Você balançou meu mundo escrita por Mortícia


Capítulo 8
Capítulo 8




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/558976/chapter/8

Faziam 3 meses que Nyota estava na Academia da Frota Estelar. Estava tendo uma boa adaptação do lugar, dos horários das aulas, das atividades extras, estava gostando da nova experiência.

Seu relacionamento com Gaila estava melhor que nunca, apesar das atitudes que Nyota reprovava na amiga, ela percebeu que Gaila estava mais madura, não arriscava mais situações como antes, agora entendia suas responsabilidades e isso a deixava feliz. Até gostava do namorado desmiolado que ela arranjou.

E por falar nisso, também gostava de suas novas amizades. E especialmente de McCoy, se sentia bem com ele, conforme o tempo ia passando ela se sentia cada vez mais a vontade, parecia que podiam conversar de qualquer assunto. Nyota já estava ciente do interesse dele por ela, Gaila já a alertava, porém sentia medo. Já sofreu por amor no passado, não queria arriscar agora que tudo estava bem. Gaila era compreensiva com a amiga e a incentivava a tentar novamente.

Há uns dias atrás Nyota recebeu um bilhete, à moda antiga, de baixo da porta. McCoy a convidava para jantar, como um encontro.

Depois de passar o final de semana pensando ela aceita, e na sexta feira da semana seguinte, estava ela terminando de se arrumar para encontrá-lo.

"Como estou contente de você ter aceito, Ny. Vocês são muito fofos juntos e ele é um amor, não se preocupe, não é como o outro."

"Eu sei, Gaila. Mas faz tanto tempo que não me exponho, estou nervosa."

"Olhe para mim! Você é incrível e ele sabe, além disso ele valoriza, é diferente. E vocês já são amigos, se conhecem. Vai dar tudo certo."

O sensor avisa alguém a porta.

"Bom, já estou indo. Me deseje sorte."

"Você vai arrasar." Gail beija a testa da amiga.

Nyota abre a porta e encontra McCoy, está bem vestido e cheiroso, parece igualmente nervoso.

Os dois vão para o restaurante que McCoy havia reservado, ficava fora da Academia da Frota. Era um lugar bonito e moderno, os dois sentaram em uma mesa com vista para a rua, no segundo andar. Conversaram sobre a vida na academia, os trabalhos extra de McCoy e Nyota disse sobre seu interesse em participar de algum programa de pesquisa em linguística vulcana. Estava sendo um encontro agradável.

"Fico feliz de você ter aceito meu convite, Jim não largava do meu pé até eu te convidar."

"Nossa, Gaila também não parava de me importunar. Acho que foi um complô contra nós." Nyota diz com um sorriso.

"Não tenho dúvidas, eles até combinam, não?

"Eu não gosto de admitir, mas sim, eles tem tudo a ver. Gaila está nas nuvens."

"Jim também está bem encantado. Vamos ver até onde vai. Mas, voltando a nós, gostei muito de ter te conhecido esse ano, fazia tempo que não sentia uma química tão boa com alguém."

"Eu também, Leonard. E faz tempo que não me envolvo com alguém também..."

Nyota parece um pouco desconfortável.

"Não precisa se preocupar, faz muito tempo que eu também não saio com ninguém. Depois de meu divórcio na verdade não me envolvi com outras pessoas. Sinto receio da mesma forma que você, mas temos tempo, podemos ir devagar e ver como nos saímos."

Nyota não diz nada, mas seu semblante suspira aliviado, McCoy conseguia enxergar bem seus receios.

Terminaram o jantar e voltaram para academia. Estava uma noite agradável, da portaria da universidade decidiram ir caminhando até seus dormitórios. Conversavam amenidades.

Estavam em frente ao bloco de Nyota.

"Bom, obrigado por essa noite, sua companhia foi muito agradável."

"Não mais que a sua."

Os dois se olhavam meio sem graça e desajeitadamente  McCoy se inclina e da um beijo terno em Nyota que lentamente aceita, era um beijo doce, sem pressa. Os corpos aos poucos foram se aproximando, ela passou os braços em volta de seu pescoço e ele em sua cintura, ficaram assim por um tempo até que se separaram.

"Bom, agora eu vou indo. Boa noite!"

"Boa noite, Leo."

McCoy vai embora e Nyota entra em seu apartamento.

Era sábado. Todo final de semana, ela corria no parque que havia dentro da academia, era uma maneira de se exercitar e refletir sobre os acontecimentos de sua vida. Especialmente nessa dia o parque estava peculiarmente vazio. Depois de quase uma hora de exercício o tempo havia mudado drasticamente, de um dia agradável para um céu nublado e uma forte ventania, Nyota decidiu ir embora, chuva era questão de minutos para acontecer.

"Agora entendi porque não tem ninguém. Será que todo mundo viu a previsão do tempo menos eu?" Pensou consigo mesma enquanto estava a caminho do apartamento, porém foi surpreendida com a chuva e a ventania que não parava. Em frente havia uma pequena cafeteria, onde achou melhor parar.

Molhada, entra no banheiro para se secar. Estava prestando atenção somente ao seu estado, sem reparar ao redor. Até que quando sai, ouve uma voz.

"Cadete Uhura?"

Sem precisar olhar, sabia de quem era aquela voz, para ela, tão inconfundível.

"Comandante Spock?"

"A senhorita precisa de auxílio? Vejo que pegou chuva."

"Não, obrigada. Consegui me secar no banheiro, fiz o possível na verdade." Suas roupas ainda estavam úmidas e seu cabelo bastante molhado, ganhando algumas ondulações.

"Essa chuva não vai parar pelos próximos 30 minutos, não gostaria de se sentar e pedir uma bebida quente?"

"Obrigada." Nyota se senta de frente para Spock que olhava para seu padd.

"Parece que foi só eu que não olhou a previsão do tempo."

"Está enganada, não foi só a senhorita." Spock se referia as pessoas que acabavam de entrar na cafeteria.

Nyota sorri. Spock pega o aparelho sobre a mesa para fazer os pedidos.

"O que a senhorita deseja?"

"Desculpe comandante, mas ficarei aqui somente até a chuva passar, dispenso a bebida." na verdade como só veio correr, Nyota havia deixado sua carteira em casa.

"Mas a senhorita precisa de uma bebida quente, se não pode ficar doente com essa roupa molhada."

Sem dar chances para resposta, Spock pede mais um chá e um chocolate quente com biscoitos.

"Teimoso." É o primeiro adjetivo que vem na cabeça de Nyota. Mas, apenas aceita e não diz nada.

"O senhor não está molhado. Sabia do temporal?"

"Sim, vim para cá tomar um chá e rever a proposta que estou prestes a apresentar ao Almirante Pike. O tempo da chuva é o tempo que levaria para me organizar."

"Entendi."

A garçonete chega e entrega os pedidos, Spock fica com o chá e Nyota com o chocolate e os biscoitos.

"Obrigada, vou ficar devendo uma."

Spock ergue uma sobrancelha e volta sua atenção para o PADD.

Spock estava concentrado e ela entediada. E assim se passou alguns minutos, até que ela decide falar.

"Está tão concentrado. Falou sobre um projeto que irá apresentar, é ele que está vendo?"

"Sim, estou revisando minha proposta de iniciação científica que irei apresentar ao Almirante Pike."

"Uau, que legal. É confidencial?"

Spock pensa por uns minutos para responder.

"Acredito que não, mas ainda não é nada oficial. Fui designado a ser professor, mas como já conversamos faço parte de um grupo de pesquisa e como não gostaria de abadoná-la estou propondo esse projeto, se for aceito poderei continuar acompanhando minha pesquisa como professor, auxiliando alunos interessados no projeto."

Nyota ficou encantada, ela gostaria muito de participar de uma pesquisa como essa.

"Eu procurei o trabalho que o senhor vem desenvolvendo e achei muito interessante, caso essa proposta seja aprovada quero me candidatar a vaga."

Spock levantar o olhar para ela.

"Seria interessante. Durante as aulas percebi que a senhorita tem uma boa desenvoltura para línguas antigas. De fato seria de grande ajuda sua participação."

Nyota sorri ao elogio. Sempre gostou de se destacar como boa aluna e surpreender seus professores e em especial estava gostando de surpreender certo vulcano.

"Assim que o edital sair eu me candidato."

"Minha equipe ficará feliz em tê-la conosco" Spock dizia com sinceridade, de fato achava Nyota uma aluna muito competente e pôde perceber pelo dia em que trabalharam juntos na emergência que ela tinha um raciocínio rápido que condiz com a situação.

Desde que havia conhecido Nyota no bar, Spock se via pensando nela em alguns momentos do dia. Pensava sobre como ela era uma aluna aplicada, tinha uma curiosidade natural interessante de ser observada, era gentil com todos. De fato uma boa campanhia para se estar próximo.

"A chuva parou". Nyota falou olhando pela janela. "Bom, muito obrigada pela companhia e pelo chocolate."

"Também já estou de saída."

Spock pagou por tudo e os dois saíram da lanchonete. O temporal assim como veio se foi e alguns raios de sol surgiam tímidos por entre as nuvens. Os dois foram caminhando pela mesma direção.

"Adoro essa parte da academia, esse pequeno contato com a natureza me trás muito conforto." Nyota se referia a área arborizada da academia, onde ela costumava correr.

"Entendo, para humanos o contato com a natureza é relaxante."

"Para vulcanos não?" Era nítido seu tom de curiosidade.

"Sim, porém os vulcanos não se desvincularam da natureza da mesma forma que os humanos. Por mais que nosso planeta seja de clima árido, o contato com ela desde os primórdios sempre fez parte de nossas vidas."

"Uma forma muito mais saudável de conviver, de fato."

O silêncio permaneceu por uns minutos e Spock decide quebrá-lo.

"Eu também gosto dessa área e também utilizo para me exercitar."

"Eu tento vir todos os sábados, quem sabe nos encontramos por aí." Nyota gostava de Spock, a má impressão que teve dele no dia da emergência estava indo embora.

Ela gostava muito de culturas milenares, culturas que elevavam a ética e preservavam a sabedoria adquirida durante os milênios. A cultura vulcana especialmente lhe chamava muita atenção e conhecer um vulcano pessoalmente estava expandindo muito seus conhecimentos e Spock estava sendo uma companhia agradável.

"Bom, então eu fico aqui." Disse quando haviam chegado no prédio de seu dormitório. "Obrigada por ter me acompanhado até aqui. Não queria ter atrapalhado."

"Você não atrapalhou, ainda tenho tempo para até a hora marcada com o Almirante."

"Até as aulas então. Tenha um bom dia, professor."

"Tenha um bom dia, senhorita Uhura."

E com isso ela entra e Spock segue seu caminho.

Já em seu apartamento, Spock já havia falado com Pike sobre seu projeto de iniciação científica, este havia elogiado e apresentaria aos superiores responsáveis na seguinte semana. Spock havia tomado banho, preparado o material das semanas de aula, meditado e agora ligaria para sua mãe. A cada quinze dias nos finais de semana eles mantinham contato por vídeo.

"Olá, meu filho. Que saudade! Como você está?"

"Boa noite, mãe. Estou bem. E como estão?

"Estamos muito bem. Minhas plantas estão cada vez mais lindas. Tenho ido a casa de Sibila toda sexta, ela pediu para ensiná-la crochê tunisiano. Ela viu algumas peças aqui em casa e gostou muito."

Sibila era vizinha de Amanda, uma vulcana com a qual pegou amizade depois de Amanda elogiar seu jardim e ganhar muitas mudas de plantas.

"Fico feliz por estar conseguindo novas companhias."

"Eu também. Sabe como é seu pai, né? Sempre está em alguma conferência, fazem dois dias que ele viajou para uma. Sibila sempre me chama para tomar chá na casa dela por isso."

Spock fez silêncio.

"Você não está ocupado, está?"

"Não. Eu quem liguei, não faria sentido. Apenas estou com minha sopa cozinhando."

"Plomeek soup?"

"Sim."

"Com esse tempo na Terra achei que já estaria adaptado a outros pratos." Amanda sorri.

"Eu consumo pratos terráqueos quando não posso preparar em casa. E a plomeek soup é uma ótima opção por conter todos os nutrientes dos quais preciso."

"Claro, claro. Mas, me conta. Como foram essas duas semanas?" Amanda tinha uma fala doce e muito carinhosa.

"Tive algumas reuniões com os coordenadores sobre minhas aulas. Entramos em estudos mais aprofundados sobre a linguística vulcana e alguns alunos apresentaram certas dificuldades, então, apresentei alguns dos métodos que aprendi com você, eles ficaram bem satisfeitos."

"Entendo. Eu mesma tive dificuldades para aprender, isso é normal. Mas, fico feliz por ter conseguido encontrar soluções. Caso precise sempre estarei aqui para ajudar."

Amanda era linguista, tinha feito vários trabalhos importantes na área acadêmica, havia escrito alguns livros sobre a linguística Vulcana. Auxiliava muito Spock com as aulas.

"Eu sei mãe, obrigado!"

"Não era hoje que apresentaria o projeto de iniciação científica para o Almirante Pike?" Spock havia dito para Amanda em ligações passadas.

"Sim, ele achou melhor fazermos uns acertos para deixar o projeto mais flexível, mas achou interessante a proposta e semana quem vem irá submeter aos superiores."

"Que notícia maravilhosa! Fico muito feliz em ouvir isso, filho."

"Obrigado. E talvez eu já tenha uma candidata a uma das vagas. Estive com a senhorita Uhura hoje."

Spock havia contado sobre Nyota a mãe, de como ela era uma aluna excelente, até como se conheceram e as situações em que passaram juntos. Amanda percebia a admiração crescente do filho por ela e estava animada por isso, o filho nunca falou sobre alguma menina com a mãe, nem mesmo  sobre algum amigo. Spock apesar de reservado contava tudo a sua mãe, ela sabia que entre eles não havia segredo e se ele depois desses anos não contou sobre nenhum amigo íntimo quer dizer que não havia nenhum. Sempre teve medo da adaptação de Spock na Terra e não foi atoa, sua adaptação de fato fora complicada. Mas Amanda sabia que levaria tempo até que alguém chamasse a atenção de seu menino.

"E como foi?"

Spock contou tudo o que aconteceu esta manhã com Nyota.

"Fico feliz filho, ela parece ser uma aluna muito aplicada."

"Ela é. Se o projeto for aprovado acredito que ela não terá dificuldades em passar nos testes para o ingresso."

Depois de conversarem sobre outros assuntos, se despediram e desligaram. Do outro lado, Amanda estava feliz por seu filho.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado e por favor, comentem :)



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Você balançou meu mundo" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.