Motsatt escrita por Monique Góes


Capítulo 8
Capítulo 7 - Verdades Inusitadas


Notas iniciais do capítulo

Bem, minhas provas acabaram, o ENEM passou... Este fim de semana não vou conseguir postar pois vou viajar, mas provavelmente semana que vem eu venha com atualização dupla! =D
Bem, é isso, e ao capítulo!



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Capítulo 7 – Verdades inusitadas

Admitiu estar com muita raiva de Debrah.

No momento em que pisou na escola na segunda, parecia que até a diretora já ficara sabendo sobre possuir um irmão gêmeo. Como alguém tão antissocial poderia ser considerado popular? Não sabia, pois apenas sendo um era que sua vida pessoal passava a ser de interesse público. Esperava que a semana de mal humor fosse o suficiente para manter a horda de estudantes afastados de si por um bom tempo, mas novamente, seu comportamento e mentalidade eram absolutos mistérios para si.

Depois de desviar de muitos “É sério?”, “Qual o nome dele?”, “Como vocês se encontraram?”, “Vocês estão se dando bem”, finalmente conseguiu se sentar em uma carteira na sala de Biologia, dando um longo suspiro para se manter calmo. No dia anterior, conseguira se apaziguar devido às conversas com Nero, mas como sempre, Debrah sempre aparecia para estragar seu dia.

O prof. Malinchak apareceu logo após, pondo suas pastas sobre a mesa, e vindo até sua direção. Deu um suspiro. Mais um...

– Deve ser bem estressante ter sua vida sendo comentada, não?

A pergunta o surpreendeu.

– É, é sim.

– Você é um aluno aqui há três anos. Não é preciso ser nenhum observador para perceber que não é uma pessoa muito sociável. Fala apenas com os gêmeos Toy e com a Srta. Nièvre. E todos estes cabeçudos aparecem para lhe atazanar.

Teve de rir do comentário, e sentiu pelo menos uma dezena de olhos voltando-se em sua direção, fazendo-o bufar, mas também constatou que deveria ser a primeira vez que ria na escola. Pelo menos, era a primeira vez que ria na frente de muita gente.

– Mais que todos estes cabeçudos, eu tenho uma fofoqueira que infelizmente tenho que apresentar como minha irmã. Não tinha muita intenção de falar sobre Na... Nero, para eles. – confessou, também constatando que era estranho para si chamá-lo de Nero.

– Ah... Debrah?

– Quem mais estuda aqui?

– Verdade. E então o seu já tão famoso irmão se chama Nero?

Balançou ligeiramente a cabeça antes de assentir.

– É, e aposto o carro que não possuo que ele já imagina que isto esteja acontecendo.

O professor riu.

– Ele vê o futuro por um acaso?

Quase teve vontade de responder que sim, mas assim como não levara a sério no começo, era óbvio que o professor iria achar aquilo uma bela de uma ironia. Inventou uma desculpa rápida que não era exatamente uma mentira.

– Ele passou o dia todo na minha casa ontem. – foi a resposta. O suficiente para entender que fora uma tarde inteira com Debrah.

– Ah, sério... – o sinal tocou. – Bem, vou voltar ao meu posto de professor exemplar. Tente sobreviver até o fim do dia!

Poderia até rir se não soubesse que aquilo não era uma brincadeira. Numa tentativa de se ausentar por algum tempo do mundo real, tirou seu cordão do pescoço, abriu o caderno de Biologia jamais utilizado e se pôs a tentar desenhá-lo, ignorando os comentários sobre aquele pingente ser muito feminino e coisas do tipo.

Também era a primeira vez que desenhava algo tão à vista das pessoas, mas era um momento de desespero. E apagar-se da realidade tornou-se algo bem prazeroso enquanto se arremedava nas linhas do amuleto e nos detalhes da pedra ali incrustada. Quando terminou, percebeu-se já fazendo a parte equivalente do de Nero.

E ao fim, havia feito uma ave.

Com os dedos manchados pelo fato de tocar na grafite, parou para analisar o que havia feito. O pássaro possuía uma crista em sua cabeça, além de possuir um corpo esguio e delicado, com as penas da cauda semelhantes a fogo, utilizara-se do efeito de como se o corpo fosse feito de quatro pedras se encaixando, e as penas de seu corpo fossem negras devido o material do amuleto.

Percebeu que era uma fênix.

– Uau, belo desenho.

Se assustou com o comentário, percebendo logo após que não era nenhum bicho papão vindo do nada, apenas Lucy Lovelace. Nunca falara com ela, apenas a conhecia de vista por ser amiga de Far.

–... Obrigado.

– Eu te assustei? Sinto muito. – apontou para uma das asas. – Creio que errou no sombreamento aqui, está mais claro que o resto.

Olhou na direção apontada, e realmente, encontrava-se mais clara. Quando começou a escurecer o local, a garota deslizou para a carteira ao seu lado de maneira discreta. E Jake pressentiu o que viria.

– Posso fazer uma pergunta?

– Hm?

– Não vai ficar com raiva de mim nem nada do tipo?

– Não posso saber se você não perguntar. – respondeu, mas considerou aquelas perguntas estranhas para alguém com quem nunca havia conversado. Certamente não havia nada a ver com o desenho ou a fofoca deflagrada sobre Nero.

– Você brigou com Far semana passada ou algo do tipo?

Mordeu ligeiramente os lábios com a pergunta. Talvez o fato de ele e Far não estarem se falando fosse muito mais visível do que imaginava, mas o fato de ser Lucy a questionar, e não uma das outras garotas o aliviava. Não precisava conhece-la para ver que não iria espalhar boatos ou coisas do tipo.

– Não. – respondeu em voz baixa para que apenas ela ouvisse. – Mas fiz uma grande burrada. Entendo caso a Far esteja com raiva de mim.

– Mas ela não está.

A resposta simplista pegou-o de surpresa. Assumira durante todo aquele tempo que a garota encontrava-se com raiva de si, para então saber que não. Bem, o fato dela evita-lo durante todo aquele tempo era o suficiente para qualquer um crer em tal fato.

– Como assim?

Lucy olhou rapidamente para a frente, vendo se Far não estava olhando em sua direção. Jake fez o mesmo.

– Eu não sei explicar... Não parece chateada ou com raiva, talvez apenas insegura. – suspirou. – Não a culpo, depois de toda a loucura que aconteceu, mas admito que senti que havia muita coisa errada quando vi que vocês dois não estavam se falando.

– E vamos admitir que tem.

– Sinceramente, não sei o que aconteceu, mas vocês podem pelo menos tentar sentar e conversar?

– Digamos que é ... Complicado.

– Nada é tão complicado a ponto de ser resolvido.

Teve de assentir diante a pronta resposta. Fora inteligente da parte dela, mas ficava se perguntando porque todos os assuntos dos últimos dias sempre acabavam retornando à Far. Tentava esfriar a cabeça como Nero havia aconselhado, porém parecia impossível.

– Está procrastinando, não? – a morena questionou.

– Sempre. – foi a resposta.

O sinal tocou, e antes que pudessem vir até eles, tanto Lucy quanto Jake arrumaram suas coisas e seguiram caminhos diferentes. Era bom que pelo menos algo passasse despercebido diante aqueles alunos que eram ávidos por algo que sequer ele mesmo sabia o que era.

No enquanto seguia para a aula de Inglês, deparou-se com a diretora, Valerie Raubenstine, mais conhecida como “Cara de bode”, dando uma bronca num grupo de baderneiros. Possuía um rosto fino e comprido, além de cabelos grisalho e olhos negros. Apesar de suas roupas demonstrarem que era uma mulher independente e bem sucedida, seu rosto era realmente semelhante ao de um bode, e o corte de cabelo liso que parecia se unir na altura de seu queixo fazia com que se tornasse semelhante a uma barbicha.

Infelizmente, ela o percebeu enquanto escorregava discretamente em direção à sua sala.

– Fora de problemas, Silverman?

– Tentando. – respondeu secamente.

A diretora cerrou os olhos, analisando-o dos pés à cabeça. Desde os cabelos escandalosamente compridos até as roupas, que encontravam-se como sempre ligeiramente desarrumadas, o que era o suficiente para poder classifica-lo como um rapaz “de bem”.

Entretanto, o longo histórico de fofocas que ouvira sobre ele quanto à promiscuidade e atividades... Ilícitas. Certamente ele em nada se encaixaria como um “rapaz de família”.

– Posso ir agora? A Sra. McWings não vai querer acreditar caso eu diga que perdi aula porque a diretora me prendeu do lado de fora.

Os olhos de Raubenstine cerraram-se ainda mais. Ergueu um dedo perigosamente em sua direção.

– Veja como fala comigo...

– Estou vendo. – Foi a resposta curta e seca, enquanto lhe dava as costas e entrava na sala, deixando a diretora escandalizada com a audácia do aluno.

Aquele rapaz, por mais que fosse uma pessoa quieta e reservada, era um dos alunos mais problemáticos que haviam passado por sua instituição. Jamais vira um fenômeno como aquele, mas os demais estudantes pareciam nutrir uma espécie de idolatria por ele. Mesmo após tudo sobre o que ouvira sobre ele, nenhum dos outros alunos parecia ter qualquer aversão a Silverman, mesmo que este por vezes se demonstrasse arisco ou algo do tipo.

~O~

– Por que... – murmurou Nero mais uma vez. Franziu o cenho, como se forçasse sua visão, e a imagem surgiu-lhe mais uma vez na mente, mas ao contrário dos antigos flashes, esta vez lhe veio completa.

Tudo se encontrava escuro. Tão escuro quanto o breu, mas apenas com a fraca iluminação que provinha do lado de fora, conseguiu apenas discernir que era a casa dos Silverman. O silêncio zunia em seu ouvido, dando-lhe calafrios.

E repentinamente algo lhe soou... O som de água.

Aquilo era um mau agouro.

Os resfôlegos repentinamente soaram, como se alguém ali se afogasse. Nervoso, tentou virar, mas como em todas suas visões, encontrava-se impotente. Apenas conseguia permanecer ali, parado, encarando a porta, à espera de que algo acontecesse.

E aconteceu.

Lentamente ela se abriu, e conseguiu ver Klodike parado à ela. Encontrava-se curvado sobre si mesmo, ofegava e tremia, e percebeu-o terrivelmente machucado. O nervosismo lhe invadiu. O que estava acontecendo? O que iria acontecer?!

Um passo hesitante dentro da casa, e escutou o som de Rarac. Sabia que era ele, mas não era como se fossem seus latidos... Pareciam rosnados, de algo muito pior.

Um lobo talvez.

– F... Uja... – a voz gorgolejou de algum lugar de dentro da casa. Seus olhos pregaram-se em seu irmão, que parecia mal se manter de pé. Deu um passo para trás, mas repentinamente, apenas caiu.

Klodike... – murmurou nervoso. Não conseguia se mover, e estava escuro demais para vê-lo claramente. Estava morto? Ou apenas inconsciente?

O som da água tornou-se cada vez mais alto, quando repentinamente, um brilho como o sol surgiu do lado de fora. A coisa deu um passo à frente e percebeu ser outro homem, com uma pele pálida e os curtos cabelos brancos tremulavam como água, dizendo algo num tom gutural.

Repentinamente, o cão saltou sobre ele, mas em pleno ar, tornou-se algo que não era um animal. Era... Um homem?

O fôlego lhe faltou e Nero piscou, tonto, vendo-se novamente no chão de seu quarto. Seu coração estava acelerado e sentia-se gelado.

Veja só...

Ah, de novo não...

Vejam, vejam... Ele está tentando mudar o destino...

As sombras surgiam de todos os cantos. Dez ao todo. Grandes do tamanho de um homem, rastejavam em sua direção, zombando-o e assombrando-o. De novo não, de novo não...

Retirou uma de suas luvas com as mãos trêmulas, fitando a pele exposta. Estava pálida e veios negros desciam por ela, como se descascassem e lhe revelassem uma carne preta por baixo.

Mataremos a todos...

E nada se cumprirá...

Tente salvá-los...

E se destruirá...

As vozes riram, um riso maligno e zombeteiro. As vozes masculinas e femininas se misturavam de maneira gutural. Os olhos amarelos vagaram envolta, desesperados, encontrando Aegis parada como um ponto de luz em meio a escuridão que se formava. Com algum esforço, engatinhou em sua direção, mas parecia que estava disposto em um corredor, com as coisas ao seu redor.

Os quatro primeiros...

Quanta audácia!

O profeta renascido e o profeta esquecido... Eles a nada poderão fazer

Um é apenas um fantasma,

O outro apenas adormece à espera de um milagre

Hereges renascidos! Provindo dos planos nefastos

Cairão como seu povo

A quem tentaram os salvar!

As risadas tornaram-se mais fortes. Trêmulo, pegou o camundongo que movia seus bigodes nervosamente. Sabia que ela também podia senti-los. Fora por isso que se apegara tanto ao animal. Afinal, ela mesmo lhe dissera. Sequer... Aegis sequer era um camundongo, afinal...

Dois na água e dois no fogo

Atrocidades assim deveriam ser esquecidas

O nascimento proibido

Que há muito foi selado

Deveria ter sido esquecido!

Mas não!

Teria de haver os pecadores, e os...

Um baque surdo ao chão, e com um grito de horror todas as sombras desapareceram. Trêmulo e tonto, pingando a suor, olhou para cima, vislumbrando o cetro que fora utilizado para espantar as sombras.

Abriu os lábios para tentar agradecer, mas nenhum som coerente saiu dali.

À sua frente encontrava-se um homem. Branco, completamente branco, com exceção dos olhos cor de fogo. Seu cabelo era ondulado e caía-lhe pelos ombros, em sua testa havia uma coroa em forma de asas, com uma única pedra em seu centro, gravada com um símbolo que jamais fora capaz de decifrar. Usava um manto comprido feito de penas alvas e em sua mão esquerda levava um grande cetro dourado, quase de seu tamanho, a ponta esculpida na forma de uma garra.

E pousada sobre ele, estava uma fênix, assim como o homem, branca como a neve.

Ele olhou para Aegis, que se levantou, tornando-se a mulher que raramente se transformava. Era pequena, pouco menos de um metro e meio. Seu cabelo era curto e liso, com exceto por algumas finíssimas tranças que chegavam-lhe aos joelhos, de um vivo tom de verde. Usava uma saia amarela que se arrastava pelo chão, aberta nas laterais, e tudo o que usava na parte superior era uma série de colares tubulares que mal lhes cobriam os seios.

Mesmo tão menor que ele, pegou-o sem nenhum esforço e o pôs na cama.

– Sinceramente, você só vem começar a dar trabalho depois de grande! – exclamou com sua voz aguda.

Nero deu uma risada sem muito humor.

– Não faça essa cara, o conheço desde que fazia cocô nas próprias fraldas.

Torceu o nariz.

– Não precisava saber disso. – com um pouco de dificuldade, olhou para o homem, que mantinha-se no mais completo silêncio enquanto Aegis continuava a reclamar consigo mesma. – Eles falaram sobre... Quatro primeiros...

O semblante que o homem assumiu deixou bem claro o quão sério era o assunto. Nero teve coragem de se encolher ao percebê-lo deste modo. Olhou para Aegis. Ela havia deixado bem específico que estava impossibilitada de contar sobre seu passado, mas se questionasse de modo que uma resposta indireta fosse dada era possível.

– Não é apenas eu e Klodike, não é?

– Eu... Eu não sei...

– Aegis...

Ela suspirou e olhou para o homem em busca de apoio.

– Não lhe trará riscos. – foi a resposta, e mais uma vez bateu com seu cetro, fazendo que sua fênix branca alçasse voo. A ave foi até Nero, pousando perto de seu braço, especificamente da mão descobertas. Encostou sua cabeça ali, fazendo-o sentir um choque, para que um alívio quase instantâneo se alastrasse por seu corpo. E Aegis lhe parecia agoniada.

Ela respirou fundo antes de começar.

– Antes... Eram quatro.

– Quatro? – sua mente parou por um instante para absorver a informação, para que então a súbita revelação lhe viesse à mente, fazendo com que sentasse num ímpeto, este que fez com que o mundo girasse vertiginosamente. A mulher o pôs deitado novamente, para que então Nero exclamasse – Quatro?! Você quer dizer... Quadrigêmeos?!

– Sim. – ela suspirou. – Vannes, Klodike, Naphees e Esben. – Ela pôs suas mãos na boca, e Nero a escutou roer as unhas de nervosismo. – Mas até onde sei... Vannes e Esben estão mortos.

Continuou a encarando.

– Eu... Eu não sei se posso contar mais que isso... – ela se contorceu. – Vocês tinham oito anos... Na água... Junto com a mãe de vocês...

O que aquelas sombras haviam lhe dito repentinamente voltou à sua mente.

Dois na água e dois no fogo

–... Eles morreram na água... Afogados?

– Não. Jamais morreriam meramente com água... Foi com o que veio com ela.

Repentinamente Aegis gritou e caiu sobre seus joelhos, fazendo com que Nero levantasse novamente, sobressaltado. Devido à cura da fênix, sentia-se melhor, mas viu uma marca espalhando-se pelas costas da mulher, marcando-a em fogo enquanto esta se contorcia, numa forma desconhecida a Nero.

– Aegis! – pegou-a pelos ombros.

– Eu... Eu não posso contar mais que isso. – seu rosto estava vermelho e grossas lágrimas escorriam por seus olhos. Encontrava-se perdida num mundo de pura dor. – Sinto muito, ele... Foi a promessa que fizemos a ele...

– Ele?! – Nero olhou para cima, percebendo que o homem havia desaparecido. Como sempre. – Ele quem?!

– Seu pai.

Quase a largou quando escutou aquilo. O pai de ambos? Ele havia feito aquilo com Aegis?

– Ele...

–... Se utilizou disso... Sabe que somos incapazes de quebrar nossas promessas... Foi por isso...

– O quê?!

– Ele nos fez prometer não contar... Até que fossem capazes de lembrar tudo sozinhos...

– Aegis, espere, se acalme! – A balançou, o que pareceu surtir efeito. Ela engoliu o choro e o encarou com grandes olhos úmidos. – Isso o que aconteceu com você, tem a ver com o meu pai?

Ela negou.

– Tem a ver com nossa raça. Somos incapazes de quebrar promessas... E ele se utilizou disso. – ela balançou a cabeça.

– Do modo que você diz faz parecer que eu e Klodike não possuímos memórias...

– Porque ele as selou. – A essa altura ela tremia. Nero sentiu como se um soco fosse dado em seu estômago. Então queria dizer que ele não lembrava de nada porque... Porque seu pai havia o feito esquecer, assim como Klodike?! Toda a agonia que havia passado, todas as vezes que forçara sua mente ao máximo, havia sido porque ele havia feito assim?! – Não o culpe, por favor, ele só queria protege-los... E esta parecia a única alternativa!

– Vivermos sem memória com um bando de estranhos, sem saber da existência de um do outro?!

– Viverem uma vida normal sem a perspectiva de serem assassinados no dia seguinte! – foi a resposta, para o seu choque. A fumaça deixando as costas de Aegis lhe indicava que ela estava entrando em um assunto proibido novamente. – Era como vocês passaram anos vivendo! Matando para sobreviver, a cada dia mais miseráveis! Não consegue entender?! Ele não aguentava mais vê-los assim! Já haviam sofrido demais com a morte de sua mãe e de seus irmãos, e via você e Klodike se perdendo cada dia mais apenas para se manterem vivos numa existência vazia! – cuspiu. – Eu e Rarac somos obrigados a protege-los por juramento...

Ela se interrompeu abruptamente e caiu ao chão. Nero, sem reação, olhou em sua direção, percebendo que havia perdido a consciência. Lentamente, a mulher foi diminuindo, mais uma vez dado forma ao pequeno camundongo que sempre o acompanhava. Pegou-a entre as mãos, refletindo sobre tudo o que dissera.

Desde que Aegis se mostrara a ele como uma criatura capaz de se transformar tanto em gente quanto em animal, sempre deixara bem claro que mesmo sabendo sobre o passado de Nero, era incapaz de conta-lo. E naquele dia, perdera todas as estribeiras e claramente passara de seus limites.

O pai de ambos... Então era por isso que não lembrava de nada? Seu pai desejara o melhor e selara a memória de ambos para que tivessem uma vida dita normal?

Pensou também na revelação dos dois irmãos mortos, além da mãe. Não morreram pela água em si, mas pelo o que havia nela. Mas o que haveria?

E um nome veio a sua mente.

– Espera... Rarac? – a memória do cachorro bobão de Klodike lhe veio à mente. – Ele é como Aegis? – Pôs a mão na cabeça, a visão que tivera, do cão saltando enquanto parecia se tornar homem, deixando-o tenso.

Antes, suas visões chegavam a demorar anos para ocorrerem. Lembrava-se de ter a visão de Cynthia caindo da escada dois anos antes do fato ocorrer, mas assim como seus ataques, as visões se tornavam cada vez mais recentes. Vira que encontraria Klodike de madrugada e demorara apenas duas horas para que o fato ocorresse.

Umedeceu os lábios, tenso. Então significava que algo muito ruim aconteceria com seu irmão...

E aconteceria logo.


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Notas finais do capítulo

O que acharam? Como sempre, o Nero está sempre um passo à frente do Jake, tadinho...
Bem, é isso! Elogios, críticas, sugestões, tuuuuuuuuudo nos reviews! =D



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