Rony e Hermione na Terra dos Cangurus escrita por FireboltVioleta


Capítulo 16
Revelações




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RONY

Acordei na manha seguinte com um medo bobo de abrir os olhos e me encontrar na minha cabana maori do outro lado da tribo.

Mas quando resolvi despertar, percebi que tudo não fora apenas um maravilhoso sonho. Eu realmente havia ficado na cabana de Hermione. E dormido com ela... de novo.

Enquanto analisava a silhueta adoravelmente adormecida de minha namorada, minha consciência dava tapas em minha orelha, alarmada.

"Você não queria apenas dormir com ela, não é? Não, você queria algo mais... Já imaginou o como foi cruel em incapacita-la 'mentalmente' daquele jeito? E se ela entendeu algo que você nem ia fazer? Não acha que foi um bocado safado e desequilibrado?"

Desequilibrado? Completamente. Eu simplesmente me descontrolei na noite anterior. Droga, eu realmente não queria ter forçado a barra daquele jeito, mas Hermione praticamente não me impediu nem se queixou uma única vez.

Vê-la tão entregue e vulnerável, parecendo tão satisfeita com minhas investidas, também não ajudou nada. Ela estava tão linda, com os lábios levemente inchados, os cabelos esparramados na cama, o corpo encolhido, os olhos brilhando com um sentimento que arrepiou meu corpo...

Pela primeira vez, eu havia percebido o como fui idiota nos cinco anos anteriores. Eu realmente havia perdido tudo isso? Todos aqueles sorrisos, aqueles abraços, aqueles beijos? Como pude ser tão panaca a ponto de não perceber que tudo o que eu queria e precisava estava ao meu lado o tempo todo?

Fiquei refletindo nessas perguntas até que alguém apareceu na porta da cabana, entrando em silêncio. Me levantei, quase acordando Hermione, quando me deparei com a expressão surpresa de Darel.

– Bom dia... ahn... - ele pareceu ao mesmo tempo constrangido e levemente sarcástico - eu ia chamar vocês... tudo está pronto para continuarmos viagem. Bom... não quis... - ele riu baixinho - atrapalhar... sabe como é... vocês sumiram depois da dança de invocação...

– Ah, não esquenta - murmurei, me levantando - a gente também não quis atrapalhar você e... ah, a maori bonitinha.

Darel fingiu fechar a a cara para mim.

– Não aconteceu nada - ele disse, revirando os olhos - só ficamos um pouco juntos no centro da aldeia, e depois Nyree foi dormir - ele suspirou - qual é, eu acabei de reencontrar a garota...

– Estou enchendo seu saco, cara - ri, batendo em seu ombro - fiquei feliz que você se acertaram... mas como ela vai ficar se você... for embora com a gente?

Percebi que Darel ficou incomodado em responder.

– Não sei.... estava planejando terminar a viagem com vocês... e voltar a viver com os Tokonga... prometi a Nyree que voltaria logo.

– Ei, você pode ficar, se quiser - comentei - nós nos viramos daqui em diante...

– Não, Weasley - Darel ficou sério - quando combinei de ajuda-los, jurei à Hermione que continuaria junto de vocês até reencontrarmos os pais dela. Vou continuar ajudando...

– Afe.. bom dia pra vocês também - resmungou uma vozinha sonolenta trás de nós. Nos viramos para trás, encarando Hermione, que se espreguiçava sorrindo.

– Anda... levanta daí, Pocahontas - brinquei, dando um tapinha em seu bumbum. Ela gritou, tentando socar meu peito.

– Rony Weasley! - ela arfou; se sua expressão irritada e indignada era ou não autêntica, eu não sabia dizer - só por que a gente...

Ela olhou para Darel e emudeceu, corando. Me deu um ultimo tabefe no ombro e se levantou, com o rosto ainda paralisado de choque. Darel riu.

– Andem, vocês dois... temos que tomar a poção ainda antes de seguirmos viagem...

Quando Darel saiu, Hermione fungou, balançando a cabeça.

– Tarado...

– Quem, eu? - indaguei, com uma vozinha inocente.

– Não, seu tio Abílio... - ela semicerrou os olhos, mas era evidente que se divertia - você ainda gosta de ver as mulheres por trás, é?

– Gosto, sim... mas só de uma - corrigi, beijando sua bochecha e acariciando sua perna levemente. Hermione se desmanchou feito um cinzal em meus braços. Gargalhei, sacudindo a cabeça.

– Que saco... - ela me empurrou, brincalhona, e começou a organizar nossas coisas - pare de me... seduzir... droga.

– Seduzir?? - exclamei, rindo, enquanto colocava uma camiseta limpa - quem sou eu para te seduzir? Algum búlgaro famoso?

Hermione fechou a cara quando mencionei Victor Krum.

– Não tem quem tire isso de sua cabeça, não é?

– Relaxe, Hermione - levantei as mãos em gesto de rendição - é que é difícil esquecer dos ex-namorados das nossas namoradas... só isso.

Hermione suspirou, se debruçando na mochila que arrumava e aproximando a cabeça na minha direção.

– Rony... eu... nem sei como dizer isso, sabe... - ela mordeu o lábio... - mas gostaria de contar quando foi meu primeiro beijo.

Ergui a sobrancelha, emudecido. Como assim? Ela realmente ia querer que eu recordasse o fiasco do Torneio Tribruxo?

– Bom, desembucha - respondi.

Hermione cruzou os braços, soltando a bomba em mim.

– Três semanas atrás.

– Quê? - gemi, chocado. Como assim??

– Você ouviu. Nunca namorei Victor Krum. Ele gostava de mim, e não o contrário. Você é meu primeiro namorado... pronto, falei... - Hermione fungou - Satisfeito?

– E o McLaggen? - Santo Deus, eu ainda jogava mais uma tora na fogueira.

– Um nojento - ela gaguejou em seguida - só disse que estava namorando ele... p-pra... te deixar... sabe...

– Com ciúme? - nossa, a cabeça das mulheres realmente não funcionava de um jeito compreensível.

– Saco... é.

– Sou seu primeiro namorado? Sério? - comecei a sorrir, espantado com o que Hermione estava dizendo. Eu era o primeiro garoto da vida dela...

Então, tudo o que eu havia enfiado em minha cabeça nos últimos quatro anos não passava de devaneios ciumentos.

Hermione corou, parecendo envergonhada. Apenas resmungou um "huhum" e baixou os olhos para sua bolsa. Aparentava ter perdido a capacidade de falar, pois ficou quieta até que terminássemos de organizar nossas coisas.

Nos despedimos de Akahata, Mere, Aka e do restante da tribo. Agradeci a Akahata e à todos os outros, sorrindo.

– Obrigado por nos hospedarem... realmente nos ajudaram muito... e adoramos a festa...

– Disponham, meus jovens - Akahata sorriu - foi um prazer acolhe-los na tribo Tokonga... espero que encontrem tudo o que procuram...

– Obrigada, senhor... - Hermione disse, meneando a cabeça.

Os maoris aplaudiram, cantando um tipo de música que não reconheci. Demoramos quase meia hora para nos despedirmos de todos os maoris que queriam nos abraçar e desejar boa sorte.

A menininha que nos chamara na noite passada para a cerimônia da fogueira de histórias se aproximou e deu a Hermione um colar trançado com várias pedrinhas.

– Obrigada, querida... - Hermione sorriu e colocou o colar no pescoço, dando um beijinho a cabeça da pequena maori, que gritou de contentamento e a abraçou.

– Vamos sentir falta de vocês - ela choramingou. Hermione riu, compadecida, e acariciou a cabecinha dela.

– Também vou sentir falta de você, baixinha...

Depois da despedida, Hermione e eu nos dirigimos até Darel, que nos aguardava na fronteira da aldeia com o deserto. Hermione voltou a ficar calada e permaneceu em silêncio por um longo tempo.

Darel percebeu a mudez de Hermione e levantou um olhar questionador enquanto entregava uma cabaça com Poção Transfiguradora para mim.

– Ela disse que nunca tinha namorado antes - expliquei, rindo - depois essa, ganhei o dia...

Darel sorriu.

– Bom, eu e ela somos dois...

– Não... - Darel riu da minha expressão incrédula - um cara bombadão como você...

– Deixa de viagem, Weasley... - ele observava, ao longe, Nyree assistir nossos preparativos com uma expressão ao mesmo tempo feliz e triste - a primeira e última garota da minha vida está bem ali, olhando para nós...

Acenei para Nyree, que sorria. Darel também acenou para ela. Nyree abraçou o próprio corpo e, em seguida, foi embora lentamente, até desaparecer dentro da aldeia.

Hermione não ouviu ou fingiu não ouvir o que eu dissera, pois tomou sua poção sem titubear, com uma expressão distraída, e se escondeu numa moita próxima, aparentemente envergonhada demais para se transformar na nossa frente.

– Mulheres... - gesticulei a cabaça, brindando-a com a cabaça de Darel - difícil viver com elas...

– Impossível viver sem elas - brincou Darel, bebendo a poção em seguida.

Meu corpo de alongou e ganhou outra vez uma zoada de músculos ao longos dos braços e pernas. Definitivamente voltar a ser cavalo foi muito esquisito... "de novo".

Darel parecia partilhar meu desagrado, pois tropeçou nas próprias patas, desengonçado.

Hermione saiu da moita, já transfigurada, e começou a trotar lentamente ao nosso lado, em encarando com a longa cabeça virada, com uma expressão de intriga.

"O que foi?", relinchei, curioso.

"Nada".

Jurei ver um sorriso equino de conspiração no rosto de Hermione. Tinha certeza que ela estava aprontando alguma.

E eu tinha a nítida e tensa impressão de que, fosse lá o que fosse, eu estaria envolvido.


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