O Trono de Gelo escrita por DISCWOLRD


Capítulo 29
As Três Rainhas


Notas iniciais do capítulo

Pessoal me desculpem pela demora, faltei com vocês. Estive morrendo jogando Dragon Age (ainda estou) e meio com bloqueio. Mas prometo acelerar mais e este domingo terá cap!



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OST


Ezreal observou o espelho com atenção. Era diferente de qualquer outro que ele já tinha visto. Aquilo era vidro – e, contudo, não era. Estendeu a mão devagar para tocar a superfície, mas para sua surpresa seus dedos atravessaram a estrutura. Analisando a superfície, notou uma luz trêmula nas profundezas do vidro. Ele olhou para trás e depois para o espelho, e percebeu que mostrava mais do que simplesmente estava na câmara.


— Isso realmente é seguro? — Perguntou Ezreal sem tirar os olhos do espelho
— Bem, você ainda não está morto, então acho que sim.
— Isso não foi animador — Ezreal se virou para Gregor — eu estive pensando... sabe... eu realmente posso morrer aqui... então, como você é um fantasma... bem... como é a sensação de morrer?
— É impossível explicar.
Ezreal franziu a testa
— Deve haver alguma coisa que contar — Tentou
— Por acaso você consegue descrever a sensação de nascer? O mesmo ocorre com o morrer. Meu jovem, antes que vá, Há uma coisa que precisa saber antes.
Ezreal assentiu e endireitou-se. Gregor levantou a cabeça, e o rosto dele fez Ezreal enrijecer. Estava com uma expressão seria.
— O que você sabe sobre Lissandra? — Perguntou Gregor


A pergunta pegou Ezreal desprevenido. Respirou fundo, as unhas deles arranharam a calça. Com um longo suspiro ele contou sobre o encontro dele com Lissandra. De como ela se apossou do corpo do troll e sobre o tema da conversa. Gregor não expressou quaisquer emoções, apenas pequenas afirmações com a cabeça davam a Ezreal a resposta para continuar.


— Tinha certeza que era realmente a bruxa?


Ezreal assentiu. Nunca tinha estado com Lissandra pessoalmente, apenas ouviu descrições e estudou desenhos dela, mas o efeito de sua voz que produziu nele foi de tal forma poderosa, que não lhe restava qualquer dúvida que era de fato a Bruxa Gélida.


— Entendo. O que sabe sobre ela?
— Eu não sei — Respondeu Ezreal com olhar para o chão — Que ela é má e que deve ser detida. Mas no final, não sei o que acreditar, eu fui arrastado para isso. Eu não quero fazer parte de uma guerra, mas se posso impedir de muitos morrerem.

Gregor ficou quieto por um instante. Mesmo sendo um espectro e como tal esvanecido, podendo se ver a parede através de seu corpo azulado, tinha os olhos nítidos. Os olhos estavam duros como pedra. O antigo guardião examinou Ezreal, com o seu olhar penetrante e incisivo.


— Qual o lado certo e errado nessa guerra? — Perguntou ele. Ezreal manteve-se em silêncio. Desviou o olhar para baixo com a testa engelhada e pensativo. Era uma decisão difícil por quase impossível para ele. Não havia certo ou errado, mas aquela pergunta abriu uma questão. Se fosse para impedir a guerra, teria que escolher um lado vencedor? Seria Anivia que escolheria, mas, se não fosse, se ele tivesse que ter esse poder. Era uma perspectiva assustadora. — Quero que tome essa decisão de livre vontade, garoto — continuou Gregor — você que decide o seu futuro. Não pretendo expor mentiras ou meias verdades. Você não faz parte disso, não pertence a essa guerra, não pertence a essa terra, mas mesmo assim foi lhe dado esse poder.
— Então o que devo escolher? — Suplicou o jovem — Eu não sei. Eu só quero fazer o que acho certo. O que todos dizem sobre a bruxa é verdade ou que foi dito até hoje é mentira?
— Uma verdade enfraquece quando tenta esconder uma única mentira, e uma mentira fica mais poderosa quanto mais verdades tenta esconder.
— Então o que é Lissandra, vilã ou heroína?
— Ninguém vira um "vilão" do nada, nenhuma mente de vilão é formada sem passar por muito sofrimento e rejeição da sociedade. A sociedade cria seus próprios vilões e depois querem simplesmente "eliminá-los". Essa é uma realidade que a sociedade prefere ignorar. Fazem séculos desde que me tornei um guardião, um espirito. Como tal, imune aos intemperismos da idade. Testemunhei muitas coisas. Ao mesmo tempo que questionei. Estudei os domos e livros, mesmo recluso as ruinas de Howling Abyss, pude juntar os fatos e chegar a uma parte da verdade. Agora escute com atenção;

Séculos atrás, Lissandra traiu sua tribo, deixando-a sob os cuidados de criaturas más conhecidas como os Observadores Gélidos, em troca de poder. Esse foi o último dia em que correu sangue quente em suas veias. Com o contingente de sua tribo corrompida e a força dos Observadores, ela devastou a terra como uma terrível nevasca. Ao passo em que seu império crescia, o mundo se tornava mais frio e o gelo sufocava a terra. Quando os Observadores foram derrotados por heróis do passado, Lissandra não perdeu a fé e jurou preparar o mundo para o retorno deles.

Foi assim que nos contaram, foi assim que cremos. Mas nunca acredite naqueles que contam as histórias, apenas nas histórias.

OST


Há muito tempo, antes da união sobre reinado das três irmãs. Antes que o deserto engolisse Shurima. Foi à era de trevas em que Celtus reinou sobre o Trono de Gelo. Freljord era uma terra fragmentada, aonde as guerras de tribos conduziam uma era brutal. A guerra civil engoliu Freljod como um dragão insaciável. Por anos, pilhagens, dor e sangue foram às únicas coisas que regiam sobre a terra branca.
Celtus ergueu seu império negro. Fanático pela vida eterna; ordenou que seus magos e feiticeiros buscassem o poder para tal fim. A qualquer custo. Celtus escravizaria toda Freljord para isso.


Em um vilarejo. Uma fumaça negra se elevava até o céu como uma coluna escura. Cadáveres de pessoas estavam espalhados pelo chão, muitos com flechas cravadas pelo corpo. Frutos da violência dos homens do Rei Negro. Uma pequena garota caminhou gritando por sua mãe, tentando evitar os corpos de seus familiares pelo chão. A garota se deteve em estado de choque, as lágrimas lhe escorreram pelo rosto.


O que chamou a atenção da menina foi a enorme cruz de madeira erguida. O queixo da mulher caia sobre o peito. Ela estava nua, mãos e pés atados à madeira com força. Tinha profundas feridas pelo corpo, frutos de uma intensa tortura. A menina gritou, era sua mãe. Sozinha. Ela cresceu como uma escrava sem clã. A crueldade de seu senhor, era intolerável. A única coisa que ainda lhe restava era seu nome... Lissandra.

Os observadores foram até ela. Um momento especial, um evento que mudaria sua vida, apesar dela não entender o quão poderoso aquele acontecimento seria na hora em que aconteceu.

A garota, esquelética e aparentando não mais que oito anos, saiu do beco. O lindo rosto manchado de sujeira. Ela se esgueirou até a rua mais a frente. A menina ignorou os olhares de rejeição e nojo dos adultos. Ela lançou um olhar de raiva para o homem gordo quando esse lhe jogou no rosto uma laranja. Cheiro de comida exalava das barracas, e o estômago da menina roncou ligeiramente. Um velho esfarrapado com uma longa barba que lhe batia no peito. Ele gritou com a voz rouca.


— Cuidado com a vinda dos malignos! — gritava o mendigo — Os observadores estão vindo! — Um grupo de meninos estava reunido do outro lado da rua. Um deles cutucou o outro e apontou para o velho. Eles riram e foram cercá-lo.
— Sai do meio da rua, velho — disse um deles.
A cabeça do mendigo balançava para trás e para frente, encarando fixamente seus rostos.
— Vocês estão condenados!
Os meninos riram novamente, revirando os olhos uns para os outros. Então outro pegou a trouxa de coisas do homem, e as mãos do mendigo começaram a se agitar tentando recuperá-la enquanto os garotos a jogavam para um lado e para o outro.
— Deixem ele em paz — disse Lissandra.
Os meninos se viraram para encará-la.
— Olha só! — exclamou o líder, se aproximando dela. Ele era maior que o resto — O que quer com velho? É seu pai, é?
Lissandra engoliu seco, mantendo-se em silêncio, mesmo jovem o garoto era bem maior que ela e sua sombra a encobria totalmente.
— Ei, tô falando contigo. — Disse o garoto empurrando-a
Os outros zombavam, trocando risinhos.
— Eu não gosto de você — afirmou a menina. — Você é feio aqui dentro. — Ela tocou o peito magro.
Ele apertou os olhos, e o sorriso desapareceu.
— Bem, você é feia por fora — retrucou, um pouco mais irritado. — É uma escravinha do senhor Hurg, o fenticeiro.
Os outros meninos gritavam e gargalhavam
— Olha, eu também não gosto de você — sussurrou baixinho. Ele a cutucou novamente. — Ninguém gosta. Você é ninguém.
Ela odiava ser chamada disso. De ninguém.
— Não me toca — gritou Lissandra, quando encarou o garoto, ele deu um passo involuntário para trás. Os olhos dela continham uma escuridão cintilante, uma profundidade que fazia os outros se afastarem, incomodados. Lissandra não sabia porquê, sabia apenas que as pessoas viam algo de perturbador nela, e nas coisas estranhas que aconteciam quando estava por perto. Aparentemente ela era como um amuleto de azar. Os garotos recuaram amedrontados por aquele olhar...

Assim sua vida prosseguiu...

Ela corria pelas ruas de sua pequena cidade com uma encomenda para seu mestre Hurg, o feiticeiro poderoso e desumano, conhecido por ser cruel com seus servos. Estava apavorada com a perspectiva de encarar a chibata por causa daquele atraso quando resolveu cortar caminho pelo bosque. Mas a neve estava espeça demais para sentir a armadilha que viria mais a frente. Aflita, ela não tomou conta da raiz retorcida parcialmente enterrada na neve. Na corrida, seus pés bateram contra ela e a jovem Lissandra foi jogada para frente em direção à correnteza.


Dentro das águas revoltosas, ela foi jogada de um lado a outro com violência e afundou mais e mais até que sua consciência ameaçou abandoná-la por completo. As trevas e a falta de orientação eram totais. Havia uma sensação de movimento rápido. Seus membros batiam nas protuberâncias rochosas à medida que o rio a arrastava.


E então...


Seus dedos encontraram apoio. Ela agarrara uma grossa estalagmite e agora se esforçava, resistindo à correnteza. Ela emergiu a cabeça e aspirou todo o ar que conseguiu. A água em seus olhos não lhe permitia ver nada, e mesmo depois de esfregar o rosto com o braço, sua visão não clareou. A correnteza havia levado ela para uma gruta. O ar era frio ali embaixo. Lissandra tateou com o pé e sentiu uma parede de pedra.


Ela se sentou, dando ao corpo um momento de descanso. A área próxima se abria para o que parecia um emaranhado de túneis e grutas. Algas luminescentes recobriam as paredes, estalactites, estalagmites, colunas de pedra e partes do teto. A luz delas fornecia um brilho estranho e sobrenatural e tornava tochas desnecessárias.


Foi então que ouviu uma voz...


— Eu não recebo visitas.
A pequena Lissandra tentou se concentrar
— Eu posso sentir algo estranho — disse novamente — Que razão traz um mortal até mim?
— Onde estou? Quem é você? — Perguntou. Não havia temor em sua voz
— Por décadas essas paredes mofadas tem sido minha masmorra. Por anos, encontrei mortais aos quais me serviram muito bem em conhecimentos. Eram todos iguais, fedendo a medo. Mas você... Diferente. Posso sentir um poder. Diga-me, seu nome criança humana.
— Lissandra.


O mestre dela certamente a espancaria, mas isso não era novidade. Já estava acostumada com o estalar do chicote. Ela se pôs de pé e se dirigiu até a voz e esse foi o momento que mudou sua vida para sempre. Tinha sido tratada como lixo, ignorada, espancada e considerada praticamente uma inútil durante a juventude. Mas pela primeira vez, sentia algo estranho dentro de si, algo despertado por aquela voz quase gutural.


Ela não teve noção, do tempo que passou ali, dias, semanas, horas. Era como se o próprio tempo não existisse. O monstro a interrogou e sempre ela respondia, sem medo, sem temor. Mesmo que não enxergasse o ser diante de si, pode sentir o seu toque. Como tentáculos deslizando por seu rosto. A cada toque uma rajada de poder navegava por seus nervos.


— O que você acaba de aprender sobre o mundo onde vive é uma revelação — afirmou a besta.— Você é um dos mais raros dentre os humanos: um daqueles que podem enxergar através das ilusões criadas pelos outros. Runeterra não é a realidade que eles querem que você acredite, mas você não é mais cega aos jogos que eles jogam. Por isso, foi escolhida.


Ela tentou falar, mas não conseguiu. Todos os músculos de seu corpo estavam rígidos, os tendões se destacando no pescoço. O monstro sussurrou algumas palavras que ela não conseguiu compreender. Então sentiu seu braço queimando, uma runa foi traçada no braço dela, que ardia com o toque do tentáculo tal qual um ferro incandescente. Então ela viu, um grande olho diante de si, que a fitava com malícia e a consumiam. Aquele olho brilhava com uma luz inumana. Ele era infinitamente poderoso de uma forma que a deixava à deriva de seu próprio ser, por fim ela mergulhou nele como se fosse um lago.


O dia seguinte ela acordou sobre as escadarias de seu mestre. Mas dessa vez ela não temeria as chicotadas, ela tinha um novo mestre. No tempo que se passou, Lissandra trabalhara como ajudante de um membro do clã de magos. Também ficara obcecada pelos textos antigos ao descobri-los na biblioteca do mestre. A magia contida nos livros era poderosa, com profecias impressionantes. Lissandra estudara em segredo, aprendendo a criar novos livros a partir dos velhos.


Ela era uma líder natural, e rapidamente tomou a frente do grupo. Organizaram sessões noturnas de estudos, ensaiaram alguns dos feitiços dos livros que encontraram. Lissandra encorajou-os a aprenderem, mas ela tinha um poder e talento brutos que nenhum dos outros possuía. Ela compreendera os profundos conhecimentos contidos nos antigos textos. Quanto mais os estudava, mais persuadida ficava de que poderia utilizá-los em benefício próprio.


Os anos passaram e ela trabalhou em segredo para eliminar do mundo todo o conhecimento a respeito dos Observadores. Usando magia para ter forma humana que quisesse, ela se fingiu de numerosos anciãos e videntes.


A história conta que ela manipulou os Praeglacius para distorcer as tradições da tribo para se tornarem mais cruéis e perversos. Foi assim que contaram, mas não foi assim que aconteceu. Em um ataque de fúria Lissandra matou seu antigo mestre feiticeiro pelo abuso com seus escravos. Tomando para si os Praeglacius. Ela distorceu os antigos costumes de escravidão.

— Mas quando sua forma humana envelheceu, ela não fingiu a própria morte e assassinou sua sucessora para roubar sua identidade? Foi assim que ouvi. — Perguntou Ezreal


Gregor abanou a cabeça


Sua sucessora, que já não conseguiria viver por muito tempo pela doença, ofereceu seu corpo para sua mestra Lissandra que com o seu poder conseguiria expurgar a doença. Lissandra relutantemente aceitou o corpo. Os Praeglacius viveram em paz, o mundo ainda os vê como uma tribo nobre e pacífica que o protege contra criaturas malignais, tais como a Bruxa Gélida. Ansiando pelo glorioso retorno dos Observadores.


Mas Celtus, o Rei Negro, se virou contra os Praeglacius na sua tentativa de escravizar todo o mundo civilizado. Apenas três clãs resistiam ao rei. Os Praeglacius de Lissandra, O clã ao sul liderados por Avarosa e ao norte liderados por Serilda. Os três clãs se aliaram, conhecido como a aliança das três irmãs. Lissandra, Serilda e Avarosa. Juntas resistiram às tropas do rei.
Eu estava lá, na batalha de Morun. As três irmãs venceram as legiões de Celtus. Naquele dia não ouve celebração ou canção, pois as perdas estavam acima de qualquer luto. Poucos sobreviveram. Mas naquele momento de pesar, foi quando eu as vi, no topo da colina, as três juntas e sabia que ali estava o futuro de nossa terra. Juntas, uma trindade, ergueram e libertaram Freljord. Governaram com justiça e benevolência. Estes eram bons tempos.


Naqueles tempos ainda eram companheiras e pensavam que escreveriam juntas a história de Freljord pra sempre. Líderes de um novo mundo, baseado nos princípios bons que haviam adotado. Mas Lissandra não pensava assim realmente, tinha entendido tudo segundo a própria visão corrompida dos Observadores.


Lissandra foi corrompida, ela tinha outros planos. De início não percebemos. Seguíamos cegamente. Ela nos liderou em missões para encontrar artefatos. Lissandra tinha visões proféticas de lugares antigos a serem explorados. Ela nos fazia acreditar e prosseguir, nos dando coragem mesmo quando encontrávamos demônios, pois ela sabia lidar com os monstros. Lissandra conhecia os feitiços certos, e os demônios se rendiam a ela. Mas, a cada novo artefato encontrado, ela ficava mais poderosa, suas intenções mais sombrias, sua obsessão com o conhecimento mais intenso.


Ela começou a falar de uma nova visão sobre uma Freljord grande e gloriosa. Organizava discursos aclamados sobre o futuro da nação. Avarosa negou segui-la, enquanto Serilda a apoiou. Então os observadores chegaram, eles nos mudaram, nos transformaram em Glassinatas. Nós servimos aos observadores de boa vontade. Nós conquistamos Valoran, todos os lugares que íamos, os homens nós temiam e o gelo nos seguia. Construímos um império poderoso, mas que não era nosso de verdade. Enquanto servíssemos aos Observadores.


Mas ouve algo que Lissandra não previu, Avarosa nos uniu, mostrou que valia a pena lutar pela liberdade. Então com a ajuda de Anivia, nos voltamos contra os Obersavores, sabíamos que éramos mais fortes, eles haviam nos dado poder demais. Foi em Howling Abyss que a batalha aconteceu, muitos morreram, mas nós continuamos lutando escalando a pilha de corpos dos observadores para lutar e vencemos no final. Eu me voluntariei para caso os observadores retornassem, assim me tornei guardião espiritual de Howling Abyss.


Mas descobri algo mais,
Em minha busca pela verdade descobri nos antigos aposentos de Lissandra, um artefato que lhe daria o poder sobre os Observadores. No final das contas, não era os observadores que nos usavam, mas ela que usava o poder deles para fazer de Freljod um império digno. Ela suportou a dor desse poder, ser apenas uma ferramenta, para dar um futuro a todos.


— Isso tudo que você me contou, é verdade? — Perguntou Ezreal — Então, sobre Lissandra sobre essa guerra? O que acontece se eu fizer a escolha errada?
— Quando fazemos uma escolha, qualquer escolha, estamos dizendo sim para um lado e dizendo não para o outro. Então, algum sofrimento sempre vai haver. Somos livres para fazer nossas escolhas, mas somos prisioneiros de nossas consequências.


Juntando o que restava de coragem, Ezreal estendeu a mão para tocar a superfície do vidro polido, sua mão afundou na superfície gelatinosa. Aquele definitivamente não era um espelho comum. Prendendo funda a respiração, o jovem explorador mergulhou para dentro do espelho em direção ao seu destino.


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OST


Tryndamare gelou quando ouviu o grito agonizante de Ashe. Ele Gritou ao ver sua amada ser arrastada por uma corrente que se enroscou em seu pescoço por um enorme javali. Ele praguejou e se preparou para salva-la. Mas seus planos foram frustrados.


Quase não conseguiu puxar a espada a tempo de impedir o machado arrancar seu braço. Olaf saltou na direção de Tryndamare, brandindo seus dois machados. Tryndamare recuou, mal aparando o golpe. Mas aquela reação foi tão inesperada que Olaf hesitou. Mal teve tempo para recuar e se defender quando Tryndamare retaliou, brandindo a sua espada em sua direção e fazendo-a zunir.


Tryndamare se aproveitou do instante de vantagem sobre o inimigo. Pelo tamanho de sua espada não conseguiria usá-la com eficiência, então usou o que podia. Ele se projetou contra Olaf, agarrou-o pela cintura e o suspendeu. Soltando grunhidos, Tryndamare atirou-o contra o chão. Envolveu seu punho sobre o cabo da espada e desceu a lâmina sobre o peito exposto de Olaf. Mas seu inimigo se revelou não ser assim tão fácil de se matar quanto parecia. Olaf se recuperou retaliando o ataque e afastando-se do alcance da lâmina.


De olhar fixo, Olaf e Tryndamare caminharam em círculo, tentando prever como e em que direção o adversário iria atacar. Por fim ambos avançaram. Os dois se colocaram em uma briga mano a mano, peito a peito, rosnando e golpeando um ao outro como bestas selvagens. Olaf investiu contra ele, mas Tryndamare aparou o golpe. Agora os dois estavam frente a frente, se olhando nos olhos.


Olaf arreganhou os dentes, esboçando um sorriso sinistro.


— Os antepassados me sorriem. Finalmente um adversário digno! — Rugiu Olaf
Tryndamare praguejou
— Saia da minha frente!

Olaf ignorou as intimidações e partiu para o ataque. Quatro investidas ligeiras bastaram para derrubar Tryndamare a sua frente e um golpe preciso daria fim aquela luta.

OST


Finalmente as duas rainhas estavam frente a frente. Sejuani desceu de seu javali de guerra enquanto girava sua maça e fuzilava a inimiga com olhos cruéis. Ashe não recuou, ela respondeu o olhar. Sua mão retirou uma flecha de sua aljava e colocou sobre seu arco.


— Vamos terminar isso Sejuani.
— O Trono de Gelo não será dos Avarossianos
— Deveríamos estar unidas, esse é o nosso povo!
— Nosso povo já foi um povo forte, mas ficamos fracos. Com a força poderemos nos tornar uma nação poderosa!


Ashe trincou os dentes


— A guerra não trará nada a não ser mortes. Estou farta de tentar de sua mente idiótica e diminuta! Se for a guerra que você tanto quer, se é a morte que você tanto deseja, eu vou dar isso a você!

Sejuani irrompeu adiante, mas o rumo da batalha não foi bem o que Ashe esperava. Sejuani era forte. Ela girou sua maça de guerra com habilidade e poder, levando a Avarosiana a cair de joelhos. Sejuani girou o cabo em volta e acertou Ashe por baixo do queixo. A cabeça dela foi arremessada para trás, e ela caiu pesada, de costas contra o chão, de modo que viu bem quando Sejuani cruzou ambas as mãos sobre o cabo da arma e a levantou alto. Os músculos dela destacaram-se quando se preparou para desabá-lo contra o crânio de Ashe.


Ashe deu um giro rápido, livrando-se do golpe mortal. A maça bateu pesadamente contra o chão. Ela levantou-se e girou sua espada curta focando a garganta da adversária. Mas ela era uma lutadora inteligente demais para que um ataque tão óbvio como aquele obtivesse algum êxito. Sejuani saiu do alcance da lâmina jogando-se para trás, com um aceno de mãos Bristle partiu em sua direção e habilmente montou em seu javali com um salto.


Ashe foi logo atrás e sacou o arco. Passou a disparar flechas o mais rápido que podia. Sejuani chegou a rebater um ou dois mísseis glaciais. Bristle partiu a galope em direção a Ashe e sua cavaleira empunhando a maça de guerra. Ashe deu uma cambalhota à esquerda do Javali, obrigando a adversaria a girar a arma sobre seu corpo, o que diminuiu seu alcance e garantiu a Ashe alguns poucos centímetros de vantagem – que salvaram sua vida. Sejuani praguejou, sua inimiga mostrava-se rápida. Ashe virou-se e disparou contra as pernas traseiras de Bristle entre as brechas da armadura. O javali rugiu e ele caiu de cabeça contra o chão, lançando sua cavaleira pelos ares.

Correndo rápido, Olaf inclinou seu ombro, encurvando-se bem baixo, e, então, foi com tudo para cima de Tryndamare. O choque fez Tryndamare sair voando para trás, atordoado pelo impacto, e caiu sobre as pedras irregulares.


Tryndamare limpou o sangue com o antebraço, não iria mais se conter. Deixou que raiva dominasse cada parte de seu ser. Ele experimentou um terrível instante de vertigem enquanto a raiva o dominava. Mas quando a vertigem passou, todo o seu corpo, Tryndamare gritou quando o poder submergiu em seu corpo, encheu sua alma.


Olaf sorriu ele nunca tinha imaginado tal luta. Era esse o a sensação semelhantes aos que seus antepassados almejavam a de uma verdadeira luta? Olaf sorriu pela excitação.


Tryndamare rosnou através de seus dentes cerrados. Olaf saltou, empunhando seus dois machados, atacou em um sequência complexa, impossível para Tryndamare contra-atacar. Ele continuou recuando, desviando furiosamente, procurando qualquer brecha, mas seu inimigo era astuto e rápido demais para deixar quaisquer deslizes. Olaf investiu contra o adversário novamente, e novamente. Tryndamare foi para trás, tentando circular, procurando por qualquer abertura na tempestade de golpes.


Tryndamare revidou e saltou contra Olaf para empalá-lo com sua espada. Mas, quando o avarosiano saltou, Olaf pulou para encontrar seu inimigo no ar. Suas mãos afastaram a lâmina e socou com irresistível força a cabeça de Tryndamare. Eles caíram. Tryndamare caiu sobre o chão. Sua razão tardava e sua consciência ameaçava deixa-lo. Tentou levantar-se mas caiu de joelhos. Com a visão turfa pode ver Olaf erguer a sua espadas em direção a sua cabeça.


— Os deuses me sorriem. — Disse Olaf — Te darei uma morte limpa, como um verdadeiro guerreiro. Avarosiano.


Mas antes que a espada descesse aconteceu algo que nem mesmo o Olaf esperava. Um enorme porrete atingiu-lhe na lateral, arremessando-o alguns metros.


OST


— NÃO! — Rugiu Sejuani. Ela se inclinou e analisou a perna congelada de Bristle. Com um puxão retirou a flecha. Bristle fustigava gentilmente com o focinho a sua mão. Dava algumas baforadas sobre o rosto dela, e ronronou tristemente levantando o olhar. Ela acariciou o seu pelo e com algumas palavras de conforto se se levantou para encarar Ashe logo atrás.


Sejuani rugiu e lançou-se contra Ashe. Ashe torceu-se e deixando a maça passar a alguns centímetros do lado batendo contra o chão, Sejuani, tomada pela raiva investiu contra a inimiga novamente e novamente. Ashe foi para trás, recuando, tentando procurar qualquer chance para um ataque eficiente.


Sejuani deu mais um passo em frente e brandiu a arma velozmente, com toda a força. Não daria a chance dela usar o arco. Ashe abaixou-se a tempo se ver a pesada arma passar por cima de sua cabeça produzindo uma lufada de ar. Nesse momento, a lateral de Sejuani estava exposta, mas ainda estavam muito próximas para que Ashe conseguisse golpeá-la.


Ashe empurrou-a com força. Sejuani deu meia volta, furiosa, e viu Ashe de arco em posição. Ashe atacou. Sejuani bloqueou uma das flechas, a outra ela desviou passando a poucos centímetros do rosto congelando alguns fios de cabelo. A terceira flecha penetrou em seu ombro. Sejuani levou a mão até o local e com um puxão, livrou-se dela. Ela se restabeleceu a tempo de ver Ashe se aproximar.


Ashe soltou o arco e avançou com sua espada curta. Com uma facilidade, Ashe girou sua lâmina contra ela, brandindo a espada para a sua barriga e Sejuani recuou, mal aparando o golpe da espada pontiaguda. Outro ataque. Sejuani torceu-se e deixando a lâmina passar a alguns centímetros de seu pescoço, ela revidou com um golpe rápido no braço da inimiga. Com isso, Sejuani chutou Ashe para longe. Ela se afastou enquanto recuperava o ar perdido.


A lâmina de Ashe reluzia ensanguentada. Sejuani se perguntou de onde sangue tão fresco viera e logo percebeu que era seu. Ashe não havia sido muito eficaz, mas, ainda assim, conseguira sangrá-la. Sejuani sentiu o corte contra a costela, ao qual começara latejar.


Andaram em círculos apenas se olhando e estudando uma abertura. Sem desviarem os olhos uma da outra. Por um tempo elas ficaram ali, se estudando em uma batalha mental onde só podia ser vista, pela austeridade de seus olhares. Por fim, as duas se lançaram uma contra outra em uma sequência de golpes, bloqueios e desvios.


Ashe mergulhou para a esquerda envolveu o pulso de Sejuani com as mãos e puxou-a para o chão, fazendo com que o pulso dela recebesse o impacto pleno de ambos. Quando caíram de lado para o chão. O punho de Sejuani se torceu. Sejuani rugiu e Ashe levantou-se pisando contra a perna dela, e torcendo o membro. Ela caiu de joelhos e ergueu os braços na altura dos ombros.


Ashe tomou sua espada e levantou a lâmina para desferir um golpe fatal sobre a nuca de Sejuani.


— Se você não fosse tão teimosa, tudo isso poderia ser evitado! — Disse Ashe
Sejuani trincou os dentes
— Termine com isso! — Rugiu Sejuani — Ou não consegue?
— Mesmo no fim você continua teimosa. Se esse é o fim, saiba que nutro um respeito incondicional por você, Sejuani.
— Eu também. — Sussurrou


Quando Ashe atacou Sejuani, ela firmou os pés no chão e se virou em um pulo deixando a lâmina passar reto. Uma joelhada atingiu Ashe bem na barriga. Ashe desabou no chão sem ar. Levando a mão ao chão, Sejuani pegou a espada. Mas Ashe recuperou o ar perdido e puxou uma adaga da cintura e virou-se de sopetão para revidar.


Mas as duas se detiveram quando ouviram algo. De todas as direções, sutis ruídos de movimentação: passos pesados, sons ásperos de garras arranhando pedra e o som de muitos pés e grunhidos vindo nessa direção. Por fim, algo que ambas não notaram, no calor da batalha não perceberam a cortina de neblina que envolviam ambas, como uma muralha branca cercando-as, separando-as da guerra. Tudo estava estranhamente calmo e silencioso, não havia sinal de soldados, nem de Ashe nem de Sejuani. Não avia sinal da própria guerra.


Observaram de dentro da névoa, olhos e mandíbulas vindo de todas as direções. Logo depois destacaram-se contornos enormes, criaturas grandes com ombros musculosos e dentes à mostra. Eram trolls, dezenas deles.

OST

Uma imensa mão de gelo se materializou no chão de pedra entre as duas. A mão se arrastou arranhando o chão com suas garras geladas. Ela cintilou e uma magia a banhou para logo depois se transformasse em uma forma humana. Ashe tentou entender o que estava acontecendo. Quando uma luz explodiu no local fazendo ela ser arremessada para longe. Enquanto uma onda circular se propagou empurrando a neve ao redor. Ashe cambaleou para trás. Forçou a visão para a pessoa logo à frente junto a Sejuani.


— Eu peso perdão interrupção — Disse a voz — mas fui obrigada a lidar com esta situação eu mesma. Nenhuma das duas não devem morrer, não enquanto eu ouvi suas decisões.


Ela estendeu o braço, passando os dedos pela cabeça de Sejuani. Ela trincou os dentes quando sentiu as unhas duras arranhando a sua pele.


— Parece-se tanto com Serilda. Vocês têm os mesmos olhos e até a mesma personalidade. Assim como você Ashe, os mesmos olhos de Avarosa.
Sejuani juntou o folego
— Quem é você?
Ela sorriu com ar de superioridade
— Eu sou aquela que vocês conhecem nas lendas como a Bruxa gélida, eu sou Lissandra e tenho algo para ambas.


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Notas finais do capítulo

Bem espero que tenham gostado, domingo tem mais, Lembrem-se: Favoritem, comentem e se desejarem... recomendem =D



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