A Maldição da Wicca escrita por FireboltVioleta


Capítulo 30
The Second Task




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RONY

Vou confessar que estava começando á achar certa graça apreciativa com tudo que andava rolando em Beauxbatons.

Hermione estava simplesmente virando uma celebridade dentro do castelo, assim como Madelaine – que, finalmente, parecia feliz em ter a atenção dos colegas.

Eu pensava com meus botões, então, no como seria se todos soubessem que Hermione era a nova Wicca. Provavelmente, em vez de adulações, iriam se jogar aos seus pés em reverência.

Bom, isso era opinião minha. Era o que eu tinha vontade de fazer quando a via em sua outra forma.

OK, na forma normal também.

Diabos, mesmo como uma bruxa sinistra e poderosa, aquela menina ainda conseguia ser bonita. Devia ser um talento.

Hermione havia reunido, umas três horas antes do início da segunda tarefa, todos os nossos amigos em uma salinha vazia, trancando a porta assim que eu entrei, confuso.

– O que você vai aprontar, hein? – sussurrei para ela.

– Cala a boca e senta – Hermione fungou, me empurrando com um sorriso em direção á uma carteira.

– Rony – cumprimentou-me Darel, sorrindo. Nyree estava o seu lado, conversando com Tamahine, que devia estar dormindo lá dentro de sua barriga, se lixando para o falatório da mãe.

– Olhem só – Hermione sorriu, esfregando as mãos. Gina se aprumou no assento, interessada, assim como todos os outros. Desde que aquela loucura começara, nunca haviam visto Hermione conjurando um elemento.

Ela esfregou os dedos um no outro, num movimento ritmado, e, para a surpresa geral, as chamas nas lamparinas em forma de grifos dobraram de tamanho momentaneamente com um estalo, voltando logo para o tamanho normal em seguida.

Nyree franziu a testa.

– Por que você pediu para eu trazer essa sementinha de girassol?

– Calma – Hermione deu uma risadinha, segurando na mão aberta da amiga e fechando os olhos, concentrada.

Nyree riu, espantada.

– Faz cócegas!

Darel e Harry a encararam, curiosos.

Quando Hermione retirou a mão, até mesmo eu fiquei surpreso. Uma bela flor amarela ergueu-se levemente na mão de Nyree; pequenas e finas raízes entrelaçavam-se na mão dela, o que justificava suas cócegas segundos antes.

– Que linda! – Nyree deu um largo sorriso para Hermione – uau!

– Ei! – ouvimos um grito na porta trancada, que fez todos saltarem de susto.

– O que foi, Gabrielle? – resmunguei, enquanto Luna ajudava Nyree á recuperar o fôlego com a cantiga de “inspira, respira”.

– A tarefa vai começar daqui á duas horas... querem a Hermione lá meia hora antes... então não demorem! Afinal, o que vocês estão aprontando?

– Tchau, peste. Valeu – dispensei-a. Ouvi uma pancada na porta no lugar onde Gabrielle devia tê-la chutado com raiva, antes de tudo ficar silencioso outra vez.

– Terapia – fungou Hermione – essa menina precisa de terapia.

Todos riram, saindo de onde estavam, se levantando para irem embora.

– Incrível, Hermione! – Neville disse, sorrindo – isso tudo é fantástico!

– Valeu – Hermione deu de ombros, esbarrando em meu ombro de um jeito brincalhão.

Puxei sua cintura, abraçando-a de lado, fazendo Gina revirar os olhos e Harry piscar em aprovação.

– Que intimidade toda é essa, rapaz? – Hermione ergueu a sobrancelha enquanto saíamos da salinha.

Olhei para ela, ficando aliviado quando vi sua expressão brincalhona. Ah, bom. Eu é que ia perguntar que diabo de intimidade ela queria não ter depois daquela noite na Sala Precisa.

– Sei lá – entrei na brincadeira – depois de eu praticamente jantar em você... literalmente...

Hermione ficou vermelha.

– Rony, seu... – ela mordeu o lábio. Se sua testa vincada era de raiva ou de vontade de rir, eu não sabia.

– Ah, não – eu ri – bota na conta.

Hermione me encarou com um olhar tão cru, mas tão profundo, que fiquei sinceramente arrepiado. Era tipo olhar para seus olhos prateados de Wicca... mas sentir, em vez de medo, algo bem mais constrangedor.

– Você já está no vermelho comigo, Rony.

Gina deu um muxoxo de “ih, rapaz” ao meu lado. Tentei pisar no pé dela, mas não deu.

Hermione estava brincando, certo?

Pisquei, engolindo em seco.

Continuei andando ao lado de Hermione, evitando incomoda-la de novo. Pelo meu próprio bem, era melhor eu sossegar o facho até a segunda tarefa terminar...

___________________O______________

Uma arquibancada adaptada cercava o início do bosque, onde a segunda tarefa aconteceria. Todos já estavam sentados em seus lugares. A algazarra de gritos de guerra, torcidas e conversas fazia a meia arena parecer um chapéu mexicano infestado de filhotes de araras.

Vimos Atena acenar para os campeões, chamando-os para tomarem lugar na frente das arquibancadas.

– Bom – sorri, cutucando Hermione – boa sorte. Nos vemos mais tarde.

– Hum... e cadê meu beijinho de boa sorte?- brincou ela, balançando o corpo.

Como uma vingançazinha pessoal – mais ou menos para lembra-la que quem podia agarra-la era eu – puxei seu rosto para o meu, beijando-a. Hermione riu, retribuindo e quase me tirando o fôlego com o beijo.

Alguns da arquibancada gritaram. Pude reconhecer, sorrindo mentalmente, o sem noção do Dino gritando “agarra mesmo!”, a risada alegre de Cho e o inusitado coro maluco dos alunos da Grifinória de uma versão de “Weasley é Nosso Rei”.

Rony é campeão,

Mas Grifinória não está sozinha,

Se Weasley é nosso Rei

Hermione é Nossa Rainha!

– E é mesmo! – gritei em resposta, fazendo todos rirem. Hermione ainda parecia atordoada e surpresa com a musiquinha improvisada.

– Convencido – ela me acotovelou – até logo.

Ri, observando-a ir até Madelaine e Andrey com um sorriso no rosto.

Sentei-me na arquibancada, ao lado de Nyree, que gritava feito louca, pulando animada. Darel revirava os olhos, rindo.

– Ei – brinquei – se alguma coisa que não seja uma vuvuzela berrando estiver á caminho, Nyree, nos avise.

– Ela vai é ter o bebê se continuar assim – riu Gina – se acalma, amiga...

– Se acalmar?? – Nyree arregalou os olhos – como você quer que eu me acalme com essa emoção toda? É emocionante, ué...

– Ahn, não sei. Abaixa – resmungou Harry, com cara de quem não ia aturar, puxando Nyree de volta para o banco. Todos riram.

– Campeões! – ouvimos Atena exclamar, e finalmente nos viramos para frente, atentos. Vi Hermione acenar alegremente para mim – esta segunda tarefa, como todos sabem, será dentro do misterioso bosque de Beauxbatons. Os professores de Herbologia da escola fizeram um circuito de obstáculos por todo o bosque, com o auxilio de alguns outros professores de outras disciplinas. É um labirinto circular que tem seu final aqui mesmo, de volta ás arquibancadas.

"A missão de vocês será simplesmente entrar no bosque e voltar para este mesmo ponto em menos de uma hora – vi a funcionária do Ministério sorrir misteriosamente – assim que vencer cada obstáculo em seu caminho. Para que possamos acompanhar seus progressos, um Feitiço de Translucidez foi lançado no bosque, e cada um dos que assistem terão um Círculo de Ampliação para que os espectadores e juízes possam acompanha-los visualmente. Porém, vocês não poderão nos ouvir. Boa sorte á todos!"

Olhei, curioso, para as árvores adiante. Realmente, o bosque parecia mais uma cortina de plantas transparentes, que permitiam ver todos os elementos que estavam no chão – lagos, pedras... e, caramba...

– Nós vemos ver os obstáculos daqui... mas eles não vão conseguir ver – murmurei, tenso.

Até Nyree, ao perceber do que eu estava falando, deu um gritinho e sacudiu Luna, que parecia tão pasma quanto ela.

– Isso é insano! – murmurou Harry.

– Podem entrar assim que o canhão disparar!

Assim que Atena terminou de falar, um estrondo ao lado da arquibancada sacudiu as estruturas do nosso banco. Vi de relance Hermione e os outros campeões entrarem correndo no bosque, com as varinhas em punho. A gritaria recomeçou, com as pessoas mais animadas do que nunca quando finalmente repararam no labirinto translúcido á nossa frente.

Uma leve névoa que parecia com uma lupa gigante se estendeu ao nosso redor. Curioso, passei a mão por ela, descobrindo que se dilatava, ampliando a imagem á frente, de acordo com meus movimentos. Puxa... que bacana.

Era como assistir um filme num onióculo, mas sem poder retroceder.

Madelaine foi a primeira á se desgarrar do trio, indo por um caminho que, infelizmente, terminava em um emaranhado de bobotúberas.

Uau... aquilo ia doer. Muito.

Os gritos dos alunos de Beauxbatons foram em vão. Foi uma questão de tempo até que víssemos ao longe Madelaine tropeçar e cair em várias bolhas de pus que se estouraram ao seu redor.

– Ai – gemeu Nyree, mordendo o lábio.

Distraído, tentei focalizar Hermione, mas ela parecia estar se dando bem. Pelo caminho que havia ido, ainda não dava para ver nenhum obstáculo. O Círculo me ajudava muito para acompanha-la mais ao longe.

– Saia daí, Andrey! – preguejou Vitor Krum atrás de nós, bufando.

– O que Andrey está fazendo? – indaguei para Neville. Não queria tirar os olhos de Hermione.

– Uma esfinge – Neville riu – o cara está frito. Ah, não... ele passou.

Foi impressão minha ou Neville pareceu decepcionado por Andrey ainda estar vivo?

Alternei meus olhares entre ele, Madelaine- a coitada ainda tentava chegar ao fim do labirinto - e Hermione. O tempo passava rápido... ou era eu que estava tão agoniado para que Hermione saísse dali que os minutos pareciam voar.

Continuei observando Hermione. Ela já estava num trecho bem adiantado do percurso. Havia pegado um caminho quase reto que, com sorte, desembocaria logo de volta á arena.

Foi quando até eu pulei do banco.

– Nundu! – Nyree gritou, horrorizada.

Vi Hermione paralisar ao dar de cara com o gigantesco leopardo cor de terra. O bicho tinha nada menos que dois metros de altura, e parecia estar a fim de fazer um lanchinho da minha pobre namorada.

– Ah, não! – arfei, segurando nas grades da arquibancada.

Para meu alívio, Hermione pareceu quase petulante ao gesticular a varinha e atingir o olho esquerdo do nundu, que estremeceu, se encolheu e ganiu alto, embolando o corpo no chão com gemidos de dor que quase me deixaram penalizado.

Dei risada quando vi Hermione continuar seu caminho, não sem antes dar um chute ousado no traseiro do nundu que se lamentava e sair correndo com a língua de fora.

Ouvimos um berro alto que indicava que Andrey parecia ter se enroscado – literalmente – com as vinhas encantadas do corredor em que estava.

Para meu choque, estava tão distraído com Hermione – agora muito ocupada com uma acromântula irritante – que arfei surpreso quando a torcida de Beauxbatons explodiu.

– Madelaine Dubois, primeiro lugar, em quarenta minutos!

– Quê?? – Gina guinchou, indignada.

Realmente, Madelaine havia acabado de voltar á arena.

Estava com o rosto inchado como um melão, e chorava tanto que fiquei com pena. Coitada... aquele pus parecia ter traumatizado a pobre menina. Ela cobria o rosto com as mãos, envergonhada.

– Não chore, querida – Atena abraçou Madelaine, com um sorriso de compaixão – você conseguiu o primeiro lugar, não fique assim... Margaret, por favor, leve-a para a enfermaria... esta aqui merece um longo descanso...

Madelaine arriscou dar um aceno triste para a torcida enlouquecida, antes de acompanhar a curandeira do Ministério e sumir e vista por trás das arquibancadas.

– Ah, coitada...

–Anda, Hermione – ouvi Harry murmurar, e vi , para meu espanto, que Hermione só precisava passar por um enorme erumpente – um erumpente! – para chegar ao fim do labirinto.

– Céus... – fungava Gina.

– Andrey! Andrey! – algavariava um búlgaro atrás de mim. Quase acotovelei seu joelho para que voltasse a sentar e não enchesse meu saco.

Distraído, pulei no banco, sobressaltado, quando ouvi um estrondo arrepiante, vindo exatamente de onde Hermione estava segundos antes.

– O quê?? – me ergui, com as mãos na cabeça – o que aconteceu?

– O erumpente... – grasnou Nyree, com as mãos na boca – explodiu! Como... como?

Até Atena parecia espantada, encarando ansiosa a nuvem de fumaça que começara a sair do fim do labirinto.

– Hermione! – Harry gritou.

– Ninguém viu – comentou Cho, preocupada – ninguém viu o que aconteceu...

O silêncio se abateu sobre as arquibancadas. Meu coração disparou até quase ir entalar em meu pescoço. O que havia acontecido? Hermione estava bem?

Eu via algo nada agradável – um enorme cadáver ensanguentado, tostado em lugares que eu nem conseguiria comentar. Um cheiro de couro queimado chegou nas arquibancadas.

E então, saída da névoa acinzentada, surgiu uma figura inesperada.

– Hermione Granger, segundo lugar!

Meu grito se misturou com centenas de outros quando Hermione apareceu em nossos campos de visão, trêmula e abalada, mas fisicamente bem.

Pulei umas duas arquibancadas, em meu alívio desesperado. Quase pedi desculpa para o carinha da Lufa-Lufa cuja cabeça havia chutado em meu pulo, mas estava ocupado demais correndo em direção á Hermione.

– Andrey Borislav, terceiro lugar!

Abracei Hermione, rindo. Seu corpo, que parecia ter sido feito sob medida para se encaixar no meu, não demorou á se aninhar em meu abraço.

– Hermione! Você tá bem!

– E o mesmo tom de surpresa – ela brincou, retribuindo meu abraço. Tinha um corte feio no braço, mas, fora isso, parecia ilesa.

Um coro de “Hermione é Nossa Rainha” recomeçou na arquibancada de Hogwarts. Apenas Draco Malfoy, Mila Bulstrode e uns dois corvinos não se juntaram á cantoria.

Hermione corou, ainda me abraçando.

– O que aconteceu, Hermione? O erumpente...

Hermione me olhou assustada, balançando a cabeça.

– Depois, Rony. Depois.

Engoli em seco. Ah, não.

Coisa boa não era.

– Parabéns, campeões! – Atena sorriu – estão dispensados até a última tarefa, que será daqui á um mês. Apenas permaneçam mais um pouco para a apuração das notas, e então poderão comemorar suas vitórias!

Nem prestei atenção na apuração. Estava desagradavelmente curioso com o que Hermione me contaria sobre seu encontro final no labirinto.

Madelaine recebeu três oito. Andrey teve seis por McGonagall – que ainda se abanava de susto, me olhando de modo significativo – sete de Maxime e dez – previsivelmente - de Krum , e Hermione me chocou com um par de notas dez por Krum e McGonaggal, e nove de Maxime.

Olhei com raiva para o ocupante da segunda cadeira de juízes. Esse cara estava pedindo para apanhar.

Enquanto acompanhava Hermione arquibancada afora, abraçado á ela, tinha a péssima impressão de que o erumpente não havia simplesmente chifrado uma árvore qualquer e explodido pelos ares.

Se eu achava que as coisas que eu ouviria melhorariam dali em diante, estava ridiculamente enganado.


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Notas finais do capítulo

Entrão, gentes? Comentários? huashuashuas
Até o próximo! Desculpem se ficou chatinho e parado, mas prometo que nos próximos capítulos a coisa vai esquentar!



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