Aquele Que Venceu a Morte escrita por Ri Naldo


Capítulo 18
Assalto




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Parabéns, Dylan. Vejo que completaste com sucesso a primeira parte da missão. Fácil, não foi? Sim, Atena gosta de ver os mortais sendo desafiados. A curiosidade dela é maior que tudo. Mas não penses que o resto da jornada será fácil. Não haverá mais deusas curiosas ou pessoas de bom grado. O que enfrentarás serão monstros verdadeiros, vindos das profundezas do Tártaro, atraídos pelo clamor da caixa de você carrega. Aliás, não penses nem por um segundo em abri-la antes da hora. Se o fizeres, tu e teus amigos estarão mortos em segundos. Terás que estar preparado, bem preparado. Mas, enfim, cada coisa em seu tempo.

Antes de entrares no submundo, terás que ter tudo planejado, pois lá é um lugar sombrio, onde as trevas reinam. Uma vez lá dentro, não conseguirás sair tão fácil assim. Assim como Percy Jackson usou pérolas para sair do castelo de Hades, terás que usar um objeto também. Infelizmente, aquelas eram as últimas pérolas. Porém, há outro objeto de meu conhecimento que possibilitará tua saída.

Há muito tempo, antes de Hades ser banido do Olimpo, o Mundo Inferior era aclamado pelo público, como uma atração. Caravanas de adoradores do deus da morte iam em excursões para lá. E, já que não se pode sair de lá, Hades criou amuletos que possibilitavam a saída dos turistas. As pérolas de Jade e o berrante de Cyn são os conhecidos. Ainda há um terceiro, mas só o próprio Hades sabe o que é e a localização do tal. Depois do banimento, esses amuletos foram tomados, proibidos e espalhados pelos quatro cantos do mundo. Teu foco será o berrante. Segundo minha pesquisa, ele está divido em 3 partes. Para tua sorte, essas partes não foram espalhadas no mundo todo. Elas seguem o Olimpo, e como atualmente o Olimpo está nos Estados Unidos, elas foram espalhadas por aqui. Conforme fores conseguindo, eu direi a localização da próxima. Notarás, também, no bolso da tua amiga inconveniente, uma chave de fenda — você entenderá depois —, quando estiveres próximo de uma das partes, ela avisará.

Tu tens sorte de ter amigos ao teu lado. Nunca conseguirias vencer sozinho os desafios que enfrentarás. Boa sorte.

Columbus, Ohio.

Ψ

Eu li a carta em voz alta. Assim que eu terminei, Anne falou.

— Hellen, o que tem no seu bolso?

Hellen olhou para Anne com nojo. Lucas riu.

— Anne… — pigarreei. — Acho que você é a amiga inconveniente.

Ela bufou.

— Como ousa…? Eu não sou sua amiga.

— Eu não quero que seja, acredite, mas parece que o Capuz tem uma outra definição de “amigo”.

— Capuz? É um apelido carinhoso?

— Melhor do que ficar falando “o cara do capuz” toda hora, não é? — Lucas observou. — Vamos logo, mostre o que tem no seu bolso.

Anne tateou o bolso, e revirou os olhos quando viu que realmente tinha algo. Ela enfiou a mão e tirou de lá uma chafe de fenda preta. Parecia normal.

— Como esse cara faz isso?

— Vai ver ele tem uma varinha mágica, como o Lucas — eu disse.

Lucas apontou o cajado para mim e fez cara de mal.

— Não brinque com o Mestre dos Magos.

Ela soltou uma risada ríspida, que se transformou em uma tosse. Eu abaixei para verificar o ferimento dela.

— Já cicatrizou. Você consegue se levantar?

— Não sei, acho que sim.

Eu ofereci a mão, e ela pegou. Com um pouco de esforço e gemidos de dor, ela conseguiu ficar de pé, apoiada em mim.

— Ora, ora, vejam só — Lucas riu. — Quem é que está mancando agora?

Hellen fez um gesto obsceno para Lucas, o que eu tinha certeza que não acontecia frequentemente.

— Dylan Muleta — Anne balbuciou.

Depois de um tempo segurando, Lucas não aguentou. Soltou uma risada alta e clara, que foi se estendendo e se transformou em uma gargalhada. Anne ria com ele. Pareciam duas gazelas.

— Quem foi que chamou esses animais? — Hellen disse, com a voz rouca.

— Estou me perguntando a mesma coisa. Venha, temos que pegar um trem para Ohio.

— Você está com medo?

— Por que eu estaria?

— Eu lembro de quando você me contou sua história. Eu lembro que foi em Columbus que Mirina morreu.

Ela olhou para o chão, provavelmente se arrependendo de ter entrado em um assunto muito delicado.

— Não é exatamente medo… Eu só não sei qual vai ser a minha reação quando eu estiver naquele lugar de novo.

— Acho que essa deve ser uma das partes que você não conseguiria se não tivesse amigos ao seu redor.

— Bom… Acho que eu não conseguiria com o Lucas ao meu redor.

— Não conseguiria mesmo. O cara só sabe rir.

Dei de ombros.

— Você ri das piadas dele.

Ela agiu como se eu a tivesse insultado.

— Eu não me orgulho disso.

Lucas e Anne soltaram outra gargalhada, provavelmente de outra piadinha.

Ψ

No trem, Hellen já podia andar sozinha, embora ainda com um pouco de dificuldade. Sentamos os quatro lado a lado em um vagão, de frente para quatro velhinhas, esperando o carrinho da comida passar. Até que uma cena bem clichê aconteceu.

— Todos os seus pertences e qualquer tipo de dinheiro, aqui.

Uma cara mascarado apontava uma arma para as velhas do outro lado do vagão.

Um assalto era tão ridiculamente normal que eu nunca me imaginei sendo vítima de um. Depois de tantos monstros, fantasmas e deuses, eu nunca imaginei um cara apontando uma arma para mim e dizendo “Isso é um assalto!”. Eu suspirei. Já ia me levantar, mas Anne fez isso antes de mim.

— Ei, meu chapa! Você não tem mais o que fazer não? — ela falou, empurrando o assaltante para que ele pudesse olhar para ela.

— Tá de brincadeira?

— Parece que eu tô de brincadeira?

Ele apontou a arma para a cabeça de Anne.

— Senta agora, ou eu estouro a sua cabeça! Acha que eu tenho medo dessa sua espada de brinquedo, pirralha?

Anne ficou vermelha de raiva. Como eu teria ter uma pipoca e refrigerante naquela hora. Ela fez um movimento tão rápido que o cara não teve reação. Um segundo depois, ela estava com a arma na mão, apontada para o cabeça dele.

— Por que você não vai assaltar sua mamãezinha?

O assaltante começou a tremer.

— Saia daqui. Agora.

Ele se afastou da arma de fininho, e quando teve espaço suficiente, saiu em disparada para a saída.

As velhinhas aplaudiram Anne, como se ela fosse algum tipo de heróina. Ela voltou, com um sorriso estampado no rosto e uma arma na mão.

— Se eu fosse você — Lucas disse —, eu esconderia isso.

Ela fez o que Lucas sugeriu.

Olhei para Hellen, que me olhou de volta. Ela deu de ombros, e eu também.

Seguimos o resto da viagem como se nada tivesse acontecido, mas Anne estava com um sorriso do tamanho do vagão.

Ψ


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