A Maldição da Wicca escrita por FireboltVioleta


Capítulo 19
Burning Up




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RONY

Eu realmente estava achando que passar uma temporada no sanatório do St. Mungus ia fazer um bem danado.

Minha varinha caiu no chão com o choque.

– Bichento? – ouvi Hermione arfar. Virei-me para ela, observando seus olhos arregalados e vidrados para o homem esquisito à nossa frente.

Aquilo era impossível...

Ele piscou, ainda com as mãos para o alto.

– Na verdade, Hermione... meu nome é Leopold... mas sim, sou eu – o homem olhou para ela, com uma expressão que oscilava entre a pena e o arrependimento - sei que deve estar chocada...

– Você acha? – a voz dela subiu uma oitava.

Bichento finalmente deu uma risada envergonhada. Era impossível não conciliar sua risada com um miado estridente.

– Sinto muito mesmo – ele ficou sério de repente – mas, se você permitir, eu poderei explicar tudo.

– Explique mesmo, por favor – ela tinha a mão pousada na testa, e era visível o quanto tremia, o que fez meu estômago afundar... ah, não. Outro pesadelo? – por que... – sua voz falhou – eu realmente estou entrando em pânico... como...?

– Acho que é melhor já deixar algo bem claro – Bichento baixou as mãos lentamente, na velocidade em que nossas varinhas desceram – digamos... – ele contorceu o rosto, constrangido – que tudo começou com seu tio Harold.

Hermione empalideceu, sentando na cama. Aproveitei que ninguém acordara ainda com todo o barulho e tranquei a porta. Duvidava que o que aquele “cara que dizia ser o gato da Hermione” ia dizer serviria para não causar pânico.

– Sou um animago, Hermione – Bichento murmureou – fui mandado pelo seu tio para te vigiar desde o seu terceiro ano. Éramos velhos amigos...

– Um animago ilegal, pelo visto – Hermione sussurrou, respirando fundo.

– Sim – Bichento assentiu – Harold quis que eu ficasse de olho em você, pedindo... aliás, implorando... que eu fizesse o sacrifico de ficar na forma animal em todos os momentos nos últimos quatro anos, acompanhando-a o máximo possível. Ele sentia tanto a sua falta – ele suspirou – queria muito ter certeza de que sempre ficaria bem.

“Ele disse que ficou sabendo de sua visita ao Beco Diagonal para comprar um bichinho de estimação. Foi uma oportunidade para que eu me transfigurasse e, com sorte, fosse escolhido por você. Assim, como seu animal de estimação, estaria sempre por perto. Graças aos céus, foi isso que aconteceu.”

Me boquiabri. Então Bichento esteve esse tempo todo como um tipo de guarda-costas de Hermione?

O que me deixava apalermado, na verdade, era o fato de que isso significava que Hermione havia dormido os últimos quatro anos com um cara adulto na mesma cama.

A comichão em minha cabeça foi diretamente para minhas mãos. E elas se coçavam para se engancharem no pescoço de Bichento.

– Então... – Hermione arfou – meu tio só queria me proteger?

Vi, angustiado, lágrimas descerem de seus olhos. Então, depois de toda aquela ladainha, Harold Granger fez tudo aquilo só para que Hermione ficasse segura?

– Foi – Bichento respondeu – seu tio amava você, Hermione... o suficiente para achar que estaria melhor se não ficasse por perto por causa de seus poderes de Wicca...

– Você já... sabe? – ela soluçou – sobre tudo? A profecia?

– Sei... foi complicado ficar esse tempo todo sem ser descoberto, sem nem poder voltar á forma humana para te ajudar devido á olhares indesejados... eu e seu tio ficamos sabendo da profecia á uns dois anos atrás. Mas, com toda aquela confusão com a volta de Voldemort, tentarmos nos revelar para você era arriscado demais. Por exemplo, lembro-me de que seu amigo aqui – ele me indicou com o queixo – sugeriu que estava perseguindo o rato dele... e foi isso que aconteceu. Vi que estava frente á outro animago... um animago inimigo... mas, preso como um gato, só podia persegui-lo e tentar dar um fim nele eu mesmo. Mas, como sempre, vocês foram inteligentes o suficiente para se virarem sozinhos.

– Então você perseguiu Pedro por que realmente sabia que era um Comensal? – indaguei, surpreso.

– Foi o que eu tentei fazer... – Bichento sorriu para mim – não o culpo por ter raiva de mim... afinal, era seu bicho de estimação...

Senti minhas orelhas avermelharem de arrependimento. O pobre cara simplesmente tentou nos ajudar esse tempo todo e eu só sabia ralhar e ficar com raiva dele.

– Foi mal... – eu disse, sem graça.

– Entendi... – Hermione tinha as mãos enlaçadas uma na outra, parecendo abalada – mas, então... por que nunca se revelou enquanto estávamos á sós? Por que não aproveitou para me contar tudo isso?

Ah, sim... a questão “não-creio-que-dormi-contigo-nos-ultimos-três-anos”. Casseta, isso ia dar merda.

Pela primeira vez, vi Bichento ficar vermelho.

– Simplesmente por que você sempre estava cercada por amigos... ou garotas – ele ficou realmente mais vermelho depois dessa – não ia ser uma boa ideia.

Eu realmente estava ouvindo aquilo? Enfiei minha cara nas mãos, olhando de esguelha para minha namorada.

Pobre Hermione... eu podia imaginar como devia estar confusa e com medo... mas nem eu mesmo sabia o que fazer diante de uma situação daquelas.

– Bich... Leopold – Hermione soluçou – eu... acabei de sonhar... com meu tio...

OK, disso eu não sabia. Ergui o olhar, pasmo.

– Fui eu – Bichento, ou Leopold, que fosse, ergueu uma varinha curta e grossa em sua mão – também sou razoável em Legiminência... instalei algumas lembranças de seu tio em sua mente... achei que, se simplesmente contasse, não seria o suficiente. Espero que tenha elucidado algumas coisas...

Hermione assentiu, ainda soluçando.

– Então... – ela arfou – eu causei uma pequena confusão quando fugi da escola...

– Ah, sim – Bichento assentiu – ter desaparecido por aí e me deixado com sua tia complicou muito as coisas para mim – ele suspirou – eu simplesmente não sabia onde você estava... ou se estava viva – Bichento engoliu em seco – e sua tia ainda fez questão de me trancar na casa dela o ano todo, sem tirar os olhos de mim... só consegui fugirá pouco tempo, e impedi que ela se comunicasse com você até agora, justamente para que não ficasse preocupada e tentasse me procurar...

– Espere um pouco – ergui as mãos, alterado – então vocês sabem sobre a profecia. Eu só ouço falar dessa porcaria, mas ninguém sabe me dizer qual é o maldito conteúdo dela... o que ela diz, afinal?

– Sabia que iam perguntar isso...

Ele se levantou, com as mãos nos joelhos, erguendo-se e procurando algo nos bolsos de sua roupa larga. De um deles, tirou um papel amarrotado e o entregou á Hermione.

– Uma carta de seu tio... ele me mandou há menos de um ano... – Bichento piscou, parecendo angustiado – antes de... tudo acontecer.

Hermione foi ficando cada vez mais branca á medida que lia. Assim que acabou, sem me olhar nos olhos, entregou o pergaminho amarrotado para mim.

Eu não devo ter ficado menos branco quando li.

Caro Leopold,

Devo afirmar que ainda não acredito no fato de minha pequena Lontrinha ser realmente a Wicca da profecia que lhe contei na semana passada. Esta profecia foi de exclusivo conhecimento da Ordem da Fênix, e só agora vazou no meio dos Comensais da Morte. Temo que estes estejam se sustentando nela para tentar encontrar o Wicca Negro, filho de Alecto Carrow, e, juntamente de Voldemort, tentar localizar – e destruir – a criança da profecia.

Infelizmente, a Ordem parece ter razão em achar que minha sobrinha realmente será a nova Wicca. Se realmente for – o que significa que Hermione está em perigo e precisa que lhe contemos toda a verdade – precisarei garantir que ela esteja preparada para esse embate, uma vez que duvido que até mesmo Voldemort conseguirá se manter imune frente aos poderes do filho de Alecto, ou que Voldemort vá sobreviver se finalmente se confrontar com Harry Potter. Legarei á ela minha casa e Becky. Deixei instruções de como usar as propriedades com a elfa.

Peço que, assim que possível, localize-a e conte tudo á ela. Eu iria fazê-lo pessoalmente, meu amigo, mas se aquele maldito Wicca Negro realmente estiver de volta, fará de tudo para atacar minha Lontrinha, e não permitirei que faça isso sem passar por cima de meu cadáver. Irei atrás dele e, se possível, darei cabo de Carrow antes mesmo que tente achar minha sobrinha. Peço que não tente me impedir de nenhum modo. Essa pode ser a única chance de eu finalmente fazer algo pela minha pequena menina, que nunca teve minha presença quando mais precisava.

Não sei se viverei tempo o suficiente para que nos reencontremos outra vez, meu velho amigo. No entanto, me despeço de qualquer forma. Sobrevivendo ou não, duvido que nos veremos de novo tão cedo.

Obrigado por tudo que tem feito pela minha pobre menina, Leopold. Palavras nunca serão o suficiente para lhe dizer o quanto me ajudou, e o quanto queria agradecer.

Quando a encontrar, diga que eu a amo muito, e que sinto muito. Mesmo.

Adeus, querido amigo.

Harold Granger

Anexada á carta, um pedaço de pergaminho que parecia ter sido salvo do fogo.

Ao amanhecer, após a ascensão do Sobrevivente, duas Sementes da Tríade florescerão sobre as cinzas. A Semente das Trevas encobrirá o mundo e irá se voltar contra ele. A Segunda Semente, a criança nascida humilde e ignorada, descendente da magia ocultada, salvará o Marcado pelo Lorde das Trevas, e atingirá o poder imposto á Semente Negra. A criança com a marca do Pentagrama escolherá, á Semente Negra, destruir ou á ela se unir.

Ah, não. Não era bom. Nada bom.

– Bem... – Bichento ergueu o olhar – fui tolo o suficiente para perceber que, já na profecia, estava predito que Harold... – ele soluçou baixo e não terminou a frase.

– “Sobre as cinzas”... – Hermione ergueu a cabeça, ainda chorando – as cinzas da “Terceira Semente”...

Bichento se levantou e segurou a mão de Hermione, parecendo tão abalado quanto ela. Olhei para o chão, ficando completamente perdido, abraçando a cintura dela.

– Foi por isso que vim até você. Vou ajuda-la á se preparar...

– Me preparar para quê? – Hermione se levantou dum salto da cama, alucinada – e se eu, querendo ou não, só me preparar simplesmente para escolher as Trevas no fim das contas? Você teria ajudado á destruir o mundo, não acha? Meu tio... meu tio sempre viu o melhor em mim... – ela se abraçou – mas e... e se ele estivesse errado... ele... teria morrido em vão...

Bichento deu um pequeno sorriso.

– Tenho certeza que não será este o caso. Todos confiam em você, Hermione. Olhe ao redor. Seus amigos, sua família, seu namorado – ele piscou para mim – se você realmente pudesse virar uma Wicca Negra, acha que teria tantas pessoas que confiam em você? Que a amam? Acha que Harold teria arriscado a vida por você?

– Não sei... é tudo tão... confuso – ela deitou a cabeça em meu ombro – estou tão perdida...

– Não precisará ficar... Harold realmente preparou tudo para que você se invocasse e treinasse em segurança...

– Como? – perguntei, curioso.

Bichento riu.

– Vocês realmente não olharam tudo no casarão de Harold, olharam?

– Ahn... não – Hermione, para meu alívio, finalmente deu um meio sorriso envergonhado – foi tudo tão repentino que nem... bom...

– Entendo – ele meneou a cabeça – bom, amanhã podemos voltar para lá, se a diretora de vocês permitir, e, com isso, também fazer mais perguntas á elfa. Sei que é muita coisa para assimilar, então vou deixar que descansem por ora. Irei conversar com McGonagall sobre tudo isso e explicar o que está acontecendo. E sinto muito mesmo por tudo, Hermione – ele colocou as mãos no ombro de Hermione – você é muito jovem para estar passando por isso, e não merecia sofrer assim... Harold tinha razão. È uma garota maravilhosa... – ele riu – e uma boa dona também.

Hermione deu uma risadinha. Não podia culpa-la. Não era todo dia que seu gato de estimação aparecia do nada falando que era amigo do seu falecido tio.

– Obrigada... Leopold – ela me olhou, e vi uma mistura de emoções varar seu olhar. Medo insano, confusão, choque, arrependimento, carinho... eram tantas que eu mal podia distinguir...

– Eu que agradeço pó ouvirem... e desculpem pelo susto... – Bichento foi em direção á porta do dormitório – vou deixa-los descansando agora. Até amanhã.

– Até – ouvi Hermione dizer, antes que o estranho ruivo atarracado saísse porta afora, com um sorriso que beirava á empatia.

Arfei, chocado, assim que terminei de trancar a porta outra vez.

– Não acredito... – comentei, encarando o pergaminho que Bichento dera á Hermione – não acredito! Depois de virar dragão, isso é simplesmente chocante demais...

Hermione, para minha surpresa, lançou o pergaminho na cabeceira. Parecia que ver pessoalmente a profecia e a carta do tio tinha tornado tudo mais real para nós dois.

– Então é verdade... sou mesmo a nova Wicca... – ela encarava o colchão da cama, paralisada.

Revirei os olhos. Ah, não. A sessão de autotortura ia recomeçar.

– Hermione, eu já falei mil vezes que...

A última coisa que eu esperava, depois de uma madrugada banhada á pesadelos-lembranças , gatos que viram humanos e profecias lidas ao pé da letra, era ver Hermione se jogando em cima de mim na cama.

– Epa! – arfei, surpresa, assim que aterrissei no colchão – ahn, não vai começar á se lamuriar por toda a ladainha de hoje?

– Vou deixar para entrar em pânico amanhã... chorei demais por hoje – Hermione me fitou, e senti meu estômago se dissolver como gelo em fogo quando percebi o que havia por trás de seu olhar.

A única coisa á que eu podia assemelhar seus olhos era uma caldeira de chocolate fervente.

– Hermione, o que você...? – murmurei, assustado, antes que Hermione simplesmente me calasse com um beijo de fundir metal.

Caramba... caramba. A coisa era séria.

Assim que ela me deixou recuperar o fôlego, pisquei atordoado para Hermione, confuso.

– Eu... – ouvi-a murmurar, baixando a cabeça – é muita coisa pra... pensar... quero esquecer tudo isso por hoje... – vi, espantado, um sorriso brincalhão lhe cortar o rosto – e você me faz esquecer tudo como ninguém...

– Mas... mas... – gaguejei, chocado. Ela não estava propondo outra noite à lá Alice Springs logo ali, no dormitório feminino de Noble, estava?

– Você mesmo queria me arrastar para cá um tempo atrás – ela riu, com a sobrancelha erguida, lendo meu pensamento.

– Mas não no dormitório feminino, garota!

– As meninas só voltam da visita amanhã à tarde.

Encarei-a, pasmo. Que monstro ávido por agarramentos eu havia criado?

Sinceramente, eu também precisava esquecer toda aquela merda que Bichento jogara no ventilador. Inclusive a bosta do fato de que o vagabundo dormira com minha namorada antes que eu mesmo, mesmo que não tivesse feito nada com ela. Ah, ciúme chato... eu não tinha jeito.

Senti algo ridiculamente forme me dominar e me impelir para frente. Era algo tão irritante e poderoso quanto uma transformação animaga.

Só que, desta vez, eu queria que meu corpo agisse por contra própria.

Hermione soltou uma exclamação mínima de surpresa quando eu a puxei para junto de mim, acariciando timidamente a flanela da camisola que ela usava.

– Posso... – murmurei, inseguro – testar os limites?

– Limites? – ela se jogou na cama, sorrindo como se achasse graça – que limites?

Ergui a sobrancelha quando ela corou, entendendo.

– Ah... tá.

– Vamos fazer assim... – mordi o lábio, ansioso – se você não quiser que eu faça algo, vai dizer que não quer. Só isso... – sorri – se só falar “não” ou “para”, eu não vou parar...

Hermione arregalou os olhos, rindo.

– Ahn... tá. Está bem.

Deus, como ela era adorável... finalmente descontraída, com os cabelos espalhados no travesseiro, vermelha de vergonha e ousadia como uma criança prestes á aprontar...

Não resisti. Tive que plantar um beijo completamente bobo e apaixonado em sua boca.

Hermione riu, mas só para arfar assustada quando eu desci minha boca pelo seu pescoço.

– Ah – senti seu corpo tremer. Se era medo ou prazer, só os céus saberiam dizer – espera...

– É só falar – repeti para ela, divertindo-me. Estava na cara que seu apelo era só um reflexo – é só falar que não quer.

Desci mais ainda, tocando suavemente o fecho frontal da camisola com a boca. Hermione deu um pulo embaixo de meu corpo, arregalando os olhos.

– Para... – ela mordeu os lábios, ficando ainda mais corada.

– A resposta é “não quero” – ri, ignorando-a.

– Rony... – a voz dela foi falhando à medida que descia até o pequeno declive em sua barriga.

Finalmente, ouvi algo que não esperava ouvir... um gemido, baixo, envergonhado e indiscutivelmente satisfeito saiu pelos seus lábios cerrados.

Aquilo foi como um gatilho para eu continuar. Se Hermione não quisesse, sabia o que fazer para que eu parasse. Ela ainda não dissera.

E o tremor leve, o rubor em suas bochechas e seus suspiros quase inaudíveis simplesmente entraram pela minha corrente sanguínea, acelerando minhas veias e fazendo meu coração disparar de carinho e paixão.

Continuei beijando-a, inconscientemente levantando a barra de sua camisola. Para minha surpresa, ela terminou de puxa-la pela cabeça, parecendo atordoada enquanto piscava aflita para mim.

– Espera...

Hermione subiu o corpo, tentando se desvencilhar – se era brincadeira ou não, não sabia dizer – mas prendi seus braços na cama, ainda atacando-a com beijos. Estava quase preocupado com o quanto sua respiração estava acelerada, mas queria ver até onde ela ia antes de finalmente se desesperar.

Foi quando eu cheguei a seu joelho que ela começou a fraquejar, se retorcendo na cama. Eu não sabia se achava graça ou se me punia por forçar a barra com a coitada.

Ela reabriu os olhos, observando tacitamente enquanto eu beijava delicadamente sua perna. Tinha os dentes mordendo o lábio, com uma expressão dividida entre o fascínio, o humor e o medo.

– Rony... – me arrepiei com o sussurro dela. Era baixo, sensual, apaixonado... um canto de sereia que mergulhou fundo em minhas artérias. Nunca pensei que ouviria um som assim vindo de Hermione.

Ergui o corpo.

– Desiste? – brinquei, sorrindo confusamente.

Ela se levantou e enfiou dois polegares nos botões do meu pijama.

– Acho que este talvez não seja o caso...

Meu sorriso se desfez.

Ah, não.

Decididamente não.

Hermione gargalhou enquanto desabotoava minha camisa, aproveitando meu atordoamento.

– Ei, ei, espera um pouco... você não acha que, tipo, a gente... aqui? Sério?

– Quê? Não... – ela pareceu assustada quando captou o que eu quis dizer... o que não a impediu de jogar a blusa do meu pijama no chão – digamos... – ela riu, nervosa – que essa seja só mais uma noite à lá Tokonga...

Eu estaria sendo muito pervertido por ficar decepcionado?

– Ah, bem... – murmurei, arregalando os olhos para ela.

– Como se você não estivesse gostando de me ver assim – Hermione disse, convencida.

Eu ia morrer antes de admitir o quanto ela estava deliciosa com aquela lingerie branca de babados. Ela dormia sempre com aquilo? Quer inveja daquele conjunto...

– Está bonitinha – soltei, sem querer dar o braço à torcer.

Hermione riu de novo, me abraçando.

Enquanto sorria, retribuindo seu abraço, percebi a brisa leve que batia nas janelas engrossar aos poucos até virar um vento que fazia as dobradiças tremerem.

– Rony... – ela fungou, enfiando a cabeça em meu pescoço.

O azevinho das janelas, para meu choque, desceram pelo vidro até cobrirem metade das vidraças. A garrafa de água ao nosso lado começou á ondular do nada, até cair no chão com um barulho seco.

E tentei fingir não estar tenso quando vi as chamas da altíssima lamparina lá fora começarem á incendiar as bases de metal.

Sentia o coração dela disparar contra meu peito, num ritmo alarmante.

E do nada, aconteceu.

Hermione arfou, levando as mãos ao peito.

Os olhos dela se anuviaram antes de fecharem.

– Hermione? – murmurei, assustado.

O corpo dela caiu na cama, tremendo. Um latejar pulsante envolveu o dormitório, vindo em ondas em nossa direção.

Ergui-me da cama.

– Becky! Becky!

A elfa surgiu do nada, e recuou vários passos ao ver a dona.

– Ah, não, menino Weasley! – ela tampou os olhos com as mãos, batendo os pés.

– O que está acontecendo?? – arfei, vendo Hermione finalmente parar de tremer e ficar imóvel na cama.

Meu Deus... o que estava acontecendo com Hermione?

Becky soluçou, me olhando compadecida.

– É tarde demais... começou.

Recuei até onde Becky estava, com um torpor cada vez maior atingindo meu corpo.

– O quê... – eu disse, mas sabia o que era.

A primeira etapa da invocação começara.

– Ela vai sintetizar os primeiros quatro elementos agora... – Becky murmurou, tremendo – a menina Granger ainda não vai ser uma Wicca...

Pisquei, abalado.

– Vá chamar McGonagall, Becky. E o homem ruivo com quem ela deve estar conversando. Rápido!

Becky não discutiu. Desapareceu com um estalo e nos deixou a sós outra vez.

Sentei na beira da cama, tenso, vendo o rosto de Hermione finalmente relaxando aos poucos na inconsciência.

Segurei sua mão, tentando segurar as lágrimas bobas que queriam descer pelo meu rosto.

Minha pobre namorada... por que tinha que sofrer tanto?

Acariciei sua testa, sentindo meu peito se estilhaçar. Segurei sua mão, afagando seus dedos.

– Você vai sair dessa – não sabia se ela estava ouvindo, mas achei que devia dizer – nós dois vamos resolver isso. Não vou deixar nenhum maldito Wicca Negro machucar você. Nunca mais... – arfei – nunca mais vou ficar longe de você. É uma promessa.

Penso que só eu senti, finalmente, nesse momento, um aperto mínimo de sua mão na minha.

Bichento irrompeu de volta no quarto num átimo. Olhou-me com uma expressão felina de ferocidade e ansiedade no rosto.

– Temos que leva-la á casa de Harold. Agora.


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Notas finais do capítulo

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