Desespero escrita por BellatrixOrion


Capítulo 5
Verdade Esquecida


Notas iniciais do capítulo

Hey hey gente!
Estou de volta, mais rápido do que eu imaginei, admito.

Espero que gostem e não deixem de comentar o que acharam!
Beijinhos!



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Verdade Esquecida

Existem duas formas de se adquirir força.

Uma é pelo acreditar.

A outra, pelo desesperar.

(Orion)

Sakura estava flutuando.

Como uma pétala de cerejeira que é levada pelo vento.

Seu rosto estava voltado para cima, seus braços e pernas encontravam-se esticados sobre o ar, seus cabelos ricocheteavam contra sua face alva enquanto que suas pestanas permaneciam fechadas, apreciando aquela embriagante e doce brisa que recobria todo o seu corpo. Para ela era como se, naquele momento, a lei da gravidade não passasse de uma mera e enganosa ilusão. Como se o ar a estivesse carregando em suas costas a estivesse transportando para um mundo diferente daquele que está habituada a viver.

Um som surgiu como um rompente no meio do nada, tirando Sakura de seus devaneios. Os olhos esmeraldinos arregalaram-se procurando pelo causador do fenômeno acústico, mas a única coisa que encontraram foi o absoluto vazio.

Porém, diferente do já clássico negrume que ela estava se acostumando a encontrar, o que os suas orbes verdes acharam foi um céu escuro, sem estrelas, apenas com uma grande e brilhante lua cheia adornando sua negridão.

A observação de Sakura perdurou até que, mais uma vez, o som se fez presente, no entanto, o que era agora falado tornou-se nítido e rapidamente ela reconheceu a voz retumbante de Itachi dentro de sua mente.

Ele descrevia algo semelhante a fatos, talvez uma história, de forma lenta a apaziguadora.

“Após o ataque da Kyūbi em Konoha orquestrado por Tobi, um membro de uma organização chamada Akatsuki, os lideres de Konoha começaram a suspeitar de que um Uchiha estava por trás do ataque, já que o Sharingan possuía a habilidade de controlar a Raposa Demônio de Nove Caudas...” – Um arrepio percorreu a espinha de Sakura ao lembra-se do demônio que estava selado dentro do corpo do seu outro companheiro de time. – “ terminando por colocá-los sob vigilância a partir desse ponto. “

“Quando os Uchihas começaram a planejar derrubar Konoha, Eu, como um ANBU e um Uchiha, fui encarregado pelo meu clã à espionar a aldeia. Sabendo que um golpe de Estado iria acabar dando início a uma nova guerra shinobi mundial, decidi mudar o rumo da minha missão e comecei a espreitar os meus parentes. Todas as informações que eu adquiria, prontamente as repassava ao Terceiro Hokage e os anciões de Konoha. Embora o Terceiro tenha compreendido as razões de meu clã, ele ainda sim buscava encontrar um modo pacífico para resolver toda aquela situação.”

Por um breve, e curto, espaço de tempo, Sakura jurou ouvir a voz de Itachi vacilar.

“Nossas esperanças já estavam escassas a essa altura dos acontecimentos, meu melhor amigo teve que se sacrificar para que a Vila ganhasse um pouco mais de tempo, mas, mesmo assim, não obtivemos sucesso. O tempo havia acabado e apenas uma solução perdurou em meio ao caos...”

“Eu teria que matar o meu clã.”

Com isso, um mero piscar de olhos e um arrepio que atravessou de cima a baixo a coluna vertebral de Sakura, seu corpo foi arrancado de seu estágio de flutuação e lançado violentamente de volta a terra. Seus membros ficaram tensos, seus músculos enrijecerão e suas pálpebras fecharam-se em terror. A cada segundo que se passava, a cada momento, a cada milésimo, a queda parecia um pouco mais longe de chegar ao fim, um pouco mais longe de acabar com o seu desespero.

Lentamente os sons do mundo se tornaram inexistentes para os ouvidos de Sakura, e a única coisa que ela era capaz de escutar eram os zunidos insuportáveis que atravessavam seus tímpanos, trazendo ainda mais angustia para dentro do seu coração já tão arrebatado.

O desespero já a tinha por completo.

E o grito esganiçado que saia de sua garganta apenas confirmava minha afirmação.

“Eu vou morrer.” – Ela pensou consigo.

E estava certa.

Ela iria morrer se não fizesse algo a respeito.

Por isso, quando minha voz se aprofundou em sua mente, quando ela se deu conta do que era indispensável ser feito, do que era preciso para sobreviver a aquilo, a Kunoichi abriu seus olhos num rompente, virando-se em direção ao chão, bem a tempo de vê-lo se aproximar e abraçá-la de uma forma avassaladora.

...|I*I|...

Pequenos ruídos intimidantes pronunciavam-se no silêncio absoluto. Sakura tinha acabado de despertar e já engolia em seco, tentando não dar atenção ao pânico que ameaçava domina-la mais uma vez. Ela não aguentava mais reviver as mesmas coisas vez após vez.

Devagar e com cuidado, remexeu-se enquanto que seus músculos reclamavam. Seu punho cerrou enquanto ela, lenta e dolorosamente, assimilava o não tão estranho cenário no qual se encontrava.

“É o mesmo da outra vez. “ – constatou – “O mesmo que eu vi antes de encontrar Itachi!” Ela tinha certeza que sim. Tinha absoluta certeza.

Sem que tivesse controle sobre seus próprios pés,  ela se pôs de pé de uma só vez, caminhando pelo piso de madeira recém envernizado, avançando a cada passo para mais perto daquilo que ela já sabia que estava a aguardando no fim da passagem estreita. Não havia duvidas quanto a isso.

Assim que o acesso para a sala de estar foi alcançado, Sakura se preparou psicologicamente para enfrentar o que ela já sabia que viria.

E, como se ela tivesse consciência sobre a força maior que estava controlando tudo aquilo, em questão de segundos, todos os membros do seu corpo foram completamente terrificado. Sangue tingia sua visão de carmim, gritos ecoavam através de seus tímpanos e choros agoniados gelavam sua pele como raios.

O pesadelo havia começado de novo.

“Danzo Shimura se encontrou secretamente comigo e me induziu a escolher entre a vida dos membros do meu clã ou do meu irmãozinho tolo.” – De repente a voz de Itachi se fez presente mais uma vez dentro da mente da Haruno, dando continuidade a história – “Depois disso, eu passei a agir estranhamente, não participando das reuniões do clã, falando contra o clã, me opondo completamente contra todos eles.”

"Devido a isso, o clã perdeu suas esperanças comigo e meu pai começou a mudar seu foco para Sasuke, que até então era sempre deixado de lado. Enquanto isso, as tentativas do Terceiro para negociar um fim sem derramamento de sangue estavam se provando ser ineficazes, por isso, contra a vontade de Hiruzen, Danzō e o Conselho de Konoha ordenaram que eu destruísse todos os Uchihas.”

Desordenadas e repetitivas, as imagens sediciosas arrebentavam Sakura em uma onda de desespero, ela podia sentir o cheiro do sangue, experimentar seu gosto metálico espalhando-se por toda a extensão de sua boca, notar sua consistência enquanto ele derramava-se sobre o assoalho. Ela podia ouvir os pingos do liquido vermelho precipitar-se pela madeira do cômodo. Tudo se repetia, perfeitamente assombroso como na primeira vez.

“Então, durante aquela mesma noite, eu massacrei todo o meu clã. Apesar disso, meus pais afirmaram que ainda sim estavam orgulhosos de seu filho mais velho, e pediram para que eu cuidasse de Sasuke. O único a qual eu poupei. O único que eu jamais seria capaz de matar.”

As pernas bambas e os pés entorpecidos de Sakura continuaram a seguir os acontecimentos que ela lembrava muito bem.

Piscou a fim de clarear os pensamentos e estabilizar sua respiração. Enterrou os dedos nos fios cor-de-rosa e tornou a abrir os olhos, preparada para a próxima parte daquele pesadelo sem fim. No entanto, para sua surpresa, não era diante de sua imagem que ela se encontrava, mas  sim a de um garotinho de olhos e cabelos igualmente negros.

“Quando Sasuke voltou no final da noite depois de seu treinamento, ele encontrou os cadáveres de nossos parentes espalhados pelas ruas.”

Lágrimas silenciosas escorreram dos olhos do pequeno menino, os quais eram ocultos pela franja espessa. Suas mãos tremiam ligeiramente enquanto a água quente e salgada jorrava de seus dutos lacrimais, pingando sobre o assoalho de madeira uma atrás da outra.

“Desesperado, ele foi em direção a nossa casa e me encontrou em pé sobre os corpos de nossos pais. Ele exigiu saber o que eu tinha feito e, inocentemente, partiu para cima de mim com a intenção de me punir, mas, como já era esperado, eu o bloqueei usando o Tsukuyomi.”

A Jovem recuou um passo por instinto, a mente oscilando entre prestar atenção nos relatos de Itachi ou se aproximar da criança que ela agora reconhecia como sendo o seu companheiro de time.

“Eu menti para meu irmão, fazendo-me como um vilão que tinha matado sua família inocente apenas para testar minhas capacidades, e disse a Sasuke que ele não valia nem a pena ser morto. Eu também revelei para ele o lugar das reuniões secretas dos Uchiha, onde poderia aprender a verdadeira história e finalidade do Sharingan, além de também revelar que para despertar o Mangekyo Sharingan, Sasuke teria que matar a pessoa mais próxima a ele, e que, quando nós nos encontrássemos novamente, deveríamos ter os mesmos olhos.”

Sua respiração deu uma vacilada quando, ao recuar outro passo, seu calcanhar chocou-se contra algo úmido e quente.

“Antes de partir, Sasuke me surpreendeu ao conseguiu ficar de pé, despertando seu Sharingan, e começando a me seguir pela noite a dentro, chegando ao ponto de derrubar meu protetor de testa.”

Pânico a dominou no mesmo instante em que permitia seus olhos recaírem sobre o volume estirado no assoalho. Um corpo masculino, imóvel, envolto em sangue com cortes profundos retalhando sua carne já morta.

“Eu, Uchiha Itachi, me permiti derramar as lágrimas que não era mais capaz de conter diante de Sasuke, para logo em seguida faze-lo cair inconsciente.”

Aterrorizada pela possibilidade de ver novamente seu pai, Sakura prontamente tratou de se controlar e tentar manter seu medo muito bem lacrado no mais profundo de seu coração. Mas, ao prestar mais atenção na carcaça sem vida sobre seus pés, ela compreendeu que não se tratava do corpo de seu pai, mas sim de outro homem, talvez o pai de Itachi, e sobreposto a este estava o corpo de uma mulher, que ela logo constatou ser o da matriarca da família principal dos Uchihas.

“O ataque teve um efeito psicológico enorme sobre Sasuke, que acordou no hospital sem memória e estava incapaz de utilizar o Sharingan... Até agora. No entanto, apesar desses acontecimentos, meu irmão se tornou motivado a se esforçar para reunir energia suficiente para me matar algum dia.”

Instantaneamente Sakura percebeu que não havia apenas o corpo do casal ali, mas sim um outro, na verdade vários, talvez dúzias ou dezenas de milhares... Todos contendo os mesmos cortes. Todos envoltos em sangue.

Cadáveres de todo um clã.

De um clã que foi quase que completamente exterminado.

“Mas, antes de sair de Konoha, pedi para Hiruzen proteger Sasuke de Danzō e dos outros dois anciãos: Koharu e Homura. E nunca revelasse a verdade dos fatos que cercam o massacre. Também fiz questão de ameaçar Danzō, dizendo que iria vazar informações sobre Konoha para as aldeias inimigas, caso ele encostasse a mãos em Sasuke.”

Hesitantemente, Sakura deixou que seus olhos reencontrassem a figura estática do menino a sua frente, o coração sofrendo um forte solavanco no peito quando ele sustentou seus olhos negros e opacos com os dela.

“ Logo depois de abandonar tudo e todos, eu me juntei a Akatsuki para manter Konoha a salvo da organização até o dia em que Sasuke viria me procurar.”

O semblante pequenino enrugou-se, transformando-se em uma careta de dor e sofrimento, o grito agudo dado pela criança se mesclou com o barulho da chuva que parecia ter acabado de começar enquanto que, ao mesmo tempo, fazia com que a Haruno cerrasse os olhos desesperadamente tentando conter a onda de pavor que continuava a entorpecer seu corpo.

“Com isso, eu acabei por me tornar um criminoso, para que a reputação dos Uchiha não fosse manchada.”

Ela apenas aguardava pelo fim.

“Para que...”

Sabia que ele viria novamente, estava por vir, indubitavelmente...

“... o meu irmão fosse poupado.”

E então ele veio.

...|I*I|...

"Você não será capaz de lembrar disso, pode levar meses ou anos até que finalmente a lembrança desperte. Talvez você até mesmo poderá descobrir essas coisas por outra pessoa... Mas, Sakura, se por um acaso Sasuke se perder, se algo der errado no meu plano, eu preciso que me prometa que irá protege-lo.

Quando ele descobrir sobre a verdadeira história do Massacre, ele pode redirecionar o ódio que sentia por mim para a Vila, para o mundo, se afundar profundamente na sua solitária existência.

Por isso, eu conto com você.

Preencha-o com amor.

O amor que eu arranquei dele.

Somente você conseguirá fazer isso.

Impeça-o de se afundar nessa escuridão.

Antes que seja tarde demais."


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Notas finais do capítulo

Bem, espero que tenham gostado! E não deixem de me dizer o que estão achando, okay? Quero muito saber se a finc está agradando ou não.

*Ah! E outra coisa, falta pouco para a Saky sair do genjutsu, e acho que vocês já notaram que eu não sou a narradora...

Enfim...
É isso galera!
Dattebayo!



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