam-na com tanta piedade que isso a deixou encabulada.
— Que diabos está acontecendo aqui? Por que estão me olhando assim? – perguntou com um tom ao mesmo tempo aborrecido e ansioso.
Winnie, a mãe de Lilly, deu um sorriso melancólico.
— Me dê a mão, querida, venha aqui. Preciso te mostrar algo. Entre – disse, apontando para o carro com delicadeza.
— Tudo bem...
Winnie saiu e Ray ficou olhando a cidade pela janela. Completamente destruída, apenas entulhos e restos do que um dia haviam sido casas cheias de vida. Ray estava percebendo o que havia acontecido, mas simplesmente não queria acreditar.
— Ravenna, minha querida... você terá de ser forte agora. – Winnie pôs as mãos no ombro de Ray, que leu o nome “WestSide Street” em uma placa que por algum milagre não havia sido detonada. Aquela era a sua rua, mas sem a sua casa. Ray desceu correndo e olhou para o carro de sua família, onde eles se encontravam. Mas não estavam vivos.

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Ela deveria ser forte, e passar a cuidar de tudo sozinha. Era uma garota de 16 anos com um funeral a planejar.