Anna Prior - Em Busca de um Passado Esquecido escrita por Isa Medeiros


Capítulo 17
Capítulo 16 - Um nome, em meio a outros mil


Notas iniciais do capítulo

Oieeeee leitores divosos!!!!!
Estou programando esse cap, porque, nesse sábado (no caso, hoje) eu vou estar viajando.
Então, eu não vou conseguir responder os coments de imediato, mas faço isso assim que voltar!!
Boa Leitura!!!



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Depois de fazê-los concordar com a ideia e sair do quarto ainda havia uma questão pendente: Onde poderíamos encontrar Juanita? Tudo o que eu tinha era um nome, em meio a outros mil...

– Ela deve estar...trabalhando em algum lugar? – FZ apresentou sua suposição óbvia. Eu revirei os olhos, o que íamos fazer, procurar de andar em andar?

– E se agente perguntasse para alguém? – Julia sugeriu. Dei de ombros, não era uma má ideia, mas ainda assim arriscada. E, pra falar a verdade, não podíamos ficar muito tempo ali, no corredor.

– Certo, vamos perguntar para alguém – decidi e nós três sorrimos, em concordância – Mas – hesitei, considerando outro ponto – temos que inventar uma mentira mais bem elaborada – FZ riu, assim como eu e Julia ficou confusa, sem entender.

– Pode deixar que eu falo dessa vez – ele disse e eu concordei com a cabeça. Fomos seguindo pelo corredor e entrando em outros, todos mudos. O ritmo do Departamento parecia ser bem intenso, vários cientistas, pesquisadores e programadores abarrotavam as salas com suas melhores caras de intelectuais.

Não tenho nenhuma necessidade de narrar todas as pessoas que abordamos para ”brincar de jornalista”. As perguntas eram sempre as mesmas “Você conhece a Juanita?” ou “Sabe onde uma mulher chamada Juanita trabalha?”. As mentiras, todas iguais, “É uma pesquisa da escola” ou “Para a escola, sabe?”. E as respostas, variavam de “Nunca ouvi falar” a “Acho que o fulano pode saber...”.

Por fim, depois de mais de meia hora de perguntas, uma alma iluminada respondeu a nossa pergunta com clareza e um sorriso no rosto.

– Se conheço? Sou casado com ela! – um cientista sorridente, aparentemente marido de Juanita, nos respondeu. – É para uma entrevista? Eu mosto onde ela trabalha. – ele confirmou. Era um homem um pouco a cima do peso, com os cabelos escuros, a barba aparada e grandes óculos que cobriam o seu rosto.

– Para o jornal da escola – FZ mentiu, sorrindo – Muito Obrigada – o homem sorriu e deu tapinhas no ombro de FZ, como que para incentiva-lo, eu reprimi o riso.

– Só uma coisa – ele advertiu – Ela não gosta do seu próprio nome, a chamem de Nita – concluiu, explicando o apelido. E, de certa forma, ela tinha razão em achar o nome Juanita horrível, Nita era bem melhor.

– Ok, vamos chama-la assim – confirmei, ainda sorrindo. O cientista, depois de um sorriso abundante e uma ajeitada nos óculos, começou então a explicar onde Nita trabalhava. Era no andar de cima, em uma ala específica de pesquisa genética avançada. Nós agradecemos e fomos em frente.

Depois de uma escadaria, dois corredores e uma infinidade de portas, finalmente achamos a do setor indicado. As paredes não eram feitas de vidro, como na outra sala, mas esta era bem até maior do que a anterior. Mais uma vez, haviam portas duplas, pintadas de branco e com escritas em cima.

Apesar do tamanho da sala, quase um apartamento pequeno, haviam poucas pessoas trabalhando nela. Cerca de seis cientistas concentrados, fazendo testes em máquinas complicadas, digitando no computador ou ao telefone, tentando conseguir material. Dentre eles, haviam duas mulheres e todos usavam crachás, assim, não foi difícil encontrar Nita.

Em contraste com as pessoas, máquinas, aparelhos de pesquisa e computadores estavam presentes com uma abundância extraordinária. Cada pesquisador ali presente tinha mais de dez aparelhos a sua disposição.

Li de cara o nome no crachá de uma ruiva ali perto e, assim que descartei aquela possibilidade, virei meus olhos para uma mulher ao fundo, com a pele um pouco morena e cabelos castanhos presos a um rabo de cavalo. Ela estava sentada em uma cadeira, com o rosto nas mãos, visivelmente frustrada, o computador estava aberto a sua frente e ela trazia um caderno cheio de anotações no colo. Aquela deveria ser Nita, a famosa, Nita.

Fiz sinal para que FZ e Julia me seguissem e fui andando a passos largos em direção ao fundo da sala, afinal, ninguém estava prestando atenção em nós. Eles me seguiram meio hesitantes, FZ parecia um tanto inseguro. Eu apenas dei de ombros e fui à frente fazendo sinal de “eu falo” assim que nos aproximamos mais.

– Com licença – comecei, com a voz baixa e o coração aos pulos, assim que fui me aproximando da mesa de Nita. Ela deveria ter a idade do meu pai, mas parecia muito mais velha, com o corpo exaurido, o rosto cansado e olheiras salientes. Nita demorou um pouco para notar a minha presença, mas quando o fez, foi com um suspiro.

– Desculpa menina – ela voltou o rosto firme, porém sem energias, na minha direção, e completou, com a voz rouca afiada como uma faca. – Não estou para conversa.

– Você se chama Nita? – insisti, mesmo com FZ me cutucando. Ela soltou um suspiro e acenou com a cabeça. Eu enchi os pulmões de ar e proferi, delicadamente, mas decidida, as palavras que mudaram sua expressão completamente – Eu me chamo Anna, e acho que você conheceu o meu pai.

– Anna? – ela levantou da cadeira em um salto, como se tivesse sio em empurrada. Um sorriso desabrochou em seus lábios, uma expectativa feliz era palpável em sai expressão – Filha de Tobias? – perguntou, com a voz ansiosa. Assim que eu ascendi com a cabeça, seu sorriso tomou proporções inimagináveis. Nita riu baixinho, com a vitalidade de anos antes voltando ao seu corpo de vagar.

– Você conheceu os pais da Anna? – FZ se pronunciou, afinal, depois que tinha dado certo, ele não podia ficar de fora. Ela continuou com a expressão feliz enquanto analisava FZ e Julia de cima a baixo. Pude ver que, por baixo do jaleco branco, ela usava uma calça jeans e uma blusa verde.

– Se conheço? Já fui... – ela abriu a boca como se fosse dizer “amiga”, mas a fechou de novo. Eu franzi o cenho, o que ela estava escondendo? – Amiga deles – concluiu, sorrindo artificialmente.

Eu e FZ nos entreolhamos, desconfiados. Depois de alguns instantes, dei de ombros, ele não pareceu se convencer, mas não disse nada. Vi uma pergunta se formando nos olhos de Nita enquanto ela observava FZ e a irmã mais uma vez.

– Esse é o meu amigo, FZ – comecei a apresentações, sorrindo também – E a irmã dele, Julia – apontei para cada um enquanto dizia seus nomes. Juanita os cumprimentou cordialmente, porém, quando voltou a se sentar, pousou seus olhos continuamente em mim.

– Anna... Você é tão parecida com Tobias – ela disse, entre suspiros e com uma voz sonhadora. Eu franzi as sobrancelhas, com Tobias? Não era o que diziam... Mas fiz o possível para sorrir – Tem todos os traços dele querida! – continuou acariciando a minha bochecha como se fosse uma tia que não via a sobrinha ha muito tempo.

FZ me olhou como se quisesse me alertar, eu dei de ombros, já estava alertada. Julia olhava toda a cena com uma ruguinha na testa. Já Nita não parecia notar o desconforto aparente de todos.

– E sobre Tris? – perguntei cautelosa e vi o sorriso em seu rosto diminuir – Você a conheceu? – continuei, curiosa. Nita franziu o nariz e pensou um pouco antes de responder.

– Tobias também a adorava – comentou, com a voz um tanto menos animada – Mas me diga, como ele está passado? – seu rosto de iluminou enquanto ela insistia no assunto. Eu suspirei, Tobias eu já conhecia, queria saber sobre Tris.

– Bem – respondi, um tanto irritada, mas decidi que valia a pena insistir – Me conte sobre a minha mãe, você a conheceu? – perguntei, com uma ansiedade palpável. Comecei a bater a mãos suavemente na coxa, como que para ter o que fazer. O sorriso de Nita foi desaparecendo gradualmente, ela revirou os olhos, não parecia estar disposta a responder.

Por um momento, o mundo ao meu redor caiu em um silêncio mórbido. É claro que na sala haviam outros barulhos, mas, naquele momento, eu já tinha ouvidos para a minha respiração ofegante em busca de respostas.

– Por favor – implorei, em voz baixa. Eu podia sentir o olhar de FZ me alertando que deveríamos sair logo dali. Tudo o que eu fiz foi ignora-lo – Eu preciso saber o que aconteceu com Tris, por favor me conte Nita – continuei, proferindo cada palavra com cuidado.

Vi algo passar pelo rosto da mulher, como se fosse uma sombra. Agora, não era só o seu sorriso que se esvaíra, todas as suas emoções também, dando lugar a novas. Nita cerrou os dentes, assim com os punhos, seu olhar foi se torando cada vez mais pesado enquanto a raiva a dominava. Por fim, sua língua cortante concluiu o trabalho.

– Fico feliz que aquela vadia tenha morrido!

Algo pareceu explodir dentro de mim, como se um vulcão em erupção estivesse se instalado em meu estômago e a larva começasse a borbulhar por todo o meu corpo.

“Vadia” eu podia ouvir ecoando nos meus ouvidos.

“Tenha morrido” eu escutava, cada palavra abrindo uma ferida no coração.

Então, nem respirar eu conseguia mais. O tempo parecia ter parado a minha volta enquanto eu borbulhava por dentro. Meu coração batia descompassado e ansioso, meu maxilar estava rijo e eu cerrei os punhos com força.

Ninguém chama a minha mãe de Vadia. Ninguém diz que foi bom ela ter morrido. Ninguém a insulta desse jeito. Ninguém.

A lava dominou o meu corpo mais uma vez. Então, eu não tinha mais controle sobre ele. A minha raiva me coordenava, a consciência tinha me abandonado. Tudo o que eu via era o meu punho direito com as unhas cravadas na palma, o narizinho bem desenhado de Nita e o sangue que iria sair depois daquilo.

Meu braço moveu-se sozinho enquanto a minha mente agraciava o movimento, quase batendo palmas. Minha força, que antes não era muita, agora recheava meus músculos tensos, aumentada pela sede de vingança.

Não tive nenhuma delicadeza quando meu punho entrou em contado com o seu nariz, mirando bem no meio. Ouvi um grito abafado, mas que foi sucumbido por “Vadia” “Quem bom que ela morreu”, que ecoavam em meus ouvidos, me dando energia e raiva para continuar socando aquele rosto de boneca.

Inicialmente foi só o braço direito, depois, eu descobri que se eu me jogasse em cima dela teria muito mais força. A cadeira caiu para trás, comigo em cima dela, fazendo-a bater a cabeça. Nita gritava. Eu não me importei.

A minha mão doía pela força, mas as palavras que ela havia dito doeram muito mais. O sangue de rubi já manchava as minhas mãos, mas eu estava sedenta por ele. Nita tentava de desvencilhar, mas eu a segurava com os joelhos e esperava uma oportunidade de quebrar seus dentes.

Então, quando eu estava perto do meu objetivo, senti mãos me segurando por trás e me puxando com força pelos braços. Lutei, tentei me desvencilhar, mas não foi possível, eram vários pares de mãos me afastando de Nita enquanto eu gritava e me debatia.

Algumas pessoas foram amparar Nita, as outras me seguraram. Eu gritei até ficar rouca, me debati até o cansaço dominar o meu corpo e gritei ofensas até a minha língua precisar se lavada com sabão.

Em meio as mãos que me seguravam, a minha raiva incontrolável e FZ tentando me acalmar eu senti uma picada. Uma agulha sendo colocada no meu pescoço, eu tentei tira-la enquanto empurravam o líquido para dentro, mas fui inútil.

Logo que o conteúdo da seringa entrou em minha circulação eu me senti mais dócil. Parei de me debater e fiquei me perguntando porque eu tinha feito aquilo. A sala foi se transformando em borrões, mas eu logo tive certeza de uma coisa:

Eu odiava Nita.


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Notas finais do capítulo

Quem mais gostou do final?
Eeeeeuuuuuuuu!!!!!!
Como eu sou meeega querida e quero compensa-los pela breve falta de respostas aí vãããão: Dois trechinhos!
"– Quanto tempo ela vai ficar assim? – FZ perguntou para o homem de jaleco, que mordeu o lábio, pensativo. Ele virou o rosto na minha direção com uma ruguinha de preocupação. Não pude deixar de sorrir, como aquela ruguinha era fofa!
– Um pouco mais de meia hora – o cientista respondeu, suspirando e completou – Não exageramos na quantidade – eu não dei a mínima importância para as suas palavras, afinal, quase nenhuma delas fazia sentido.
FZ continuava preocupado e eu continuei sorrindo para ele. Então notei Julia batendo palmas e rindo de alegria, ela parecia a única naquela sala que estava tão feliz quanto eu."
"– Ei, olha – FZ sussurrou, me cutucando. Estávamos em um corredor amplo, com algumas salas, mas, apesar disso, pouquíssimas pessoas. Virei na direção que ele estava apontando e imediatamente vi o que FZ queria me mostrar.
Uma das únicas pessoas no corredor, além de nós claro, era um homem meio...suspeito. Ok, ok, sem essa coisa de filme de mistério, mas convenhamos: o cara era alto, usava um chapéu mesmo estando dentro do Departamento e estava vestido de preto da cabeça aos pés, sendo que a maioria aqui se vestia de branco. Tem como não desconfiar?
E para completar ele tinha uma pasta na mão, uma barba mal feita e olhava no relógio sem parar. FZ franziu as sobrancelhas e apontou para aporta que levava as escadas, como se dissesse “Puta que pariu, vamos sair logo daqui”. "
Comentem, mesmo que eu demore um pouquinho pra responder!!!



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