30-dias (HIATUS) escrita por ApenasUmaSoNhadora


Capítulo 15
Décimo primeiro dia- Sofrimento


Notas iniciais do capítulo

HEEELLOOOOO !! Mais um capítulo ai *-* grandin... Espero que gostem, boa leitura e comentem! Quero a opinião de vocês :D



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Cinco dias depois.

Sábado.

Duas horas e ponto da madrugada, e o sono não me vinha.

Estava deitada em minha cama, como sempre pensando na vida, era uma menina muito caseira e não gostava de sair de casa – muito menos de madrugada-. Muitas pessoas juntas me faziam mal, então preferia o doce silêncio dos móveis, que às vezes estralavam, nunca entendi isso.

O sansão estava aconchegado em meus braços. Meu maior desejo agora era abraçar alguém, não ter que me sentir sozinha como todos os dias, como não tinha uma pessoa de carne e osso, abraçava mesmo meu coelhinho de pelúcia, amigo de todas as horas.

Hoje havia feito cinco dias após o pequeno incidente, eu já conseguia andar e não sofria mais nenhuma conseqüência do ocorrido. Havia apenas um pequeno problema, estava sentindo muita falta do Cebola.

Lembrando dele, consequentemente me lembrei de Do Contra, que agora também estava me fazendo uma falta danada. Adoraria estar na companhia do rapaz que roubou meu primeiro beijo, digamos assim, apesar de ter gostado.

Minha carência ainda me mataria.

Prometi á mim mesma que não trairia Dc nem em pensamento, mas não tinha como não desobedecer aquele pedido dele, eu tinha, absolutamente tinha que lembrar de cada momento que passamos juntos naqueles cinco dias, pelo celular, mas passamos.

Não conte á ninguém, viu moça? Nem pense no que ocorreu – brincou”.

A verdade é que continuamos mantendo contato por celular, ficávamos horas conversando, nunca nos cansávamos e na hora de desligar, ficávamos mais meia hora enrolando, tudo por que não queríamos nos despedir.

Era tão bom ouvir aquela voz suave, carinhosa, cheia de amor, mas ao mesmo tempo era tão deprimente vê-lo triste. Uma curiosidade sobre Dc era que ele era um rapaz muito depressivo, e negativo, muitas vezes tive que ouvi-lo desabafar o quanto se odiava, o quanto queria se matar e acabar de vez com sua dor, mas o que mais me matava, é que eu não sabia o motivo de toda aquela tristeza, não podia ajudá-lo. Aquilo me corroía por dentro também.

Apesar de tudo me sentia feliz por servir de consolo para ele, por mais que não pudesse ajudar, além da garota que gosta dele, poderia ser também sua companheira e amiga. Era o que me deixava aliviada.

Senti um peso enorme no peito, era preocupação. Como será que ele estava agora? Estaria bem? Gostaria de estar ao seu lado naquele momento, compartilhar cada sentimento que agora guardava em meu coração. Do Contra parecia ser o único que me entendia, mas não queria apenas que me escutasse, gostaria de escutá-lo também. Ainda descobriria o motivo de sua intensa angustia, e um dia contaria á ele o porquê da minha também.

Pensei em ligar para o mesmo, mas logo desisti, não queria incomodar.

Meu desejo era de poder fazer algo, gostava de aproveitar a preguiça, mas já havia cochilado por três horas mais cedo – talvez esse seja o motivo de não estar com sono agora-, e acordei com uma vontade imensa de fazer alguma coisa, ficar mofando nem sempre era bom.

Lembrei-me que Marina havia me dado um anel, em quanto conversávamos na aula, gostei muito dele, mesmo sendo uma bijuteria comum. Recordei-me então que tinha o deixado no bolso da mesma blusa do dia do incidente, nunca me esqueceria daquilo, mesmo meu currículo de espancamentos sendo gigante, não me esqueceria de nenhum deles.

Criei coragem para me levantar e assim o fiz, deixando o sansão na cama e andando calmamente até meu guarda-roupa, já sabia aonde tinha deixado aquela peça. Depois de a empregada reclamar de lavar tanta roupa, aprendi que se usa uma peça mais de uma vez antes de se colocar no cesto, tive que largar esse típico costume de uma menina da minha idade, usar cada dia uma peça, ou mais.

—Aqui está!

Exclamei assim que achei a blusa. Adorava aquele modelo com um bolso na frente, na região de um seio, achava que dava um charme á mais para mim.

O anel realmente estava lá, mas com ele achei algo estranho, um pedaço de papel. Não sabia se deixava ou não a curiosidade me levar, e se fosse uma bomba? Eu e meu jeito exagerado.

Decidi por fim desembrulhá-lo. Nele havia uma grafia impecável.

“Deve estranhar que eu nunca me despeça, mas é por que não gosto de despedidas, por favor, fique com meu número, quero manter contato com você.”

Abaixo estava um número de celular, quem poderia ser? Nunca se despede... Cebola!

—Como ele conseguiu colocar um papelzinho perto do meu seio e eu nem percebi? Ah, safado!

Sentia-me um pouco constrangida, porque aquilo queria dizer que... Na verdade, não queria dizer nada, acho que estava sendo muito neurótica, afinal, ele pode não ter tido malícia no ato.

Era muito claro que eu não iria ligar para um garoto, muito menos ele, sentia vergonha de conversar livremente com um estranho, imagina ligar á procura? Sentia saudades dele, mas deixaria que o mesmo viesse me procurar.

Estava sozinha em casa, todos haviam saído se divertir, não quis ir, não era de meu feitio sair para a balada ás duas horas da madrugada.

Quando era menor, sentia medo de estar sozinha, implorava de joelhos para que minha mãe ficasse comigo, mas hoje nem me importo, a solidão era tanta, que comecei a fazê-la de companheira e amiga.

Deitei-me novamente de barriga para baixo, e como sempre, fiquei imaginando uma vida perfeita, a vida de meus sonhos.

De tanto pensar no perfeito, o sono acabou vindo como uma pontada, e apaguei sem que nem ao menos percebesse.

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Acordei apenas no outro dia, com o barulho do celular irritando meus tímpanos. Olhei de relance para o aparelho, e reparei bem no horário que marcava ali.

17h30min

—O que?

Só não havia gritado até falhar minha voz porque a preguiça era de dar dó, sempre acordava ainda mais cansada do que ia dormir, mas aquilo era normal, pelo menos era o que eu pensava.

Apesar da hora absurda que acordei, tive sorte que naquele dia não tinha aula, e outra sorte era que provavelmente o povo tinha ido dormir na casa de alguma amiga da minha mãe, se fosse o contrário, teria que fazer bico de escrava desde bem cedinho.

Mas por que o celular tocava final? E o mesmo não parava de tocar, certamente era alguém ligando.

—Quem quer falar comigo essa hora?

Perguntava á mim mesma indignada. Não era muito normal alguém me ligar, mas o que estava esperando? Com curiosidade, atendi o aparelho, respondendo a outra linha com uma voz sonolenta:

Alô?

Filha? Não quer vir na casa do pai hoje?

Pensei por uns segundos, mas minha vontade estava meio esgotada, se bem que não tinha nada para se fazer em casa.

Quero não.

Mas tenho uma coisa importante para te falar.

Sempre as mesmas desculpas.

Fala aqui mesmo.

Não posso, é algo meio ruim.

Ah, pai! Estou nem ai.

Fui bem direta, esperava que com aquilo Souza entendesse que não queria ir lá.

Você nunca vem aqui, sinto sua falta.

Se ele chamava remorso de falta, eu acreditava.

Ta bom.

Rendi-me, mas era mais falta do que fazer do que realmente vontade de vê-lo, anos sem nem reparar em mim fizeram com que ele não significasse mais nada para mim. Chamava-o de pai, mas era da boca para fora.

Quando posso te bus...

Desliguei o celular na cara dele, apenas sua voz me irritava. Esperava que fosse me buscar sem minha permissão ou qualquer planejamento, como sempre fazia.

Não queria caprichar muito – também nem dava, pois não possuía roupas decentes – então coloquei peças que mais pareciam trapos velhos para se ficar em casa. Não me importava muito com vestimenta, só me preocupava com o que as pessoas iam achar, mas não tinha outra escolha.

Não demorou muito, talvez vinte minutos ou meia hora, logo ele estava buzinando em frente á minha casa.

Corri sem nenhuma animação até lá fora. Entrei no carro e nem ao menos olhei em sua cara, era muita mágoa que guardava em mim.

—Oi filha.

—Oi.

Nossas conversas eram sempre assim.

—Maria está em casa.

Maria era minha madrasta, não gostava dela, aquela mulher me dava uma má impressão, tinha a impressão de que a qualquer momento poderia surtar e me matar – como já ameaçou uma vez -.

—Ótimo.

—Por que não gosta dela?

Meu pai perguntou, notando minha pura cara de deboche.

—Ainda pergunta? Lembra quando ela entrou em casa e quebrou tudo que pudesse ver pela frente?

Ele se manteve em silêncio, a verdade sempre o calava, embora fosse muito ignorante e às vezes discutisse até provar que estava certo.

—Com sua mãe sempre foi bem pior.

—Sempre coloca a culpa nela, mas eu via como você a tratava viu?!

Na verdade minha mãe que sempre dizia, ela colocava a culpa em meu pai por tudo, inclusive por me deixar sozinha quase todo dia, a amava muito, e por isso sempre acreditava. Esse era o motivo de guardar grandes mágoas dele, ela falava muitas mentiras sobre o mesmo para mim.

Chegando à casa de Seu Souza, sai do carro batendo a porta do mesmo fortemente, estava possuída pela raiva do momento, as lembranças me deixavam assim.

Abri o portão com a cópia da chave que ficava comigo e adentrei no quintal, assim entrando pela porta da frente e chegando à sala, sem sinal de qualquer mulher louca que prefiro não imaginar quem é, mas imaginando: Maria.

—Ovo de chocadeira.

Era bom demais para ser verdade. A voz irritante que escutei era daquela mulher, me chamando por apelidos carinhosos como sempre. Não me preocupei em cumprimentá-la, fui direto para o banheiro.

Sentei no vaso, e permiti que as lágrimas descessem, simplesmente não conseguia segurar, era como uma limpeza em minha alma perturbada.

Mas aguçando um pouco meus ouvidos, me permiti escutar o que os dois estavam conversando naquele instante:

—Já ficou sabendo?

—Do que? Vai me vir com suas histórias de novo...

Mas aquilo era verdade, ela sempre contava mil e uma histórias, de mil e uma pessoas diferentes, era fofoqueira e sabia de quase todo mundo da cidade.

—Mas essa vai te interessar querido.

—Fale.

Aquilo pareceu atiçar a curiosidade de meu pai, e me influenciou á aguçar ainda mais meus ouvidos, eles eram bons quando queria usá-los.

—A chocadeira sofreu um acidente, está entre a vida e a morte.

A notícia fez meu coração pular, senti uma angustia vir como brasa em meu peito.

Se não me enganava, a chocadeira á quem se referia era minha mãe.

Continua...


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Notas finais do capítulo

Até o próximo, não deixem de me dar um hello!!! Bjjss



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