Rony e Hermione na Terra dos Cangurus escrita por FireboltVioleta


Capítulo 2
Conversa e Briga




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HERMIONE

O carro que nos levaria até a Toca já estava nos esperando do lado de fora da estação de King's Cross. Era um Fusca desnecessariamente amarelo, provavelmente ampliado por dentro para que eu, Harry e todos os oito Weasleys coubessem ali.

Sentei ao lado de Rony, respirando fundo através de um suspiro.

– Caramba - murmurei, erguendo as sobrancelhas - acabou. Nada mais de encrencas por causa de bruxos malignos.

Algum tempo depois, eu pensaria no como fui ingênua ao pensar naquilo.

Rony riu baixinho.

– Estranho, não? - ele indagou - estamos tão acostumados à nos encrencar todo ano que ficar sem se meter em apuros vai até parecer estranho daqui em diante.

Ah, se eu soubesse o como estávamos errados naquele momento...

A viagem se passou sem que mais nada fosse dito. Chegamos à Toca cerca de meia hora depois, desembarcando com os poucos objetos que havíamos trazido de Hogwarts.

– O que vai ser feito da escola? - Rony perguntou, enquanto desfazíamos as poucas malas que trouxemos.

– A Professora McGonagall é a diretora interina agora - respondi, enquanto desdobrava as meias de Gina - vários aurores vão se reunir daqui a uma semana para começar a reconstrução do que foi destruído. Daqui a alguns meses, as aulas vão recomeçar... e voltamos para a escola.

Harry engasgou com a garrafa de água que tomava no momento que eu disse isso.

– Como assim "voltamos"?

– Ah, Harry, dá um tempo - resmunguei - todos os que ficaram fora de Hogwarts durante esse ano que Snape foi diretor vão ter que fazer o ano que não cursaram, e mesmo quem estava lá vai ter que estudar outra vez... afinal, convenhamos, com os Carrow lá, não houve exatamente aulas de verdade...

– É ridículo - Harry bufou - depois de tudo que passamos...

– Vamos concluir os estudos - cortei-o - ou você desistiu de ser auror?

Harry fechou a cara para mim, mas pelo menos ficou calado.

– E quanto a você? - Rony falou - enquanto, bem... você não sair para... sabe... vai ficar por aqui?

– Claro... sua mãe deixou - falei, sentindo o olhar indagador de Harry em nós dois.

– O que vocês estão tramando? - Harry falou, franzindo a testa.

– Nada - dissemos Rony e eu ao mesmo tempo.

Se tinha uma coisa que eu detestava em Harry Potter, era seu maldito sexto sentido de detecção de encrencas.

– Você vai ir atrás dos seus pais?

Foi minha vez de fechar a cara para ele.

– Andou estudando Legiminência? - bufei, me virando para a cama.

Reparei na expressão desanimada e constrangida de Rony.

– Na verdade, cara... - Rony pôs a mão na nuca, sem graça - nós íamos sozinhos.

Harry arregalou os olhos, mas não pareceu chocado nem magoado, o que me deixou aliviada.

– Claro que vão... - ele deu um sorriso um tanto malicioso - vocês bem que estão precisando.

Até Rony riu quando eu corei.

– Harry Potter! - arfei, travando na última palavra e ficando muda.

– Qual é, estou brincando... - Harry riu - mas já discutiram como vão sair daqui sem chamar a atenção das autoridades?

– Sei que estão investigando todo mundo em busca de Comensais da Morte foragidos - comentei - mas estão em busca de pessoas que arrumem encrencas aqui dentro do país, e não fora. E depois, acho que sei como podemos sair de modo discreto do continente.

Harry deu outra risada.

– Não é destas autoridades que eu estava falando.

Claro.. Molly e Arthur Weasley.

Eu e Rony nos entreolhamos.

– Você vai ficar por aqui enquanto não resolverem aonde você irá morar, não é, Harry? - Rony olhou para Harry, tenso - eu queria que você cuidasse deles enquanto eu não volto... vamos mandar cartas depois que eles... se acalmarem... após nós partirmos.

– Claro que farei isso - Harry fungou, revirando os olhos - sua família também é como uma família para mim. É o mínimo que eu podia fazer depois de... tudo - ele olhou para o chão, nervoso.

Comecei a sentir um pequeno enjoo quando considerei o quanto aquilo faria os Weasleys sofrerem de novo. Eu tinha o mau pressentimento que a viagem em busca de meus pais não seria tão tranquila assim. Depois que desembarcasse na Austrália, eu teria que inventar um modo de acha-los... o que envolveria, provavelmente, arriscar caminhos ou viagens não muito agradáveis. E achar pessoas questionáveis.

– Bom... nós vamos nos preparar - Rony falou, parecendo decidido - tente distrair meus pais... acho que quanto mais cedo partirmos, mais cedo mamãe e papai se recuperarão e mais cedo voltaremos, a tempo da volta às aulas em Hogwarts.

– O.K. - Harry assentiu com a cabeça, pegando uma trouxa de roupas rasgadas e sujas de sangue e levando-as para fora, batendo a porta atrás de si.

Minha cabeça começou a latejar enquanto eu pensava na insensatez de levar Rony junto comigo. Fora eu que havia enfeitiçado meus pais, alterando suas memórias. Se alguém devia se arriscar para encontra-los, era eu, e não ele. Se aquilo resultasse em algo ruim para mim - encrenca, prisão, ou até coisas piores - eu não queria que Rony se arriscasse à sofrer qualquer coisa junto comigo.

Eu não o deixaria sofrer junto comigo. Não mais do que ele já havia sofrido.

– Rony... - suspirei, olhando para ele.

– Que foi? - ele indagou, sem olhar para mim, analisando um mapa da Oceania que eu conjurara da loja de conveniências mais próxima.

– Acho que... vou me organizar... para ir. Acho que irei embora amanhã mesmo... o mais cedo possível.

– Certo - Rony balançou a cabeça - partiremos amanhã, então.

– Não, Rony - arfei outra vez - estou falando que vou sozinha. Você não vai.

Rony ergueu a cabeça, parecendo surpreso. Desagradavelmente surpreso.

– Como assim?

– Não dá, Rony! - falei, sacudindo os braços - eu vou sozinha, tá legal? Eu posso fazer isso sem ajuda... Não precisa ter motivo! Você não vai e pronto!

A expressão de Rony era de quem havia sido encharcado com uma Poção de Furúnculos.

Eu não quis ser ríspida nem me alterar, mas quis intimidar Rony o suficiente para que ele desistisse de tentar me convencer à ir comigo. Fez falta não estar vampirizada naquele momento...

Virei-me de costas para ele, decidida.

Mas eu vi o como aquilo foi inútil quando ele puxou meu braço e me derrubou no chão.

A queda e o puxão não doeram, mas eu fiquei pasma o suficiente para ficar irritada com a audácia dele. O que aquele idiota estava pensando?

– Ficou maluco?? – gritei, me sacudindo para desvencilhar meu braço de seu aperto de aço – me solta, Rony!

De relance, olhei para o rosto alterado de Rony. Ele parecia completamente furioso.

Eu nunca o vira assim. Nem quando ele nos abandonara meses atrás. Nem quando ficou de frente para a assassina de Fred. Nunca.

O medo se agitou em eu estômago quando senti sua mão prender meu pulso... ele parecia querer me machucar. Mas por quê? Ele teria coragem?

Quando ele me puxou em sua direção, fiquei esperando algo doloroso me atingir. Juro que esperei algo cobrir meu rosto e deixa-lo vermelho e ardente.

E eu tinha razão em esperar aquilo.

Só não sabia que aquilo seria um beijo em minha boca.


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