_Bom dia - eu escutei a voz de Tobias assim que abri os olhos. Eu estava abraçada a ele, com a cabeça encostada em seu peito. Eu não me lembrava de ter dormido dessa maneira, mas eu não me importava. Estava confortável.

_Bom dia - eu respondi, sorrindo pra ele.

_Dormiu bem? - ele perguntou, apertando a minha bochecha de leve. Eu me mexi e fiquei de frente a ele.

_Eu dormi muito bem, e você? - eu perguntei, embora não achasse que ele tinha dormido muito bem, afinal, eu estivera escorada nele durante toda a noite. Devia ter sido desconfortável. Eu estava começando a me sentir culpada.

_Dormi bem também - ele sorriu, e depois piscou pra mim.

_Certeza? - eu perguntei, meio desconfiada.

_Sim - ele mexeu no meu colar - Por que a pergunta?

_Fiquei preocupada... afinal, eu devo ter te atrapalhado a noite. Não deve ter sido muito confortável pra você.

_Pelo contrário, dormi muito bem. De verdade. - ele sorriu e beijou a minha testa. - O que nós vamos fazer hoje?

_Não sei... não pensei em nada ainda. O que você quer fazer?

_Hum... você gosta de atividade física?

_Gosto, quando não sou eu quem está fazendo. - eu disse, e ele começou a rir. Eu ri também, mas acrescentei - Mas sério, se você quiser fazer alguma atividade, to dentro!

Ele riu de novo. Eu não gostava de exercício realmente, mas eu queria agrada-lo. Ele estava sendo tão gentil, tão bondoso, que eu faria qualquer coisa pra deixa-lo feliz.

_Eu costumo correr nos sábados de manhã - ele disse, dando de ombros.

_Vamos correr então! - eu disse e ele fez cara de criança em loja de doces. Nesse exato momento minha mãe entrou na sala. Ela parecia feliz e descontraída.

_Beatrice, Tobias, que bom que vocês estão acordados. Ontem, quando cheguei, fiquei com dó de acordar vocês... vocês estavam parecendo muito confortáveis.

_Oi mãe. - eu disse, dando um sorriso pra ela.

_Oi senhora Price. - Tobias disse, respeitosamente.

_Pode me chamar de Natalie, meu querido. - ela disse, enquanto arrumava um vaso de flores no canto da sala - Mas, voltando ao assunto, que bom que vocês estão de pé. Alguns amigos de Caleb e Nita estão ai, e nós vamos tomar o café da manhã agora.

_Café da manhã com a Nita e com os amigos dela? Dispenso. - eu disse, e Tobias piscou pra mim, sorrindo.

_Beatrice, eu sinceramente não entendo essa sua implicância com a Nita. Ela te fez alguma coisa?

_Nasceu, infelizmente. Mãe, você sabe que ela é uma vaca interesseira. E outra, eu e Tobias estávamos de saída mesmo. Nós estamos indo correr.

_Você? Indo correr? - minha mãe gargalhou, e depois se virou para Tobias - Ela deve te amar muito, rapaz. - Ele sorriu, aparentando estar muito tímido. Ficou muito fofo - E tire fotos, porque se eu contar, ninguém acredita.

_Você está engraçadinha né, mãe?

_Só estou surpresa. Você não é do time que levanta cedo pra fazer exercício físico - ela deu de ombros e começou a sair da sala. Ela parou na porta e se virou para nós - Ah, e vocês não podem ir fazer exercício físico sem comer alguma coisa. É sério, venham tomar café da manhã conosco.

_Nós vamos ter que ir lá em casa, preciso trocar de roupa ainda, ai podemos tomar café lá - Tobias disse, tranquilizando-a. Graças a deus ela não insistiu e nem teimou. Tomar café da manhã com os amigos de Nita provavelmente me faria querer vomitar.

Tobias me jogou uma almofada. Ele me pegou de surpresa e eu perdi o equilíbrio. Joguei outra nele, mas ele foi rápido e a segurou antes que o atingisse. Eu o soquei de leve, rindo.

_Tobias, eu vou lá no meu quarto trocar de roupa e já volto. Fique a vontade - ele concordou com a cabeça e ligou a TV. Eu sentia o olhar dele em mim, quando me virei para as escadas.

Eu entrei no meu quarto e tranquei a porta. Fui tomar um banho rapidamente. Era bobeira tomar banho antes de ir correr, mas estava calor, e eu queria dar uma refrescada.

Depois do banho, procurei alguma coisa para vestir. Prendi meu cabelo em um coque alto, e depois passei um batom discreto. Dei uma olhada no espelho antes de deixar o quarto.

Desci as escadas em silêncio, afim de pegar Tobias de surpresa e dar um susto nele, para vingar a almofada.

Ele continuava jogado no sofá, assistindo um jogo de basquete repoisado. O sofá que ele estava ficava de costas para a escada. Ótimo. Ele não me viria chegando.

Contei mentalmente até três, e depois pulei por cima do sofá, gritando um "BU" misturado com uma risada. Ele se assustou, para a minha felicidade, mas depois começou a rir.

_Quantos anos você tem mesmo? - ele disse, rindo e eu dei um tapa no braço dele.

_Isso foi vingança por conta da almofada. Foi você quem começou.

_Tá certo - ele fez uma pausa, rindo ainda - Mas já vou deixar bem claro que isso vai ter volta.

_Sei... vamos ficar nessa guerra até você admitir que eu ganhei.

_Não vou admitir isso, você vai.

_Rá. Vai esperando. Eu não desisto - eu ri, antes de clama-lo para ir - Vamos?

_Vamos, mas antes, duas coisas: a primeira é que eu também não desisto e a segunda é que você tá muito gata. - ele disse, se levantando do sofá e desligando a TV.

O barulho de conversa que vinha da varanda da sala era alto, dava para perceber melhor, agora que a TV estava desligada. Que droga, nós íamos ter que passar por lá para chegar ao carro.

_Obrigada - eu disse, sorrindo pra ele. Eu adorava esses elogios dele. Sempre me pegavam de surpresa e me deixavam feliz. Até mesmo nos dias como hoje, que eu não estava me sentindo particularmente bem vestida e bonita. Ele pegou a minha mão, e eu o guiei para fora da casa.

Na varanda, uma mesa de café da manhã estava ao canto, e os convidados estavam sentados, espalhados pelo ambiente, conversando e rindo. Passei rapidamente por eles, sem olhar para ninguém, nem mesmo cumprimentar, mas isso não me impediu de escutar algumas pessoas cochicharem sobre Tobias.

Eu já estava comemorando ter passado intacta pela varanda, quando me deparei com Nita e mais umas três das coleguinhas dela.

_Bom dia Beatrice, bom dia Tobias! - ela exclamou, com um sorriso falso no rosto - Minha querida, veio se juntar a nós nesse café da manhã entre família e amigos?

_Não. Nós estamos de saída. Muito obrigada pelo convite.

_Não acredito que vocês não vão ficar! - ela fez cara de quem estava ofendida e magoada. Minha mão coçou pra acertar a cara dela. As amiguinhas dela olhavam Tobias de cima a baixo. Minha mão coçou três vezes mais. Eu abracei Tobias, que retribuiu o abraço. Ele pareceu perceber que eu estava começando a ficar irritada, e então, tratou de se despedir e me puxar para longe.

Ele dirigiu até a casa dele. Nós fomos conversando sobre assuntos alheios, coisas idiotas. Ele me fazia rir demais, eu até esquecia que ele costumava ser uma pessoa tão séria. As pessoas deviam conhecer esse Tobias que eu conhecia. Ele deveria deixar as pessoas conhecerem esse lado dele.

_Tris, a casa é sua, fique a vontade. Vou tomar um banho e trocar de roupa e já volto, aí nós podemos ir.

_Beleza. Já estou em casa, fique tranquilo. - ele riu e subiu para o segundo andar. Eu pensei em me jogar no sofá, mas resolvi ir para a cozinha, procurar alguma coisa pra gente comer.

Eu estava fazendo café e procurando coisas para comer. Na geladeira tinha suco de laranja, frutas e mais algumas coisas assim. Nos armários, eu achei bolacha e torrada. Coloquei tudo em cima do balcão e comecei a dar uma organizada. Ele não se importaria de comer ali, eu achava.

_Posso ajudá-la em alguma coisa? - uma voz me pegou de surpresa. Eu me virei rapidamente. Uma senhora estava parada entre o balcão e a porta. Ela parecia ter uns sessenta anos e me olhava com uma cara desconfiada.

_Ah... oi. É, eu estou só preparando um café da manhã - eu disse, mais me desculpando do que qualquer coisa, embora eu nem soubesse o porque eu estava me desculpando.

_Isso geralmente sou eu que faço. - ela me olhou mais ranzinza ainda.

_Perdão... eu não sabia. É...

_Des... desculpe. Eu não sabia que...

E nesse momento, pela graça de Deus, Alá ou qualquer outro que você acredite, Tobias passou pela porta da cozinha. De tênis, short estilo calção de futebol e uma camiseta preta.

_Anna, oi - ele sorriu, e deu um abraço nela - Eu não sabia que você estava aqui. Vejo que já conheceu a minha namorada. - ele fez uma pausa, sorriu pra mim e depois se aproximou, me abraçando - Tris, essa é a Anna, ela cuida de mim desde que eu era criança. Anna, essa é a Tris, a mulher da minha vida.

A expressão de Anna se suavizou, e ela me cumprimentou com um sorriso, depois murmurou alguma coisa e saiu da cozinha.

_Não ligue pra ela, ela é ciumenta. - Tobias disse, dando de ombros - E ela não está acostumada com a presença de mulheres nessa casa. Acho que você é a primeira que ela encontra.

_Acho bom mesmo - eu disse, brincando com ele. - Mas sério, achei que ela ia voar no meu pescoço, se você não tivesse chegado - ele começou a rir - E eu não me lembro de vê-la aqui semana passada.

_Era folga dela. Ela tinha ido visitar a filha. - ele deu de ombros, mastigando uma torrada. - E eu não sabia que você sabe fazer café.

_Usar a cafeteira é um dos meus dons - eu disse, rindo - Mas não espere mais nenhum dom na cozinha.

Nós comemos coisas leves rapidamente, e depois fomos para o parque em que ele costumava ir. Segundo ele, era um local tranquilo e não muito lotado.