Kaos - O Encontro Com Eris escrita por PaulaRodrigues


Capítulo 4
Se Aproximando dos Deuses


Notas iniciais do capítulo

Kaos está passando por momentos estranhos na sua vida. Coisas que nunca tinham acontecido à ela antes e ela teme que essas coisas sejam resultado da marca que carrega consigo.



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Abri meus olhos e estava tudo muito silencioso. Meu cabelo flutuava sobre minha cabeça delicadamente e quando mexi um pouco o meu corpo, percebi que eu estava no fundo do mar, flutuando na água no meio do nada. O mais incrível de tudo era que eu conseguia respirar normalmente ali. Mexi meus braços e eles se moviam lentamente pelo espaço. Então senti algo passar atrás de mim. Me virei o mais rápido que pude , com meus cabelos ficando na frente do meu rosto, depois virei de novo e dei de cara com uma sereia de água, com os olhos e os dentes amarelos. Ela abriu os dentes para mim, eu não consegui fugir dela, até que ela olhou para cima e saiu correndo. Olhei para cima e vi um bicho enorme descendo, parecia uma lula gigante. Tentei nadar para trás para deixá-lo passar e agora que me movia, comecei a sentir frio. O bicho passou por mim e em um de seus tentáculos eu vi meu pai se debatendo para soltar. Estiquei minha mão para alcançá-lo mas quanto mais eu me mexia, mais frio eu sentia, comecei a sentir tanto frio, que meu corpo doía. Me encolhi e fechei os olhos. Quando abri, eu estava na cabine do Capitão do navio cedido por Sao Feng e estava sentindo muito frio mesmo.

Peguei um casaco com capuz que tinha sido da minha mãe - sim, Kyle o salvara do ataque e tem andado com ele desde então, ele dizia que era para provar que ele era Kyle caso eu não o reconhecesse, mas isso nem foi necessário, mas assim mesmo foi muito bom ter o casaco azul de capuz felpudo da minha mãe comigo. Saí da cabine e percebi que o navio estava azul de tão congelado, cheio de fractais de gelo nas pontas dos cabos de segurarem as velas e as pessoas tremiam de frio. Olhei ao redor e haviam grandes montanhas de gelo, bem branquinhas. Percebi também que nem todos tinham blusas de frio, se bem que essa da minha mãe parecia pouca perto do frio que estávamos sentindo, tanto que eu estava me abraçando para aquecer.

– Por que o Barbosa tinha apenas morrido - disse Dalma e eu vi que ela conversava com o careca e o olho de vidro. Decidi prestar atenção. - Jack Sparrow foi levado de corpo e alma, para um lugar não de morte, mas um lugar de punição. O pior destino que uma pessoa pode atrair para si mesma. Durar para sempre, é isso o que acontece no baú de Davy Jones.

Dalma terminou de explicar e saiu. Fui atrás dela.

– Dalma? - a chamei e ela se virou para mim, com seus cabelos cheio de neve e o meu estava começando a ficar cheio. - Lembra da marca que você me disse quando nos encontramos pela primeira vez?

– Claro que lembro - ela sorriu.

– Pois então, eu fiquei à bordo do Holandês e Davy Jones também sentiu a marca, sem eu ter dito nenhuma palavra e... coisas estranhas vêm acontecendo desde então...

– Que tipo de coisas?

– Eu tenho sonhos com coisas que aconteceram a meus pais sendo que eu nem estava perto de existir, eles nem estavam juntos ainda e eu consigo vivenciar esses sonhos, tocar neles. E também eu não me sinto cansada de ficar muito tempo debaixo d'água, meus pulmões não reclamam e... teve o caso da sereia que ficou perturbada com meu olhar e ficou chamando o meu pai, como se estivesse cantando pra mim.

– Criança - ela pegou em meu queixo com suas mãos muito geladas -, você possui semelhanças marcantes de seus pais. Seu pai foi um famoso pirata, com uma característica forte e marcante, muito difícil algum pirata não conhecer Simbad, a lenda dos sete mares, aquele que foi à Terra do Caos e voltou vivo para contar a história. Essa característica dele está em você, você a carrega em seus olhos e como estamos chegando perto dos deuses, principalmente da deusa que originou seu nome, sua marca começa a ficar mais forte, até mesmo pra você.

– Mas eu não era assim quando estava em Port Royal. Essa marca surgiu só agora?

– Não - ela sorriu. - Você a carrega desde que nasceu. Como explica suas lembranças frescas de como era sua vida com seus pais e do que eles falavam? Como explica você ter visto a sua mãe interagindo com você depois que ela morreu? Como explica sua paixão irrefreável pelo mar?

– Como sabe dessas coisas? - fiquei um pouco assustada.

Dalma sorriu, soltou o meu queixo e continuou a andar. Fiquei um pouco atônita. Como Dalma sabia de todas essas coisas de que eu nunca contei pra ninguém? Então continuei a andar pelo navio, um pirata olhava seu pé congelado, ele então foi mexer e seu dedão arrancou como se fosse uma pedra de gelo que se soltava. Arregalei os olhos, aquilo doeria mais tarde, ou ele perderia o pé por completo. Então vi Will girando o mapa, não sei como ele não estava com frio. Um dos marujos chineses estava ao seu lado.

– Nada aqui é fixo - dizia Will. Ah sim, eu permiti que Will analisasse o mapa. - Não pode ser tão preciso como os mapas modernos...

– Mas leva a mais lugares - disse o chinês.

Peguei no mapa e o girei, juntando as palavras e Will as leu: "Vira a beirada, vira outra vez. A aurora se põe, brilho de verde".

– Vou levar para Barbosa - disse Will pegando o mapa e saindo.

Olhei para o chinês com uma cara séria, começaram a me excluir, parabéns rapazes idiotas.

– Consegue interpretar? - Will perguntou entregando o mapa para Barbosa.

– Conhece a luz verde, Sr. Gibbs? - ele perguntou.

– Eu penso ter visto algumas vezes, acontece em várias ocasiões. Na última réstia de pôr do sol, uma luz verde sobe aos céus. Alguns passam a vida toda sem nunca ver, outros dizem que já viram e mentem e alguns dizem que...

– Foi uma alma que voltou a este mundo depois de morta - disse o careca interrompendo Gibbs e de repente tive uma memória rápida que me fez fechar os olhos e abaixar a cabeça, não consegui ver nada direito para conseguir dizer o que era.

– Acredite jovem Turner - ele devolveu o mapa. - O grande problema é sair de lá - ele disse com um sorriso.

Então minha cabeça doeu, levei minha mão à testa.

– Kay? - Will pegou em meu ombro.

"Voltamos"..... "Terra dos Mortos"...... era a voz do meu pai falando. "Simbad!", minha mãe bateu nele. Uma luz verde brilhou com um grito e minha cabeça doía ainda mais.

– Capitana? - escutei Rato perguntar, mas não conseguia vê-lo, meus olhos estavam fechados porque minha cabeça doía muito e agora coloquei as duas mãos nela.

– O que houve? - ouvi Kyle perguntar nervoso.

A luz verde ia e voltava, ia e voltava. Minha mãe xingava meu pai por me contar aquela história com apenas dois anos de idade, que me deixava um pouco assustada porque eu lembro de sonhar com pessoas mortas andando em uns barquinhos e eu tentava passar a noite em claro para não sonhar com eles de novo. Então a luz verde apareceu de novo, até que ela se tornou um portal com uma luz verde enorme vinda lá de dentro. Minha cabeça doeu a ponto de eu gritar de dor e abaixar no convés.

– Kay! - ouvi Will gritar.

– Pelos deuses, o que está acontecendo? - Barbosa perguntou nervoso.

– Será que tem a ver com a marca dela? - pude ouvir a voz do olho de vidro.

– Kaos! - Kyle me chamava.

Então eu imergi novamente naquele portal e dele surgiu aqueles grandes olhos amarelos de pupilas vermelhas que tentaram entrar em mim através dos meus olhos. Dei um grito e abri os olhos. A dor de cabeça sumiu. Olhei ao meu redor e todos me olhavam com espanto. Me levantei com a ajuda de Kyle.

– O que aconteceu? - Will perguntou.

– Você viu alguma coisa? - perguntou Barbosa.

Eu estava ofegante.

– Capitana, qué susto usted nos deu - disse Rato colocando as mãos frias em meu rosto.

Olhei pra ele mas ainda não conseguia falar e minha respiração estava muito descontrolada.

– Acho que sei o que aconteceu - disse Kyle. - Simbad costumava contar pra ela do mundo dos mortos, como foi sair de lá, como chegou lá e ela tinha apenas dois anos. As vezes ela ia para o convés e eu estava lá, ela falava que estava com medo dos mortos nos barquinhos. Marina detestava quando Simbad fazia isso com ela.

– Então isso tudo foi medo da história da luz verde? - perguntou Barbosa se divertindo e eu ainda estava ofegante.

– O que eu senti agora - comecei a tentar falar. - O que eu vi agora... não dá para comparar com nada. Não foi a primeira vez que vi isso... mas foi a primeira vez que foi tão fundo em minha alma - eu dizia sem olhar para ninguém. - Tão... fundo... tão... - eu não conseguia falar.

– Quanto mais nos aproximamos dos deuses, mais a marca dela se fortalece. E acredito que a deusa está sentindo a presença dela cada vez mais forte - disse Dalma com um sorriso e todos me olharam com um pouco de medo.

Me apoiei em Rato para sair de perto deles e ele me ajudou a ir a um canto e me sentar. Me encolhi mais no casaco da minha mãe.

– Estás mesmo bien Capitana?

– Um pouco assustada com essa coisa da marca - eu disse olhando pra ele com medo.

– No importa o qué acontecer. Kyle e yo estaremos siempre perto de usted - ele disse com um sorriso.

– Isso mesmo. Não admitiremos perder outro Capitão - disse Kyle sentando do meu outro lado e eu os abracei.

Passamos por uma caverna de gelo, que ia se afunilando a ponto de caber apenas nosso navio. Assim que saímos da geleira, chegamos em um local cheio de estrelas, tanto no céu, quanto no mar, ou seja, a água era tão limpa que era possível ver o reflexo do céu exatamente como era, parecia que navegávamos entre as estrelas. Então, de repente vi as estrelas correndo para o norte e se juntando em uma grande estrela. Will saiu correndo para a popa.

– Kyle? - o chamei olhando as estrelas se unindo e olhando uma linha à frente.

– Chegamos ao Tártaro - disse Kyle.

– Lá vamos nós para o fim del mundo outra vez - disse Rato.

Meu coração se acelerou e Will começou a fazer um reboliço.

– Não! Deixe seguir o curso! - disse Barbosa rindo.

– Barbosa! Não é bem assim! Não podemos cair direto lá em baixo! - eu disse.

– Ela tem razão, você nos condenou! - gritou Elizabeth.

– Não é isso Elizabeth - respondi nervosa. - Há um portal!

– Portal? Que portal?

Então uma luz forte deu-se atrás de mim. Barbosa apertou os olhos e eu vi o portal, aquele portal que vi durante a minha dor de cabeça. Era um portal tão grande que parecíamos formiguinhas.

– O portal está afastado da cascata! - gritou Will.

Então me lembrei do que meu pai fez naquele momento...


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