In The Bar escrita por Lady Dark


Capítulo 1
Pelo Menos Não Sou o Único na Merda


Notas iniciais do capítulo

Espero que curtam.



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Tem coisas que sei reconhecer de longe. Uma mulher querendo ir para cama comigo é uma delas. E um cara com o coração partido é outro. E, infelizmente, era a segunda opção que estava se sentando ao meu lado no bar.

“Uma vodka, por favor.”

Tomei um gole da minha bebida e o vi suspirando com os ombros baixos. Seus olhos azuis escuros permaneciam fixos no estoque de bebidas atrás do bar enquanto seu dedo brincava com a aliança em seu anular. Não precisava ser nenhum gênio para advinhar o que havia acontecido com ele.

“Ela te largou?”, indaguei.

Uma diferença clara entre uma conversa entre mulheres e homens: Nós sabíamos nos unir quando precisávamos, mesmo que fosse á um estranho. Ele me encarou cabisbaixo e balançou a cabeça por um momento, apenas para parar e assentir. Então moveu os dedos pelos cabelos escuros, mostrando a sua confusão mental. Era isso o que as mulheres faziam conosco.

“Eu a larguei por outra. E essa outra me largou.”, deu um sorriso triste. “Sabe qual a maior irônia? Essa outra era a minha namorada da adolescência e eu a dispensei simplesmente por saber que ela amava outro e estava me usando de estepe. Se ela aparecesse por aqui hoje, acho que não ficaria chateado por ser seu estepe.”

Sua bebida chegou e ele tomou um gole, fazendo uma careta.

“E você? Largou a mulher de sua vida?”

“Ela me expulsou do seu prédio, isso sim.”, admiti tomando um gole da minha cerveja. Ele arregalou os olhos. Deveria ser um engomadinho da vida. “Cometi alguns erros e ela teve o prazer de jogar isso na minha cara.”

“Todas tem prazer em fazer isso.”, ele disse e se virou totalmente para mim. Com certeza ele tinha dinheiro. Usava a gravata frouxa e o cabelo escuro cortado rente, além da barba aparada. Nada comparada com a minha barba por fazer, camisa de flanela e cabelos desarrumados. “A minha ex fez questão de me seduzir e depois disse que amava outro. E sabe o pior? Acabei de saber que ela vai ser mãe.”

Fiz uma careta. Aquilo era realmente ruim.

“E a sua noiva?”, apontei para seu anel.

Ele acompanhou meu dedo.

“A deixei plantada no altar para ir atrás da minha ex. Eu queria que ela me dissesse que iria ficar comigo e deixar todos os erros do passado para trás. Mas ela simplesmente me disse que me traía com seu atual namorado. Noivo, no caso atual.”, me espiou e sinalizou para o barman que trouxesse outra dose. Ergui minha garrafa, pedindo o mesmo. “Meu problema é ter sido acostumado a ter tudo em minhas mãos. Pensei que ao terminar com ela e retornar à cidade, ela estaria me esperando, disposta a lutar por mim. Mostrar que ainda me pertencia. Acho que era de se esperar demais depois de quase cinco anos.”

Assenti, pegando minha nova garrafa.

“Comigo foi o contrário. Ela terminou comigo quando não aguentou tudo o que eu fazia.”, suspirei, triste. “Fui um idiota com ela, mas que homem não é? Tive meus momentos de fraqueza e a magoei muito. Vim para a cidade com a intenção de tê-la de volta e tudo o que recebi foi um belo fora. Ela está com outro e ainda teve a audácia de dizer que nunca teve prazer comigo.”

Meu companheiro sugou o ar, como se estivesse dolorido.

“E como ela te expulsou?”

Encarei a garrafa, incomodado com aquela pergunta.

“Em um dos meus surtos de raiva, perdi a cabeça por uns segundos e quando percebi…”, pausei, revendo aquelas imagens novamente. Balancei a cabeça com força, expulsando o remorso de mim. “Ela nunca me perdoou. E quem perdoaria?”, levantei uma de minhas mãos e encarei a palma. “A amei tanto e tive prazer em matari esse amor. Como o pecado de Lúcifer.”, abaixei a mão e forcei um sorriso. “E a sua ex noiva?”

Ele gargalhou seco.

“Me odeia. E não era por menos. A humilhei na frente de todos os seus amigos e familiares. E isso dias depois dela ter apanhado da minha ex namorada. Tudo por causa do um beijo idiota.”, moveu as mãos pelos cabelos, puxando os fios com força. “Estraguei tudo.”

Botei a mão em seu ombro.

“Não se preocupe. Não está sozinho nesse barco.”, gesticulei ao nosso redor com a garrafa. “Aposto que mais da metade das pessoas que estão aqui cometeram erros semelhantes ou piores do que os nossos.”, dei de ombros. “Perdemos a guerra. O que nos resta é remendar e seguir em frente.”, abaixei a voz para um murmúrio decepcionado. “Ela nunca irá voltar comigo mesmo. E nem a sua ex, ainda mais agora que ela irá ser mãe e se casar com o cara.”

Ele bateu com o punho no balcão.

“A culpa é daquele idiota, sempre na vida dela.”, pegou o celular e ficou encarando a tela. “Todos os dias fico lutando comigo mesmo para não ligar. Nem para minha ex namorada e nem para minha ex noiva. Elas foram as mulheres da minha vida e eu simplesmente as deixei escapar. Minha ex noiva não quer me ver nem pintado de ouro.”

Sorri, complacente.

“Tive alguns romances depois da minha ex namorada também. Nada muito especial. Era como um passatempo. Sempre deixava a porta aberta, esperando que ela passasse por ela gritando o porquê de eu ter demorado tanto tempo para achá-la. Então eu poderia compensá-la por todas as merdas que fiz no passado.”, soltei o ar. “Só que isso, meu amigo, nunca aconteceu. Ela estava muito bem com o novo namorado dela. Na verdade, eles estão juntos até hoje.”, franzi o cenho. “Quanto tempo faz que isso tudo aconteceu?”

Ele pensou por alguns segundos.

“Acho que cinco ou seis meses.”, respondeu hesitante. “E há quanto tempo sua ex te expulsou da sua vida?”

“Dois meses.”, respondi. Ergui a garrafa na sua direção. “Proponho um brinde. As mulheres que tiveram prazer em quebrar nossos corações por vingança.”

“Um brinde.”

Batemos nossas bebidas e as engolimos em seguida. O engomadinho olhou para o relógio e deu um salto da cadeira, assustado pelo horário.

“Wow, tenho que trabalhar amanhã.”, informou abrindo a carteira e despejando o dinheiro no balcão. “Foi um prazer conversar com você…?”

“Simon. Bryan Simon”, estendi minha mão e ele a apertou.

“Alexander Phillips.”, se apresentou. “Nos vemos por aí?”

“Acho que vou ficar frequentando esse bar por um longo tempo.”

Ele riu.

“Até que estejamos conformados. E isso vai demorar bastante. Pelo menos consegui um amigo. Nos vemos por aí.”

Estendi a garrafa na sua direção em uma despedida silenciosa e o vi se afastando. Então voltei a mergulhar nos pensamentos sombrios que sempre acompanhavam o álcool e a minha solidão. Obrigado por me fazer sentir, Roxanne.


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Notas finais do capítulo

Sei que ficou curtinho, mas o que acharam?



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