Fomos criados praticamente juntos. Como dois irmãos, fazíamos tudo juntos. Quando brigávamos cada um seguia uma direção, mas era inevitável não conseguimos ficar longe um do outro. Nossa infância e adolescência, assim, se resumiram; Regada por uma grande afeição.

Hoje é totalmente diferente se nos encontramos no máximo que falamos é um “ oi”, nada além disso. Pensei que era para sempre, mas o para sempre não existe a não ser nos contos de fadas. Detesto contos de fadas, porque a minha vida era um e agora é totalmente diferente- um completo pesadelo.

Dor de amor não tem cura- ainda mais não sendo correspondido-, pois somente um novo amor pode apagar as magoas e marcas deixadas. É triste lembrar e não poder reviver, é triste amar um alguém no passado e não poder viver no presente.

Me pego pensando em tudo isso e tento me conformar de que tudo não passou de uma grande ilusão. Ilusão que deixou cicatrizes profundas em meu coração. Mas me conformo em vê-lo feliz, em saber que ele não possui a dor que carrego em meu ser!

Suspiro largando a caneca com chá sobre a mesa e indo até a sacada contemplar a bela vista em que forma-se com o pôr-do-sol. Este que nos dá o ar da graça todo entardecer quando seus raios em um ato de despedida iluminam graciosamente o céu, sejam eles intensos ou apagados, ele sempre está lá. Para deixar este fim de tarde ainda mais encantador vejo um pássaro levantar voo, dando um belo contraste com a imagem que se pendia no céu. Um claro sinal de pura liberdade, uma liberdade na qual, a mim deixou de pertencer... A partir do dia em que me entreguei às lamentações dos meus sentimentos.

Não sei ao certo quanto tempo fiquei a contemplá-lo enquanto se escondia por entre o misto de nuvens e lentas ondas do mar. Só fui desperta por risadas de um jovem casal que corriam desajeitados pela areia, deixando para trás o seu rastro ao trilhar um caminho incerto á beira do mar. Até finalmente ele conseguir alcança-la e ambos caírem, provocando um baque surdo ao chocarem seus corpos um contra o outro sobre a areia iluminada por alguns resquícios da luz solar. Só se ouvia risadas preencherem o silêncio, que foi quebrado por suas aparições alegres e repentinas. O tempo em que durou foi o bastante para fazer brotar um pequeno sorriso em meus lábios, o qual persistiu até a cena que presencie começar e terminar com um beijo cálido dos jovens jogados a qualquer modo na areia, agora, já iluminada pelo brilho inconfundível da lua.

Sentindo a brisa fresca se chocar contra os meus braços e penas descobertos, sinto que é hora de voltar para o meu recanto de angústia e dor, que insistem em me persuadir a deixar de viver... Viver quem sabe uma vida melhor, onde diria um adeus permanente a estes dois sentimentos tão duros e pesados de carregar! Viver um momento em que deixei perdido no passado, um momento em que hoje e agora me fazem falta.

O desejo e a sede de mudança tomaram conta do meu ser, deixando bem claro que o remédio nem sempre é um novo amor! E sim, o fato de querer esquecer tudo o que se passou e recomeçar uma nova fase em minha vida, dando ênfase na alegria de poder viver, mesmo que haja as decepções, não devemos deixa-las nos dominar!