Estações escrita por Emma


Capítulo 14
Certos Ventos Impertinentes


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo, com foco maior em H&H e algum drama...



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4 meses depois...

— Helena? Querida? – Heitor chamou por sua esposa enquanto entrava no quarto deles – Você está por aqui? – nenhuma resposta e ele resolveu ir até o quarto do bebê – É claro que você estaria aqui com nosso menino.

Ele sorriu e caminhou até onde estavam, sentando-se ao lado deles no pedaço de chão forrado com material emborrachado em formato de quebra cabeça, próprio para crianças que começaram a engatinhar.

— Oi meu amor, você demorou hoje... Sentimos saudades, não é mesmo Henrique?! – ela colocou o pequeno no colo e virou para que visse Heitor.

— Meu rapazinho, sentiu falta do papai?! – ele esticou os braços para pegá-lo e o menino abriu um sorriso gostoso, mostrando seus dois primeiros dentinhos na região superior da boca.

Helena aproximou-se mais dele e selou seus lábios suavemente, ao recuar um pouco ofereceu-lhe um sorriso, o mais radiante, encantador e vívido sorriso que ele já vira e pelo qual era perdidamente apaixonado.

— Me dê um bom motivo para eu não carregá-la agora para nosso quarto e te encher de beijos e outras coisas mais?! – ela sorriu, dessa vez maliciosamente e respondeu:

— Você está segurando o motivo nesse exato momento! – eles sorriram

— Mas eu não me preocupo querida, já são quase 20:30h, sei que irás amamentá-lo daqui a pouco, ele então dormirá e teremos um tempo a sós...

— Tempo esse onde eu preciso arrumar 3 malas e contava com a ajuda do meu lindo e dedicado marido... E nós teremos tempo de sobra para o que você estava planejando quando chegarmos em NY... Seus pais vão adorar ficar de babá para o Henrique enquanto o senhor me leva para um daqueles passeios que eu sei bem como terminam...

— Tudo bem bonitona, você ganhou, eu te ajudo! E você pode até dizer que tenho segundas intenções com meus passeios, e de fato eu tenho, culpa sua por ser tão bonita e despertar minha imaginação, porém eu sei que a senhora os adora – Helena ameaçou dar-lhe uma resposta, só que ele foi mais rápido e cortou-a – Vou tomar um banho rápido, volto aqui para jantarmos e obrigado por ter me esperado, eu estava deixando tudo organizado por causa da viagem...

— Eu sei... Vou colocar nosso pequeno para dormir... Vem com a mamma coraçãozinho – ela estendeu os braços e Heitor o entregou para ela.

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Henrique tinha acabado de adormecer, sua boca pequenina ainda fazendo sucção no seio de Helena, ela gentil e cuidadosamente o afastou e colocou no berço, passou alguns segundos analisando o bebê a sua frente. Seu menino tinha acabado de fazer 8 meses, o que a fez pensar em como o tempo passou rápido, como ele se desenvolveu nesse período e agradeceu internamente por não ter saído do lado dele nem um dia sequer. Ser mãe era cansativo, noites mal dormidas, abrir mão de algumas coisas temporariamente ou para sempre, todavia a arquiteta estava adorando cuidar do seu pequeno herdeiro, não se cansava de dizer o quanto ele era adorável.

Sua mente viajou mais além, pensou em como alguém seria capaz de abandonar uma criança? Seu coração se dilacerava só com a ideia de passar um único dia longe do seu príncipe... “Como você pode Elizabeth?!”... Repreendeu seus pensamentos, já que seu desejo era aproveitar cada momento que pudesse com seu filho, participar da vida daquele pequeno ser que agora dividia seu coração com Heitor. Ela amava seu pai e marido intensamente, mas Henrique a levou a conhecer um tipo de amor totalmente novo, mais forte do que qualquer outro. Gostava de pensar que a vida lhe tinha entregue 3 charmosos homens de olhos claros para cuidar. Inácio, seu tão querido pai, Heitor, o homem da sua vida e Henrique, seu melhor presente.

Feliz era a palavra que sempre a descrevia no último ano, ou anos, já que dali 60 dias eles fariam dois anos juntos, havia muito a se comemorar então, pois aconteceria também o tão esperado casamento de seus amigos Alexandre e Sônia, esse era um dos motivos da viagem, a prova final de seu vestido de madrinha e dos ternos de Heitor e Henrique.

Foi distraída pela vibração do celular em seu bolso e parou alguns segundos analisando o número diante de seus olhos, decidindo se atenderia, já que não o conhecia...

— Alô... – ela disse fechando a porta do quarto de Henrique e caminhando até o seu, poucos metros a frente. Um silêncio rápido se estendeu pelo outro lado da linha, Helena estava dentro de sua suíte já – Quem fala?

Ela estava pronta para desligar o celular quando ouviu:

— Sou eu Helena, Elizabeth... – sentiu as pernas vacilarem tamanha surpresa, sorte estar próxima a sua cama, logo sentou-se ali sem saber o que fazer – Gostaria de falar com você um pouco...

— Nós não temos nada para falar! – a raiva começou a fluir pelos seus poros – Não sei quem lhe deu meu número, mas eu espero que você o esqueça ou terei que trocá-lo. Agradeço a ligação - ela foi irônica e fez questão de mostrar isso no tom de voz – passar bem!

— Por favor Helena, não desligue – Elizabeth pediu, quase implorando e pareceu ter funcionado, pois ela permanecia na linha – eu lhe disse aquele dia que queria vê-la novamente, ainda preciso lhe explicar muita coisa, queria que pudesse enxergar a história pelo meu lado...

— Não passou pela sua cabeça a ideia de que EU não quisesse vê-la?! Sabe – ela soltou um riso sarcástico – Tive um dia maravilhoso hoje, acordei ao lado do homem que amo, conversamos trivialidades e tomamos café juntos, depois me dediquei ao meu filho, fui surpreendida na hora do almoço com a visita do meu pai, e ficamos em sua companhia o resto da tarde. Heitor chegou e tudo estava perfeito, tinha acabado de amamentar meu bebê e deixá-lo dormindo tão sereno no berço quando você me ligou... Por que você adora estragar esses meus momentos? Tudo estava fluindo cordialmente bem até meu telefone tocar... Qual seu problema comigo Elizabeth?!

— Eu sabia que isso não seria fácil, mas não desistirei de você outra vez. Não enquanto eu viver! Me perdoe Helena, mas é justamente isso que eu quero resolver, nossos problemas... Eu preciso me explicar e te pedir perdão, sei que eu errei muito com você... Tenho tanta vontade de conhecer meu neto pessoalmente, ele é tão lindo nas fotos que vi em revistas, participar da vida dele, da sua... Recomeçar...

— Para que quer conhecê-lo?! Para fazê-lo se encantar contigo, acreditar que tem uma avó amorosa, ficar afeiçoado a você e depois sumir?! Eu não permitirei que meu Henrique passe pelo que eu passei, ele já tem uma avó que o ama por duas!

— Eu não cometo o mesmo erro duas vezes, acredite! – afirmou com suavidade – Deixe-me vê-la, almoce comigo amanhã para que eu possa lhe mostrar isso... Por favor Helena...

A amazona tinha um nó na garganta, lágrimas silenciosas escorriam por suas bochechas, não sabia o que dizer, uma parte dela queria gritar com Elizabeth, dizer que ela a odiava por tê-la abandonado, mas outra parte, uma que ela nunca tinha ouvido antes, talvez por ter brotado dentro dela recentemente, a parte maternal, queria perdoá-la e resolver toda essa bagunça... Porém, Helena tinha um orgulho imenso, herança dos Sorianos, tinham um coração generoso e íntegro, entretanto não demonstravam fraqueza para qualquer pessoa, mesmo que essa pessoa no caso fosse sua mãe.

— Amanhã eu vou para New York com minha família – disse friamente.

— Quando você voltar, ou quando achares mais conveniente... Basta você dizer que sim, eu não me importo em esperar mais um pouco...

— Eu não sei se você merece isso e nem se estou pronta para ficar face a face contigo outra vez... – ela meneou cabeça – Você não faz ideia do quanto isso me machucou e do estrago que fez dentro de mim...

— Apenas me ouça uma única vez, eu não quero me justificar, eu só preciso do seu perdão...

— Você sabe que isso não será fácil de conseguir, não é?!

— Sei, mas eu vou me esforçar. Eu vou te ligar semana que vem, então me darás uma resposta sobre nosso encontro, tudo bem para você? – Elizabeth estava tendo muito cuidado com cada palavra dita, conversar com a filha sobre tudo que a fuga dela tempos atrás causou era como andar em um campo minado, você acha que está quase chegando lá e de repente pisa numa bomba e tudo se perde. Silêncio se estendeu pela linha, a amazona parecia estar considerando a ideia - Helena?

— Eu não sei se vou conseguir atender esse telefone de novo quando ver seu número... – ela disse tão baixo que mais parecia um sussurro.

— Apenas tente, e se não conseguir, eu vou tentar outras vezes, quem saiba eu tenha sorte um dia... Eu não vou desistir de você outra vez Helena! – sua voz era calma e emocionada, pela primeira vez ela parecia estar criando uma pequena rachadura na muralha de extensa largura e comprimento que Helena passou anos erguendo para se proteger de outra decepção que ela poderia lhe causar.

Depois de dizer isso, ouviu o som da chamada sendo finalizada e foi dormir na esperança de que, na próxima vez em que falasse com Helena, elas finalmente poderiam ter a conversa que Elizabeth ensaiou por anos.

Entretanto, a conversa não tinha surtido o mesmo efeito tranquilizador em Helena. Não demorou mais que 2 minutos para Heitor entrar no quarto, vestido com uma calça de pijama estilo moletom cinza e uma blusa branca sem manga de algodão, olhou em direção a cama e viu sua esposa sentada na lateral, cotovelos sobre os joelhos e com o rosto afundado nas mãos, soluçando baixo. Ele se apressou e sentou ao lado dela, passou o braço por seus ombros e beijou o alto de sua cabeça, então chegou próximo ao ouvido dela e perguntou:

— O que foi meu amor? Aconteceu algo enquanto eu estava no banho? – sua voz era calma, ele sabia que não era uma boa ideia se inquietar quando ela entrava em crise, ou estava nervosa, ela gostava de alguém para acalmá-la, e ele estava aprendendo como fazê-lo.

Ela ergueu o rosto e o abraçou passando os braços pelo seu pescoço, ele a apertou em seus braços e ela repousou a cabeça em seu ombro direito, continuou chorando, mas ao se movimentar ele viu o celular em cima da cama e se assustou um pouco, que tipo de ligação a teria afetado tanto?! Poderia alguém ter... morrido?

— Ei Bonitona, quem foi que ligou para você? – ele perguntou suavemente passando a mão por seus cabelos.

— Elizabeth... – ela respondeu segundos depois.

Heitor apertou-a ainda mais em seu abraço, ele sabia o quanto essa situação com a mãe a afetava, deixou-a chorar pelo tempo necessário em seu ombro, permaneceu em silêncio, acariciando-a, deixando-a saber que podia contar com ele a cada toque de suas mãos. No momento certo ela se abriria e compartilharia sua dor. Longos minutos se passaram, uns dez ou mais, Heitor imaginou, quando ele percebeu que ela não soluçava mais. Toda tensão tinha se esvaído junto com as lágrimas. Então ela falou:

— Ela disse que queria o meu perdão, que eu precisava conhecer o lado dela na história... Quer conhecer Henrique – ela suspirou – e me pediu para almoçar com ela.

— E o que você disse?

— Nada... Heitor, eu não sei o que fazer... Antes eu só teria gritado e dito que a odeio, mas agora, algo dentro de mim me diz que preciso escutá-la. Só que olhar para ela me destrói, eu não sei se posso me esquecer de vê-la partindo e sabendo que não poderia me ver outra vez – outro suspiro pesado.

— Eu não quero que você faça nada que vá machucá-la ainda mais nessa história toda. Porém, também queria ver tudo isso resolvido. Por um lado eu a entendo querida – ela o olhou confusa – já estive na posição dela uma vez, numa situação totalmente diferente, mas com a mesma sensação de culpa me consumindo, precisava do perdão das pessoas que mais me importavam na vida. Escute-a, dê isso a ela, depois de ouvi-la você saberá qual melhor decisão tomar.

— Não vai ser fácil, acho que não sou corajosa o suficiente! Eu não tenho certeza se posso perdoá-la... O abandono, querer me culpar pela morte de Isabel, a rejeição... me fez ter pesadelos por um longo tempo... Eu construí uma muralha entre nós, eu jurei que nunca mais seria vulnerável para ela outra vez...

— Você também jurou que nunca mais deixaria homem nenhum se aproximar depois de Marcelo, e vejo onde estamos agora... – ela olhou para ele – o que eu quero dizer meu bem, é que você foi corajosa, se abriu para o amor depois de tudo o que aquele imbecil lhe fez, não foi fácil, mas eu burlei suas barreiras, insisti muito, por que eu sabia que valia a pena... E como valeu! – seus lábios se curvaram um pouco no que parecia um tímido sorriso – Isso, sorria para mim, eu amo quando você ri, seu sorriso me ilumina, eu durmo todos os dias pensando nele, orando para sonhar com ele também, e pela manhã adoro ser recepcionado ou despertá-lo.

— Ela me disse algo parecido, me disse que...

— Que ama seu sorriso?! – ele fez uma expressão cômica e Helena não resistiu soltar uma pequena gargalhada. Ela amava Heitor por isso, ele tinha o dom de acalmá-la, de sempre fazê-la sorrir, parecia ser o realmente sua missão. Como ele gostava de dizer: “Sou engenheiro, mas minha maior tarefa não é edificar prédios, e sim te fazer sorrir minha vida”.

— Não seu bobo... Elizabeth disse que sabia que seria difícil, muito, mas que não desistiria, por que ela não cometia o mesmo erro duas vezes.

— Se ela fizer isso, se cumprir com sua palavra, ela conseguirá seu perdão... Sabe por que? – ela balançou a cabeça negativamente – Porque você tem um dos corações mais lindos que eu já vi, já provei sua ira e seu amor, ambos são intensos, pois é assim que você é, forte, decidida, mas também é justa e sensível – ele segurou seu rosto entre as mãos – Quando ouvi-la, seu coração lhe indicará o caminho a seguir, e se for o perdão, será um percurso árduo, abrirá algumas feridas que foram mal cicatrizadas, mas no final, tudo acabará bem e eu estarei aqui para apoiá-la sempre!

Ela olhou para ele, grata por suas palavras e por ele conhecê-la tão bem. Tinha razão, agora ela podia não estar preparada para perdoar Elizabeth, mas se realmente quisesse o seu perdão e lutasse por isso, com o tempo ela o conseguiria. Haveria barreiras a serem transpostas, para as duas, mas o final valeria a pena, pois não haveria mais dor, nem remorso ou culpa, apenas paz...

— Eu te amo tanto! Obrigada – ela sussurrou a última palavra e se inclinou dando-lhe um beijo suave, apenas lábios movendo sobre lábios, a lágrima que restou descendo por sua bochecha. Ela quebrou o beijo momentos depois, sorrindo para ele, agora Heitor sabia que tudo estava voltando a ficar bem.

—_________________________________________

Após jantarem, eles seguiram para o closet, arrumaram suas malas, depois as do bebê. Deitaram na cama e conversam sobre seu dia e outros assuntos, Helena dormiu e acabou por deixar Heitor falando sozinho. Ele sorriu, deu um beijo em sua cabeça, acomodando-a melhor e em seguida rendeu-se ao sono.

Era por volta de 2:45h da manhã quando Henrique resolveu acordar chorando, o que não era comum, desde novinho ele já dormia praticamente a noite toda, raras eram as vezes em que eles precisavam levantar para atendê-lo. Essa madrugada era diferente, o menino chorava incessantemente, seu pai rapidamente desligou a babá eletrônica que ficava em cima de seu criado mudo e se apressou em desligar a de Helena, as emoções da noite realmente tinham a deixado exausta, o choro do filho sempre a despertava ligeiramente, mas agora ela parecia imersa em seu sono.

Foi se aproximando do berço e o menino estava com o rosto corado de tanto chorar, estava soluçando, prontamente começou a falar com ele e pegou-o no colo:

— Oi rapazinho, papai está aqui... O que foi que o assustou em?! – Heitor embalou o menino no colo, e este deitou a cabeça em seu ombro, acalmando-se – Pronto, pronto... Não chora mais, eu estou aqui para protegê-lo – dizia em sussurros suaves, se inclinando, beijando os cabelos claros do bebê e afagando suas costas.

Helena se mexeu na cama e passou o braço pelo espaço de Heitor, percebendo que ele não estava ela abriu os olhos lentamente, ainda desorientada pelo sono. Se perguntou internamente onde ele estaria, tentou ouvir algum barulho vindo do banheiro e nada... Pensou mais um pouco e imaginou que poderia estar com Henrique, esticou os braços e pegou a babá eletrônica, tentou ouvir algum som e nada também, até que percebeu que estava desligada, apertou o botão na opção ligar e ouviu a voz do marido conversando com o filho. Encantada com o que escutava, levantou-se e foi até eles...

—_______________________________________

— Eu acho que está na hora de você voltar a dormir pequeno – ele estava na cama da babá, Henrique sentado ao seu lado, brincando com algumas das muitas almofadas, essa em especial tinha um H bordado, as outras eram encapadas por tecidos finos, com motivos da realeza, o espaço era em estilo provençal com uma queda para o contemporâneo, olhou ao redor e se orgulhou do quarto projetado pelos dois, digno de um príncipe, o tema para a decoração surgiu fácil em suas mentes: O Herdeiro... Com móveis finos e renascentistas, aliados a um toque suave de modernidade, mesclavam com outros objetos nas cores dourado, azul, branco e perolado. Pelúcias, a maioria de cavalos e animais, coroas, brasão das famílias distribuídos pela decoração, tudo muito bonito e aconchegante.

Heitor se levantou e sentou numa cadeira de balanço, Henrique alcançou um porta retrato em cima da cômoda, tinha um foto dele com a mãe, Helena sorrindo abertamente enquanto brincava com o bebê distraída, ele próprio tinha tirado a foto. O engenheiro se intrigou um pouco com a forma como o menino olhava para a fotografia e sorria, depois olhava para o pai e ria de novo... Então o pai começou a falar:

— Eu sei, o sorriso dela é fascinante, não é?! Sua mãe é a mulher mais linda que eu conheci meu garoto, eu me apaixonei assim que pus meus olhos nela, quando eu a conheci melhor tive certeza que a queria como mãe dos meus filhos, e veja, ela me deu você – ele sorriu e Helena parou silenciosamente na porta do quarto os observando, de onde estava Heitor não tinha visão dela.

— Ela é deslumbrante, em todos os sentidos, e acho que você sabe disso não é companheiro?! Os olhos escuros são tão lindos, com o olhar tão intenso... Ela me ganha fácil, se sorrir então, eu me perco completamente... Um dia eu espero que você tenha uma irmãzinha como sua mãe, com os cabelos e olhos escuros tão envolventes...

Olhando assim – ele ergueu a foto diante do rosto do bebê que parecia escutar atentamente cada palavra – ela parece calma e sensível, mas Helena é forte e independente, cheia de vida e entusiasmada, me faz perder a cabeça tantas vezes – ele ri e o garoto imita seu gesto – quase me enlouquece... Ela é tão teimosa, e na maioria das vezes ela está certa... Sou apaixonado pela forma como ela cuida de você, do quanto ela é dedicada, atenciosa e amável contigo, e com o papai também. Eu me sinto amado e radiante... E você foi a melhor coisa que nós já fizemos, eu sempre quis um filho e você veio além do esperado. Desde o dia em que Helena me contou que estava grávida eu te esperei e amei. Nós não te planejamos, porém você nos uniu outra vez, sim, nós estávamos separados quando ela descobriu que você crescia na barriga dela... É, eu e sua mãe discutimos um pouco, mas não há com o que se preocupar, – ele riu e continuou balançando-se na cadeira – eu prometo que nunca deixaremos de nos amar...

— Continuando... Saber de sua existência foi o que nos fez perceber o quanto nosso amor é forte e intenso, ao ponto de gerar um fruto tão maravilhoso... E tudo começou a fluir tão bem depois que soubemos de você, só trouxe alegria desde o primeiro instante. Seus avôs e avó ficaram eufóricos, seu Tio Alexandre e Sophie adoraram a novidade, Tia Sônia só entrou em nossas vidas um tempo mais tarde, o que não a impediu de se apaixonar por você a primeira vista... Tudo tinha um sentido maior... Ah, outro dia vou te mostrar as fotos do nosso casamento, mamãe parecia uma rainha... Nunca vou esquecer da imagem dela caminhando em minha direção, tão linda, com o pequeno Henrique crescendo em seu ventre – o garotinho lutava para ficar com os olhos abertos, todavia o sono o estava dominando outra vez. Heitor seguiu sua história – Não sei dizer se aquele foi o dia mais feliz da minha vida, ou se foi quando ela me mostrou aquele ultrassom e em seguida aceitou se casar comigo, ou quando você nasceu... Todos tiveram uma importância ímpar para mim meu menino lindo, pois todos nos levaram para onde chegamos hoje, e sei que nos levarão há lugares ainda melhores...

— Eu só quero que você cresça sabendo a mulher maravilhosa que terás o prazer de chamar de mãe, e por falar nisso eu deixo sua primeira palavra ser essa. Isso a faria tão feliz, e eu adoro vê-la realizada! Ame-a, cuide dela se um dia eu não puder, me ajude a lembrar o quanto ela é linda todos os dias e o quanto somos gratos por tê-la... E principalmente, nunca se esqueça de que nós te amamos mais do que nossas vidas. Você e ela são tudo para mim garoto – ele sussurrou as últimas sentenças, pois o bebê já tinha fechado os olhinhos e dormido em seus braços.

Levantou-se da cadeira e seguiu em direção ao berço, acomodando o filho no mesmo. Logo sentiu braços o envolvendo pela cintura, mãos acariciando castamente o peito, o apertando. Ele não precisou virar-se para deduzir que era sua esposa, conhecia o toque dela, afagou as suas mãos por cima das dela, olhou mais uma vez para o bebê no berço e virou-se para contemplar os olhos de Helena brilhando de lágrimas junto com um sorriso gigantesco, que parecia irradiar todo o ambiente. Ela ficou na ponta do pé e disse-lhe baixinho:

— Céus! Eu te amo tanto Heitor! Não imagino minha vida sem você – ela olhou em direção ao berço – Até por que, se você não estivesse nela, automaticamente ele também não estaria, e isso é inconcebível para mim – ela sorriu e ele se inclinou selando seus lábios.

— Totalmente inconcebível! Venha vamos voltar para cama...

—_________________________________________________

Helena fechou a porta do quarto, Heitor na sua frente, ela permaneceu segurando a maçaneta e ele virou para trás, confuso...

— Amor, está tudo bem? – ele se aproximou um pouco mais – Helena? Querida?

Ela se virou com um sorriso dissimulado no rosto, mexendo no cabelo...

— Bom... É... Eu ouvi o que você disse ao nosso menino – ela deu um passo mais perto dele.

Heitor sorriu divertido, entendendo os sinais dela:

— E está surpresa? Não sabia que eu lhe tinha em tão bom conceito assim?! Mesmo eu fazendo questão de lembrá-la todo dia?! – ele riu sugestivo.

— Não estou surpresa, é que ouvir é tão bom, a forma como você conversou com ele, como interagiram naturalmente... Eu amo isso que construímos – ela olhou pro chão, estava escuro, mas ele sabia que ela estava corada.

— Eu também amo tudo isso lovely! – ele passou os braços pela sua cintura, unindo-os em um abraço aconchegante.

— Amor... Já que nós estamos acordados – ela afastou a cabeça e agora ele podia ver a chama em seus olhos, Helena era seu ponto fraco sem dúvida – Que tal você – ela falou com a boca colada ao seu ouvido, em um sussurro – por em gestos todo aquele amor e devoção que você declarou agora pouco?!

Ele era refém das vontades dela, não saberia dizer não a sua Helena, ainda mais com suas provocações:

— Seu desejo é uma ordem majestade! – ele alcançou a boca dela num beijo apaixonado, forte e intenso, roubando-lhe todo o ar.

Helena sem romper o beijo pulou em seu colo, cruzando as pernas ao redor de sua cintura. Heitor encaixou-a, apertando com uma mão a coxa e com a outra a nádega. Enquanto ela ia puxando com destreza e rapidez sua camiseta. Antes mesmo de chegarem à cama suas roupas já haviam ficado pelo caminho.

Heitor jogou sua amazona de costas sobre o lençol de linho branco, com todo cuidado que a sensualidade rústica do momento permitia, adorou a forma como ela sorria para ele, totalmente apaixonada. Como o homem fascinado e devoto a esposa que era, ele fez questão de dizer que a amava a cada vez em que sua boca não estava ocupada beijando a extensão do corpo nu de sua mulher. E quando atingiu seu êxtase, Helena só se lembrava da voz de Heitor em seu ouvido, quente e rouca: “Linda. Eu amo você!”.


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Notas finais do capítulo

Um dos dramas que quero desenvolver é esse do relacionamento da Helena com a mãe dela, e então? Perdoa ou não?! hauhaua Só posso dizer que será uma longa jornada, Elizabeth machucou demais a filha com o abandono, mas espero muito que um dia Helena consiga se libertar desse "peso" que ela carrega... Logo, logo vem um casamento por ai :)



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