Motsatt escrita por Monique Góes


Capítulo 5
Capítulo 4 - Mēṁ


Notas iniciais do capítulo

Oi gente =D
Vocês devem estar se perguntando o que é isso que eu pus no título no capítulo. Pois então...
Alguém ansioso para ver a guerra citada na sinopse? -q



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Capítulo 4 - Mēṁ

No momento em que parou sobre as muralhas encobertas pelas árvores, estendeu a mão para que os oito soldados atrás de si também o fizessem. Estudou as construções que compunham a cidade de Cvasq. As paredes eram baixas e pareciam se feitas de pedras marinhas e corais claros. Suas roupas de couro negro facilmente chamariam a atenção, entretanto, já se encontrava escuro o suficiente para que passassem despercebidos.

– O alvo são os portões, lembrem-se. – sussurrou, escutando diversos murmúrios. Com alguns acenos, indicou onde os previamente separados trios deveriam ir. Logo seis homens correram pela muralha ou pela cidade, saltando pelos prédios com acrobacias e mesclando-se às sombras como se fossem seres pertencentes a elas, completamente mortais. Este afinal era o trabalho deles, como membros do Esben.

Voltou-se para Baskar e Elden, que ainda aguardavam agachados próximos a si, os capuzes negros puxados sobre suas cabeças, as máscaras cobrindo seus rostos até um pouco abaixo dos olhos, estes e toda a região envolta deles devidamente pintadas de preto para evitar que qualquer brilho de suas peles se exaltasse naquela escuridão.

– Sabem o que tem que fazer.

– Sim senhor. – foi a resposta em uníssono.

Assentiu, então, assim como os outros saltou sem medo algum da alta muralha, utilizando-se dos telhados e paredes das casas para se espatifar como um boneco de barro ao chão. O trio disparou pela noite sem sequer cogitar tocar no solo, escalando, saltando, se pendurando, silenciosos e invisíveis.

Chegaram ao mercado da cidade, e Arenai parou por apenas um segundo para ter um vislumbre da situação do local. Apesar de já ser de noite, ainda estava apinhado de civis bergais e não deixou de reparar na presença dos guardas dispostos em peso. Soltou um resmungo, olhando para cima, visualizando o Cetro da Lua, construído em homenagem ao deus Tsuki. Assemelhava-se a um imenso cetro de pedra branca ricamente entalhada com os símbolos sagrados da divindade, como a Flor da Lua, a raposa albina e o lobo das neves, em seu topo uma imensa lua crescente envolta de espinhos.

Uma ideia veio à mente. Sabia que os dois subordinados à espera de suas ordens eram capazes e habilidosos.

– Mudança de planos. – voltou-se a eles, o tom de voz sério. – Necessito que arrumem uma distração para mim. Se eu escalar o Cetro, conseguirei chegar ao sino, mas mesmo que me revista, serei muito visível.

– Somente espero que Tsuki esteja de bom humor hoje. – Escutou o murmúrio de Elden. Era óbvio que havia ouvido muitas histórias sobre o humor volátil do deus.

E também sobre este ser filho do deus da vingança...

– Acredito que não vá se importar com apenas uma estátua. – sibilou. – Ataquem os soldados que preferirem, mas não encostem nos civis.

– Eles não vão saber o que os atingiu. – Baskar disse, seu tom de voz soou petulante como sempre.

– Para a coisa funcionar, necessito que saibam. Deixem-se ser vistos. Preciso da atenção totalmente voltada para vocês, e sabem que podem se livrar disso quando quiserem. – instruiu. – Livrem-se deles no momento que escutar o sino.

– E as explosões. – Elden, o mais baixo, sussurrou, desembainhando uma adaga antes de saltar do telhado, acertando, certeiro, as costas de um dos soldados em ronda. Baskar sacou seu arco e flecha, acertando o pescoço do que estava do lado do morto, ainda tentando entender o que acontecera, antes de saltar e acertar um terceiro.

Não precisou esperar sequer dois segundos, quando o caos se estabeleceu. Qualquer um de qualquer continente era capaz de reconhecer um membro do Esben, e dois ali, atacando guardas, obviamente era um péssimo sinal.

Arenai revestiu-se de chamas brancas, tirando a corda do cinto e a atirando o laço em direção à lua do Cetro. Puxou-a para que se apertasse, saltando então. Usou seus pés para amortecer o impacto e escalou o monumento o mais rápido que pôde. Mesmo que apenas alguém que olhasse fixamente pudesse vê-lo, nunca era bom arriscar demais.

O Cetro era a construção mais alta da cidade, erguendo-se a pelo menos dez metros acima da maior construção da cidade, o Salão de Coral, então deu a Arenai uma visão panorâmica de tirar o fôlego, permitindo-o ver com clareza os cidadãos fugindo pelas ruas em plena gritaria e os soldados correndo em uma direção completamente oposta, perseguindo a Elden e Baskar.

Virou em direção ao sino, verificando os corredores da muralha ao seu redor.

Quase sorriu ao perceber soldados caindo como se do nada, antes mesmo de saberem o que estava ocorrendo. Pegou novamente sua corda, prendendo-a rapidamente a uma flecha, a qual atirou num dos suportes de madeira que se encontrava no telhado da construção do gigantesco sino.

Antes que a corda fosse para fora de seu alcance, a agarrou e literalmente voou em direção à construção. Estendeu os pés à sua frente, acertando dois dos soldados que se encontravam guardando a construção. Estes foram arremessados para fora, enquanto Arenai já atirava facas em outros três. Desviou-se sem esforço do ataque o qual o único sobrevivente lhe desferira, batendo em seu pulso fazendo-o soltar sua espada de gelo. Arrebatou-a e o matou com a própria arma, empalando seu coração.

Os olhos de um tom desbotado de amarelo se arregalaram, e este cuspiu sangue. Arenai soltou a arma, deixando que o soldado da água caísse morto em seus pés.

Havia matado seis em quase um minuto. Havia sido demasiadamente lento.

Analisou o local, logo encontrando a imensa corrente que era usada para mover o sino. Foi até ela, reunindo esforço – e coragem – para puxá-la. Com uma considerável dose, deu a primeira badalada, e fez a sequência combinada para indicar que estava tudo pronto.

Não demorou muito para escutar as explosões, além do som das paredes do muro ruindo pesadamente. Realmente, as bombas e canhões do Golbazi nunca falhavam...

Ainda estava recuperando brevemente seu fôlego quando um dos mais novos membros do Esben, Shobha, um rapaz que estava ainda em seus dezoito-dezenove anos, irrompeu pelas portas do local.

– Senhor, a invasão começou.

– Percebi. – Arenai retirou sua máscara para respirar melhor, mas percebeu que o ar estava repleto de fuligem e poeira.

– O que faremos agora?

– Teremos de ir atrás do governador. – informou, recolocando sua máscara para esconder sua expressão pesarosa. Idril, que juntamente com Shobha era uma das membras mais novas, apareceu esbaforida.

– O que ainda estão fazendo aqui?! Tem uma bomba vindo!

Arenai só teve tempo de arregalar os olhos, antes de seu corpo responder por si e saltar para fora do lugar, que foi atingindo por um dos tiros de canhão logo em seguida. A explosão o arremessou para ainda mais longe do que pretendia, para longe da segurança dos telhadas. Mais como um reflexo, se agarrou a um cordame que provavelmente era usado para estender roupas.

A corda se balançou e vergou para baixo. Nem precisou olhar para trás para saber que provavelmente Shobha e Idril haviam parado ali também.

–... Isso aqui não vai durar muito tempo. Quem vai soltar primeiro? – escutou o rapaz perguntou.

– Primeiro as damas. – Idril retrucou, irônica.

Arenai suspirou, olhando para baixo. Estavam pendurados a uma altura que normalmente seria suicídio para quem não fosse capacitado. E mesmo eles que eram – ou esperava que os dois novatos fossem – sairiam machucados de lá.

Antes de que sua mente bloqueasse seus atos, soltou a corda, o solo parecendo se aproximar mais rapidamente do que deveria. Rolou para tentar amortecer a queda ao bater no solo, mas a dor em seu tornozelo obviamente lhe deixou claro que não saíra incólume.

Murmurando impropérios, procurou rapidamente alguma das palavras de cura que conhecia em sua mente. Assim que a pronunciou sentiu a dor se esvaindo o suficiente para que se levantasse, mas no momento em que ergueu o olhar, deu de cara um ser do tamanho de uma criança, aparentemente um anfíbio, de pele escamosa e verde amarelada, com cara de macaco, costas de tartaruga e membranas nas mãos e nos pés.

Mas olhou diretamente para a depressão em formato de pires em sua cabeça, cheio de água.

Mais do que rapidamente curvou sua cabeça como se o cumprimentasse, e o ser acabou fazendo o mesmo. A água verteu e o bicho soltou um guincho desesperado e correu para uma fonte próxima.

– O que era aquilo?! – Idril exclamou. Nem percebera quando ela se soltara da corda.

– Um kappa. – respondeu. – Bichinhos malditos, só querem beber o seu sangue. Tente cumprimenta-los se curvando como os bergais, que eles fazem o mesmo. – apontou para sua cabeça. – Se a água cair, eles perdem os poderes e fogem de volta para qualquer lugar que a tenha.

Quase a escutou franzindo o cenho, mas finalmente se levantou. Teriam de ir atrás de Chung-Hee, o governador de Cvasq, para aprisiona-lo. Sentia o coração pesando. Ambos eram amigos de longa data, mas infelizmente, aquilo era uma guerra. E enquanto Arenai era talbordai, Chung-Hee era bergal.

– Me sigam. Temos que ir atrás do governador antes que ele fuja ou seja morto por uma dessas malditas bombas.

– Mas onde...

– Conheço esta cidade, sei onde ele mora. Torçam para que esteja lá, vamos!

Dispararam pelas ruas tomadas pelos combates, Arenai na dianteira. Boa parte do exército talbordai que aguardava do lado de fora da muralha já conseguira entrar, e os soldados bergais, mesmo em menor número, mantinham uma ligeira vantagem pelo fato de estarem em seu território, e naquela cidade havia água para todos os lados.

Ou seja, eles possuíam seu elemento em quantidades quase absurdas por ali.

Desviou-se de estacas de gelo, ataques lançados por água, mas algum desgraçado conseguiu lhe congelar o ombro. Virou-se, vendo que na verdade era uma mulher, e esta saltava do alto de uma escadaria em sua direção.

Segurando o ombro congelado, sacou sua espada para bloquear o ataque, se surpreendendo ao perceber o quanto aquela mulher era rápida. Bloqueou seu ataque por cima, mas esta grunhiu, atacando-o como uma tempestade. Bufou, seu braço doía, e outro no momento se encontrava com o outro impossibilitado. Praticamente se jogou no chão para desviar de um ataque.

Percebendo sua chance, apoiou todo o seu peso no braço bom e deu uma rasteira na bergal, que caiu pesadamente ao chão. Com um giro, pôs-se de pé e a acertou com sua espada na altura do estômago.

Assim que a percebeu inconsciente – ou morta -, retirou a arma do corpo inerte, embainhando-a e sacando logo em seguida as facas, aquecendo-as e atirando-as nos soldados que vinham em sua direção. Como estavam quentes, derreteram as armaduras de gelo e atingiram diretamente seus corpos.

Quando estes caíram, olhou envolta. Nenhum sinal de Shobha ou Idril. Certamente haviam se envolvido em algum combate e ficado para trás, mas não tinha problema. Revestiu sua mão em chamas, aproximando-a do ombro congelado. Entretanto, não permaneceu parado, e sim correu, indo em direção à imensa propriedade que era a algumas ruas dali.

No momento em que se aproximou, reduziu a velocidade ao constatar os portões abertos. Todos os tipos de maldições e xingamentos passaram por sua mente enquanto entrava correndo, e via as portas de correr arrombadas.

Espere... Arrombadas?

Irrompeu a construção, vendo móveis revirados, tapeçarias quebradas, as sedas que aquele povo tinha o costume de pendurar também jaziam, sujas e rasgadas pelo chão. Escutou lamúrias provindas do interior da casa. Desembainhou sua espada, cautelosamente indo pelos corredores.

O que viu o deixou surpreso. Os corredores estavam literalmente apinhados de empregados... Ou melhor dizendo, corpos de empregados, o sangue manchando o chão como se baldes de tinta vermelha houvessem sido vertidos ali. Entretanto, não havia sido nenhum talbordai que fizera tal carnificina, nos corpos estavam ainda encravados lanças, flechas, espadas e facas, tudo feito de gelo bergal.

O quê?

Praticamente correu pelos corredores, seguindo o som dos lamentos, mas sem encontrar uma mísera alma viva, seus passos chapinhando pelo chão encharcado de sangue.

– Por Akhir, o que aconteceu aqui?! – murmurou consigo mesmo, finalmente escutando as vozes chorosas mais claramente. Obviamente estava próximo. Fitando com atenção, percebeu que todos os corpos eram de homens, portanto, eram as mulheres que deveriam estar chorando.

Mordeu a própria língua. Todos sabiam que membros do povo bergal só eram capazes de se apaixonar uma única vez, e amavam esta pessoa pelo resto de suas vidas. Era óbvio que deveria haver casais de empregados ali, e agora estes haviam sido assassinados. Pelo que sabia, era bastante comum o companheiro restante se suicidar após a morte de seu amor.

Esse era um pensamento que muitas vezes tentava bloquear naquela guerra.

Mas quando viu a primeira mulher agarrada ao corpo do primeiro homem, se lamentando e esmurrando o próprio peito, pareceu que tudo o que fizera para se impedir de pensar no assunto ruíra por terra. Seus cabelos estavam desgrenhados, o rosto vermelho, e ela chorava como se suas razões de viver houvessem desaparecido.

E talvez houvessem.

Passou por ela, mas a mulher sequer lhe deu atenção, e quase foi atropelado por outra, que corria, já chorando compulsivamente, desaparecendo pelo corredor. Tecnicamente, sabia que era isso o que acontecia quando matava a um bergal, mas ver era algo completamente diferente. Aquilo o perturbava. Fazia-o lembrar de Naiga, sua esposa.

Respirou fundo, tentando bloquear pensamentos ruins, finalmente chegando ao recinto que procurava, que era o quarto de Chung-Hee e sua esposa, Amaya. Este encontrava-se do mesmo estado que o resto da casa, revirado, com os móveis destruídos, entretanto, parecia que todas as criadas da casa haviam se escondido ali, enquanto os homens do lado de fora foram todos assassinados. Havia ainda ali um grande número de mulheres, as quais ainda pareciam estar amedrontadas e em estado de choque.

Mas seu olhar foi diretamente para Amaya, que se encontrava sendo amparada por sua filha, Yayoi. Suas roupas estavam desfeitas, deixando boa parte do corpo branco a mostra, e diversos hematomas encontravam-se espalhados por sua pele, além do cabelo desgrenhado.

– Um Esben! – uma das criadas gritou ao vê-lo, e Yayoi, mesmo sabendo que seria inútil, pegou uma adaga de gelo jogada ao chão, pondo-se em frente à sua mãe. Entretanto, Arenai retirou tanto sua máscara quanto seu capuz, e os olhos de Amaya se arregalaram ao reconhece-lo.

– Arenai! – exclamou, levantando-se rapidamente. Fez uma careta de dor enquanto tentava ajeitar suas vestes arruinadas.

– O que houve aqui?

– Creio que veio atrás de meu marido, mas lamento dizer que já faz um tempo que ele não é mais o governador. – disse, surpreendendo a Arenai. Parecia que ela já sabia exatamente o que ele fora fazer ali. – Quando descobriram que Chung-Hee era contra a guerra, o depuseram e colocaram um outro em seu lugar.

– Quem?

– Um elfo das neves chamado Zhan Longwei. – foi a resposta. O talbordai sentiu um calafrio. Nunca é bom sinal ter um elfo como inimigo. – Logo que o sino foi tocado esta noite, invadiram nossa casa. Pensam que Hee é um traidor ou coisa do tipo.

– Eles que mataram todos os servos? – a bergal assentiu. – E quanto a você? Eles a ...

– Queriam apenas nos assustar. – retrucou com um semblante sombrio. – E foram bastante convincentes, convenhamos. Eles fingiram que iriam me... Bem. E mataram todos os servos antes de levarem meu marido.

– Para onde acha que o levaram?

– Certamente no Salão de Coral. – Yayoi respondeu, e Arenai quase gemeu. Primeiro um elfo, agora o Salão. Que tal mencionarem que teria de matar uma serpente marinha e um dragão para que sua noite se tornasse completa? – E provavelmente Zhan está lá também, tentando arrancar algo dele.

Arenai suspirou, passando as mãos pelo cabelo ruivo aloirado, firmemente preso para trás. Era mais que óbvio que era para lá que teria de ir. Simplesmente sua cabeça parecia ferver. Aquele lugar era quase tão protegido quanto um dragão era por suas escamas. Teria de encontrar uma maneira de se infiltrar no lugar e passar despercebido, pois um ataque direto seria suicídio, ainda mais pelo fato de terem perdido o elemento surpresa.

– Estou indo para lá. – anunciou, mesmo ainda não possuindo nenhum plano. Era o que tinha de fazer, para que a invasão que haviam passado tantos meses arquitetando não fosse frustrada.

– Espere. – Amaya chamou sua atenção mais uma vez. Arenai a olhou por cima de seu ombro. – Por favor, por mais mesquinho que isto soe, tente ao máximo não fazer com que eu termine como minhas servas esta noite, está bem?

Suspirou e assentiu. Também não possuía nenhuma intenção de deixar Chung-Hee morrer aquela noite.

Voltou a vestir sua máscara e seu capuz, correndo para o corredor e saltou pela janela, se recusando a ver a cena horrenda que ocorria ali.

Quem o visse poderia o chamar de louco por acreditar naquela mulher tão rapidamente, mas ele conhecia Amaya há muito tempo. Quase tanto tempo quanto conhecia Chung-Hee, e pudera ver nos olhos da mulher que esta se encontrava desesperada. Não era algo fingido, e certamente um teatrinho não a deixaria tão machucada como ela se encontrava.

Mas precisava se concentrar principalmente em encontrar uma maneira de se infiltrar no maldito Salão.

Seria suicídio tentar entrar lá sozinho. Já havia estado ali em visita antes da guerra, como convidado de Chung-Hee, e sabia que era capaz de aquele local possuir soldados até o teto, e havia armadilhas apenas esperando por um possível invasor. Apenas um par de olhos nunca seria o suficiente.

E não poderia confiar em qualquer par de olhos. Precisava dos que, juntamente com ele, eram os mais experientes ali.

Maldição, onde Baskar e Elden se metiam quando precisava deles?!

E havia Thyme...

Balançou a cabeça. Por mais bem treinada e experiente que fosse, sua filha era impulsiva demais para o próprio bem, e para quem estivesse próximo a ela. Mas se não encontrasse os dois, teria de leva-la.

Como se caído dos céus, Baskar saltou de uma casa que acabara de ser atingida por uma bomba, caindo sentado ao chão.

– Baskar! – gritou para chamar sua atenção. O capuz caíra, expondo o cabelo loiro e ondulado, e o olho esquerdo coberto por tiras de couro. – Preciso de você, agora!

– Sim? – levantou-se e correu em sua direção, puxando novamente seu capuz para o devido lugar.

– Tenho duas notícias, uma péssima e uma horrível. Qual quer ouvir primeiro?

Quase viu o único olho exposto de Baskar se arregalar.

–... Certo, comecemos com a péssima.

– Chung-Hee não é mais o governador. Quem é agora é um elfo chamado Zhan Longwei.

– Um elfo?! É bem capaz que ele nos... Eu pedi a notícia péssima primeiro!

– Essa foi a péssima. A horrível é que acusaram Hee de traição no momento da invasão, prenderam-no e o levaram para o Salão de Coral para tentar arrancar alguma coisa. E certamente este elfo está lá.

– Arenai, você sabe que almejo muitas coisas loucas, como encontrar o homem da minha vida, mas... Me infiltrar no Salão não está em nenhum...

– É bom por isso em sua lista de coisas loucas a fazer, porque ainda teremos de procurar Thyme...

– THYME?! ARENAI, VOCÊ...

– OU Elden, quem vier primeiro! – interrompeu o escândalo que o outro iria fazer.

– Se você disser que também talvez seja melhor levar os dois, eu juro Arenai, eu te amarro e te mando num camelo manco de volta para Naiga para ver se ela tem algum feitiço que ponha SENSATEZ nesta sua cabeça.

Ele ia realmente dizer isso, o problema era que Baskar tinha uma propensão a cumprir sua palavra...

Então se proferisse aquelas palavras, era realmente capaz de voltar para casa amarrado num camelo manco.

– Por Val Har Arenai, você realmente...

– Acho melhor você começar a orar por Val Har mesmo. – disse. – Porque vamos precisar de coragem de sobra para o que vamos fazer.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado! O Arenai é um dos meus preferidos nessa fic .-.
Apenas explicando melhor o modo de ataque do Esben (milícia que o Arenai participa), eles são assassinos versados na arte de se infiltrar e realizar ataques silenciosos. Boa parte da minha inspiração para criar o modo deles de agir, saltar, escalar e etc, veio de Assassin's Creed, só para vocês terem uma ideia g.g
Bom, eu me esforcei, porque eu tenho problemas com cenas de guerra ._.
Dúvidas, críticas, elogios, tudo nos comentários!