POV América

– América! Acorda!- May gritou lá de baixo- Se você não levantar nós vamos se atrasar pra escola!

Eu gemi e olhei para o relógio. 07:00! Levantei correndo. Xixi? O.K. Banho rápido? O.K. Pentear o cabelo? O.K. Escovar os dentes? O.K. Vestir o uniforme? O.K.

Desci correndo as escadas, peguei a mochila e entrei correndo no carro. Todos me esperavam lá: May, Gerad e o Soldado Scott. Olhei novamente no relógio: 07:10. Assim que entrei Scott ligou o carro e partimos. Ainda bem que a escola fica a cinco minutos do palácio!

– Corre Soldado Scott! Estamos quase atrasados!- Gerad disse lá de trás.

– Desculpe Senhor Singer, mas não posso ir mais rápido, e duvido que alguém irá se importar se o príncipe e as princesas do país chegarem alguns minutos atrasados!

– Pode até ser Scott, mas chegar atrasado pega mal, mesmo que pra família real!- eu disse.

A mais de seis anos que o Brasil é governado por reis e rainhas. Depois do "reinado" escandaloso do meu tio Reynald, o país resolveu voltar para a época da monarquia. Todos concordaram que seria alguém próximo ao antigo Presidente, considerando que foi ele que encerrou a época da Presidência. Fizeram uma eleição e foi decidido que meus pais seriam os novos monarcas do Brasil. Meu pai não era mais só o meu pai, era o Rei Shalom, Rei do Brasil, e minha mãe não era só minha mãe, como também era a Rainha Magda, Rainha do Brasil. Eles entraram nesse mundo e nos arrastaram com eles, então eu e meus irmãos deixamos de ser pessoas normais e viramos as crianças reais, Princesa Kenna, Príncipe Kota, Princesa América, Princesa May e Príncipe Gerad. Era uma vida boa, cheia de luxo, câmeras, diversão, câmeras, melhor escola de Brasília, câmeras, amigos famosos e... Eu já disse câmeras? Como eu disse, era uma vida boa, mas: câmeras. Nosso pior pesadelo.

– Eu sei Senhorita América- disse Scott, me tirando dos meus devaneios- mas ninguém irá punir vocês! É só dizer que estavam em uma reunião com o Rei da, sei lá, Espanha- ele disse e riu. Nós o acompanhamos. Scott já tem os seus sessenta e poucos anos, além de ser o braço direito do meu pai, mas age como criança! É o único guarda que nos viu crescer, por ser guarda na época em que meu tio entrou na Presidência, então nos trata como filhos, e não como membros da família real.

Não percebemos, mas logo estávamos na frente da escola com Scott nos enxotando do carro. Corremos cada um para a sua sala bem na hora em que toca o sinal. Entrei na sala e me dirigi para o meu lugar, atrás de Marlee, na frente de Nicoletta, á esquerda de Lucy e a direita de Georgia. Me sentei na hora em que a professora, Sra. Turner, entrou e escreveu no quadro Trabalho de Países. Georgia fez a pergunta que todos queríamos fazer.

– Hã, Sra. Turner? Como assim Trabalho de Países?

– Bom Georgia, como vocês sabem esse ano terá o casamento da Princesa Kenna, irmã da nossa querida Princesa América- a Sra. Turner disse e na mesma hora todos se viraram para olhar pra mim. Senti minhas bochechas esquentarem e a Sra. Turner continuou- A Princesa Kenna irá se casar com o Príncipe da Escócia, Príncipe James, e o Rei Shalom resolveu fazem um evento em homenagem ao casamento da princesa. Nesse evento virão ao palácio os reis, rainhas, príncipes e princesas de todos os países para assistir ao casamento da Princesa. O Rei Shalom convidou a nossa escola para participar das comemorações, contanto que façamos alguma coisa. Vocês podem fazer um grupo para cantar, dançar ou tocar alguma música referente ao país que vocês sortearão. Já fiquem avisados que vocês não poderão pedir ajuda aos integrantes de outros grupos, porque todas as turmas irão participar. Vai valer nota e eu vou deixar vocês fazerem em casa. O trabalho é para daqui a quatro semanas, o mesmo tempo que falta para a Comemoração. Reúnam-se nos seus grupos e venham pegar o país. Durante essas quatro semanas vocês não terão tarefas, para se dedicar ao máximo ao trabalho.

Me reuni com as garotas e a Georgia foi buscar o papel enquanto fiquei esperando com Marlee, Nicoletta, Anne, Mary e Lucy. Georgia voltou com cara de confusa e eu perguntei:

– O que foi? Fala mulher!

– Illéa- ela disse- Você conhece Ames?

Puxei da memória.

– Conheço- disse- É governado por um tal de Rei Clarkson e pela Rainha Amberly. Eles tem um filho um pouco mais velho que nós, Príncipe Maxon- falei.

– Eles vão ir na Comemoração da sua irmã?

– Acho que sim- respondi

– Esse Príncipe Maxon, ele é bonito?- Nicoletta perguntou.

– Não sei como ele está agora- falei- Eu só o vi uma vez, quando eu tinha doze anos, e ele treze.

– Mas como ele era?- Marlee perguntou.

– O que é isso Marlee? Você tem namorado!- Marlee namorava com um guarda do palácio, Carter Woodwork- Mas respondendo a sua pergunta, sim ele era bonito. Se me lembro bem ele tem olhos castanhos e cabelos louros.

– Como você o conheceu?- Georgia perguntou.

– Foi em uma das festa do tio Reynald. O pai dele veio discutir alguma coisa com o meu tio e Reynald deu uma festa para comemorar a visita da família real ao Brasil. Nessa festa eu, Kota e Kenna tocamos. A Kenna tocou piano, o Kota violão e eu toquei violino e cantei. O príncipe ficava olhando pro palco, pra mim. Acho que ele gostou da música- disse.

– Tá, sei- Anne disse- Não acho que ele tenha gostado só da música.

Elas riram enquanto eu ficava vermelha.

– Que seja- falei tentando mudar de assunto logo- Naquela festa eu cantei uma música de Illéa. E se nós escolhermos essa? Eu posso cantar e tocar violino.

– Eu sei tocar piano- disse Nicoletta.

– E eu violão- Mary disse.

– Eu, Lucy, Anne e Georgia podemos dançar- disse Marlee

– Ótimo- disse sorrindo- Venham na minha casa hoje de tarde. Na biblioteca deve ter bilhões de livros de partituras, em um deles deve ter a que eu quero.

– Tá- elas responderam em uníssono.

Logo bateu o sinal e fui pra frente da escola esperar Scott com meus irmãos. Logo May e Gerad chegaram e ficamos ali por uns cinco minutos até a limusine aparecer na esquina. Ela estacionou na frente da escola e buzinou pra nós. Corremos pra perto da limusine e Scott desceu e abriu a porta pra nós também dizendo:

– Como foi seu dia majestades?

– Muito bom Soldado Scott- dissemos

Essa era a nossa rotina: esperar cinco minutos depois de bater até Scott aparecer e fingir ter uma relação formal com o guarda.

Entramos e fomos conversando até chegar no palácio.