Anna Prior - Em Busca de um Passado Esquecido escrita por Isa Medeiros


Capítulo 1
Prólogo - Seu coração doía como nunca antes


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo foi betado pela minha amiga Gabi.Espero que gostem!Ps: Só o prólogo é em terceira pessoa



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Pela primeira vez em toda a sua vida os passos de Tobias pareciam levemente hesitantes. Ele estava andando no modo automático, totalmente em choque. Seu coração doía como nunca antes.

Tobias passou pela porta no necrotério com uma lágrima traiçoeira escorrendo por sua bochecha gelada e inexpressiva. Ele limpou rapidamente e foi correndo até corpo. Tobias não aquentaria mais um segundo se quer londe de sua amada. Estando ela viva ou morta.

O rapaz tocou a testa de sua amada suavemente, como se quisesse conferir que ela estava mesmo morta. Tobias tentava acreditar que aquilo era só um pesadelo ruim, cruel e torturante. Queria muito acreditar que acordaria ao lado de Tris, que ela abriria um grande sorriso sincero e o beijaria dizendo ‘Bom dia Quatro. Dormiu bem?’.

Mas não, Tris estava morta.

Pálida.

Sem vida.

Dormindo um sono infinito.

E aquilo doía, doía muito.

Os passos de Matthew eram quase inaudíveis. O jovem cientista não se fazia notar e nem queria isso. Ele conhecia a dor de perder alguém e não queria atrapalhar Tobias. Suas pernas estavam levemente tremulas de cansaço e seu rosto exibia enormes olheiras. Tobias surpreendeu-se ao vê-lo ali do seu lado. No momento ele não sabia se sacudia Matthew ou chorava na frente dele.

– Olha... Eu sei o que você está passando... E não é nada fácil, mas... – Começou colocando a mão no ombro de Tobias e recebendo um olhar fuzilante do amigo. Matthew tirou a mão com um cuidado exagerado e suspirou antes de continuar – Precisa ver uma coisa – Completou rapidamente.

Tobias suspirou e acenou com a cabeça, cansado demais para falar alguma coisa. Cada centímetro do seu corpo estava coberto por um véu negro de tristeza e ele não entendia o que seria tão importante a pondo de Matthew interrompe-lo daquele jeito. Tobias deu uma última olhada no corpo de Tris antes de seguir Matthew.

O cientista o guiou com passos lentos e vacilantes. Todo o departamento parecia mais ‘morto’ do que o normal. Ou mais esquecido se preferir. Tobias se concentrava em fazer o seu coração simplesmente bater, mas nem isso ele podia fazer direito. Cada passo doía como chumbo entranhando e consumindo lentamente suas veias, o devorando por inteiro e levando o seu espírito vulnerável para um poço de agonia sem findo nem volta.

Matthew passou um cartão branco, com alguns leves detalhes em azul e escritas estranhas em preto, pendurado em seu pescoço em uma máquina qualquer próxima a uma fechadura. Com um sinal de luz verde a porta destrancou, emitindo um clic. O cientista empurrou-a e passou para dentro fazendo sinal para que Tobias entrasse também.

A sala que também servia de laboratório tinha todas as paredes brancas, não totalmente impecáveis, alguns arranhões e leves marcas de sangue respingado mostravam uma operação recente. No meio da sala havia uma maca com os lençóis recolhidos, mas ainda um pouco suja. O cômodo não tinha nenhuma janela. Com só uma porta e um quilo de apetrechos médicos, ela ficava com um semblante um tanto estranho.

Mas o que realmente chamou a atenção de Tobias foi algo que se assemelhava a uma incubadora, porém mais avançada. A máquina estava ligada a fios diversos e inúmeras tomadas. Tobias andou alguns passos para ver o pequeno bebê fragilizado, um feto, diga-se de passagem, envolto por um líquido que o sustentava e com vários fios ligados a ele.

Tobias olhou para Matthew com uma pergunta nos olhos negros e sem vida como dois redemoinhos latejantes. Matthew pigarreou várias vezes e , antes de falar, mordeu o lábio, um pouco receoso. Ele oficialmente nunca havia dado uma notícia daquelas e não sabia como começar. – É bom... Você provavelmente conhece os soros e... Bom, existe um tipo de soro muito forte e... – Matthew gaguejou um pouco tentando explicar.

Vendo que aquilo não levaria a luar algum Tobias perguntou – Quem é a mãe desta criança? – No momento ele queria gritar com Matthew por ter o tirado do necrotério daquele jeito e voltar para o que sobrara de sua amada, mas se conteve.

– Ela está morta – Matthew respondeu apertando os lábios e soltou tudo de uma vez – Escute: quando morreu a mãe da criança estava no início da gestação, bem no início. Porém existem determinados tipos de soro muito fortes sob os quais não temos controle dos efeitos. A mãe foi exposta a um desses soros minutos antes de morrer. E-ela foi b-baleada. Mas esse soro estimulou a gestação em cerca de cinco meses. – O cientista fez uma pausa e engoliu em seco suando nas palmas de nervosismo – Como a bala atingiu-a um pouca acima do útero, conseguimos tirar o feto de dentro da mãe. Por um milagre a garotinha não nasceu morta. Depois de algumas horas e graças à tecnologia ela escapou com vida. Não sabemos se sobreviverá por mais de uma semana, mas... Achei que gostaria de vê-la antes de...

Matthew não precisava falar mais nada. Tobias já estava com os olhos levemente marejados. Ele sentia uma pequenina chama de alegria sendo devorada por um mar de angústia. Tobias não sabia se ficava feliz com um pedacinho de Tris ainda na terra, ou se se enraivecia com o destino por ter-lhe dado mais uma vida apenas para tira-la.

Ele foi chegando perto do vidro e depositou a sua mão levemente sobre ele, fazendo-o embaçar. Seus olhos estavam grudados na filha. A pequenina parecia feita para segurar uma arma.

– Bem vinda a ‘família’ pequena Anna – Tobias sussurrou da melhor forma que pôde. Seu coração parecia prestes a explodir. Uma lágrima caiu no vidro, segundos antes de ele completar – Mesmo que seja por pouco tempo, afinal, uma tocha que brilha com tanta intensidade não é feita pra durar.


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Notas finais do capítulo

E a, gostaram?Sugestes?Comeeentem!