Cebola ficou parado me empurrando pela cintura e com uma mão ao lado de minha cabeça por ainda algum tempo, e a cada vez se aproximava mais de meu rosto, cada vez mais juntava o seu corpo ao meu. Era isso que ele queria? Ferir meus sentimentos? Ficar comigo por diversão? Não é isso que eu quero, apesar de amá-lo intensamente, insanamente... Eu não podia deixar ele fazer isso comigo. Se você quer saber, eu quero sim um príncipe encantado, qual menina não quer? Eu quero ter um verdadeiro e eterno amor!

É, mas talvez eu tivesse que esperar um pouco mais... Porque o meu príncipe caiu do cavalo e está em coma...

Mas eu acho que preferia o príncipe caído do cavalo, em coma, do que o príncipe na minha frente me ferindo cada vez mais. Eu te quero Cebola, mas porque você faz isso comigo? Dessa vez ele foi digamos que “violento”, ele pegou a minha cintura e me apertou contra o seu corpo, me roubando um beijo. Ah, como eu queria beijá-lo, há tempos, mas eu não trairia Luke de modo tão horrível como este. Resolvi tomar uma atitude.

 Para, Cebola!  disse afastando o seu corpo do meu  Quem você pensa que é? Vai ferir os sentimentos de outras garotas, ou da sua namorada, porque caso tenha esquecido, você tem uma!  tentei sair dali o mais rápido que pude, mas por trás ele segurou meu pulso e disse:

 É uma pena, porque te beijar foi a melhor sensação que já tive!  pare de me ferir, pare. Eu não aguento mais, sendo assim, desabei em choro.

Cebola POV:

Por que chora? Se o que digo é a mais pura verdade, se você pudesse ler meus pensamentos, iria acreditar em mim?

 Não vá  disse enquanto ela lutava para ir embora e eu ainda segurava seu pulso.

 Me deixe ir!  dizia ainda chorando, foi quando puxei seu pulso e seu corpo com o movimento se encaixou ao meu, limpei suas lágrimas e a beijei, um beijo intenso e carinhoso. Não tinha como descrever a sensação que tive. E dessa vez ela não tentou recuar, eu a tinha ali, comigo, porém... Não por muito tempo. Ouvi a voz de Denise se aproximando e provavelmente Mônica também, porque ela correu ao banheiro, e eu deixei-a ir, aliás... Não queria que Denise a visse chorando, me beijando. O que Denise vê, ou ouve, ela espalha! Não sei quem aguentaria uma pessoa assim.

 Que demora fofo!  disse ela me fitando  Cadê a Mô?

 Eu não sei  falei como se realmente não tivesse a visto à pouco.  ela ainda não voltou?  fala sério, eu daria um ótimo ator!

 Não!  eu não disse?  vou procurá-la no banheiro.

 Tá bom...  quando ela entrou no banheiro, eu saí daquele lugar o mais depressa possível, avisei Do Contra que estava passando mal, para não ficarem me perguntando depois para onde fui.

Um tempo se passou e enfim escureceu. Estava confuso, não sabia mais meus sentimentos quais eram. Resolvi procurar no Wikipédia o significado da palavra amor, e de paixão, no fim, encontrei uma frase da obra Romeu e Julieta de William Shakespeare. Como uma pessoa muito interessada, procurei no Google “Romeu e Julieta”, encontrei a peça inteira escrita e comecei a ler.

No primeiro ato, cena um... Encontrei uma frase dita por Romeu “Ó ódio amoroso! És tudo, sim; do nada fostes criado desde o princípio. Leviandade grave, vaidade séria, caos imano e informe de belas aparências, chumbo leve, fumaça luminosa, chama fria, saúde doente, sono sempre esperto, que não é nunca o que é. Eis aí o amor que eu sinto e que me causa apenas dor.”

Era isso que eu estava sentindo? Estava me fazendo sofrer pela minha melhor amiga de infância? Esse sentimento que me tira do sério cada vez que a vejo. Então, eu era Romeu e ela minha Julieta? Nós éramos proibidos um para o outro... Sabe, eu gostaria de reverter essa história, aliás, acredito que todos gostariam de reverter esse final e fazer com que Romeu e Julieta fossem “felizes para sempre”! Era isso que eu queria para mim também? Ser feliz com a Mônica ao meu lado para o resto de minha vida?