As fantásticas crônicas de Sarah escrita por Helen


Capítulo 15
Crônica 15 — Samara e Blennofobia


Notas iniciais do capítulo

É... Sarah não aparece neste aqui.



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Arthur estava sozinho na sala. Graças a algumas folhas e lápis que seu pai havia comprado, ele conseguia desenhar muito melhor do que quando desenhava com carvão na parede.

Na televisão que havia vindo com a casa, passava alguns comerciais aleatórios sobre vários produtos, alguns trailers de filmes, e até mesmo alguns vídeos sobre projetos do governo, como por exemplo sobre crianças abandonadas.

Além disso, não havia mais nenhum barulho pela casa. Sarah havia ficado bem curiosa (um pouco irritada também, se me permite dizer) acerca da menina que havia surgido dias atrás. "Já não bastava aquele Ângelo, daí ela aparece pra ferrar o meu cérebro." haviam sido suas últimas palavras antes de ficar muda de novo por causa de estar doente.

"Bom, era algo que ela iria descobrir de uma forma ou outra." — pensava Arthur. — "Descobrir que você não é o único na mesma situação."

Havia acabado de fazer o retrato da garota.

Definitivamente ela era mais bonita que Sarah. (Opinião da própria narradora e um pouco unânime) E também era muito parecida com Ângelo. Arthur deduziu que fossem parentes. Além disso, ela havia surgido no exato momento em que ele ordenara em sua mente para que aparecesse o que lhe causava tantos problemas. Ela era quem havia controlado o que ele dizia? Por que ela tinha feito isso? Quem era ela? Era enviada de Mr. Welldone? Era aprendiz dele?

As perguntas sem resposta pairavam sobre a inocente mente de Arthur. O único consolo que ele tinha era admirar o desenho.

A televisão pifou, ficando apenas com estática. Arthur tentou desligá-la, mas ela não obedecia. Lentamente, uma estranha gosma escura começou a sair dela, e era possível perceber fios de cabelo atravessando o vidro. Era uma menina.

— Então você é a Samara que tanto falam sobre.

Ela virou a cabeça violentamente, revelando seu rosto feio e deformado. Ela parecia irritada, mas essa feição sumiu de seu rosto, e ela foi dominada pelo medo.

— Que diabos é você?! — a voz dela era rouca.

— Aprendiz.

Ela terminou de sair da televisão, e se sentou no chão, apoiando a cabeça em uma das mãos.

— Você é muito sortudo.

— Por quê?

— Você tem grandes possibilidades de se tornar um-- espera, o que é isso que você tem na mão?

— Um desenho. Não sei quem é nem o nome, apenas vi.

— Posso?

— Pode.

Arthur esticou o braço para que Samara pudesse pegar o desenho. Quando ela colocou os olhos nele, os desviou desesperadamente.

— Tire isso de perto de mim! — ela jogou a folha o mais longe que pôde.

— Está com alguma espécie daquilo que as mulheres chamam de "inveja"?

— Também. Mas essa menina é... a pior coisa que se pode esbarrar! Terrível! Terrível!

— Então a conhece?

— A conheci o bastante.

— Quem ela é?!

— Nightmare!

— Pesadelo?!

— Isso mesmo! Aprendiz de Mr. Welldone. É bonita desse jeito apenas para enganar. Está em um patamar acima, por isso consegue a aparência que quer. A única coisa bondosa que faz é ajudar os que esbarram no seu mestre para que eles não sejam mortos.

"Agora está claro porquê ela possuiu minha fala." — pensou Arthur. — "Mas... espera aí. Se ela é parecida com Ângelo, deve ter alguma ligação..."

— Você deve ser aliado dela. Vou te destruir! — Samara rapidamente entrou numa posição de perseguição e começou a correr em quatro patas atrás de Arthur.

A única opção que o restou foi ele fugir. Não muito tempo depois, Slender chegou na casa. Rapidamente se desfez de sua forma humana (era muito cansativo ficar nela) e analisou a situação. Arthur e Samara estavam parados em posições de corrida, como nos filmes. Slender deu uma risadinha, mas logo fez seus tentáculos surgirem das costas e sua boca rasgar, mostrando sua parte mais terrível, e então disse:

— Samara, poderia ir embora daqui, por favor? Está acabando com a minha casa.

Não precisou repetir duas vezes. Num piscar de olhos, Samara já havia voltado para a televisão, levando consigo toda a gosma que havia espalhado por toda a sala.

— Onde está Sarah? — Slender desfez sua forma terrível, e voltou a ser apenas o homem esguio.

— Dormindo. — respondeu Arthur, pegando o desenho do chão.

— Se ela estivesse aqui, já teria dado uns tapas naquela garota.

— Do jeito que eu conheço Sarah...

Slender fitou Arthur com um olhar malicioso, e sorriu. Arthur rapidamente entendeu o que ele queria dizer, e olhou para o lado, revirando os olhos.

— Não, tá? Vão ser rumos completamente diferentes. — disse Arthur.

— Você não conhece o destino, rapazinho.

— Verdade. Mas posso supô-lo.

— Isso não vai te ajudar. Suas suposições não salvaram sua mãe, lembra?

— ... Infelizmente, lembro.

— Não repita o mesmo erro duas vezes. Seria vergonhoso.

— Diz o homem que devora crianças.

— Não tenho culpa.

— Tem sim. Se não fosse por sua covardia diante daquela situação, ela ainda estaria com a gente.

— Esqueça isso. Já passou. Já foi. Não tem como voltar.

— Você sempre diz isso pra tentar passar sua culpa.

— Apenas fique quieto. Nós dois somos demônios.

Arthur bufou, e começou a redesenhar. Como não sabia exatamente o que fazer, desenhou o que imaginava ser os portões do inferno. Não fazia mal imaginar como seria o lugar para onde ele iria.


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