Sobrenatural escrita por Francielle Santana


Capítulo 11
Capítulo 10




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Passei por uma porta lateral pouco usada. E de repente ja estava fora do salão cerimonial, só faltava abandonar o prédio. Corri enquanto ouvia o murmurinho por detras de mim. As pequenas mãos dizia para procurar Estrela. Soltei delas e fiz o que me pedira. Fui na direção da floresta. O vestido não me atrapalhava tanto quanto o esperado, minha mãe ja havia pensado nisso e o fez com pouco tecido. Mas o fato de um vulto branco correr no meio da escuridão não vacilitava minha fuga. Peguei um atalho diferente, um caminho mais longo, precisei dar uma longa volta até retornar a casa do Symon. Pensei na cena que vi a poucos instantes. Aqueles homens passando mal. Eu estava livre! Isso era maravilhoso.

No meio do caminho havia alguns clarões. Me aproximando de um deles senti meu estomago embrulhar. Olhei para tras, sem sinal de alguem me perseguindo. Minha visão ficou turva, me senti tonta. O pessego ainda fazia efeito. Odeio pessego, sempre odiei. Me apoiei em uma das arvores. Estava mais proximo do que longe da casa do Symon. Me agachei e me escondi por detras da arvore quando ouvi gravetos sendo quebrados. Entendi quem era pelo mesmo ruido.

– Symon! - Tentei correr para abraça-lo.

– Minha pequena, voce não tem medo que fosse outra pessoa?

– Reconheci seus passos. Como aconteceu aquilo tudo? Me conta.

– Com as janelas tive uma ajuda. Dei um chá um pouco forte para os guardas, e para minha sorte Jásper resolveu comemorar com eles. Bebeu demais. O vento foi arte de Goel. - Ele riu.

Passei mal novamente, vomitei mais um pouco.

– Voce esta bem? O que houve?

– Não se preocupe. Comi pessegos. - Sua cara sem entender nada me fez continuar. - Sou alergica. Foi a melhor forma de atrasar o casamento.

Ele tirou uma garrafa de dentro de uma bolsa.

–Toma, é agua. Beba um pouco. Vai ajudar a limpar seu intestino.

Bebi enquanto notei seus olhos curiosos e tristes.

– É uma pena que seu primeiro vestido de noiva esteja nessa situação. Voce estava tão linda.

– Não importa, não tenho nenhuma pretensão de casar, e mesmo que tivesse esse seria o primeiro, e não o ultimo. - Dei-lhe a garrafa de volta com um sorriso no rosto.

– Trouxe uma roupa para voce. Não sei se vai caber, mas eu tentei. E voce precisa sair logo daqui.

Olhei nos seus olhos. Dessa vez eu estava com medo.

– Pra onde eu vou?

–Para a fronteira.

– Mas Symon, o que ha desse lado? Por que agora que eu parecia ter encontrado um rumo, tudo desanda? Eu me lembro de um trecho do livro que dizia, que se eu estivesse no caminho certo não andaria no breu, no escuro.

– Alyah, olha para mim. - obedeci - Sabe qual a diferença entre um caminho complicado e um caminho escuro? Só uma. Se voce tiver luz, saberá onde pisa. O segredo é esse. O caminho nao será facil, ja te falei muitas vezes, e voce só esta no começo dele. Quanto mais voce andar mais descobrir pedras e terrenos acidentados. Mas voce sabe pra onde esta indo.

– E se eu não souber pra onde estou indo? E se tudo isso nao passar de coisa da minha cabeça? E se o correto mesmo é deixar tudo como esta e voltar para meu lar? Estou preocupada com minha mãe, Symon. E quando ela descobrir que foi traida? Eu já não sei...

– Voce ainda tem duvidas Alyah? - Symon me olhava incredulo, porem compreensivo - Talvez voce não tenha plena convicção da sua missão. Mas precisa continuar no caminho. Voce conseguirá voltar e ter a mesma vida de antes sabendo de tudo que sabe? Tendo vivido tudo que viveu?

Pensei nos sonhos, nas convicções, nas poucas experiencias que tive e cheguei a conclusão que seria impossivel. Eu ja não sou a mesma. Minha mente nunca mais voltará ao seu tamanho original. Meu coração nunca mais voltará a bater no mesmo ritmo. Nada seria igual. Meu coração ainda estava apertado por minha mãe. Mas se eu voltasse, talvez traria mais dor.

– Lyah - Symon segurava minhas mãos - Voce esta passando por um momento complicado, eu sei. Mas é nesse momento que Goel saberá quem voce é, e onde esta seu coração. E mais do que Goel, voce mesma saberá quem é. Mas ja chega de conversa, estamos juntos?

Ele se levantou e me estendeu a mão que segurei firme e usei como apoio para me levantar. Symon me explicou como seria tudo.

Eu sairia da floresta, atravessando um pequeno riacho. Depois disso seria mais mata, e independente das dificuldades eu deveria correr em retidão. Sempre para frente. Um pouco depois da primeira clareira eu veria uma rota disfarçada, deveria seguir esse trajeto até que encontrasse uma casa pequena onde me encontraria com ele.

– Se voce ficar, morrerá. Eu vou voltar ao povoado e pegar um atalho.

– Como serei recebida? - perguntei.

– Ninguem de lá tentará te matar, a menos que voce se mostre uma ameaça.

Ouvimos gritos e passos apressados. Provavelmente alguns guardas seguindo meu rastro.

– Agora vá, Alyah. Siga o vento. Onde estiver mais forte estará o riacho.

Dei-lhe um abraço apertado e simplesmente fui. Esqueci de perguntar qual reino ficava após a fronteira daquele lado.

Correr ao anoitecer em um lugar desconhecido, sendo perseguida não é algo que esteja acostumada a fazer. Parei para trocar meu vestido. Segurei o do casamento nas mãos e continuei correndo. Parecia tudo tão longe. Se eu chegasse no riacho a tempo teria mais chance de me esconder. O ar parecia sumir dos meus pulmões. Não me lembro quando corri tanto assim. Meu coração disparava a medida que os guardas se aproximavam. A minha sorte é que eles estavam a pé, e como eram mais velhos e pesados, tinham mais dificuldade em manter o ritmo. Me deparei com a corrente de agua, mas por instinto eu não a atravessei. Continuei correndo pela fronteira do lado que eu estava da floresta. Caminhei na direção da nascente. Peguei meu vestido de noiva e rasguei o quanto pude. O joguei na agua. Me escondi um pouco, mesmo não sendo tão necessario, estava tudo escuro. Pude perceber que os guardas pararam e pegaram meu vestido. Atravessei finalmente o riacho e continuei caminhando. Ainda tinha a sensação de que havia alguem atras de mim. Diminui o ritmo, e quando não os ouvi mais, parei. Me apoiei em uma das arvores e fiz o possivel pra normalizar minha respiração. Observei que estava na primeira clareira. Comecei a rir de nervoso, e chorei. Tenho essas reações opostas e estranhas. Mas estava em choque. Eu poderia ter morrido. Essa perseguição desenfreada uma dia me roubaria a vida, isso se eu duvidasse de Goel. Apesar da calmaria externa, meu coração estava angustiado. Uma sensação estranha. Talvez fosse somente o medo. Sentei no chão e tomei o gole de agua que ainda restava na sacola. Tentei observar melhor onde estava, os ruidos mostravam que havia outro ser vivo ali, além de mim. Bichos…

– Alyah

Ouvi a voz, mas não pude reagir, alguem por detras de mim, colocava uma faca no meu pescoço. O que levaria alguem a tentar me matar? E o que levaria alguem a não fazer isso naquele momento, no meio do nada?

– Levante-se.

Obedeci, minhas pernas tremiam, meu coração batia acelerado. Quando me virei pude reconhecer quem estava ao meu alcance. Nada menos do que Jasper, o braço direito do rei Adrian.


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