Silent Hill: Sombras do Passado - Convergentes escrita por EddieJJ


Capítulo 5
Um Pedido de Ajuda


Notas iniciais do capítulo

"Se eu puder aliviar o sofrimento de uma vida, ou se conseguir ajudar um passarinho que está fraco a encontrar o ninho... A vida terá valido a pena." - Emily Dickinson



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– Já está pronto? - Emilly perguntou, após entrar no quarto sem bater.

– Ainda não, estou terminando o curativo... - disse Evan, sentado em sua cama, cobrindo sua carne queimada com ataduras, após massageá-la com uma pomada de ervas de propriedades analgésicas, feitas por ele mesmo.

– Papai quer sair novamente em breve... ainda não a achamos e cada minuto é preciosíssimo. Ele já coordenou dois times de busca: um para a zona comercial e outro para as florestas aos arredores... sugeri a ele que nós três e mais dois homens fossemos...

Ele suspirou em desaprovação, interrompendo a garota.

– Alguma objeção? – perguntou, franzindo as sobrancelhas.

– Será que não conseguem considerar o fato de que ela pode nem estar mais aqui?! - ele disse –Acha mesmo que ela continuaria por aqui depois de conseguir fugir?! Ela pode estar bem longe agora!

– Não diga besteiras, idiota! - ela expressou desprezo, a teimosia de Evan já estava deixando-a impaciente - Não testemunhou as aparições do outro mundo no nosso? É através dela que deus, Samael, pode trazê-lo aqui. Isso significa que ela ainda está na cidade! E não nos cansaremos até encontrá-la!

– Fale por você...

– Escute! - ela disse apertando o braço ferido do irmão, arrancando-lhe gemidos - É bom começar a mostrar responsabilidade para com a Ordem, como Guardião dos Ritos você sabe que tem mais obrigação conosco do que qualquer outro fiel, não sabe?!

– Sim... eu... – sua ferida voltara a sangrar pela violência da garota, manchando as ataduras.

– Ótimo! – ela falou, rangendo os dentes, aproximando-se bem do rosto dele - Críticas e má vontade não são bem vistas aos olhos de deus.

– Que seja! - ele arrancou o braço da mão da irmã e encolheu-o no peito - Não preciso ouvir sermões de você também! Cumpro minhas obrigações com a Ordem como devo fazer e você sabe disso!

– O papai não pensa assim! E para ser sincera, eu também não... - ela parou por um momento - Não sei o que pensar sobre você, Evan... Não sei se está realmente disp...

– Eu estou disposto! Só não estou animado depois de semanas de procura... sem resultados... Diga ao papai que irei a hora que ele quiser. Agora saia!

Ela o olhou com cara feia.

– É bom mesmo! Iremos ao bairro residencial, é um bairro grande, então poupe energia. - ela disse, dando as costas para ele e saindo do quarto.

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Sebastian guardou o livro de volta em sua devida sessão e retirou-se da biblioteca. Atravessou o corredor e voltou ao hall principal. Com o mapa em mãos, estava pronto para achar Emma.

Ele desceu as escadarias da prefeitura e voltou à grande encruzilhada do outro mundo, que, livre da escuridão, podia ser vista como era realmente: uma pequena praça, onde no centro estava fixada a estátua de bronze vista por ele quando chegara ali.

Sebastian foi até o centro da praça, respirou fundo o ar da cidade, que já não fedia mais a podre e enxofre, e abriu o mapa. Ele ficou surpreso com o quanto andou por dentro dos esgotos. O Jacks.Inn não era muito longe dali, bom, seria um pouco cansativo ir a pé, uma vez que ficava em outro bairro da cidade, mas não era nada desafiador.

Ele fechou o mapa, guardou-o no bolso da calça, e mergulhou em passos rápidos nas ruas cheias de névoa da cidade rumo ao Jacks.Inn. Queria encontrar Emma o mais rápido possível. Não havia descoberto ou vivenciado nada de animador na cidade e precisava sair dali o quanto antes.

Desviando e se escondendo o quanto podia das criaturas e vultos que encontrava na névoa das ruas paradas e desertas de Silent Hill, Sebastian já havia corrido cerca de quatro quadras e seus pulmões haviam começado a se cansar. Ele parou e escorou-se em um poste de uma esquina qualquer, para recuperar o fôlego, e abriu o mapa para acompanhar o próprio progresso pela cidade: faltavam apenas alguns poucos quarteirões até que chegasse ao seu destino e seu coração já acelerava diante da expectativa do que podia encontrar, ou não, lá.

– Hm... - ele pensou consigo mesmo, olhando para um beco próximo que cortava o quarteirão a sua frente e que lhe pouparia um bom tempo andando - ... não seria uma ideia ruim cortar caminho por aqui...

Ele fechou o mapa novamente, guardando-o no bolso de sua calça, e aproximou-se do beco, esgueirando-se em sua entrada e garantindo que não havia ameaças caminhando dentro dele. Feita a revista, Sebastian adentrou o beco apertado.

Correndo dentro do estreito entre os prédios condenados pelo tempo, um som foi ouvido cortando o silêncio das ruas. Soava como um carro desgovernado, derrapando e buzinando freneticamente enquanto batia e derrubava qualquer coisa nas calçadas. O barulho aumentava gradativamente conforme ele se aproximava do fim do beco e, consequentemente, da rua. Conclusão: havia um carro em movimento agressivo e ele iria passar por ali a qualquer momento.

Receoso de que fosse encontrar os membros da Ordem novamente ou algo igualmente ameaçador, Sebastian escorou-se sorrateiramente na parede e chegou cautelosamente ao fim do beco, pondo parte do seu rosto para fora a fim de ver o que se passava.

Um carro muito mal guiado numa velocidade devastadora, atacado por duas criaturas que golpeavam-no violentamente com braços semelhantes a facas, passou velozmente pela rua, fazendo Sebastian recuar de volta para dentro do beco por medo de ser acertado pelo veículo. O rapaz mal viu o carro ou seu motorista, pois, apesar da névoa, o mesmo dobrou violentamente a esquina da encruzilhada pouco à frente antes que pudesse ser reparado, jogando uma das criaturas contra o poste da esquina e desaparecendo na névoa junto com todo o barulho que fazia.

Em poucos instantes, o silêncio voltou a imperar nas ruas e Sebastian, saindo de seu esconderijo, andou lentamente em direção ao ser caído e imóvel, curioso, para vê-lo melhor. A criatura, no entanto, não estava morta como aparentava, logo levantou-se e grunhiu ferozmente, caminhando desorientada, talvez pela pancada, em direção ao rapaz.

– Droga... - disse ele apalpando a cintura em busca da arma e decepcionando-se ao lembrar novamente que ela ficara com Emma depois da queda.

O ser avançou rapidamente e em passos mais rápidos Sebastian recuou, tropeçando por falta de atenção na calçada e caindo de costas sobre uma caixa de correio desgastada. A criatura, aproveitando a oportunidade que o acaso lhe deu, correu mais rapidamente e saltou para o rapaz, que estava a se levantar, erguendo seu braço e preparando-se para o ataque. Pego de surpresa, ele apenas defendeu-se pondo os braços em frente o rosto e fechando os olhos. Um disparo foi ouvido e o peso da criatura jogou-o de novo no chão.

– O... o quê?... - disse, abrindo levemente os olhos e vendo a criatura, com um enorme buraco de bala na cabeça, sobre ele - Aaaaah! - ele gritou, jogando o corpo para o lado e levantando-se depressa. A criatura permaneceu imóvel - Está.... Morta?!

– Essa foi a intenção. - uma voz feminina vinda do topo de um sobrado do outro lado da rua chamou a atenção de Sebastian.

Lá de cima, uma bela mulher, por volta de seus 35 anos, olhando-o, recarregava sua pistola. Ela possuía uma aparência um tanto madura, tinha pele branca, cabelos escuros, penteados sob um chapéu marrom estilo detetives de televisão. Seus olhos negros expressavam tranquilidade e determinação. Trajava uma justa saia negra que terminava um pouco acima do joelho e uma camisa branca listrada de mangas compridas por baixo de um colete de tecido fino da mesma cor da saia. Usava sapatos de salto e uma echarpe bege, um tanto exuberante, que descia até a cintura e balançava no mesmo ritmo de qualquer vento que batesse.

Com um salto, ela apoiou-se na varanda de uma das varandas das janelas e desceu até o chão, caminhando na direção oposta do rapaz.

– O... obrigado... - agradeceu, ainda perplexo.

– Devia ter mais cuidado, rapazinho. - ela parou e virou-se para ele - Tem muito mais dessas daí andando por essas ruas... - disse, olhando para a criatura.

– Eu... eu sei... não é a primeira que eu vejo...

– Muito bem então... - ela ficou em silêncio por alguns instantes com os braços cruzados, olhando os arredores, até dar novamente as costas para ele.

– Você... também viu o carro... não é? - ele perguntou, olhando para a encruzilhada na qual o veículo desaparecera – Foi ele que jogou essa... coisa aqui...

– Sim... - ela franziu as sobrancelhas e sorriu com o canto do rosto - ... alguém deve estar bem encrencado agora... - começou a caminhar, indo embora.

– Es... espera! Eu pensei a mesma coisa. Seja quem for, temos que ajudar. Estava sendo atacado por... por... você sabe, essas coisas.

Ela parou novamente, mas não se deu o trabalho de olhar para ele.

– Ele continuou umas três ruas até dobrar novamente depois da curva suicida que fez aqui... foi o que deu para ver de cima do sobrado. A névoa não facilitou. Você pode ajudar se quiser, eu vim resolver outros assuntos e não tenho muito tempo. - voltou a andar.

– Assuntos? - ele perguntou.

Ela virou-se para ele, impaciente.

– Sim, algum problema?

– Que tipo de assunto alguém teria para resolver aqui?! - ele olhou irônico para as ruas desertas.

– Negócios...

– Negócios?!

– Negócios.

– Que tipo de negócios?

– Negócios particulares. - ela enfatizou a última palavra sorrindo, cortando o rapaz.

Ele continuou a olhando, como quem espera uma resposta.

Ela suspirou.

– Desculpe, mas costumo manter sigilo sobre meus assuntos e sobre as pessoas para quem trabalho. - ela silenciou mais alguns instantes - E quanto a você? O que faz aqui?

– Acho que você deveria dar algumas respostas se quisesse receber algumas outras.

– Tudo bem, não conte. Não faz diferença. - ela fez um gesto com a mão e deu as costas para ele, voltando a caminhar.

Ele hesitou enquanto via a mulher desaparecer pouco a pouco na névoa.

– Procuro uma amiga. - ele suspirou, confessando de uma vez - Nos separamos e preciso encontra-la, antes que algo ruim aconteça...

– Interessante! – sorriu - Boa sorte com sua amiga. - ela continuou andando.

– Estávamos no Jacks.Inn, uma espécie de pousada para aquele lado da cidade e.... Ei! Vai mesmo embora?

– Sim... eu vou.

– Vai me dar as costas? E pior, você pretende sair por aí sozinha? – ele olhou para o corpo da criatura e novamente para a mulher - É perigoso! E... e... – ele tentava ao máximo achar algo que a motivasse a ficar - ...se algo acontecer com você? É melhor ficar perto de alguém. – foi o melhor que conseguiu.

– Nossa! – ela bateu algumas palmas de leve - É um ótimo conselho vindo de alguém cuja vida foi salva... ah... olha só! Por mim! - ela sorriu, sarcástica.

Ele suspirou.

– Eu sei disso! E agradeço de novo! Mas seria muito pedir sua ajuda para socorrer o motorista daquele carro?! Você me salvou. Não poderia me ajudar a salva-lo também?

– Salvar você não interferia na minha rota... já ele...

– Ah... vamos! Você mesmo testemunhou os perigos desse lugar! Aquela pessoa pode ser só algum desavisado! Pode estar desarmada! Ela pode morrer! Seus negócios são mesmo tão importantes?!

Ela o olhou em silêncio, hesitante.

– Você viu para onde ele foi! Eu posso não conseguir ajuda-lo sozinho... e dois são melhores que um... só preciso que venha comigo...

– OK! - ela o interrompeu - Acho que posso abrir um espaço na minha agenda.

Ele sorriu.

– Ótimo. - ele aproximou-se dela - A propósito, sou Sebastian, Sebastian Baker. - estendeu a mão, cumprimentando-a.

– Cinthya Northwork... - ela passou direto, ignorando o cumprimento e dirigindo-se a encruzilhada onde o carro fizera a curva - ... vamos logo com isso.


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Notas finais do capítulo

Após sair da biblioteca com o mapa em mãos, Sebastian parte para o Jacks.Inn, porém, no caminho, algo inusitado acontece: um estranho carro desgovernado atacado por criaturas cruza seu caminho. Uma das criaturas cai do carro e o ataca, no entanto ele é salvo por uma estranha mulher de echarpe bege que diz estar na cidade a negócios. Ele pede sua ajuda para ajudar o motorista do carro, e após uma breve conversa ela decide ajudá-lo. Seu nome: Cinthya Northwork.
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Caros leitores, devo lembrar para acompanharem e relacionarem os acontecimentos que cruzam "Silent Hill: Sombras do Passado" e "Silent Hill: Sombras do Passado - Convergentes", assim se situarão nas duas histórias e terão melhor compreensão de ambas. Um BJ o/



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