Anna Prior - Em Busca de um Passado Esquecido escrita por Isa Medeiros


Capítulo 11
Capítulo 10 - Uma Dor de Cabeça dos Infernos


Notas iniciais do capítulo

SURPRESA!!!!!!
'Como assim, hoje nem é sábado, porque raios você ta aqui?"
Como eu disse: Surpresa!!!
Esse é o meu presentinho de final de ano pra vocês: Um capítulo "fora de dia"
FELIZ ANO NOVO QUERIDOS LEITORES!!!!
"Ok, mas...O próximo cap é nesse sábado mesmo?"
Sim, como eu já disse, esse cap é um presentinho, então tem todos os sábados.
"Ei, pera aí, como assim o título do capítulo é 'Capítulo 10 - Uma Dor de Cabeça dos Infernos' e não 'Capítulo 10'?"
Porque agora eu tenho mais uma coisa a anunciar:
Todos os capítulos da fic tem nome agora!!!!!!
Sim, eu vou editar os anteriores e a partir de agora....
"Legal, mais alguma coisa?"
Sim, tem mais uma:
Esse capítulo é inteiramente dedicado ao meu pai (mesmo ele nem sabendo da existência da fic porque eu n deixo), porque amanhã e o niver dele!!!
Agora, depois de toda esse enrolação, aproveitem o cap!!!!



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Eu não me lembro direito como eu cheguei até a cama, me cobri ou ativei o despertador. Lembro apenas de ter acordado de manhã ainda com as roupas da noite anterior, os cabelos bagunçados, uma dor de cabeça dos infernos e um hálito horrível.

Sentei-me na cama, tossindo até não poder mais e com uma vontade imensa de vomitar. Aquele embrulho no estômago só aumentou depois que eu fui revivendo a noite de anterior. Pareciam aquelas lembranças de filme antigo, vindo de trás para frente.

Primeiro eu correndo até o quarto, meu pai gritando. Depois eu chegando em casa, ele me mandando sentar. Então eu saindo da casa de FZ, correndo pelas escadas e depois... Depois... O nosso beijo. Aquela coisa molhada, estranha e especial que não saira da minha cabeça. Que droga! Uma menina normal confidenciaria para o seu melhor amigo, mas eu... Eu tinha beijado justamente o meu melhor amigo!

Lancei-me para fora da cama, sendo invadida por uma tontura repentina. Até cogitei ir para a escola às oito e meia, no segundo período, mas Tobias ia para o trabalho as oito, e eu não queria vê-lo.

Sendo assim me espreguicei e olhei a hora no relógio, seis e quarente e três, o sol ainda nascia tímido pela janela.

Fui até a cozinha e tomei um copo inteiro de água de uma só vez, tentando aliviar a minha confusão. Coloquei a chaleira esquentar para fazer um café que me permitisse ficar acordada e fui me vestir.

O nosso colégio nunca teve uniforme, afinal, sempre usávamos as antigas roupas das facções misturadas. Eu coloquei uma camiseta branca, uma bermuda laranja e um par de tênis cinzas meio gastos. Penteei meu cabelo louro até ele tomar jeito ficar pelo menos decente.

Ai pelas sete e pouco fiz um café preto bem forte, tão quente que me ardeu a garganta, mas, pelo menos, minha cabeça havia parado de me incomodar. Joguei a mochila sobre o ombro para sair de casa e, antes de girar a chave, me virei instintivamente para me despedir de Tobias.

Ele não estava lá.

Meu pai sempre acordava junto comigo, todas as manhãs, mesmo o seu trabalho sendo só as oito. Ele preparava o café e comíamos pão com alguma coisa e café preto, juntos, então Tobias se despedia, me desejando uma boa aula.

Era um gesto simples, uma rotina pré-definida, um capricho. Mas fazia falta, e muita. Senti o coração apertado, mas olhei para frente e girei a chave. No instante seguinte me dei conta, eu não podia simplesmente sair, sem nem tentar concertar, ou pelo menos um pedido de desculpas.

Respirei fundo e fui até a cozinha a passos lentos e melancólicos. Abri a primeira gaveta do armário, onde ficavam o papel e a caneta para a lista de compras. Suspirando, pequei um bloquinho qualquer e uma caneta preta que já estava falhando.

“Pai, desculpa por ontem, ok?”

Rabisquei, mordendo o lábio inferior e com o coração aos pulos.

“Beijos

Anna”

Assinei e arranquei a folha do bloco, devolvendo-o junto com a caneta para a gaveta. Com mais um suspiro reli o bilhete enquanto mastigava a parte interna da bochecha e olhava a hora para ver se eu não estava atrasada.

Depois de muitos minutos indecisos sem saber onde deixar aquele pedacinho de papel por fim escolhi um lugar perfeito. Enquanto eu levantava o pote de café percebi como as minhas mãos estavam trêmulas. Balançando a cabeça prendi uma pontinha do bilhete em baixo do mesmo.

Virei de costas decidida, mesmo estando ainda com os pés meio vacilantes. Então andei até a porta, passei por ela e a tranquei. Tentando acalmar o furacão de sentimentos que se desenrolava dentro de mim.

***

– Ei, Anna – escutei uma voz familiar me chamando enquanto eu passava pelos corredores de cabeça baixa. Uma voz tão familiar que pude saber que era ele antes mesmo da sua mão pousar em meu braço. Com aquele toque familiar de mais, característico dele, firme e delicado ao mesmo tempo, como se eu fosse um cristal raro, do qual ele precisava cuidar como todo o zelo e carinho possível. E aquela voz, mais familiar do que todas, aquele seu jeito único de dizer o meu nome, como se ele fosse importante, delicado e digno de uma rainha. Aquele seu jeito que me fez morder a língua para não correr e abraça-lo.

– Hum? – respondi com um tom de indiferença forçado de mais. Virei-me para encontrar seus olhos de chocolate me fitando com uma mistura de preocupação, felicidade e esperança. Cruzei os braços sobre o peito, a vontade de me pendurar em seu pescoço estava ficando incontrolável. Vi então aquele sorriso unicamente seu brincar nos lábios de FZ.

– Anna, você sabe – o sorriso foi desaparecendo gradualmente de seus lábios. E de novo, sem nenhuma explicação aparente, o jeito que ele disso o meu nome me fez derreter feito manteiga quente. Não que não houvesse um certo...constrangimento entre nós. Uma certa distância. Quer dizer, a dois dias atrás eu teria me pendurado em FZ sem hesitar, mas depois do nosso beijo... – Precisamos conversar – ele completou, comprimindo os lábios em uma linha fina.

– Não... – tentei falar, mas a minha voz saiu ridicularmente falhada. Senti minhas faces corarem. Precisávamos falar sobre o que? Sobre o nosso beijo? Sobre isso não se fala, se esquece. Senti minhas unhas cravadas no meu braço esquerdo e o maxilar rijo. Então eu respirei fundo, tentando formular a frase seguinte com a maior calma o possível – Não temos sobre o que conversar – completei de um modo um tato mal educado. Minha voz saiu estranha e grosseira.

– Anna... – FZ sussurrou, com um possível tom de repreensão. Ele me olhou nos olhos, dizendo a mim tudo o que não podia ser verbalizado. Então FZ esticou a mão com delicadeza em direção a minha bochecha, para acaricia-la gentilmente, porém, no meio do caminho, ele hesitou, como se o gesto fosse íntimo de mais. Mordi o lábio, será que as coisas entre nós tinham que ser tão difíceis?

– Agente tem que ir – comecei, tentando mudar de assunto, mas com a voz visivelmente tensa. Depois de alguns segundos uma ruguinha de dúvida apareceu na testa de FZ, acabei me dando conta da frase pouco especificada e continuei – Hoje, e você sabe para onde – completei, dando sentido a afirmação.

– Tem certeza? – a expressão de FZ se suavizou vagarosamente, pelo visto, a tensão entre nós havia diminuído um pouco. O que, é claro, não deixou a minha vontade louca de abraça-lo menos intensa do que antes. Fiz que sim com a cabeça, determinada. FZ não pareceu querer discutir. – Certo, mas tem um lugar que eu quero que você veja antes disso. – ele completou enquanto aquele sorriso voltava a brincar em seus lábios.

– Hum... Certo – depois de hesitar por alguns segundos decidi confiar cegamente nele, ou nem tanto. – Que lugar? – lancei a pergunta se nem perceber que eu sorria também, quase tão radiante quanto ele. Respirei fundo, esperando a sua resposta.

– Acho que você sabe – ele respondeu, exibido aquele seu sorriso que parecia trazer luz ao cômodo. Então FZ me puxou pela mão, para que fossemos até a sala de aula. Só de sentir o seu toque meu coração já bateu descompassado. Sem tirar os seus olhos de mim em nenhum momento ele foi me puxando para frente e diminuindo o passo para que eu andasse ao seu lado.

FZ passou o braço pelos meus ombros, me abraçando de lado como se fosse a coisa mais natural do mundo. Eu senti as minhas bochechas quentes e as pernas bambas assim como senti uma sensação de extrema comodidade me invadindo, talvez o nosso beijo não tivesse abalado a amizade tanto assim.

– Tipo um encontro, sabe? – ele se abaixou para sussurrar no meu ouvido, afinal FZ era alto. Senti seus lábios roçarem na minha orelha, lembrando-me imediatamente dos mesmos em minha bochecha e depois em minha boca.

Quase cai para trás depois de processar a frase direito. Parei de andar e senti meus olhos se arregalarem e as minhas bochechas esquentarem. Olhei desesperadamente para os lados, temerosa com a possibilidade de alguém ter ouvido.

Se ele estava falando sobre o lugar que passou pela minha cabeça FZ realmente lera a minha mente. Fiquei um pouco espantada, afinal, telepatia entre “amigos” era algo assustador.

– Fica quieto – dei uma cotovelada fraca nas costelas dele. Eu ri nervosa e completei já com as palmas suando – Nós somos só amigos. – falei, dando um ênfase no “só”.

FZ riu e arqueou as sobrancelhas abrindo um sorriso. Logo em seguida me lançou um olhar do tipo “acho que nós nos beijamos né...”. Revirei os olhos, por que raios aquele sorriso tinha que ser tão encantador?

***

Encarei a mochila preta aberta na minha frente sem ter nenhuma certeza sobre o que levar. Isso sempre acontecia comigo, não importa o quão organizada eu seja sempre faltava alguma coisa. Então em nunca sei o que colocar dentro da bendita mochila.

Sempre gasto alguns minutos precisos encarando-a em cima da cama sem saber que raios levar e com medo de não estar preparada. Acontece que agora a questão é diferente, bem diferente.

Eu não tenho ideia do que vou precisar e não é como se uma escova de dente pudesse ser facilmente substituída por um dedo ou como se eu pudesse pegar alguma roupa emprestada. Uma coisa faltando pode ser questão de vida ou morte.

Ok, eu estou dramatizando, mas é realmente mais arriscado. E devia ser por isso que as minhas mãos estavam tremendo tanto. Eu queria estar preparada pra tudo, só não sabia como.

Suspirando comecei com os calçados, para colocar no fundo. Um tênis extra e um chinelo já seriam a suficiente. Repensando um pouco cheguei a conclusão de que eu não podia carregar muito peso e tirei os dois do fundo, iria me virar com o que eu tinha.

Comecei com uma toalha de banho, calculando que seria útil. Depois fui empilhando as roupas. Escolhi as mais escuras, três mudas, um abrigo todo preto para aquele dia e outras duas na mochila. Mais lingerie e meias.

Meu coração parecia prestes a rasgar o peito a qualquer instante de tão forte que ele batia. Tentei respirar fundo enquanto em pegava uma lanterna e pilhas extras.

Fiquei tentada a pegar o meu canivete e ir procurar alguma arma nas coisas de meu pai, mesmo que a situação me causasse calafrios. Mas disse a mim mesma que faria isso depois, bem depois. Havia uma coisa mais importante antes de tudo: a comida.

Fui até a cozinha e comecei a empilhar todas as barrinhas de cereal, bolachas e qualquer coisa não perecível que eu encontrei. Fiz também alguns sanduiches e coloquei um pote, torcendo para quem não estragassem. Depois de algumas maças e uma garrafa d’agua senti que era o suficiente e coloquei tudo na mochila.

Tamborilei os dedos sobre a mesa da cozinha encarando a gaveta das facas. Franzi o nariz, eu já havia colocado o meu estojo o com o canivete, isqueiro e fósforos na mochila, e eu definitivamente não tocaria na arma do meu pai, mesmo sabendo usa-la.

Suspirei, por fim cedendo ao meu lado mais brutal e abrindo a maldita gaveta. Olhei para as facas de cozinha e escolhi a maior, embainhada, sem nem testar o fio. Aquela deveria servir, tinha que servir.

Coloquei-a na mochila. Assim como uma escova de dente e uma capa de chuva. Não sabia se eu estava preparada, mas parti do pressuposto que sim.

É claro que era muito errado partir daquele pressuposto tão otimista. Eu não sabia o que encontraria ou o que levar. Estava mais despreparada do que nunca. Fugir de casa como eu faria era uma completa idiotice. Minha única motivação era o porquê, as informações que eu encontraria lá. Por isso sim valia correr o risco.


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Notas finais do capítulo

E aí, o que acharam?
Gostaram desses novos nomes dos capítulos?
Querem um trechinho do 11?
Mas sei lá, só faltam 4 dias, acho que não precisa...
Beijos e nos vemos nos comentários!



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