Após ignorar o que o Roger tinha dito, eu disse:

– vou indo, eu tenho umas pequenas coisas pra fazer antes de voltar a trabalhar. Vou só pagar a conta.
– pode deixar que eu pago a sua parte também.
– não precisa.
– precisa sim, afinal eu que quis vir te acompanhar no almoço.
– ok, obrigada.
– magina.

Aí saí de lá, fui dar uma volta pra me distrair um pouco antes de ter que voltar pro trabalho. A verdade é que eu não teria nada pra fazer, só quis sair de lá logo pra não perder a cabeça com ele e acabar trazendo problemas a mim por isso. Já que a música não era pra ser ouvida por alguém, nem muito menos gravada. Isso por enquanto, porque a música seria pro CD.

Logo reparei que eu estava perto de uma praça, tinha uma vista linda pra um lago, e também tinha bancos pra se sentar, ou então poderia ficar debaixo das árvores devido ao sol quente. Me sentei então debaixo da árvore, admirei um pouco a vista, peguei de dentro da bolsa um pequeno caderno, com a capa enfeitada por mim que dizia na frente dele "composiciones" então peguei também a minha caneta, e comecei a tentar escrever algo. Aquele era um bom local pra ter nem que fosse um pouco de inspirações.

Escrevi um pouco, e nada. Já logo risquei aquelas linhas das quais eu tinha escrito, tentei outra vez e nada. Devido aos tantos rabiscos da folha, amacei e deixei ela do meu lado pra quando saísse dali jogasse fora. Peguei outra folha do meu caderno que estava bastante gasto já. Nesse momento tive um pouco de ideias, mas quando olhei no relógio já estava quase na hora de voltar para o trabalho. Guardei o caderno, peguei o papel amassado, joguei no lixo. E fui em rumo ao meu trabalho. De novo, precisei apressar os passos antes que acabasse me atrasando. Acho que eu levava o jeito mesmo de ser impontual. Cheguei lá, quando estava passando pela sala de gravação pra ir pra minha sala, ouvi bem baixinho a melodia que eu tinha tocado hoje cedo. Eu já sabia que o Roger estava mentindo que não tinha gravado...

Resolvi deixar quieto assim eu não acabava me fodendo por ser demitida. Porque aí sim eu queria ver o que eu ia fazer da minha vida se isso acontecesse. Bom, na verdade eu seria obrigada a voltar pra Buenos Aires, pois pra uma pessoa que não tem o francês tão fluente assim, complica arranjar emprego. Claro que eu sei falar o francês até, pois fiz algumas aulas quando vim pra cá, mas não aprendi muito bem pra falar tão fluente, em resumo sei o básico.

Então, entrei na minha sala, me sentei em minha cadeira. E continuei a compor, o que não deu em muita coisa desde que vim aqui pra sala. Li e reli o que tinha escrito várias vezes pra tentar pensar em que mais escrever pra continuar a música, mas estava um tanto quanto complicado. Eu estava sendo pressionada pra não escrever sobre o German e acabar deixando a música depressiva como todas as minhas outras músicas já escritas. Isso fazia de ser um trabalho bem complicado, pois duvido que quem escutasse o CD iriam gostar de ouvir apenas músicas depressivas. Parar de pensar em German também era um trabalho difícil. Desviei meus pensamentos do German e das músicas depressivas e voltei a tentar compor.

Sem sucesso... Deixei quieto, e pedi pra ir pra casa mais cedo, alguns minutos só. Meia hora, disse que estava com dor de cabeça, e me liberaram, já que eu tinha feito tudo o que tinha de fazer naquele dia. E realmente eu estava com dor de cabeça, talvez devido a tanta pressão do trabalho.

Passei na farmácia que era perto de casa, comprei o remédio pra dor de cabeça. E fui pra casa logo em seguida. Chegando lá, fiz um chá, tomei o remédio, comi algumas bolachas salgadas. E me deitei um pouco no sofá mesmo já que não queria ir dormir, só precisava me deitar um pouco.

Liguei a tv, coloquei em algum filme qualquer, comecei a ver, e me interessei um pouco pela história contada no filme. Depois de algumas horas de filme, fui até o meu teclado, e comecei a tocar, tentar buscar novamente aquela inspiração que eu tinha tido de tarde.

Depois de muito tentar, consegui compor a música toda. Toquei e cantei pra ver como ficava e ficou perfeito na minha opinião. Fui tentar outra música, e pra já foder com a minha animação. Quem foi que apareceu na letra da minha música? Sim, ele mesmo. German Castillo...

Depois dessa comecei a chorar, por que eu não conseguia esquecer ele, POR QUE? Resolvi então tomar um banho pra me acalmar, e depois deitar na cama e dormir. No banho só soube chorar, nada mais. Na maioria das vezes chegava a essas horas e o que eu fazia era chorar. Por quem? German... Sempre.

Mas eu teria de virar a página logo e esquece-lo. Só que era complicado... Após sair do banho, limpei um pouco o vidro do espelho embaçado, e vi que o meu rosto já estava um pouco inchado, ótimo isso não? Amanhã eu precisaria de dois quilos de maquiagem só pra disfarçar o rosto inchado de tanto chorar.

Me deitei na cama, e todos os pensamentos de novo vieram a tona. Eu aqui chorando por German, e ele? E ele lá de boa em Buenos Aires, vivendo a perfeita vidinha dele, com a futura mulher dele... De acordo com o que a Violetta me disse por skype. (E sim, sempre quando podíamos, nos falávamos por skype) o German estava quase se casando com não sei quem.

Acho que ela não quis me dizer quem era por saber que eu ficaria péssima depois, apesar dela ser "pequena" me conhecia muito bem... Ela vivia me dizendo que achava que o German me amava apesar de estar se casando com outra mulher, vou apenas fazer que acredito sabe?

Pois sei que não é verdade depois de tudo o que aconteceu lá com a Esmeralda ele não se tocou que quem amou ele verdadeiramente desde um tempo de convivência, fui eu. Mas agora ele me perdeu, mesmo que me ame ainda. Porque eu vou tentar esquecer dele, custe o que custar... Em meio de todos aqueles pensamentos, acabei pegando no sono.