Aquele Que Venceu a Morte escrita por Ri Naldo


Capítulo 11
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Em toda a minha vida, nunca pensei que o demônio fosse ter cabelos pretos bem escuros e olhos azuis bem claros. Para falar a verdade, nunca pensei que o demônio fosse mulher.

Eu estava deitado na árvore de Thalia, escutando música e acariciando Peleu, quando ouvi barulhos de luta atrás de mim. Era uma garota que parecia ter 15 anos, cabelos preto e olhos azuis, como eu já disse. Ela estava lutando com uma harpia muito grande. Estava mirando nas asas, mas não conseguia acertar, porque a harpia era muito rápida e ágil.

Não seria legal ver alguém morrer agora, então fui ajudá-la. Tirei os fones e os conectei na entrada escondida, e logo minha velha espada tomou o lugar.

— Atravesse a barreira, deixe-a comigo — eu gritei, para ela poder escutar perante os gritos agudos da harpia.

Ela olhou para mim como se eu tivesse ofendido os antepassados dela.

— Que tipo de imbecil é você? Por acaso eu pareço que preciso da sua ajuda?

Olhe para ela como se ela tivesse ofendido meus antepassados.

Mas eu conhecia muito bem esse tipo de marra, então continuei lá, ajudando.

— Saia daqui, estúpido! — ela gritou, ainda mais alto.

— Você vai morrer.

— Como se você se importasse.

— Não deixe isso difícil.

— Se não aguenta, saia.

Ela desferiu uns três golpes com a espada, e acabou acertando uma asa da harpia, que soltou um grito tão agudo que fez eu e ela largarmos as nossas espadas e tapar os ouvidos. Ela olhou para mim como se fosse minha culpa. O grito parou de repente, mas estávamos com os ouvidos tão tapados que só fomos perceber alguns segundos depois. A harpia tinha literalmente virado cinzas. Peleu a tinha incinerado viva. Sinto pena de qualquer inimigo que tentasse atravessar essa barreira e acordasse o Peleu.

— Ah, obrigada, me fez perder essa harpia para esse dragão.

Ela pegou a espada de volta e saiu pisando duro.

— Qual é o seu problema? — eu perguntei, indignado.

— Você.

Voltei, com raiva, ao meu chalé. Percy imediatamente tentou me acalmar.

— Ei, ei, ei. Vai com calma aí, garanhão. O que foi dessa vez?

— Qual é o problema dessas pessoas de hoje em dia? Quando eu finalmente decido ser legal e ajudar alguém, essa pessoa me renega.

— O que aconteceu?

— Uma garota qualquer aí estava lutando contra uma harpia e eu resolvi ajudar. Ela quase me matou também.

— Recusou sua ajuda?

— Sim.

— Isso é um crime federal, cara.

— Deixa pra lá. Espero nunca mais dar de cara com uma pessoa dessas de novo.

— Eu também.

— Mas, cara, hoje é dia de esgrima.

— E o que isso tem a ver?

— Já que você voltou, não sou mais o professor, certo?

— Aaah… Sabe, cara, eu tive uma longa missão. Que tal você me substituir por mais alguns dias, sim?

— Se é isso que você quer.

Vesti minha camisa de professor novamente e fui me encontrar com Lucas. Resolvi não falar nada sobre o incidente de hoje.

— E aí, fera? — ele levantou a mão para um cumprimento, mas eu o ignorei. — O quê? Tá bolado hoje?

Abri a boca para xingá-lo, mas Colin apareceu no momento certo, e resolvi voltar ao meu copo de café pela metade.

— Cara, preciso de ajuda de vocês.

Lucas pôs o braço no ombro dele.

— Cara, você tá broxa de novo?

— Julieta tá grávida.

Cuspi o café que tinha na boca quase no mesmo instante, e Lucas congelou.

— O quê? Cara…

— Brincadeira.

Lucas deu um tapão na cabeça dele.

— Pensei que você tinha finalmente virado homem.

Colin pôs um pé na frente, e Lucas caiu de cara no chão.

— Mas tem uma aluna nova. Acho que vamos ter outro ritual de iniciação. Vejo vocês lá.

E saiu correndo em direção à arena.

— Cara, eu tô ferrado hoje, e eu fiz esse ritual aí na vez passada. É a sua vez agora.

— Bom, pelo menos posso descontar a minha raiva.

— Vê se não mata ninguém hoje.

Quando entramos na arena, tudo estava uma bagunça. Campistas fazendo lutas sem permissão, outros jogando terra, e um no centro de tudo. Ou melhor, uma. Como eu odeio esse destino.

Ela olhou diretamente para mim.

— Você…

— Você. — eu respondi.

— Pelo visto, vocês já se conhecem — disse Lucas.

— Na verdade, não.

Eu virei para outro lado e chamei Lucas para uma conversa particular.

— É permitido expulsar alguém da esgrima, já que somos os professores?

— Não sei, acho que só Percy pode fazer isso, por quê?

— Houve um incidente mais cedo. Não fui muito com a cara dela.

— Só por isso? Dê um chute na bunda dela agora e ela nunca mais te perturba.

— Que chatice, hein?

Quando voltamos, todos estavam em formação adequada, com a novata já um passo à frente.

— É verdade que há um ritual? — ela perguntou.

Como eu não respondi, Lucas falou por mim.

— Sim.

— Então eu tenho que lutar com o professor?

— Isso.

— Então, nesse caso, eu posso escolher?

— Não. Já foi escolhido, mas acho que não vai fazer muita diferença para você.

Lucas chamou todos os outros campistas para a plateia, e sobramos eu e ela na arena.

Ela se aproximou de mim até ficar cara a cara comigo.

— Quero saber o nome de quem eu vou derrotar.

— Dylan.

— Grotesco.

— Eu também acho.

— Anne.

— Se danne.

— Sério? Você deve ser mais imbecil do que eu penso.

— As pessoas geralmente acham.

Eu vi com o canto do olho ela aproximar a espada lentamente enquanto falava. Velha técnica. Uma pena que eu não mais me interessava em olhos bonitos.

Interceptei a espada dela com um golpe firme, mas ela segurou fortemente. Defendi os próximos três ataques, e desferi os outros três. Continuamos nesse ritmo de estudo um do outro. Ela era rápida, com reflexos em dia e corpo ágil, já que era magra. Defendia com facilidades golpes onde geralmente era o ponto fraco dos outros. Eu tinha que estudar mais o estilo de luta dela, descobrir onde era fraca, mas ela parecia defender tudo. Bom, eu também. Poucas pessoas sabiam do meu ponto fraco, apesar de ele estar bem visível, porque meu nervo ainda não tinha se curado totalmente daquele corte com a adaga. Qualquer um que prestasse atenção poderia ver que eu ainda mancava um pouco. Não era o caso dela.

Então eu localizei: uma cicatriz na extremidade da cintura, e foi lá que eu mirei. Ataquei quando eu tive a chance, e ela caiu no chão com um grito.

Finquei minha espada no chão. Ofereci a mão para ela se levantar.

Os gemidos de dor dela se transformaram em risadas, e, no último instante, eu percebi o que tinha acontecido. Tentei pegar minha espada de novo, mas, quando eu consegui tirá-la do chão, já era tarde. Ela deu um golpe com toda a força na minha coxa, reanimando a ferida que não doía tanto há meses. Eu caí no chão, mas com dor de verdade. Ela tinha me enganado. A cicatriz não era tão grande, o que quer dizer que a dor também não foi tão grande. Acho que a arrogância de Lucas era contagiosa. Mas eu também a tinha feito sangrar, o que significava uma coisa.a

— Anne Sample, filha de Deméter. Dylan Fletcher, filho de Poseidon. — uma voz conhecida anunciou. — Amanhã, 9 horas, biblioteca.

Anne olhou para mim como se fosse minha culpa de novo.

— Seu imbecil!

Eu me levantei, aos poucos.

— Pare de me xingar e veja se consegue a ajuda da sua mãe para arrumar todos aqueles livros amanhã.

Ela se aproximou de mim novamente, com a espada em punho.

— Tire sarro da minha mãe e eu acabo de arrancar a sua perna.

Ψ


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