As fantásticas crônicas de Sarah escrita por Helen


Capítulo 13
Crônica 13 - Jeff, Liu e Algofobia


Notas iniciais do capítulo

Jeff The Killer chega a ser tão 'clichê'... Deve ser por isso que demorei a me decidir se colocava ele ou não. Pois bem, aqui está a minha decisão.



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Sarah estava sentada no ombro de Slender. Fazia muito tempo desde a última vez que havia feito isso. Ele aparentava estar mais distante, e ela raramente o via. Por sorte, ele havia conseguido um tempo livre, e eles caminhavam calmamente pela floresta.

— Seu desempenho está indo muito bem, Sarah.

— Obrigada.

— Acho que está na hora de você conhecer alguém na mesma situação que a sua.

— Outro aprendiz?

— Hum... não exatamente. Ele está na reta final. É quase um mestre.

— Muito estimulante, devo dizer. — Sarah revirou os olhos.

— É um bom exemplo pra você.

— Qual é o nome desse "quase-mestre"?

— Jeff.

— Já ouvi falar. Ele é um assassino em série, tomado pela loucura maligna. Dizem que aquilo é o demônio em pessoa.

— Hum... não estão errados.

— Mas nem por isso totalmente certos.

— Isso é o que possibilita você estar no meu ombro.

— Então... ele é legal?

— Nem tanto.

— Imagino.

Slender continuou a caminhada, aproveitando o bom tempo. A quente e suave brisa ameaçava esquentar sua fria alma, mas ele não se incomodava com essa ideia. Sabia que o inverno voltaria, caso se alguma coisa desse tipo acontecesse. "Era uma estranha esperança" afirmaria qualquer um.

...

Arthur esculpiu novamente a face do Pesadelo, que havia lhe feito algumas visitas noites atrás. Ao lado de tamanha feiura, fez a face do Sonho. Foram pouquíssimas vezes em que ele lhe visitou. Mesmo assim, tinham sido inesquecíveis.

A Morte surgiu ao seu lado, se apoiando em sua foice. Não demonstrava a mesma alegria e animação de sempre. Estava em seu estado normal: frio e silencioso. Não estava triste, e muito menos feliz. Estava neutra, sem nenhum tipo de sentimento ou expressão.

— Vai me levar, finalmente? — perguntou Arthur.

— Não dessa vez. — a voz da Morte exalava poder, força, frieza. — Levarei outro.

Arthur pensou em uma possibilidade que o deixou aflito por alguns momentos.

— Vai levar a aprendiz?

— É assim que a chama? — ela parou de se apoiar na foice — Não. É outro. Você não conhece.

— Se isso for uma metáfora, saiba que eu sou horrível com isso.

— Não se preocupe. Você realmente não conhece.

...

Um rapaz ruivo de olhos verdes andava pela floresta. Um óculos escorregava no seu nariz, que estava molhado de suor. Em seu braço direito, havia amarrado o cachecol que normalmente usava, por estar quente o suficiente para o tornar inútil e incomodante.

— Não gosto de florestas. — dizia. — Tem um espaço enorme, mas uma visibilidade baixa dependendo de onde você está. O oponente pode usar árvores para desviar de ataques, ou confundir. Além disso, elas fazem qualquer um suar como um porco.

— Isso é porque você usa óculos e cachecol, Liu.

Do lado oposto do rapaz ruivo, havia outro. Este, ria como um louco. (Se você conhece o Chapéu de Palha, deve saber exatamente como imaginar) Seu rosto era formado de tal maneira que ele sempre aparentava estar sorrindo. Estava em cima de uma árvore, apreciando a vista. Seus cabelos negros como carvão se deixavam levar pelo vento.

— Então você está aí, Jeff.

— Finalmente conseguiu ver alguma coisa com esses seus óculos de merda, hein Liu?!

Liu puxou uma faca do bolso, e rapidamente foi até Jeff. Ele se esquivou, indo para outra árvore.

— Às vezes eu me pergunto porque você tem tanto ódio do seu próprio irmão. — disse Jeff, rindo.

— VOCÊ MATOU A SUSAN, SEU IDIOTA!

— Hum... aquela sua namoradinha? Eu já disse que não fui eu!

Liu novamente avançou pra cima de Jeff, e ele novamente esquivou.

— Não me atrase. — Jeff soltou uma alta risada e sumiu nas árvores.

...

— Então... você é o Jeff de quem tanto falam? — perguntou Sarah.

— Eu mesmo.

— Por algum acaso você veio pela parte sul da floresta? — disse Slender

— Sim... por quê?

— É que você está um pouco... sujo.

Jeff estava coberto de carrapichos por todo o corpo.

— Sujo? — Jeff olhou para si mesmo — O QUE? EU NÃO ACHAVA QUE ERAM TANTOS ASSIM!

— Esse é realmente o demônio encarnado que diziam? — sussurrou Sarah para Slender.

— É sim. Ele só está assim porque é dia.

— Entendo.

O dia passou com uma rapidez assustadora. Quando a noite chegou, Sarah estava animada para ver o que aquele estranho sorridente poderia lhe ensinar.

A boa áurea que saía do sorriso de Jeff por causa da luz começou a ser corrompida pela escuridão da noite, e nem a luz inocente das estrelas podia amenizar aquela terrível visão.

Até mesmo sua risada causava arrepios. Os olhos esbugalhados pareciam seguir qualquer coisa, da mesma maneira que um assassino persegue sua vítima.

— Ei, Sarah. — a voz dele estava mais rouca. — O que quer que eu te ensine?

— Qualquer coisa. — respondeu Sarah. — Qualquer coisa útil.

— É raro ouvir alguém disposto a isso. Se eu realmente te ensinasse tudo o que eu sei de útil, eu ficaria anos aqui. Mas sei o que significa útil pra você.

Sarah sorriu, disposta.

— Agora amaldiçoe essa floresta inteira.

— QUE?!

— Você ouviu.

Sarah colocou a mão esquerda no chão, e gradativamente o chão começou a ficar escuro. A cor escura começou a se espalhar pela área, dominando as árvores, e todas as folhas. Logo, aquilo tudo não passava de um cenário completamente escuro, como o fundo de um desenho preto em branco.
Gotas de suor saíam da testa de Sarah. Aquilo era muito peso, controle e pressão ao mesmo tempo.

— Agora... quero que tire sua maldição de alguns pontos.

— M-mas eu não sei fazer isso.

— Aprenda!

Demorou um pouco, mas Sarah conseguiu tirar sua maldição de uma pequena área.

— Faça paredes!

— Paredes de maldição?!

— É. — Jeff se encostou em uma árvore. — Crie uma sala. Completa.

Sarah se levantou, e com esforço, fez com que a maldição não voltasse para sua mão. Jeff juntou a palma das duas mãos, e depois as separou.

"É uma dica." — pensou Sarah — "Está dizendo pra eu dividir a maldição nas duas mãos."

Sarah imitou o que Jeff havia feito, e percebeu que a força estava equilibrada. Com a maldição nas duas mãos, começou a levantar paredes com extrema facilidade. Fez o telhado, criou uma mesa, quatro cadeiras e até mesmo um arranjo. No fim, "cortou" uma parte da parede, formando uma janela.

Por fim, Sarah admirou sua casa feita da escuridão de sua maldição.

Jeff, Slender e Arthur estavam sentados, admirando o bom trabalho.

— Queria ter essa habilidade. — Jeff olhava para o teto, girando em sua cadeira. — Só saber matar pessoas é chato às vezes.

— Então que tal você morrer?

A Morte estava em frente a casa. Seu rosto estava com uma expressão séria e um pouco alterada, como se estivesse controlando a raiva. Sua foice brilhava, mostrando o quanto estava afiada.

— O que? Você de novo? — Jeff abriu um dos olhos, já que havia os fechado para tentar dormir. — Por que não me deixa em paz?

Ladrão de emprego.

A Morte empunhou a foice e puxou o capuz de sua capa escura. Seu rosto não podia mais ser visto, o que a deixava do mesmo jeito que sempre foi descrita: Um humanoide usando uma capa preta e empunhando uma foice afiada.

— Você não me dá medo. — Jeff fechou os olhos.

A Morte começou a correr, cortando as paredes de maldição com facilidade. Ela deu um salto para atacar Jeff, mas foi interrompida no meio do caminho por uma estranha luz.

Empurrada para o chão, ela olhou odiosamente para quem a havia impedido.

A luz ficou mais fraca, revelando Vida. Ele empunhava uma enorme lança, que mais se assemelhava a um cajado com uma peça de prata em cima, feitos e unidos artesanalmente.

— Você "tá" maluca? — os olhos dele estavam completamente brancos. — Não pode sair matando qualquer um que odeia!

— Cala a boca! Quem é você pra ficar me impedindo em qualquer coisa que eu faço?

Ela estava irreconhecível. Completamente diferente de alguns dias ou até meses atrás, quando estava alegre.

Vida avançou com sua lança, enquanto Morte se preparava para atacar com a foice. Enquanto isso, Jeff ria de satisfação, ainda com os olhos fechados, apenas ouvindo os sons das lâminas dos dois lados se chocando. Arthur tremia, Slender nada fazia, e Sarah apenas olhava impressionada.

Quando menos esperava, a maldição começou a querer voltar para suas mãos. Mesmo com o esforço, Sarah não conseguia contê-las. Então, querendo algo que as segurasse, pensou em alguma coisa para servir de peso para colocar em cima, como um ferro em cima de papel.

Antes que a ideia de Sarah fosse posta em prática, Slender sumiu com Arthur, já que entendia o que iria acontecer.

Dos céus escurecidos pela maldição, saiu um raio, grande e brilhante. Ele atingiu o chão, descarregando uma onda de eletricidade que, além de fixar a maldição no chão, conseguiu parar a briga.

— O que no mundo... conseguiria soltar um raio dessa magnitude com tão pouco treinamento? — perguntou Jeff. — Isso é incrível! Tão incrível que agora eu preciso te matar pra conseguir isso tudo pra mim!

Morte tentou impedir, mas Vida a impediu:"É um duelo de monstros."

Sarah puxou toda a maldição de volta para suas mãos. Foi um impacto grande, mas ela rapidamente se recuperou. Jeff tirou uma faca do bolso e a empunhou, dando uma risadinha.

A áurea escura de Sarah começou a tomar conta do seu braço, transformando em uma espécie de espada.

Os dois eram bem rápidos, o que deixava a luta um pouco complicada de entender. Sarah atacava o melhor que podia e que havia aprendido. Jeff apenas lutava da mesma maneira de sempre, quando sua vítima não era tão fraca quanto aparentava.

O corvo aterrissou no ombro da Morte, e começou a grasnar.

— Algum problema? — perguntou ela.

O corvo apenas grasnou em resposta, apontando para o retrato de pesadelo em uma árvore.

— Então ele deve estar por aqui. Aquele loiro...

— O que está resmungando aí? — perguntou Vida.

— Pesadelo deve estar por aqui. Isso deve explicar a força tão grande que essa menina tem.

— Mas o que Pesadelo estaria fazendo aqui? E porque daria tanto poder?

— Tédio.

— Você não consegue ser séria em uma conversa por muito tempo?

— Nah.

Jeff foi arremessado até a árvore onde o rosto estava esculpido, quebrando ela em duas partes. Sarah respirava com dificuldade, e suava.

— Se é tudo isso que você consegue fazer, então eu vou te ensinar uma coisa! — declarou ela.

Jeff se levantou, e em um impulso, tentou atacar Sarah outra vez. Sarah apenas desviou, e segurou a cabeça dele com as duas mãos. Por fim, ele caiu, dando a vitória para Sarah.

Terceiro rival: vencido! — grasnou o corvo, como se estivesse alegre.

...

Arthur estava sentando em um banquinho que havia feito. Ao lado, Sarah estava deitada em uma cama, descansando e olhando fixamente para o teto.

— No fim das contas, o que aprendeu com tudo isso? — perguntou Arthur

Agora eu sei pegar o poder das pessoas. — Sarah sorriu.


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