Anna Prior - Em Busca de um Passado Esquecido escrita por Isa Medeiros


Capítulo 4
Capítulo 3 - Velinhas, presente, soro do medo, essas coisas


Notas iniciais do capítulo

Aí está mais um capítulo fresquinho pra vocês!!!
Obrigada para quem comentou no último!!!!
A, querem uma novidade? Nas notas finai tem novidade!!!
Espero que gostem!!!!



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– Anna! Anna! – palavra relativamente simples. Quatro letras. Uma sílaba. Um nome. Meu nome. E eu nunca ouvira alguém clamar por ele com tanta agonia como eu ouvi naquele momento.

– Anna! Acorda por favor, volta! – ouvi a voz repetir o pedido angustiado quase chorando e gritando ao mesmo tempo. Senti de repente que alguém estava me balançando pelos ombros sem a menor delicadeza, tentando me acordar. – Anna! Por favor, filha, acorda!

“Filha”. A palavra estalou dentro de mim como um click. Era o meu pai que me chamava, ele conseguira me tirar daquela caixa? Eu havia me afogado? O que estava acontecendo?

– Pai? – gaguejei abrindo os olhos de vagar. Tobias estava com a expressão mais preocupada que eu já vira, ele balançava meus ombros caoticamente. Vi uma faísca de felicidade se ascender em seu rosto quando eu acordei. Logo ela foi substituída por uma raiva repentina.

– Anna! Nunca mais faça isso, meu Deus! De onde você tira essas ideias malucas, quase me matou de susto, tem ideia de como isso é perigoso? – as palavras jorraram da boca de meu pai enquanto ele me encarava com o maxilar cerrado. Tentei levantar daquela estupida cadeira de metal, mas o máximo que consegui foi consegui sentar nela.

– O soro? Foi minha ideia... – disse estupidamente com a voz meio grogue. – Desculpe... Eu só queria testar – completei sem saber direito o que fazer ou como ele me tirara daquela caixa horrorosa que alguns chamam de alucinação.

Meus olhos estavam meio desfocados. Eu estava tonta e aterrorizada, mas escutei claramente meu pai gritando consigo mesmo como se eu não estivesse na sala.

– Como eu pude deixar isso acontecer? Como?! – Tobias se sentou na cadeira perto da escrivaninha enquanto esbravejava alguns palavrões – A garota tem quatorze anos Tobias! – aquilo começou a ficar meio esquizofrênico de mais. Meu pai escondeu o rosto nas mãos. Vi seus ombros penderem, enquanto ele sussurrava derrotado – Como pude deixa-la correr perigo? Como?

Doía-me os olhos vê-lo assim, tão desamparado, por minha causa. Tentei me levantar reprimindo um gemido baixo enquanto meus pés me levavam até perto de meu pai. Com o coração confuso inundado pelo terror e pela angústia tudo que pude fazer foi colocar a mão gentil em seu ombro musculoso.

Ele me fitou com olhos intensos cheios de culpa e autopunição. Pude jurar que eles estavam cheios da água. Tobias apenas balançou a cabeça e acenou em direção à porta.

– Anna, por favor – ele suplicou com a voz suave e firme ao mesmo tempo. Cortava-me o coração ter que deixar o meu pai naquele estado, mas eu entendi que era o melhor. Fui guiando meus passos lentos e relutantes até a saída estreita. Tobias me olhou uma última vez antes de eu passar pela porta dirigindo a mim uma súplica em voz baixa – Me desculpe filha.

Estava pronta para protestar, dizendo que a ideia tinha sido minha e ele não tinha culpa algum. Porém algo dentro de mim gritou com vigor para que eu saísse dali e deixasse meu pai se lamentar. Não tenho certeza como, em quanto tempo ou em que estado, mas eu cruzei aquela porta, segui por aquele corredor e fui para casa. Sozinha.

***

O resto do dia passou voando. Tobias voltou para casa uma hora depois, sem comentar nada. Jantamos conversando casualmente e teve bolo é claro. Um bolo de chocolate sem velinhas, mas com um parabéns.

Meu pai me deu um pacotinho prateado, ele tinha uma correntinha delicada da mesma cor e um símbolo familiar como pingente: um círculo pequeno envolvendo algumas chamas reluzentes. Talvez fosse o símbolo da antiga facção da Audácia. Não entendi por que Tobias queria que eu o usasse, mas eu usei.

O dia seguinte também não foi muito animador. Tive que ir para a escola, a única escola de Chicago que ficava no antigo complexo da erudição, junto com o hospital. Recebi alguns parabéns atrasados, inclusive do meu melhor amigo.

– Paaaaaarabéns Anna! – FZ me abraçou assim que eu cheguei no outro dia de manhã. Ele conseguiu tirar meu pequeno corpo do chão com facilidade enquanto falava alto o suficiente para que toda a escola ouvisse – Foi mal eu não ter vindo ontem, sabe como é que é, eu dormi de mais, mas enfim: feliz aniversário! – ele completou me largando finalmente.

– Obrigada – eu disse sorrindo com as bochechas em chamas. Meu pai e os pais do meu amigo, Shauna e Zeke, eram amigos a muito tempo, sendo assim, acabamos nos aproximando também, nada especial, só amigos. Diferente de FZ eu não tinha muitos deles – E tudo bem, estou acostumada – completei, referindo-me a grande habilidade do meu amigo de chegar atrasado.

Ele riu e bagunçou o meu cabelo sob meus protestos e olhares curiosos, eu fiquei vermelha, ele deu de ombros.

– E aí, bolo do chocolate? – FZ puxou assunto um tempo depois, ainda antes de o sinal tocar. Confirmei com a cabeça, sempre tinha bolo de chocolate, se bem que esse ano...

– Velinhas, presente, soro do medo, essas coisas – soltei, tentando parecer despreocupada. FZ fitava-me incrédulo com uma pergunta nos olhos. Engoli em seco, ainda aterrorizada com aquela caixinha – Eu convenci o meu pai. Foi horrível, estou realizada. Você sabe de mais alguma coisa?

– Anna! Você tem ideia de quanto isso é...é...justo você... – ele balbuciou, incrédulo. Fechei a cara, meu melhor amigo estava parecendo o meu pai naquele instante.

– O que tem eu? Eu sou fraca? Medrosa? Uma garota? – quase gritei com ele cruzando os braços, visivelmente ofendida. FZ murmurou desculpas e eu o fuzilei com o olhar. Ficamos ali um tempo, com a respiração pesada, até ele ceder.

– Tá, desembucha logo: como você conseguiu convencer o seu pai?– ele suspirou, jogando os braços para cima antes de eu responder sorrindo.

– Não sei direito, eu estava no telhado, o convenci, pulamos e o resto você imagina – resumi os fatos, louca para contar mais – Mas o que você sabe sobre o soro e o resto? – tentei mudar de assunto o mais rápido que podia.

– Nada, talvez um pouco – ele respondeu meio hesitante, brincando com palavras complicadas – Tem ...a tirolesa, sabe? Meu pai me leva lá desde que eu tinha uns dez anos e promete fazer o mesmo com a minha irmã e... sei lá, a gente pode ir lá um dia desses. – ele enfiou as mãos nos bolsos das calças, me fitando com o seu olhar penetrante.

“Agente pode ir lá um dia desses”. Separando apenas essa parte parecia... sei lá...tipo um...encontro. Um arrepio percorreu todo o meu corpo e eu comecei a rir involuntariamente. Lutei para afastar o pensamento da cabeça. Melhores amigos não têm ‘encontros’.

FZ arqueou as sobrancelhas e eu acenei o com a mão como resposta, tirando meu cabelo do rosto despreocupadamente.

– É a gente podia – respondi suspirando e acenando rapidamente para FZ antes de entrar na sala. Senti as minhas faces levemente coradas. Que droga. – Até – me despedi. Se bem que, a tirolesa não parecia assim tão assustadora.


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Notas finais do capítulo

Nooooovidaaaade: Eu tenho mania de fazer planejamento pras fics e adivinhem? O dessa já está proooonto!!!!! Sim, 30 capítulo resumidinhos em um word!!!! Acho que vcocês vão gostar do desfecho!!!
Voltando ao cap;
E aí, gostaram?
Comeeentem!!!