Twisted Minds escrita por Ryuu


Capítulo 1
Silence


Notas iniciais do capítulo

Bom, esta historia é só um começo, tenho mais coisas planejadas, vamos ter mais coisas sobrenaturais, situações em diferentes cenários, mas sempre tentando manter o espirito da coisa.
Quando comecei a escrever esta historia pensei que me focaria na agonia, mas mudei de ideia e deixei a loucura fluir solta desta vez. Espero que gostem. Boa leitura e bons sonhos.



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Eu não gosto de ouvir vozes sabe? Isso me irrita, as pessoas falam, falam e falam e terminam não dizendo absolutamente nada. Palavras tão vazias que chega a ser repugnante. Por isso eu gosto de manter as conversas curtas.

Você pode até protestar e dizer que suas palavras do dia a dia têm conteúdo, mas você esta mentindo. Quando você pergunta “Como você esta?” realmente quer saber? Claro que não, você só tenta ser sociável, você é totalmente indiferente à resposta. Pode até perguntar o que aconteceu se alguém disser que esta se sentindo mal, mas ainda assim, você não esta nem aí.

Aquela manhã havia sido exasperante para mim.

Pessoas falando até pelos cotovelos na oficina. O jogo de ontem, a festa desta noite, o famoso tal. Isso é insuportável.

Meus ouvidos estavam estourando e meu corpo vibrando de raiva, todos me olharam quando eu levantei e atirei o meu café na parede.

- Vocês poderiam calar a boca?! – me exaltei, deixando cair meus cabelos sobre os meus olhos. Risadinhas soaram e eles parar por um momento. Recostei-me em minha cabeça e voltei a escrever, tinha que terminar a papelada.

Meu recém-criado paraíso de silencio desapareceu em pouco tempo. Sussurros sobre como eu estava louco, algumas pessoas pigarrearam. Meu corpo começou a tremer novamente e eu sentia minhas mãos tremer, logo senti algo quente enchendo meu punho apertado, sangue.

Corri ao banheiro e lavei minhas palmas enquanto repetia uma expressão freneticamente como um lunático:
Shhhh...
Shhhh...
Shhhh...

Continuei com o meu “mantra” até estar calmo. Respirei fundo varias vezes. Uma, duas, três, quatro vezes e saí.

Todos me encaravam como se eu fosse uma aberração, um tipo de show que os mantinha entretidos nos dias fatídicos.

Caminhei fingindo calma até a oficina do supervisor.

- Senhor... – comecei – Eu gostaria de me retirar, não conseguirei trabalhar hoje.

Os seus olhos encontraram meu corpo, e eu senti o desdém profundo vindo dele, ele era o único que sabia como eu me sentia sobre as vozes nesta oficina.

- Olhe, eu sei que você tem esse seu problema – ele começou e eu me forcei a não manda-lo calar a boca. – mas essa oficina tem uma ética de trabalho e você deve segui-la, sem saídas mais cedo ou afins, ainda mais por uma razão tão... Ridícula – ele teve a audácia de rir na minha cara.

Assenti. Minhas mãos tremeram e eu senti todos os músculos do meu corpo respondendo a raiva. Mas eu me controlei, não iria deixar isso acontecer.

Sentei-me em meu escritório e comecei a escrever, enquanto o mundo falava ao meu redor, eu ainda tremia de raiva, minha letra estava trémula e ilegível.

Lagrimas ameaçaram brotar de meus olhos, lagrima de frustração e de raiva, não, raiva não. Ira.

Algo tão profundo e diabólico que chegava a corromper minha menti, algo na minha nuca lutava para sair, um impulso tão sombrio e demente que ainda não acreditava que aquele era um pensamento humano.

Corri ao banheiro novamente, e olhei minha figura no espelho, olheiras profundas enchiam minha cara, eu estava pálido e parecia magro.

Senti algo tocar minhas costas e um frio preencher a sala. A mão coberta por uma luva apareceu no espelho subindo por meus ombros, logo dela seguiu uma face feminina, ela estava maquiada em tons de cinza e negro, seu nariz não estava ali e seus lábios negros ocupavam metade da sua cara. Um sorriso morboso se desenhou em sua face, e ela sussurrou nos meus ouvidos:

- Tem certeza que você tem tanto controle assim? – Ela soltou uma risada sonora e eu estremeci, meus olhos estavam tão abertos quanto poderiam e minha cara expressava um temor profundo.

- Você não deveria reter seus impulsos desta maneira – ela disse, sua voz soava como se milhões de pessoas estivessem falando ao mesmo tempo, meu corpo entrou em combustão novamente. – Faça-os calar a boca – ela sorriu -, eu sei que você gostaria de fazer isso.

- Você não gostaria que eu seguisse você não é? – ela disse, tão perto.

“Shhhh...” foi o que eu repeti constantemente.

- Vamos... Eu sei que você quer acabar com isso

Shhhh...

Sua risada soou em todo o lugar

- Vamos! – As mil vozes gritaram

SHHHH

Minha mente me impulsionava a repetir aquilo cada vez mais alto.

- Não negue este prazer – ela falou

- Cale a boca! – Exclamei em um grito desesperado.

Sua cara se escureceu e seu sorriso desapareceu. Seu corpo se transformou em um véu que cobria toda a sala

- Como você ousa?! – bocas com dentes afiados e tons insuportáveis gritaram em uníssono.

Gritei. Já chega, por favor.

Uma boca se esticou até meus ouvidos e uma voz soou. Somente uma voz grave e assustadora.

- Então vá faça-o, faça o que você quis fazer e não teve coragem – vi a boca sorrir quando eu assenti. Fechei meus olhos e logo ela desapareceu.

Sorri.

Eu finalmente teria paz.

Corri para fora, poucos ainda estavam na oficina, fui até o gabinete onde estão as ferramentas e tomei algo que parecia um alicate. Abri e fechei as pontas.

Clack, clack.

Soltei uma pequena risada.

Fui até o escritório do supervisor.

- O que você esta fazendo? – ele disse, arregalando os olhos a me ver rindo com o alicate em mãos.

Dei um pulo, derrubando-o e sua cadeira junto. Dei-lhe um golpe na cabeça com o alicate e enquanto sua boca se abriu levemente com a surpresa eu agarrei sua língua com a ferramenta, eu não era tão forte, mas naquele momento, com a adrenalina se espalhando pelo meu corpo eu me senti poderoso.

Sua língua rasgou, lenta e deliciosamente, até que o sangue começou a jorrar. O músculo ainda estava preso no alicate e meu riso já era sonoramente alto. Corri para fora, só para encontrar o olhar assustado de três companheiros, um grito feminino soou ao ver minha roupa imunda de sangue. Caminhei lentamente até a porta, tranquei-a e engoli a chave, em seco. Minha cabeça estava tão cheia de sons que nem senti a chave descer. Eu vou ter paz.

Sorri na direção dos meus companheiros. Vocês vão me dar paz.

Pulei encima do mais forte de todos, e ele caiu fácil.

Sua língua foi mais fácil de retirar, pois eu agarrei o músculo mais a fundo, e torci-o.

Deleitei-me com os gritos desesperados dele enquanto eu tinha meu joelho na sua garganta, impedindo-o de respirar.

Finalmente paz.

Minha cabeça se moveu em direção ao seu ouvido, e sussurrei:

Shhhh...

Senti o liquido quente molhar minha nuca enquanto meus lábios descansavam em seus ouvidos.

Sorri para os outros.

Essa noite seria divertida.

Eu arranquei todas as línguas que pude, e banhei-me no sangue deles a noite toda.

Eu não gosto de ouvir vozes, sabe? Isso me irrita, as pessoas falam, falam e falam e terminam não dizendo absolutamente nada. Palavras tão vazias que chega a ser repugnante. Por isso eu tive certeza que eles nunca falarão novamente.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado, criticas são bem-vindas



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