A Maldição da Wicca escrita por FireboltVioleta


Capítulo 48
Epilogue - The Start


Notas iniciais do capítulo

Ae, gentes!
Último capitulo (AHHHHH) mas, se tudo der certo, SEMANA QUE VEM TEM MAIS, na nossa QUARTA TEMPORADA! (UHUUU!)
Preparem o coração e boa leitura!



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HERMIONE

DOIS MESES DEPOIS

Durante as semanas seguintes, eu me sentia como se estivesse vivendo num sonho psicodélico e insano, ao mesmo tempo maravilhoso e assustador.

O torpor de ter sobrevivido novamente á força das Trevas, somado ao efeito paralisante de me ver, de uma hora para outra, como noiva de Rony, me deixavam um tanto insensível ao que ocorria ao meu redor.

O que não me isentava de me sentir feliz.

Caramba, eu ia casar com aquele moleque. Nem as quatro torres do firmamento poderiam me tirar aquela alegria.

Ainda não acreditava que Rony realmente perguntara. E eu ainda não acreditava que havia dito sim.

Meu Deus... aquilo era absurdamente surreal...

Devia ser por isso que nenhum de nós dois contara ainda para nossos amigos e família. Tão inesperado... minha nossa.

A festa de formatura dos sétimos anos foi uma coisa de louco. Previsivelmente, enquanto estávamos no salão, nos divertimos um bocado. E, mais previsivelmente ainda, tudo foi terminar outra vez no nosso refúgio.

Outras novidades corriam aos poucos. Corvinal vencera a Copa das Casas – nossos amigos, brincalhões, disseram que foi por culpa nossa, já que fizemos falta – e Lufa-Lufa, milagrosamente, conseguiu erguer, pela primeira vez em dez anos, a Taça de Quadribol. Cho parara com a brincadeirinha de “pré-noivado” e se enrolara de uma vez com Dino, exibindo toda hora uma aliança trançada no dedo. E Parvati finalmente superara o último namorado, amarrando-se com – surpresa – Justino, o lufano irrelevante.

Eu ainda me remoia de saudades de Leopold – meu pobre amigo - e fiquei triste por tio Harold não ter voltado á entrar em meu inconsciente,

Mas ele tinha razão. Se continuasse á me visitar, eu acabaria ficando louca de tristeza por ele não estar comigo fisicamente. Era melhor para nós dois que eu o deixasse descansar em paz.

Minha decisão de permanecer como a única Wicca do mundo não havia sido fortuita – nem fruto de um pedido louco de casamento e uma comemoração insana na Sala Precisa, eu acrescentaria.

Eu tinha pensado muito naquilo, desde que Harold me sugerira o ritual.

E concluí que nunca teria coragem de matar alguém só para me ver livre da Maldição. Muito menos disposta a abrir mão dela.

Embora seu poder ainda me assustasse muito, eu simplesmente estava encarando o fato de que todos estavam certos. Aquilo parecia ter sido feito sob medida para mim.

Os elementos me obedeciam servilmente, como se fizessem parte de minha própria alma. Por que eu jogaria fora aquele dom, aquela condição tão especial, apenas por medo e insegurança? Se eu havia conseguido regê-los e subjugá-los tão bem agora, não poderia continuar fazendo o mesmo no futuro?

A resposta era simples. Claro que não.

Então era isso. Eu ia continuar aterrorizando geral por aí.

Depois de tudo ter se arranjado assustadoramente após a Batalha de Beauxbatons, não se falava mais tanto sobre aquilo, nem se mencionava sequer o Torneio Tribruxo. Até mesmo Rita pareceu não se atrever á publicar uma matéria sobre o caso.

Bom, isso até eu fazer uma loucura que quase me custou o pescoço – e meu colarzinho prateado.

Resolvi abrir o jogo com todo o mundo bruxo.

E, para o horror de meus amigos, fiz eu mesma uma matéria sobre os Wiccas e sobre tudo que acontecera na guerra, e o enviei ao Profeta Diário.

Rony parecia querer mastigar meu rim enquanto encarava, sofregamente, o céu estrelado do Salão Principal, á espera de uma coruja... ou de cem.

– Para, Gina... – guinchei, pedindo desculpas para Rony com os olhos – gente, o que pode acontecer de pior?

Rony franziu o nariz, empurrando um pergaminho com o desenho de uma iluminura. Mordi o lábio para não rir quando reconheci a fogueira e a pobre jovem queimando nela.

– Estamos no século vinte, Rony...

– E daí? – ele estreitou os olhos para mim, azedo, mas não continuou.

Finalmente, para o fim da angústia geral, Pichitinho chegou à mesa da Grifinória, bambeando com o peso de um jornal grosso nas patinhas.

Rony apanhou o jornal tão rápido que a corujinha quase caiu de cara na jarra de leite.

– Vamos ver a cagada... – ele murmurou entre os dentes, nem ligando quando fechei a cara.

Para minha surpresa – aliás, para a surpresa de todos – Rony piscou ensandecido para a folha, enquanto descia os olhos pela matéria, com um título previsível... “A Verdade Por Trás da Batalha de Beauxbatons.”

– O que? – murmurou Harry, com a expressão tensa.

Rony parecia apalermado demais para abrir a boca outra vez. Deu o jornal para mim, com o olhar arregalado.

– É a sua matéria, Hermione – Gina se inclinou para ler ao meu lado – na íntegra – ela ergueu os olhos, espantada – ela simplesmente pegou uma oportunidade de te pisar no chão que nem um tronquilho... – Gina completou, etereamente, fechando a mão em pinça – e jogou fora.

– Uia – riu Neville.

– Oi? – li a matéria, também chocada.

Era verdade. Apenas a minha visão dos fatos, sem distorções nem nada.

Foi quando eu reparei no autor da manchete.

– Quê?? – arfei.

Não podia ser...

A matéria estava assinada por Darel Williams.

– Filho da égua! – Gina balançou a cabeça – os desgraçados ficaram por aqui e nem avisaram a gente!

– Pode ser outra pessoa... – começou Harry.

– Outra pessoa com nome de aborígene bombadão? Vai nessa... – desdenhei, rindo – não acredito nisso...

Rony começara á dar um início de sorriso espantado ao meu lado, mas, ao reparar em meu olhar, refez a careta carrancuda de antes.

– O que será que aconteceu com a cachorra? – indagou Gina.

– Sei lá, não importa... – Rony deu de ombros.

Puxa... Darel como repórter do Profeta Diário. Nada mal para um bruxo de fora. O que será que Nyree deveria estar achando de Londres? E Tamahine?

De qualquer forma, não pude pensar nisso por muito mais tempo. Percebi um silêncio desagradável encher o ambiente... e eu sabia por quê.

Todo o Salão Principal parecia encarar nossa mesa. A minha direção, na verdade. E confirmei o óbvio quando olhei para cada aluno que sustentava o jornal nas mãos.

Engoli em seco. Tirando os nossos poucos colegas que haviam batalhado conosco, mais ninguém em Hogwarts ainda ficara sabendo sobre mim ou sobre os detalhes da guerra. McGonagall se encarregara de ocultar tudo enquanto eu me decidia sobre o que faria com a Maldição.

Mas ver a professora tensa na mesa dos professores, tamborilando os dedos em seu próprio exemplar do Profeta e me olhando preocupada, me deixou um tanto sem graça. Será que havia sido uma boa ideia me expor assim?

Foi quando uma figura solitária se ergueu da mesa da Corvinal. Sorri quando reconheci o rosto sorridente de Cho Chang.

Espantei-me quando ela começou á bater palmas, meio hesitante, olhando ao seu redor.

Então mais uma pessoa se ergueu. Luna... também aplaudindo.

E mais uma. E outra.

Não tinha nem onde enfiar a cara – e minha mandíbula, que quase se desgrudou do rosto – quando praticamente todos os alunos estavam em pé, aplaudindo e gritando.

Os professores, para me deixarem ainda mais sem graça, acompanharam os alunos.

Para meu completo choque, vi Mila Bulstrode olhar sem graça para todos os colegas da Sonserina que aplaudiam e dar um aceno sem graça em minha direção, com a cabeça baixa.

Caramba. Sonserinos. Jesus.

Vi, finalmente, Draco Malfoy se erguer, o que provocou uma revoada de arfadas por todas as mesas.

O leve aceno que ele deu com a cabeça foi o suficiente para me deixar boquiaberta.

Na língua de Draco, era quase como falar “te amo”.

Nem Rony conseguia esconder o espanto.

Fiquei um tanto emocionada.

Aquilo tudo não era só consideração...

Era nossa despedida da escola. A despedida de meus amigos.

– Coisa fofa –ele riu, olhando admirado ao redor – virou outra vez a queridinha da escola.

– Falei que não ia dar em nada... – me lembro de ter dito, rindo.

Ledo engano.

Fui recebida na plataforma, no dia seguinte, á véspera de embarque de volta á Londres, por ninguém menos que Oliviene Stark, que batia o pé de braços cruzados, estreitando os olhos para mim, e, mais uma vez, ostentando uma folhinha de aspecto oficial.

– Merda – gemeu Rony ao meu lado.

– Relaxa – murmurei, embora eu mesma não estivesse relaxada porcaria nenhuma.

Oliviene chegou perto de nós, aproveitando que nossos demais colegas estavam ocupados conversando e se despedindo para falar conosco.

– Muito bem...

Ih, rapaz. Olhei para Rony, que tinha no rosto uma estranha mistura de humor e pavor. Uma frase de Oliviene Stark que começava com “muito bem” ia ser “muito ruim”.

– O que eu fiz agora, Stark?

– Apenas ameaçou sua vida e sua reputação... nada de mais – Oliviene deu de ombros, com os olhos ainda mais apertados.

– Bom... ainda estou viva, e ninguém por aí tacou um tomate na minha cara – protestei – não entendo o que você quer dizer com isso...

– Kingsley acha que, já que a senhorita fez o favor de se expor tão sutilmente nos jornais, seria melhor que você se mantivesse á vista dos olhares públicos – Oliviene continuou - já que está tão desesperada para provar que é inofensiva.

– Como assim? – Rony guinchou – vai botar minha noiva num magizoológico?

Acotovelei Rony, enquanto Oliviene parecia se espantar com o como ele me chamara.

Para minha surpresa, ela deu uma risadinha.

– Acho que uma ação tão dramática não será necessária... – Oliviene sorriu – veja por si mesma, Hermione...

Apanhei o pergaminho que ela inclinou em minha direção, confusa. Não me conformava com o arzinho maroto em seu olhar.

O pergaminho parecia muito com a carta que Oliviene me enviara sobre a herança de tio Harold.

Mas o conteúdo era mil vezes mais chocante.

Arregalei os olhos, não acreditando no que lia.

Prezada Srta. Hermione Granger,

Considerando-se os acontecimentos recentes – não divulgados amplamente para o mundo bruxo – e sua exposição na fonte jornalística Profeta Diário, o Departamento de Execução das Leis da Magia, considerando sua condição Wicca, deliberou que seria necessário, a fim de manter sua integridade e desinibir quaisquer reações de pânico e preconceito, que a senhorita mantivesse estrito controle e sigilo sobre quaisquer manifestações Wiccas durante os próximos meses, enquanto nossa sociedade como um todo tente se adaptar á sua inusitada realidade.

Pensando nisso, o Ministério da Magia, a fim de aumentar a sua credibilidade e reafirmar sua inocência e autocontrole, concluiu que seria plausível que a senhorita pudesse gozar de um cargo dentro do Ministério, assim que tiver concluído seu curso educacional na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts.

Por meio desta, o Departamento de Execução das Leis da Magia, considerando suas experiências e honras, lhe oferece o cargo provisório de Juíza da Corte Ministerial, disponibilizado por vacância desde a morte do antigo Juiz. O período de exercício se estenderá por três meses, sendo possível a efetivação do cargo posteriormente.O Ministro da Magia e a Diretora do Departamento de Execução das Leis da Magia aguardam ansiosamente sua resposta á oferta, enfatizando que a senhorita já teve seu currículo escolar, seus relatórios sociais e sua ficha policial devidamente comparados e analisados, e que seu perfil foi considerado ideal e habilitado para o exercício do cargo.

Caso aceite a oferta, convidamos a senhorita á comparecer no primeiro dia útil do próximo mês, ás duas horas da tarde, no gabinete do Ministro, á fim de sanar quaisquer e demais aspectos, dúvidas e detalhes. Sem mais, nos despedimos. Atenciosamente, Abigail Stone,Chefe da Divisão de Notificações Oficiais do Ministério da Magia

Meus olhos piscavam sem parar. Virei-me para Rony, boquiaberta, dando de cara com seu queixo também caído.

– Juíza. Do Ministério... – balancei a folha, olhando para Oliviene – eles piraram.

– Piraram mesmo – brincou Rony – Hermione não consegue diferenciar o namorado de um íncubo...

Tentei pisar no pé dele, mas não consegui. Oliviene riu.

– Eu acho que fizeram uma ótima escolha.

– Esperem, esperem... balancei a cabeça, atordoada... eu não sou...

– Se você disser que não é digna e apta, eu juro que você vai chegar a Londres só de calcinha e sutiã, Hermione – Rony me ameaçou baixinho.

Arregalei os olhos, mais de humor do que de medo.

– Está bem... – ergui as mãos.

– Vai aceitar? – Oliviene perguntou.

Olhei para Rony, pensativa.

Caramba, que oferta. Irresistível e medonha.

– Vou pensar... – balancei os ombros – mas é bem capaz de eu dizer sim.

– Ótimo – ela inclinou a cabeça – Kingsley vai ficar muito satisfeito... nos vemos mês que vem, então...

Apertei a mão de Oliviene, sorrindo.

– Até mais.

– Até logo, Stark.

Assim que Oliviene desaparatou da plataforma, fomos engolfados por Harry, Gina e Neville, que nos botaram para dentro do trem, rindo e nos empurrando.

– Anda, anda, anda!- cantarolava Gina.

– Que isso, molesta?? – Rony grasnou, enquanto os malucos nos jogavam para dentro de um dos compartimentos.

Rindo e não entendendo nada, me sentei no assento, seguida por Rony, que encarava nossos amigos, assustado.

– Oliviene estava com vocês. Oliviene é sinônimo de fofoca – disse Gina – podem contar tudo.

Sorrindo, falei tudo sobre a notificação do Ministério que eu recebera.

– Hermione... – Harry assoviou, espantado – você vai ser a juíza mais nova do milênio...

– Depressivo.

– Por quê, Gina?

Gina fingiu fechar a cara.

– Vai me dizer que não vai gostar de toda aquela ladainha de “meritíssima”...

Todos riram.

– Ainda acho errado – murmurei, envergonhada – tem tanta gente mais qualificada do que eu para ocupar o cargo... o que eu sei de justiça?

– O que você sabe? = Rony se ergueu, quase cambaleando de volta quando o trem deu uma guinada para frente – você praticamente só fez julgamentos nos últimos doze meses, Hermione. Absolveu criminosos. Salvou inocentes. Condenou culpados.

– O cara tem razão – Neville assentiu – ninguém sabe mais de justiça, misericórdia ou moral do que você.

– Tirando a moral – brinquei, piscando para Rony, que quase aproveitou que estava em pé para pular em cima de mim, mas acabou foi caindo de volta no assento quando o trem começou a se locomover.

– Mas não era isso que queríamos fazer com vocês aqui – comentou Gina, remexendo numa caixinha que trouxera consigo.

– O que é isso?

Ela puxou algo da caixa e colocou na boca. Quase tive um treco quando fui atingida levemente por uma língua de sogra bem no meio da testa.

– Feliz aniversário de namoro!

Eu e Rony nos entreolhamos, segurando o riso, enquanto Harry e Neville giravam reco-recos que Gina distribuiu para eles.

– Sério?

Gina sorriu, animada.

– Não é todo dia que um casalzinho tão complicado e assanhado consegue fazer um ano de agarramentos – ela olhou de esguelha para a expressão boiada de Harry e acrescentou – tá bom... talvez não seja tão raro. Mas vocês mereciam uma comemoraçãozinha.

Fiquei encarando Rony, mordendo o lábio. E agora?

– Na verdade... – Rony baixou a cabeça, sem graça – acho que esse aniversário não está valendo.

Gina parou de assoprar a língua de sogra, parecendo chocada.

– E por que não? – ela arregalou os olhos, ligeiramente horrorizada – vocês... não são mais namorados?

– Não – tive que fazer minha melhor cara de triste, para não soltar uma risada. Rony me acompanhou na brincadeira, fingindo uma expressão chateada.

– Estão brincando, não é? – Harry parecia genuinamente desolado. Coitado.

– Não estamos... – Rony deu de ombros.

Ergui a mão escondida na manga do suéter, sacudindo-a na cara de Gina.

– Te peguei!

Gina só faltou cair epilepticamente do assento, encarando, pasma, a linda aliança em meu dedo. Neville e Harry sorriram, surpresos.

– Sua vagabunda! – ela se ergueu do chão, se jogando em mim num abraço.

– Parabéns! – disse Neville.

– Caramba, cara – Harry riu – que inusitado.

– Pois é... – Rony parecia envergonhado, mas também feliz.

– Vou ter mais uma cunhada! – Gina bateu palmas, sentando de volta do lado de Harry – caramba, maninho... mamãe vai ter um piripaque...

– Nem me fale – engoli em seco – nem quero ver a reação dos meus pais...

Rony enrijeceu.

– Tem alguma chance do Sr. Granger me trucidar? – ele se virou para mim, tenso.

– Sei lá – mordi a língua.

Dino apareceu na porta do compartimento, acenando para Harry e Gina.

– Droga, tinha esquecido – Neville se levantou – Dino e os meninos nos convidaram para uma festinha no refeitório do trem... – Harry e Gina também se ergueram – vamos lá?

– Acho que não, Neville – bocejei, cansada, deitando a cabeça no ombro de Rony – quer ir, Ronald?

– Não – ele sorriu para mim... ah, aquele sorriso que ainda fazia meu coração disparar – estou muito bem aqui...

– Beleza... nos vemos no desembarque, então... até mais!

Harry e Gina o seguiram, fechando a porta trás de si.

Assim que a porta bateu, um estalinho repentino no vagão nos assustou.

Virei-me, sorridente, para a elfa que surgira no meio do compartimento, com um sorriso cheio de dentes para mim.

– Minha senhorita está indo de volta para casa?

– Sim, Becky... – afaguei as orelhinhas arrepiadas dela.

– Becky vai conhecer a casa da senhorita Granger?

Pisquei, reflexiva.

– Sabe, Becky.. eu estive pensando... – baixei o olhar para minha elfazinha – em... sabe... libertar você... lhe dar roupas.

Os olhos de Becky se arregalaram. Ela pôs as mãos na boca, parecendo aterrorizada. Lágrimas assustadas saltaram de suas órbitas.

– Não, não e não, senhorita! – ela guinchou, chorosa – por favor, não dê roupas á Becky! Becky não quer ser livre! Becky quer servir a menina Granger até morrer! Becky prometeu para o senhor Granger que cuidaria da senhorita para sempre!

– Eu sei, Becky... mas pense bem... – murmurei, bondosamente – se você for livre, não precisará me servir só por que meu tio ordenou... poderá trabalhar para quem quiser...

Não deixei de ficar condoída e emocionada quando Becky agarrou minha perna, chorando.

– Mas Becky quer trabalhar só para a menina Granger, e mais ninguém!

Rony observou a elfa soluçando com a cabeça em meu colo, impassível.

– Está bem, Becky – suspirei – só estava querendo dizer que não precisa me servir só por obrigação...

– Becky nunca serviu por obrigação, menina Granger – ela levantou os olhos lacrimosos, séria – o senhor Granger e a menina Granger nunca obrigaram Becky a fazer nada... Becky serviu a vida toda à eles por que quis... por que as senhorita é uma bruxa boa e nobre... por que merece ter uma elfa para cuidar dela! Assim como o irmão de Becky... – ela guinchou outra vez – queria servir Harry Potter!

O que meus pais diriam sobre ter uma elfa doméstica em casa? Puxa vida...

– Tudo bem... tudo bem, Becky... – peguei-a no colo, tentando acalma-la – você vai me servir pelo tempo que quiser...

Eu não estava gostando nada daquilo. Eu já havia aceitado Becky com certa relutância... não que ela não fosse uma boa serviçal ou uma companhia agradável. Era que eu simplesmente não me conformava em ser mestre de ninguém.

Mas eu ia respeitar a vontade dela. Não arrancaria de Becky nada que a fizesse feliz. E era óbvio que ser minha elfa devia ser uma destas coisas.

Em alguns minutos, fiquei satisfatoriamente surpresa quando a pobrezinha adormeceu em meus braços, ainda com o corpinho estremecendo.

– Coitada... – Rony sorriu, afagando a cabecinha de Becky – ela realmente gosta de você, Hermione... – ele acrescentou, suspirando – e quem não gostaria, também...

– Tipo você? – eu disse, brincando, balançando propositalmente o belo anel prata em minha mão.

Ele me fitou, aparentando petulância.

– Não. Ninguém gosta de você como eu.

Gargalhei, beijando sua bochecha e o deixando finalmente sem graça.

– Com certeza... – concordei - ninguém gosta de mim como você...

Deitei-me em seu ombro, sustentando Becky em meu colo. Rony riu e encostou sua cabeça sobre a minha.

Enquanto voltávamos para casa, refleti em como aquele ao seria inesquecível, tanto no bom como no mau sentido. Eu havia vivenciado tantas coisas, aprendido tantas novidades, enfrentado tantos perigos...

Ver-me como Wicca - poderosa e inabalável – também foi uma coisa de outro mundo. Nunca havia imaginado que poderia ter tamanho poder – nem a capacidade de usá-lo para o bem e para o mal. Eu havia sentido cada força da natureza como se fosse parte de mim... e, no fim das contas, percebi o equilíbrio delicado e atordoante entre o ser humano e a Mãe que o nutria.

Ainda tentava me recuperar de todo o sofrimento que havia se acumulado em mim... mas, quando eu estava com Rony, tudo não parecia passar de um pesadelo, do qual eu acordava toda vez que ficava com ele.

E, olhando para o pequeno brilho em minha mão, eu via a garantia de um futuro emocionante ao lado daquele garoto enlouquecedor e maravilhoso. Meu eterno legume insensível... meu noivo... meu amor.

Parecia que tudo estava entrando nos encaixes, rumo á um futuro mais feliz, onde eu seria respeitada e amada mesmo como Wicca, ostentando a Maldição – que, na verdade, se tornara a maior das bênçãos.

Onde tudo trilharia longe de mais dor e sofrimento. Na direção de um futuro sem mais perigos e confusões.

Eu mal tinha idéia de que tudo só estava começando...

E, se eu pensara que finalmente ficaria longe de encrencas, o quanto eu estava enganada...


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Notas finais do capítulo

Obrigada á todos que acompanharam a Maldição da Wicca até o final, gente! Eu nãos eria nada sem vocês... Jeniffer, Caramelkitty, Oliviene, Meow, Nah, minu2013, Bibia Ferrari e todos os outros leitores... vocês são demais!
Nos vemos na quarta temporada!



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