Dois anos depois:

Era sábado de manhã e mais uma vez eu acordara cedo, era irritante, quando precisava ir ao colégio morria de sono, quando tinha a manhã livre acordava as sete. Sem conseguir enrolar mais me levantei e lentamente caminhei até a sala, liguei a televisão e sem saber o que ver coloquei no Discovery Kids, My little poney para ser mais exata. Fazia tempo que falava com Willy, desde que ele arrumara mais amigos e até uma namorada, digasse de passagem bem sem sal.

Minha avó falava no telefone, “porque ela nunca largava aquela coisa”, mas eu não me importava em saber quem era. Ela falava mais naquele telefone do que com as pessoas que moravam com ela, incluindo eu, derrepente ela começou a chorar, eu assustada corri até ela e a abracei enquanto tentava descobrir o que havia acontecido, mas ela apenas me ignorava:

–Ela não podia ter feito isso- Ela dizia.

–Vó, o que aconteceu?- Ela sinalizava para que eu esperasse como poderia? E se alguém tivesse morrido?

– Vó fala.

– Espera ai Rosa, só um minuto- Ela tapou o microfone do telefone e disse brava – Espera Susana- Como ela podia pedir isso? Eu sai de perto e caminhei até o sofá me sentando emburrada.

Aquela ligação pareceu demorar mais do que um horário no colégio mais enfim terminou:

–Susana, você não sabe esperar não?

–Vó, você tava chorando, fiquei preocupada.

–É, você tem razão.

–O que aconteceu?

–A Lea( Mãe do Willy) foi embora?

–Embora como?

–Lembra que ela foi visitar a mãe nos Estados Unidos?

–Lembro e daí?

–Ela foi, na verdade visitar o amante e o Marcos (Pai do Willy) descobriu.

–Mas ela não vai voltar? E o Lucas, a Marina, e o Willy vó?

–Eles irão ficar com o Marcos e a sua tia Rosa.

–Sem mãe?

– É Susana. –Eu fui para o meu quarto e me lembrei de quando algo nem de longe tão ruim aconteceu comigo.

Flashback on

Meus pais haviam tido uma briga terrível no dia anterior e por isso eu havia dormido na cama com minha mãe. Acordei assustada com minha mãe gritando com meu pai, um de cada lado da cama, em meus nove anos de vida nunca havia vivido nada igual:

–O que está acontecendo? – Perguntei assustada e sonolenta.

– Mostra pra sua filha- Minha mãe gritava e mostrava as mensagens do celular do meu pai, rápido de mais para que eu pudesse enxergar.

–Me dá isso. – Meu pai tentava pegar o celular.

Eu morava em baixo da casa dos meus avós e por isso me levaram para lá. Antes de continuar a briga sobre a amante de meu pai. Ele nunca mais entrou ou naquela casa.

Flashback of

Eu chorava, como todas às vezes quando me lembrava daquilo. Não sabia como Willy podia suportar aquilo, já era traumático sem possuir distúrbio algum, imagine quando se tem síndrome de asperge, mesmo que em grau leve. Eu que sempre sonhara em ser mãe não podia imaginar como algum pode abandonar seus próprios filhos.