A Maldição da Wicca escrita por FireboltVioleta


Capítulo 7
Hidden Secrets




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RONY

Minha cabeça doía como se mãos invisíveis a apertassem. Senti algo viscoso e quente escorrer pelo meu rosto.

Abri os olhos, me deparando com a silhueta alterada de Córmaco McLaggen à minha frente.

No meio da surpresa furiosa pelo seu ataque, percebi imediatamente que Córmaco não estava em seu estado normal.

Por mais que eu eu o odiasse e que isso fosse mútuo entre nós dois, eu sabia que ele nunca teria feito algo assim, no meio do corredor em frente ao escritório da diretora, em plena luz do dia.

Foi quando eu olhei em seus olhos que eu vi a luz fantasmagórica prateada ao redor de suas pupilas.

“Ele está amaldiçoado!”, gritou minha mente.

O sectumsempra que ele havia lançado em minha cabeça começava a latejar.

Observei, chocado, uma sombra s destacar na escuridão atrás de Córmaco; a sombra caiu de encontro ao chão, atordoada.

– Rony! – Hermione exclamou. Córmaco se virou para ela, completamente fora de si. Ela lutou para se levantar, com as mãos abarcando a cabeça.

Quis gritar para ela não ataca-lo, que ele não sabia o que estava fazendo, mas minha garganta parecia travada.

Hermione estremeceu, fechando as mãos em punho.

Córmaco avançou para ela

– Córmaco! Não! – me forcei a gritar.

Hermione ergueu a mão, com o rosto contraído, numa última tentativa de se defender.

Fechei os olhos devido a dor e à angústia.

Ainda com os olhos fechados, ouvi um arfar sobressaltado, passos recuando e o som inconfundível de algo inflamável sendo aceso em tecido.

Quando os abri, arregalei-me, recuando de gatinhas no chão.

Córmaco batia desesperado em sua camisa, tentando dissipar as pequenas chamas que devoravam sua roupa. Já não parecia mais estar dominado por uma Maldição Imperius.

Quando conseguiu se livrar do fogo, se virou para nós, espantado

– O que aconteceu? O que...

O que havia sido aquilo? De onde vieram aquelas chamas?

Hermione parecia tão espantada quanto nós dois. Parecia finalmente ter se dado conta de que McLaggen havia sido enfeitiçado, pois piscou com uma expressão de compreensão ao vê-lo atordoado.

– Maldição Imperius – ela resmungou, com a mão direita na cabeça. Ela se aproximou, desviando de Córmaco com uma expressão mista de exasperação e choque, até chegar ao meu lado.

Ela me ajudou a levantar, fazendo uma careta de aflição ao tocar em meus cabelos ensanguentados.

– Vem... preciso te levar à enfermaria...

– Esperem! – me virei para Córmaco, o que foi uma péssima ideia... minha cabeça uivou de dor - eu... esperem aí, eu fiz... isso?

Olhei para ele, sentindo uma ridícula e desnecessária ponta de pena; Córmaco parecia tão horrorizado com o que fizera quanto Hermione parecia.

– Não esquenta - gemi - tá tudo bem...

– Weasley, Granger! - ele veio até o nosso lado, nos acompanhando-nos pelo corredor enquanto eu capengava apoiado em Hermione - desculpe, eu juro, eu não sabia o quê... não me lembro de nada... de alguém ter me enfeitiçado!

– Chame a diretora, Córmaco - hermione olhou para ele de um modo tão categórico que até eu fiquei com medo - conte o que aconteceu. Fale para ela ir à enfermaria nos encontrar depois.

Córmaco engoliu em seco, mas não discutiu. Deu meia-volta e voltou em direção ao escritório do diretor.

Minha cabeça girava, mas não era só por causa do sangramento. Eu estava tentando somar dois mais dois com tudo que havia acontecido nos primeiros três dias após nossa volta a Hogwarts.

Primeiro, aquele lance estranho de Hermione tensa com o Torneio Tribruxo e com aquela aula sobre os Wiccas. Depois, a conversa desconhecida entre ela e a diretora... agora, Córmaco me aparecia amaldiçoado e tentava me matar, sendo despertado da maldição de um modo ainda mais misterioso do que quando foi enfeitiçado.

– Hermione... o que está acontecendo? - me forcei a bufar, enquanto sentia a cabeça quente com a tentativa lamentável de Hermione de estancar o ferimento com a mão.

– Te conto na enfermaria... - ela parecia evitar o meu olhar, o que definitivamente não melhorou em nada meu humor.

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Madame Pomfrey quase teve um treco quando me viu. Da porta da enfermaria, fui direto para uma maca, sob a cantiga de "de novo" e "vocês só se metem em encrencas".

Quando a velha curandeira desapareceu porta afora, com um chamado urgente de Flitwick sobre um aluno transfigurado em jumento, me virei para Hermione, erguendo as sobrancelhas de modo inquisitório.

Ela piscou e tremeu levemente, virando o rosto como se tentasse desviar os olhos de mim.

– Pode falar, Hermione - me ergui um pouco na maca, sem tirar os olhos dela - você está escondendo algo de mim. Desembucha.

O lábio dela tremeu. Hermione parecia tão perdida e constrangida que quase me arrependi de ter indagado daquele jeito. Mas eu precisava saber o que estava acontecendo.

– Rony... - Hermione respirou fundo, tocando delicadamente o curativo que Madame Pomfrey fizera em minha cabeça.

Seu olhar finalmente voltou para meus olhos, apenas para fazer meu estômago revirar de um jeito gostoso. Mesmo aflitos, eram os olhos mais lindos do mundo. Como eu nunca havia reparado naqueles pequenos detalhes que faziam Hermione tão fantástica?

– Por favor, Hermione... me conte;

– Você se lembra de tudo da aula de McGonagall sobre os Wiccas?

– Sim, lembro sim.

– E não tinha aquela conversa de eu ser a protagonista de uma profecia?

Meu cérebro desprivilegiado tentava desesperadamente ver sentido em tudo que ela dizia, mas era impossível.

– Sim. Mas essa profecia era conversa fiada, não era?

Hermione ficou séria, e finalmente contou tudo.

Tudo mesmo. Sobre a Ordem, a suposta profecia, a história dos Wiccas.

Quando ela terminou, até eu me assustei ao saltar da cama e me erguer, completamente irritado.

– Quer dizer que você pode ser a próxima Wicca?? - exclamei, arfando - e que pode ter mais um por aí? Quando você ia me contar??

Eu não devia estar alterado daquele jeito. Mas imaginar Hermione, minha namorada, a minha garota, ameaçada por um destino tão sombrio e imprevisível simplesmente me deixou horrorizado. Quando ela iria me dizer aquilo? Por que tentou esconder tudo de mim?

– Eu não sei, eu ia te contar, eu juro! - hermione se ergueu também, com os olhos brilhando - Rony, eu... fiquei com tanto medo... se isso for verdade... você, todos os outros podem ficar em perigo...

– Ficou maluca? - avancei para ela - você não machucaria nem uma mosca, Hermione! Estou com raiva é de você quase ter entrado de cabeça nessa loucura sem eu nem saber! Não aguento mais esses segredinhos seus! Você podia ser uma bruxa tão poderosa quando Dumbledore, e mesmo assim não machucaria ninguém... e muito menos me afastaria de você!

Hermione soluçou. O som fez toda minha raiva aflita desaparecer, dando lugar ao arrependimento.

– Rony... - ela cobriu o rosto com as mãos, baixando a cabeça. Engoli em seco antes de abraça-la.

– Desculpa, Hermione...

Ela balançou a cabeça em meu ombro. Para meu choque, tentou me empurrar para longe.

– Não... - Hermione voltou a me encarar - Rony... acho que... eu preciso de um tempinho.

– Quer que eu saia daqui? - perguntei, confuso.

– Não... é sério... de um tempo de verdade - quando Hermione se abraçou, senti meu esôfago afundar em algum lugar do meu corpo.

Recuei, chocado.

– Está terminando comigo? - arfei.

Hermione arregalou os olhos, parecendo tão chocada quanto eu havia ficado.

– Quê? Não... claro que não, Rony! Eu... só acho que...

Senti meu amor já irracional por aquela menina finalmente se infiltrar em minhas veias e possuir meu corpo por completo. Hermione estava mesmo cogitando se afastar de mim só para me proteger de algo que talvez nem acontecesse? Droga, que garota maravilhosa.... tonta, mas maravilhosa.

Mandei qualquer juízo para as cucuias quando me aproximei outra vez de Hermione, e, mesmo contra sua patética tentativa de fuga, a prendi em meus braços, beijando-a e rindo como um bobo.

Hermione parecia realmente irritada, constrangida e aterrorizada enquanto retribuía timidamente meu beijo. Senti suas mãos acariciarem suavemente minha cabeça por cima da atadura.

Não deixei de rir de novo quando ela me deu um tapa no peito, arregalando os olhos de modo reprovador e tentando recuar de meu rosto. Ainda abraçado nela, dei um sorrisinho que esperava ser maroto o suficiente para faze-la rir. mas Hermione, quando queria, era a mestre das máscaras.

– Você ficou maluco - ela bufou - eu posso ser uma bomba-relógio, Rony.

Soltei sua cintura, apenas para segurar suas mãos.

– Nem céus, nem terra, nem os cinco elementos, nem nenhum maldito Wicca das Trevas, vai conseguir me afastar de você - sorri para Hermione - Isso, sim, é uma profecia.

Hermione finalmente deu um sorriso leve, parecendo querer cair no choro de novo.

– Rony... - acolhi-a novamente nos braços enquanto ela apertava o corpo contra o meu num abraço carinhoso.

– A gente vai enfrentar tudo isso juntos, tá legal? - afaguei suas costas - e chega de segredos um com o outro, tá bom?

– Tá bom - ela riu, esfregando levemente o olho; parecia uma menininha de cinco anos que acabara de levar bronca do pai.

Madame Pomfrey já entrou revirando os olhos assim que nos viu..

– Vocês dois deveriam casar logo - ela brincou, enquanto nos dispensava - tomem cuidado... não fiquem ofendidos, mas não quero ver mais nenhum dos dois por aqui pelo resto do ano. Então, juízo.

Hermione deu uma risadinha enquanto me puxava pela mão enfermaria afora. Parecia tão mais tranquila depois de contar para mim tudo que estava acontecendo...

Mas, ao mesmo tempo, enquanto observava McGonagall se aproximar de nós no corredor, não pude deixar de pensar que Hermione tinha lá sua cota de razão. Como você pode ficar calmo quando se vê ameaçado por um futuro tão instável e misterioso, que talvez mude a sua vida e a de todos ao seu redor?

O que mais me preocupava, porém, era o fato de que, talvez, mesmo que Hermione se invocasse, ainda poderia haver outro Wicca por aí... um Wicca que, com certeza, não seria do bem.

A perspectiva de, um dia, termos que nos deparar com algo daquele jeito já era apavorante por si só. Mas imaginar Hermione sendo a única capaz de talvez duelar contra tal mal simplesmente era o horror dos horrores.

– Hermione... - murmurei enquanto McGonagall ainda não nos alcançara - que feitiço você usou para incendiar a roupa do Córmaco? Como fez para acorda-lo?

Hermione me olhou de esguelha, e senti sua mão tremer na minha.

– A maldição não se desfez com a minha varinha, Rony. O fogo também não - engoli em seco quando seus olhos, apavorados, cravaram os meus - fui eu.


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