Predestinados - Perina escrita por Amellie Lawson


Capítulo 34
Trinta e quatro


Notas iniciais do capítulo

OOOOI MEUS XUXUS!! Ainda tô de cara com esses comentarios! Vcs se superaram,li todos e amei! Como vocês estão? eu não tô muito bem não,tô morando com dois amigos aqui em bh e tendo que lidar com as saudades,e além de tudo ainda tem minha faculdade que me deu a maior dor de cabeça hoje. Me inspirei no tiro santovitti de hoje e na foto linda da bellinha com a nina pra fazer esse cap,que me deu muito trabalho,ficou enorme e me deixou insegura aqui,mas eu gostei do resultado. A música do cap é Let Me Go,do 3 Doors Down. Quem quiser pode ouvir a versão original,mas eu gosto mais dessahttp://www.4shared.com/mp3/i_Hlz1Jgce/3_Doors_Down_-_Let_Me_Go__Vers.html?

E MUUUUUITO OBRIGADA A LINDA PERFEITA E MARAVILHOSA DA LUNINHA POR TER RECOMENDADO A FIC! EU AMEEEEEEEEI! enfim,cê sabe né Fê? < 3 cap dedicado a vc,linda!

Boooora ler então,né? E não se esquecam das notas finais. Enjoy xx



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Aquelas palavras haviam saído mais facilmente do que eu esperava. Nunca imaginei que esse dia chegaria – eu sequer tinha considerado a possibilidade de um dia contar a ele,quem sabe quando a missão já estivesse no fim – ,mas eu já o tinha feito acontecer e não tinha mais volta.

Sabia que meu ato teria sérias consequências. João iria querer me matar,Gael ia me tirar da missão a força,seria punida de todas as formas. Mas nada naquele momento me importava. A única coisa que me preocupava estava bem a minha frente.

Esperei todos os tipos de reações por parte de Pedro,mas elas não vieram. Ele não duvidou ou fez alguma piada,ficou só parado com o olhar fixo em mim,em estado de choque. Vê-lo reagir daquela forma me preocupou,e me aproximei dele.

– Pedro? – Ele nada respondeu. Estalei meus dedos em sua frente,e ele pareceu acordar do transe.

– Karina? – sibilou.

– Tá tudo bem? – perguntei receosa.

– Anjo.... – Me olhou com zelo,seu sorriso me fez derreter. – É claro que você é um anjo,K! O meu anjo. – E me beijou.

Se a situação já estava difícil,agora tinha ficado muito pior. Ainda que eu esperasse uma reação assim,não sabia como sair dela. Algo na mente de Pedro parecia não ter aceitado muito bem o que eu dissera a ele, pelo modo como ele agiu,só dificultando ainda mais a minha vida de cupido.

Pedro me beijava com urgência,tinha um braço envolto em minha cintura,outro brincava com meus cabelos,me trazendo mais para perto dele. Ele mordeu de leve meu lábio inferior e eu gemi em resposta,totalmente entregue nos braços dele. Quando finalmente nos separamos,algo em seus olhos me diziam que ele não me deixaria mais ir embora.

– Pedro,isso foi... – Parei para respirar e fitei aquele meio sorriso dele. Desviei o olhar antes que fosse tarde demais. – Ai meu santo! Não era pra isso ter acontecido....

– E por quê não?

– Pê,você ouviu alguma palavra do que eu disse? – respondi com outra pergunta,e ele pareceu desdenhar.

– Ouvi K,e entendi. – Mas sua expressão e o sorriso típico de alguém como Duca diziam exatamente o contrário. – Só não entendi o porquê isso atrapalha o nosso namoro...que cara é essa?

Realmente,minha cara não devia estar das melhores. Tudo isso porque eu havia acabado de fazer a maior burrada da minha vida e não sabia como consertar. Era óbvio que Pedro estava se enganando,o choque fora tão grande que ele não conseguia acreditar em mim.

– Pedro,eu tô falando sério. – Insisti,e ele continuou da mesma forma.

– Ah,claro que tá. E eu sou o coelhinho da páscoa. Ah,e o Duca é o papai noel,mas não conta pra ninguém. – Zombou na cara dura,e eu me contive até onde pude.

– Eu sabia que você não ia acreditar....

Eu não podia culpa-lo,acho que nenhum humano acreditaria,na verdade.....pensar nisso fez uma ideia surgir na minha mente,e eu logo tratei de coloca-la em prática. Eu só esperava que desse certo.

– Então quer dizer que você não acredita em mim?

Ele assentiu prontamente.

– Hum,certo. – Suspirei e disse pausadamente. Teria muito trabalho dali pra frente. – Noite bonita,né Pê? – Ele assentiu prontamente. – Seria uma pena se chovesse....

– Mas não vai não K,não tem nenhuma nuvem escura no céu....

– Tem certeza? – Fiz minha melhor cara de dúvida e estalei os dedos.

Uma fina garoa começou a cair,e Pedro me olhou sem entender o que estava acontecendo.

– Viu só? – Retruquei,mas ele ainda não se dera por vencido. – Acredita em mim agora?

– Não. – Revirei os olhos e fiz a chuva aumentar. - É normal chover fora de hora.

– Ah é? – Ele assentiu. Com outro estalo de dedos,a chuva parou bruscamente e nossos corpos voltaram ao normal,sem uma gota de chuva. – E eu posso saber como você se secou tão rápido?

Eu o analisei de cima a baixo,e ele só então pareceu notar aquele detalhe. Vi ele mudar de expressão e ficar um pouco assustado.

– Ahn....foi o vento,ué. – Ele afirmou,tentando passar uma convicção que nem ele mesmo tinha.

– É,não tem jeito mesmo. Você não vai acreditar em mim,não é?

Ele nada respondeu,me fazendo decidir naquele momento que medidas mais drásticas deveriam ser tomadas. Respirei fundo e uni nossas mãos.

– Pê,fecha os olhos. – Pedi cautelosamente,e ele atendeu. – Você confia em mim?

– É claro que eu confio.

Com essa resposta,mentalizei energias positivas para conseguir me concentrar no que tinha em mente. Reforcei o enlace entre nós e num instante,tudo tinha mudado. Um vento frio e forte seguido de uma luz branca e ofuscante tomou conta da praia e dos olhos de Pedro,que os abriu,tendo talvez a maior surpresa da sua vida.

– Karina? – Por pouco ele não gaguejou,a surpresa e o espanto estavam estampados em seus olhos. Eu o vi piscar uma,duas,três vezes.

Ele havia acabado de ver o meu bem mais precioso.....as minhas asas.

A única maneira que eu havia encontrado para que ele acreditasse em mim.

– Acredita em mim agora? – Minha voz quase não saiu. Uma parte de mim se sentia aliviada de ter contado,já a outra temia pelo o que estava por vir.

E eu não estava errada por me sentir assim. Pedro negou com a cabeça o que via,bagunçou os fios e começou a andar de um lado para o outro,demosntrando um desacordo entre o que via e o que acreditava – ou no que queria acreditar.

– Eu só posso ter ficado maluco..... – Sorriu nervoso. – Só posso...

Eu acompanhei cada um de seus movimentos,vi ele passar no espanto ao completo desespero e eu me culpei pelo seu estado. Talvez Gael estivesse mesmo certo todo aquele tempo,a minha história com Pedro nunca deveria ter começado.

Um baque surdo me tirou do transe,e eu não consegui reprimi um grito ao ver as consequências de meus atos se agravarem.

Ele estava desmaiado na areia.

– PEDRO! - Gritei desesperada,mas ele sequer se mexeu. Me agachei ao lado dele e afaguei seus cabelos. – Fala comigo Pê,por favor....

Minhas asas agora caíam em volta de seu corpo,o envolvendo de uma forma protetora.

– O que foi que eu fiz?

Sequei as lágrimas e me levantei. Fiz minhas asas desaparecerem e peguei o celular,discando o número de João,só ele poderia me ajudar naquela hora.

– Droga! – Praguejei quando vi a ligação cair na caixa postal. O jeito era recorrer aos nossos meios,a telepatia.

Mentalizei meu amigo certinho e logo já estávamos em contato.

– João? – Eu o chamei,mas ele parecia estar muito ocupado com seus joguinhos. – João! Eu tô falando com você.

– Ahn? – Tirou os fones de ouvido e voltou sua atenção pra mim. – Karina,é você?

– É claro que sou eu. Eu tô precisando da sua ajuda,é urgente. – Tentei conter a angústia na voz,mas não deu muito certo.

– O que aconteceu dessa vez? – Ele perguntou,tentando disfarçar a preocupação. Se eu bem conhecia meu amigo,a essa hora ele já estava pirando.

– Não posso falar agora. – Voltei meu foco para Pedro. – Eu tô na praia,vem pra cá.

– Tá aonde??? – Gritou,me fazendo ter mais certeza que eu estava ferrada. – O que tá acontecendo?

– Acho melhor eu te explicar pessoalmente.

– Erm....precisa mesmo ser agora,K? – Hesitou,e eu me perguntei o porquê. – É que agora que eu consegui passar pra próxima fase....

– Tira essa bunda gorda da cadeira e sai já desse QG! Vem pra cá A-GO-RA! E traz a Tomtom. – Bradei,e ele pareceu entender bem o meu recado.

– Tá,já entendi. Estamos chegando aí.

Me aproximei de Pedro e apoiei sua cabeça em minhas pernas. Poucos minutos depois,vi os dois chegarem. Tomtom veio correndo ao meu encontro,enquanto Joção veio atrás,com sua típica cara de poucos amigos.

– O que houve dessa vez,K? – João questionou,mas não foi preciso que eu dissesse nada.

Quando ele e Tomtom viram Pedro,não conseguiram esconder o espanto.

– Ai meus anjos! O que aconteceu aqui? – Tomtom perguntou.

– É o que eu também quero saber.... – o tom de sua voz já denunciava que ele desconfiava o que tinha acontecido.

Respirei fundo e tomei coragem.

– Eu contei a ele,João. – Disse,e ele dividiu seu espanto entre olhar pra mim e para Pedro. – Eu contei pra ele que eu sou um anjo.

– VOCÊ O QUÊ??? – Seu grito já não importava mais,a única coisa que eu queria era trazer Pedro de volta. – PUTA QUE PARIU,KARINA! O QUE VOCÊ TEM NA CABEÇA?

– PU o quê? – Fiz careta para a palavra que tinha acabado de ouvir,e Tomtom fez o mesmo.

– Nada que você precise ouvir de novo. – Ele desconversou,nervoso. – Espero que você tenha uma boa explicação pra isso.

– E eu tenho,mas acho melhor continuarmos essa conversa em casa.

João assentiu a contragosto e me ajudou a leva-lo para o carro dele,que não estava muito longe dali. Eu me sentei no banco de trás e apioiei sua cabeça em minhas pernas novamente. João e Tomtom foram na frente,e logo ele já estava dando partida no carro.

Tomtom ligou o rádio e eu fechei os olhos,sentindo cada parte da música se encaixar.

One more kiss could be the best thing

(Mais um beijo poderia ser a melhor coisa)

one more lie could be the worst

(Ou mais uma mentira poderia ser a pior)

and all these thoughts are never resting

(E todos estes pensamentos nunca descansam)

and you're not something I deserve

(E você não é algo que eu mereço)

As ruas passavam diante de meus olhos,e eu me peguei pensando em como,em questão de segundos,tudo tinha mudado. Pedro sabia agora que eu era um anjo,e eu havia assinado minha carta de despedida. Afaguei seus cabelos e o observei,tão sereno e próximo a mim. Nunca temi tanto por sua vida,e era para protege-lo que eu iria tomar a decisão mais difícil que me manter longe dele.

In my head there's only you now

(Na minha cabeça só existe você agora)

This world falls on me

(Este mundo cai sobre mim)

In this world there's real and make believe

(Neste mundo existe o real e o faz de conta)

This seems real to me

(Isto parece real para mim)

– Me desculpa... – sussurrei,sentindo as lágrimas tomarem conta de mim.

you love me but you don't know who I am

(Você me ama, mas você não sabe quem eu sou)

I'm torn between this life I lead and where I stand

(Estou indeciso entre essa vida que levo e onde estou)

you love me but you don't know who I am

(Você me ama, mas você não sabe quem eu sou)

So let me go,

(Então deixe-me ir,)

(just) let me go

(apenas deixe-me ir)

– Vai ser pro seu próprio bem.... – disse para ele,e se esforçou para acreditar naquilo. – Eu prometo.

Chegamos em casa e com um pouco de dificuldade,levamos Pedro para o sofá. Para a nossa sorte,as três anjos e Gael estavam num congresso de anjos e santos no céu,só voltariam no dia seguinte.

– Pode começar,dona Karina. O que aconteceu? – João pediu.

Contei a ele desde a tentativa de término no Amparo,até a nossa ida a praia e a revelação. Quando terminei,Tomtom gritou:

– AI MEU SANTO! QUE LINDOS! – Bateu palminhas toda sorridente,e João a repreendeu. – Isso foi tão romântico! Não via a hora de você contar pra ele. Ele vai acordar logo e vai te entender,aí vocês finalmente vão poder ficar juntos e....

– Eu queria que as coisas fossem fáceis assim,baixinha. – Sorri fraco para ela,que me olhou com pena.

– Por quê você fez isso,Karina? Sabe o trabalhão que vai dar pra desfazer? Ai quando o Gael descobrir.... – Reclamou,mas eu o cortei.

– Eu não consegui vê-lo sofrendo e não fazer nada. – Me justifiquei. – Ele não podia achar que eu queria terminar o nosso namoro porquê não sentia mais nada por ele....

– Ah,que gracinha! Quero ver você explicar isso pro mestre Cruel. – Ironizou.

– Quem é esse? – questionei,e Tomtom me contou que era o novo apelido de Gael na academia. – E por quê nós são pensamos neste mesmo? É bem melhor que Gael....

– Taí uma coisa que nós três concordamos. – João disse. – Karina....eu te conheço. Você não fez isso para se justificar com o desafinado.

– Não foi só por isso. – Comecei,e eles me olharam com atenção. – Fiz isso para conseguirmos achar a alma gêmea dele antes de Lúcifer.

– E eu posso saber como... – Parou a frase ali,quando entendeu aonde eu queria chegar. – NÃO!

– É isso mesmo que você entendeu,João.

– Trazer o Pedro para a missão? Não mesmo,Karina! – Negou a minha ideia.

– E eu posso saber por quê não,ô nervosinho? – Retruquei.

– Porque essa ideia tem tudo pra dar errado! Quer mais algum motivo?

Ignorei o que ele havia dito e expliquei:

– Nós vamos conseguir achar mais rápido e conseguiremos manter Lúcifer longe dele e da Terra.

Nós três sabíamos bem o que a falta de amor podia fazer,principalmente os problemas que poderia trazer.

– E quem te garante que nós vamos conseguir com a ajuda dele? Ou que ele vai querer nos ajudar? – Indagou,mas eu não me preocuparia com isso agora. – O melhor que temos a fazer é apagar essa noite da memória dele....

– Tá achando que isso aqui é o quê,João? Harry Potter? – Ironizei,e ele revirou os olhos.

– Não,mas um Obliviate ia cair muito bem agora.

– Pode reclamar o quanto quiser,mas assim que ele acordar,vou explicar tudo.

– Eu tenho certeza que ele vai entender,K. – Tomtom disse.

– Se vocês dizem... – Meu amigo desdenhou,e eu ignorei. Me virei para Pedro,que se mexeu no sofá e ameaçava abrir os olhos. – Pê?

– Karina? – sua voz saiu baixa,e aos poucos ele pareceu notar a nossa presença ai. – O-o que aconteceu? Aonde eu tô?

– Você está na minha casa. – eu o ajudei a se sentar no sofá – Como se sente?

– Estranho.... – gemeu de dor ao apoiar a mão na cabeça. Com um pouco de esforço,olhou para Tomtom e João,e depois voltou seu olhar pra mim. – Tive um sonho muito estranho com você,esquentadinha.

E quando eu acho que não dava pra ficar pior....

– Sonho?

– Isso. Eu sonhei que você era um anjo de verdade. Com asas e tudo o mais.... – fez careta para o provável galo que devia estar em sua cabeça. – O que aconteceu? Por quê eu tô morrendo de dor de cabeça.

– Tomtom,vai lá na cozinha e pega gelo pra mim? – Pedi,e ela atendeu. – Nós precisamos conversar,Pedro. – Ele assentiu,ainda receoso por achar que nós falaríamos sobre o término,mas eu o tranquilizei e uni minhas mãos as dele. – Do que exatamente você se lembra?

Tomtom lhe entregou a bolsa de gelo e eu lhe ajudei a coloca-la no lugar certo. Pedi que ela subisse,pois a conversa que iríamos ter não seria nada fácil.

– Eu lembro da nossa conversa no Amparo,de ter ido atrás de você.... – esforçou-se para se lembrar se mais alguma coisa – Nós fomos até a praia e....

– E? – Eu o incentivei a continuar. Sua ficha estava prestes a cair,e eu vi esse momento chegar quando ele arregalou os olhos pra mim.

– Não era um sonho,né? – Constatou um pouco atônito,e eu apenas neguei.

– Não era. Eu sou um anjo,Pedro. – Afirmei receosa. Esperei por uma resposta que não veio.

Mais uma vez ali estávamos nós,presos a um silêncio que dizia mais do que qualquer coisa.

– Ok,agora que nós já falamos o óbvio,será que dá para pularmos para a próxima parte? – João sugeriu,e eu o fuzilei como podia.

Ele pareceu fazer o mesmo,mas seu olhar era direcionado a mim.

– Você mentiu pra mim.... – Sua voz era fria e dolorosa. Neguei em desacordo,me aproximando dele. – Mentiu esse tempo todo.

– Não! – Gritei,tentando buscar o ar que já me faltava. – E-eu nunca....

Parei a frase no meio ao ver quem estava atrás dele,com um sorriso sádico.

Lúcifer.

Congelei aonde estava,e João veio ao meu encontro. Vi ele dominar a mente de Pedro,e os resultados de sua dominação não demoraram a surgir.

– Você mentiu sim! Me enganou,me fez de otário. – Cuspiu cada palavra,deixando claro toda a sua raiva por mim. Tentei me controlar e me lembrar que aquele era um trabalho de Lúcifer,mas não consegui e as lágrimas vieram. – E o que você sentia por mim? Também era mentira?

– É LÓGICO QUE NÃO! – Gritei contra suas palavras tão duras. Ele apenas riu irônico,tentando engolir o choro preso na garganta.

– É claro que não. – Ironizou. Tentei me aproximar dele,mas ele impediu como pode. – Eu não vou ficar aqui ouvindo isso....

Pedro se afastou de mim e rumou em direção a porta. Antes que pudesse tocar a maçaneta,sussurrei:

– Pra aonde você vai? – Perguntei receosa,e tive que conter a mim e a João ao ver Lúcifer se aproximar dele e tocar seu ombro.

Lá estava a aura negra novamente,tomando conta dele. E eu mais uma vez sem poder impedir.

– Para aonde nunca deveria ter saído naquela noite em que você apareceu. Eu vou pra casa. – E saiu porta afora.

Foi o que bastou para eu desabasse em prantos. Meu choro era descompassado e desmedido. Eu havia absorvido cada uma daquelas palavras,ainda que minha mente me dissesse para fazer o contrário.

João me abraçou de lado no sofá,com os olhos num ponto fixo. Não precisei olhar para ver quem tinha sua atenção,pois uma risada estridente ecoou pelo lugar.

– Viu só como eu consigo o que eu quero,docinho?

Ao ouvir aquela voz,um arrepio percorreu por minha espinha,e minhas pernas fraquejaram. Me levantei num sobressalto e João me acompanhou,tentando me proteger.

– POR QUÊ VOCÊ FEZ ISSO? – Esbravejei,e ele se aproximou a passos largos. – POR QUÊ? – Num impulso,descarreguei minha raiva nele,distribuindo tapas aonde eu podia alcançar.

Ele se irritou e segurou meus pulsos com força.

– Você sabe muito bem,Karina! - Me soltou com brutalidade,e João conteve meu impacto. – Não estava no trato contar ao Pedro sobre sua verdadeira identidade. Tá me achando com cara de palhaço,garota?!

– Foi a única maneira que eu encontrei de manter o Pedro longe de você,seu filho de Judas. – Engoli o choro e soltei todo o meu nojo e repulsa em minhas palavras. – Nós vamos achar a alma gêmea do Pedro e te afastar da Terra,pode esperar.

– Tem certeza,coração? – Zombou,sorrindo pra mim e me encarando de cima a baixo. – Você ganhou uma batalha,não a guerra.

– Isso é o que nós vamos ver,Lúcifer. – João bradou.

– Eu digo o mesmo,meu caro João. Até breve. – E desapareceu na nossa frente.

– E agora,o que a gente faz K?

– Você eu não sei,mas eu vou atrás do Pedro. – Ignorei a fraqueza em minhas pernas e me levantei,mas João me impediu.

– Ei! Você não vai a lugar nenhum desse jeito. – Me fez sentar no sofá novamente. – Olha só pra você,tá pálida e tremendo.

– Mas eu preciso! Você não ouviu o Lúcifer? – Tentei parecer firme,mas minha voz saiu como uma súplica.

– É,cê tá certa. – Concordou comigo,coisa que ele quase nunca fazia. – Mas se acalma primeira,vou pegar um copo de água pra você.

– Não precisa,não tô com sede.

– E eu perguntei se você quer,ô teimosa? – João falou da cozinha enquanto me servia,daquele jeito protetor que só ele sabia ser. – Vai tomar e pronto.

Eu sorri pela primeira vez naquela noite,e fiz o que meu amigo tinha mandado. Conversamos mais um pouco e eu saí a procura dele,na casa ao lado. Toquei a campainha e Bianca me atendeu.

– Oooi,cunhadinha! – Sorriu e me abraçou. Tentei sorrir de volta,mas ela notou minha expressão triste. – Brigou com o Pê,não foi?

– É,umas coisas aconteceram hoje. – Respondi por alto,e ela pareceu aceitar.

– Eu bem vi pela cara que ele chegou aqui. Não disse nada,mas eu conheço meu maninho,e você também. Sobe lá.

E eu assim fiz,sob o sinal positivo dela. Subi as escadas e um pouco temerosa,bati na porta. Depois do que havia acontecido,eu podia esperar tudo.

Tudo,menos sentir seu corpo em contato com o meu,num abraço apertado e demorado.

– Me desculpa. – Ele sussurrou,enquanto afagava meus cabelos. – Eu não queria ter dito nada daquilo.

– Ei,eu sei disso. –Me soltei dele com dificuldade e fitei seus olhos amargurados. - Tá tudo bem. Eu é que tenho que te pedir desculpas...

Percebi que ele ficou tenso por um segundo,e eu acarinhei seu rosto. Ele uniu minha mão a dele e a beijou,me puxando para a varanda de seu quarto.

– Eu...ainda não sei como lidar com,ahn....isso. – As palavras saíram aos poucos,como se ele não soubesse como as dizer.

– Eu te entendo,e entendo também que você não queira falar sobre isso. Mas nós precisamos. – Ele voltou seu olhar para a lua que brilhava solitária no céu,e eu compreendi que poderia ser mais fácil se conversássemos assim,e imitei seu gesto. – Em primeiro lugar,eu não enganei você. Nunca foi a minha intenção.

– E eu sei,K. – Cruzou seu olhar com o meu,e uma parte de mim se sentiu aliviada. – Agora eu entendo,mas na hora.....eu não sei o que deu em mim. – Respondeu frustrado.

– Mas eu sei. E vou te explicar tudo,se você me permitir.

Ele assentiu e eu comecei.

– Eu sou um anjo,assim como João,Gael e a Tomtom. – Arregalou os olhos com aquela revelação. Acho que o baque de saber sobre mim fora tão grande que ele não se dera conta das outras pessoas a minha volta.

– E aquelas tias suas....? – Indagou,e eu assenti. – Hum....certo.

– Eu sou um anjo da natureza,mas a falta de amor na Terra fizeram algumas coisas mudarem. Estou aqui como cupido,para cumprir uma missão.

– E que missão é essa?

Soltei o ar que estava prendendo e respondi:

– Achar sua alma gêmea.

– Como é que é? – Me olhou assustado demais para acreditar naquilo.

Se ele já estava espantado com tudo o que ouviu,agora seu nível de negação havia alcançado seu ponto máximo. Ele se afastou de mim e voltou a olhar a lua. Fechou os olhos e respirou fundo.

– Então foi por isso que você terminou comigo? – Concluiu sem que eu precisasse dizer,e eu assenti.

– Agora você me entende? – Esperei por uma resposta que não veio. Continuei de onde havia parado. – Além de tentar encontra-la,ainda temos que lidar com Lúcifer.

– Quem é esse? – perguntou.

– É o dono da casa de baixo. – Evitei usar a palavra certa para definir o lugar e ele aceitou como pode. – Ele quer nos impedir de concluir a missão,para que o amor não volte para a Terra,ficando assim um território livre pra ele.

– Foi esse tal de Lúcifer que me fez dizer aquelas coisas pra você,não foi?

– Foi sim,Pê. – Confirmei.

Ele pareceu pensar por um segundo,sob o meu olhar receoso. Quando finalmente resolveu se manifestar,eu o ouvi dizer:

– Então deixa eu ver se entendi. Você uma cupido que precisa encontrar a minha alma gêmea para salvar a Terra do Lúcifer? – Eu assenti,na esperança que ele realmente tivesse compreendido tão bem como dizia. – E por quê resolveu me contar só agora?

– Porque Lúcifer me ameaçou,dizendo que faria mal a você e sua família se eu não me afastasse de você. A briga dos seus pais naquela noite,foi obra dele. – Expliquei.

– Bem que eu estranhei eles tão bem no outro dia....

– Era para ser uma missão secreta,mas nosso tempo está se esgotando.... – Dei início a parte que talvez era a mais difícil de ser dita.

– O que quer dizer com isso,esquentadinha?

– Que eu vou encontrar sua alma gêmea,Pedro. E você vai me ajudar.

Depois de tudo o que eu tinha dito,não havia mais espaço para surpresa ali. Mais uma vez eu podia esperar tudo de Pedro.

E mais uma vez ele me surpreendeu.

Ele se aproximou de mim com um sorriso torto e prendeu meu corpo entre o seu,fazendo minhas costas encontrarem a parede.

– Eu não vou te ajudar,Karina. A única pessoa que eu preciso é você. – sussurrou em meu ouvido,quase o tocando com os lábios enquanto falava,distribuindo pequenos beijos na região.

Sua respiração foi de encontro com a minha,e aquela aproximação inesperada causara arrepios por todo o meu corpo.

– E-eu não te dei escolha,Pedro. – Gaguejei,e ele apenas riu,negando. – Você vai me ajudar e pont...

Ele não permitiu que eu terminasse a frase,apenas invadiu minha boca num beijo urgente. Eu arfei quando senti suas mãos percorrerem minha cintura e apertarem minha coxa. Eu o puxei mais para perto,totalmente a mercê de seus toques.

– Você é minha,esquentadinha. – Eu gemi ao sentir seus lábios se perderem na curva do meu pescoço, brincando com a língua na área, para depois sugar e morder. – Só minha...

Eu não sabia de onde tinha tirado forças,mas num instante estava gemendo em seu ouvido,e em outro,estava longe dele. Busquei o ar que me faltava e me virei pra ele,que tinha os lábios vermelhos e estava a ponto de se aproximar de mim novamente.

– E-eu preciso ir.

Tentei ajeitar meus cabelos e sair dali a passos largos,mas antes me virei pra ele e disse:

– A nossa conversa ainda não acabou por aqui. – Afirmei. – Você vai me ajudar a encontrar sua alma gêmea,Pedro.

– Isso é o que nós vamos ver,esquentadinha. – sussurrou e depositou um beijo demorado em meu pescoço.

Antes que eu não conseguisse sair dali,rumei para a porta e desci as escadas,me despedindo rapidamente de Bianca e indo para a casa ao lado.


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Notas finais do capítulo

E aí,quem gostou do capitulo? O que será que vai acontecer? Karina vai conseguir encontrar a alma gêmea do Pedro? e ele,vai colaborar com a missão ou não? Gostaram da citação de harry potter? hahahah tava conversando com a Gi (@GinaBs) no twitter e me surgiu essa ideia. Não ficou exatamente como eu quwria,mas eu gostei. Agora um recadinho pra vcs: como vcs puderam perceber,eu tô completamente sem tempo. Minhas aulas vao começar dia 4,e minha rotina vai mudar completamente. Vou fazer o possível pra nao demorar porque eu sei o quanto é chato esperar por um capitulo novo,mas espero que me entendam e nao me abandonem! Eu posso demorar,mas eu apareço! Juro juradinho,haha. Enfim,é isso galerinha. Comentem muuuuito,acompanhem,favoritem e recomendem! Me sigam no twitter @vittiverfeliz e me amolem muitooo por lá,adoro conversar com vcs! Beeijos e ate o próximo < 3