Anna Prior - Em Busca de um Passado Esquecido escrita por Isa Medeiros


Capítulo 31
Capítulo 30 - Então, eu calei a boca dele.


Notas iniciais do capítulo

BOOOOOOA NOITE GENTEEE!!!!!!
Ai. Meu. Deus: Esse é o penúltimo capítulo!!!!!
Sinceramente? Eu ainda to escrevendo o epílogo mas gente... :'(
Vou deixar as melações para o último capítulo.
Muito obrigada a você, que lei essa fic até agora!!!
Boa Leitura e aproveitem o capítulo!!!!



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Gelei. Da cabeça aos pés, cada centímetro do meu corpo parecia estar congelado. Milhares de perguntas giravam em minha mente. Como ele havia me achado? O que aconteceria? E o bombardeamento? Eu duvidava que apenas David estivesse ali.

Senti uma mão trêmula pousar no meu ombro. Olhando por cima dele, constatei que Caleb estava pálido, apesar de tentar parecer protetor e confiante. David tinha um sorriso cheio de triunfo e deboche no rosto, que me fez querer soca-lo com ainda mais força.

– O que você está fazendo aqui? – minha voz estava relativamente firme, considerando tudo. Eu não tirei a arma da mira do painel, tentando espiar por cima do ombro. Mas logo David soltou uma risada curta e respondeu no mesmo tom frio de antes:

– Não era eu que devia fazer essa pergunta? – suspirei pesadamente. Eu não podia me desesperar, eu tinha que ficar calma. Senti a mão de Caleb apertando meu ombro, como se quisesse me alertar sobre alguma coisa ou simplesmente descarregar o seu nervosismo.

Movi a cabeça para todos os lados, estreitando os olhos para conseguir enxergar melhor. Observei com cuidado cada canto de cada avião daquele pátio imenso em busca de homens escondidos. Forcei minha mente a tomar consciência e localizar tudo o que estava acontecendo a minha volta.

O pátio, ou pista de pouso, tinha uns vinte metros de largura, contando da porta até o painel. A pista que ficava no centro era imensa, ela seguia até onde meus olhos não a alcançavam mais. Dezenas de aviões estavam ali, o que seria um esconderijo perfeito para qualquer um a espreita. Eu e Caleb estávamos em uma clara desvantagem. E eu não fazia ideia do que fazer.

– Você não vai atirar na minha sobrinha – Caleb confrontou, tentando manter a voz firme. Meus olhos se esbugalharam no mesmo instante. O que Caleb estava fazendo? Desafiando um homem com uma arma na mão e que, com um estalar de dedos, poderia mata-lo?

– Quem vai me impedir, você? – David respondeu, praticamente rindo. Caleb lançou o seu olhar mais desafiador a ele, o que pareceu uma pequena provocação. David apenas rio de novo e gritou dois nomes que eu não conhecia.

Logo depois, dois homens grandes armados até os dentes saíram de pontos estratégicos perto dos aviões. Eles marcharam até Caleb, que começou a ficar branco assim que se deu conta do que iria acontecer. Fiquei pasma vendo eles segurarem meu tio pelos braços e o arrastarem contra a sua vontade.

Caleb se debateu, grito e tentou impedi-los. Porém logo o mais alto dos dois socou a boca dele, fazendo-a sangrar. E, assim que Caleb ficou confuso, o outro injetou um seringa em seu pescoço. Gritei algo como “Caleb!”, mas, assim que pensei em correr para ajuda-lo vi a arma de David apontada para mim em uma mensagem clara: se correr, você morre.

– O que você quer? – praticamente cuspi as palavras logo depois de perceber que aquilo era a coisa mais burra que eu já havia dito. Suspirei, mantendo o olhar firme e desafiador. David abriu um sorriso ambicioso enquanto me analisava meu corpo de cima a baixo.

– Baixe a sua arma – ele disse, em um tom controlado e desafiador que me irritou. Parecia que ele estava explicando algo extremamente simples a uma criança pequena. Cerrei os dentes antes de abrir a boca para falar.

– Baixe a sua antes – respondi, de forma rude, sem mover um músculo. Por mais incrível que pareça David fez o que eu mandei. Ele baixou sua arma de forma passiva e provocadora: tirou-a da minha mira e colocou-a em seu colo, esperando que eu fizesse o mesmo.

Respirei fundo. A minha desvantagem estava mais clara do que água e, considerando a situação, eu não tinha escolha. Minha vida estava nas mãos de

David. Baixei meus braços amortecidos de vagar, deixando a arma na mão direita com o indicador no gatilho.

De repente uma coisa estalou dentro de mim: eu só estava viva porque David queria alguma coisa de mim. Achei melhor acabar logo com aquilo.

– O que você quer? – perguntei, engolindo em seco e torcendo para dar tudo certo. Logo percebi que eu já havia dito aquilo, mas deixei para lá. Senti uma ardência em meu tornozelo, agora apoiado no outro pé, e mordi a língua para não gritar.

Meus instintos me diziam para correr, meu coração me dizia para atirar, mas a minha mente se perguntava “Como?”.

– O Diário – ele respondeu, sem rodeios e olhando dentro dos meus olhos. Mastiguei o interior da bochecha, contendo choques de dor e tentando pensar. David olhou para mim como se sugasse minha alma e completou – O diário de Natalie.

– Que diário? – devolvi, com uma inocência claramente foçada e perceptiva, apenas para irrita-lo. Estreitei o olhar e esbocei um sorriso. Logo outro choque de dor tirou-o do meu rosto. Mordi a língua, “pense Anna, pense”.

– Não sou burro. Sei que você está com ele – David pronunciava cada frase como se fosse uma facada. Engoli em seco e senti meus dedos se fechando em volta da arma e meu dedo chegando mais perto do gatilho.

Minha melhor arma era, com tida a certeza, enrola-lo. Minha vida estava nas mãos de David, eu tinha tudo a perder, e uma cidade a salvar. Fechei os olhos e rezei para FZ, Julia e meu pai estarem seguros. Torci para que meu pai não tivesse vindo me procurar e FZ estivesse escondido com a irmã. E tomei uma decisão.

– Porque eu o daria a você? – respondi, na defensiva. O diário estava comigo, na mochila, mas eu não iria entrega-lo, de jeito nenhum. David abriu um pequeno sorriso, como se estivesse jogando um jogo que ele tinha certeza que iria ganhar.

– Você vai entrega-lo a mim. – ele respondeu pausadamente e de uma forma extremamente arrogante. Cada centímetro do seu corpo dizia “eu vou ganhar”. Cerrei os dentes, não comigo por perto. David apenas suspirou e completou – Anna, não sei se percebeu, mas eu estou com a vantagem aqui.

Cerrei o punho que não estava com a arma e mordi a língua assim que o meu tornozelo deu sinal de vida. Respirei fundo, ele queria jogar? Então vamos jogar. Mas eu não desistiria sem lutar.

– O que eu ganho? – perguntei, daquela forma pausada, feroz e irritante. Minhas juntas já estavam ficando brancas e minha respiração era cada vez mais pesada. – O que eu ganho se eu te der o diário? – repeti, mais alta e confiantemente. – Você cancela o ataque?

– A sua vida – David respondeu, frio e impassível, com a fúria de um assassino. Estreitei o olhos. – Eu poupo a sua vida – ele não acreditava que eu iria cair naquilo não é mesmo?

“Me de o diário e eu te deixo viver” “Oh, claro David, como você quiser”. Eu coloco o diário nas mãos dele e...Pum! Eu levo um tiro. E...Bum! Chicago explode.

Sem chance.

A ideia me fez rir um pouco. Colocar um sorriso debochado e irritante na cara. Por alguns instantes eu apenas esqueci tudo que se passava ao meu redor, a dor no meu tornozelo e o fato de que eu estava prestes a ser morta. E apenas sorri, desafiando as leis da realidade.

Em rápidos segundos um plano relativamente simples se formou em minha mente. Um plano suicida. Senti meu estômago revirar. Afinal, eu tinha muita coisa para perder. Mas eu tinha que fazer aquilo.

– Você vai me matar de um jeito ou de outro – eu disse, pronunciando cada palavra com toda a coragem que me restou. Estufei o peito e segurei a arma com toda a força que eu tinha. Meu coração descontrolado combinava com a minha respiração ofegante e adrenalina corria pelas minhas veias – E eu não vou morrer como uma traidora!

Depois disso, tudo pareceu acontecer em câmera lenta.

Enchi meus pulmões de ar e foi como se o mundo ao meu redor tivesse parado. Juntei minha mão esquerda na direita, segurando a arma com firmeza. Tentei girar o corpo, mas meu tornozelo me impediu, fazendo meu corpo despencar.

Gritei. Mas eu não tinha nada para fazer. Disparei. Uma, duas, três vezes. Puxei o gatilho três vezes entes que cair no chão frio. Ouvi três estouros e torci para que o painel tivesse explodido.

Usei meus cotovelos para amortecer a queda, o que não foi uma escolha inteligente. Senti uma dor cortante subir pelos meus braços e gritei, percebendo que meu tornozelo havia virado. E eu estava no chão, vulnerável.

Fechei os olhos com força e tentei não pensar na dor de levar um tiro. Tentei não me agarrar a nenhum raio de esperança e apenas aceitar. O chão frio se estendia por baixo de mim e, em questão de segundos, eu levaria um tiro.

Com o coração a milhão, tentei sentar e abrir os olhos de vagar. Eu não morreria deitada e de olhos fechados como uma covarde. Foi quando eu vi. Vi a arma de David apontada para a minha cabeça. Apesar de tudo parecer um borrão, ele estava dez metros de mim e a sua mira era boa.

Juntei toda a coragem que eu tinha e deixei que ele envolvesse o meu coração. Apertei os lábios e tentei não chorar. Ela estava vindo me buscar, eu tinha certeza. Rezei para que todos ficassem bem sem mim e me preparei para levar um tiro.

Um estouro chegou aos meus ouvidos. Meus olhos acompanharam a arma disparando a bala, rápida como um raio, chegando cada vez mais perto de mim. Eu nunca havia me sentido tão impotente. Me preparei pra uma dor agonizante e uma morte rápida.

Mas eu não senti dor alguma.

Segundos antes da bala me atingir eu vi um vulto se jogando na minha frente. Não pode evitar: fechei os olhos. Esperei por uma dor agonizante, mas, por logos segundos, nada aconteceu. Então eu abri os olhos, e não pode acreditar no que vi.

A uns dois metros de mim havia uma figura estirada no chão, com sangue se espalhando ao redor dela. Quase tive um ataque cardíaco ao perceber que alguém havia levado um tiro por mim. E quase tive um segundo quando eu percebi quem havia levado um tiro por mim: Aquela estatura alta, musculosa e aqueles cabelos pretos bagunçados eram parecidos de mais para ser coincidência.

Corri, me arrastei ou tropecei, tanto faz, até aquele corpo. Lágrimas quente, violentas e raivosas molhavam, impiedosamente todo o um rosto. Me joguei em cima da figura deitada e envolvi suas bochechas frias com as minhas mãos, me recusando a acreditar que aquele era FZ.

Mas aqueles olhos de chocolate estavam ali para me confirmar: FZ havia levado um tiro por mim.

– Seu idiota! – gritei, soluçando. Meu choro havia se tornado violento e todo o mundo ao meu redor estava girando sem parar, tudo não passava de um borrão. – Por que você fez isso? – deixei quer minhas palavras se afundassem em um mar de lágrimas desesperadas.

Coloquei a cabeça dele no meu colo, passando a mão desesperadamente pelos seus cabelos bagunçados. Vi seu sorriso vacilar e quase explodi de alívio: FZ estava vivo!

Comecei a passar as mãos pelo seu corpo e notei que todo o sangue vinha de seu ombro. Pressionei as mão em cima do local, o que só as ensanguentou e aumentou o vermelho por todo o lugar. Comecei a chorar desesperadamente de novo. Vi que, em meio a isso tudo, FZ tentava murmurar “Anna”.

Então, eu calei a boca dele.

Segurei o seu rosto anguloso com as duas mãos e o beijei o mais ferozmente que pude. Colei meus lábios aos seus de uma forma voraz e desordenada, o que me lembrou muito o nosso primeiro beijo. Inclinei a cabeça um pouco para o lado em busca do encaixe perfeito e deixei que minha língua explorasse a sua boca.

FZ estava fraco, e eu sabia que não devia extrair mais energia dele daquele jeito. Mas eu estava pouco me ferrando. O beijei com toda a força que eu tinha e ele fez o máximo para corresponder. Minhas lágrimas entraram em nossas bocas e o sangue em minhas mãos escorreu por todos os lados, mas nossas línguas estavam em uma sintonia perfeita.

Eu só queria o amar pela última vez.

Nosso beijo se tornou mais lento enquanto FZ gemia, prestes a desmaiar. Quando nos desgrudamos um do outro e eu vi que ele estava prestes a desmaiar eu a abracei mais o mais forte que pude. Tudo o que eu conseguia fazer era murmurar “Não, não, não”. Mas FZ abriu um sorriso falho e murmurou com as últimas forças que lhe restavam.

– Eu te amo Anna...

Seu corpo amoleceu em meus braços e a minha respiração falhou. Meu primeiro instinto foi chorar, gritar com o mundo e beija-lo, tudo ao mesmo tempo. Mas meu lado racional me deu uma luz e eu coloquei o dedo em baixo do nariz dele.

Um chama de esperança se acendeu em mim: a respiração, apesar de fraca, estava ali.

Então, eu me lembrei de David. E saquei a minha arma. Tudo estava borrado por causa das lágrimas, mas eu sabia onde ele parecia estar. E, com as lágrimas descendo em peso, eu descarreguei a minha arma ali. Dei cada tiro com raiva, gritando, chorando e torcendo para que aquele filho da puta morresse.

E eu cai. Sim, eu já estava no chão, mas tudo pareceu desabar ainda mais. Me curvei sobre o corpo de FZ, chorando violentamente. Mandei o mundo a merda e deixei que todos aqueles sentimentos queimassem dentro de mim.

– Eu te amo FZ – sussurrei, entre soluços, olhando para o seu rosto pálido e desacordado, perdendo cada vez mais a cor.

Eu não sabia o que fazer. Tudo estava em ruinas. Tudo dentro de mim me incendiava . Ainda soluçando e clamando por ajuda, deitei no peito de FZ e o abracei. Tentei ouvir o seu coração batendo e me agarrar aquilo. Eu me sentia mais impotente do que nunca.

Não sei se eu fiquei ali parada, chorando, durante dias, horas ou minutos, ou se isso realmente importa. Mas me apeguei a cada batimento do seu coração, por mais fraco que fosse, a cada possibilidade boa que surgia dentro de mim e a cada chaminha de esperança, por mais improvável que fosse.

Deixei que aquelas brasas queimassem em meu coração. E, quando eu ouvi sirenes vindo em nossa direção, elas incendiaram.


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Notas finais do capítulo

E aí, o que acharam?
Infelizmente, hoje não vai ter trechinho...
O epi é meio curto, eu não quero dar muitos spoilers...
Bjss e nos vemos nos comentários



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