Beijar Emily esclarecera as poucas dúvidas que ainda tinha.

Paige realmente sabia que estava apaixonada. Nunca havia sentido algo tão intenso como aquilo.

E ter Emily em seus braços só fazia as coisas serem menos complicadas.

– Eu preciso ir – Paige a fitou nos olhos buscando guardar a lembrança dela em seu interior - Já está tarde – informou Paige afastando-se do contato.

A nadadora sentou-se na beirada da cama e esperou que seu corpo se recompusesse.

– Você vai se molhar – advertiu Emily ainda deitada na cama.

– Acredite Emily, ficar molhada é o menor dos meus problemas no momento – informou a nadadora lhe sorrindo e levantando-se da cama.

Não podia passar a noite com Emily.

Queria ao menos uma vez na vida, não estragar as coisas.

Paige via no olhar de Emily que a morena queria que ela ficasse. Por que ela tinha que complicar tanto as coisas para seu lado.

– Amanhã temos aula, e eu ainda preciso ganhar de você – esclareceu Paige levantando da cama e se afastando dela.

– Acho que não será tão fácil assim Paige – brincou Emily.

Emily observou Paige se afastar e entrar no veículo.

A chuva estava mais calma, mas foi inevitável que a nadadora se molhasse.

O comportamento de Paige naquela noite deixara Emily compadecida.

Parecia uma Emily de alguns meses atrás, quando se envolvera com Maya.

Maya. Era tão bom pronunciar o nome dela e não sentir mais aquela tristeza lhe invadir.

Não sentir aquela necessidade do toque de Maya St. Germain, não sentir que havia sido fraca por não enfrentar o mundo por ela.

Maya fora a primeira garota que ela se envolvera, mas não a primeira que se sentira atraída. As coisas com ela haviam sido complicadas desde o inicio.

Maya tinha uma família desestruturada e havia indícios de que ela fazia uso de substâncias entorpecentes, o que não a fazia o perfil ideal de garota para apresentar a um pai sargento do exercito.

Seus pais conheciam Maya mesmo antes de Emily começar a namorá-la e talvez isso tivesse erguido aquele muro. Aquela negativa deles em relação a ela.

Com Paige as coisas estavam sendo tão diferentes. Emily até estranhava a maneira como sua mãe estava receptiva a ela. Como era simpática e até amigável com a nadadora.

Agora com a cabeça um pouco mais calma e com Maya longe, Emily sentia que talvez aquela mudança não estivesse sendo tão ruim quando achara no começo.

Havia conhecido Paige, e não só por Paige, mas talvez estivesse na hora de fazer as coisas serem mais simples.

Paige queria levantar-se, mas foi aplacada pela dor que queimou em seu interior e a manteve imóvel na cama. Seu nariz estava entupido. Seu corpo estava dolorido. Sentia muito calor e sentia calafrios. Na certa com febre, já que todo seu corpo doía. Estava doente.

Não poderia ir a escola naquele estado, e aquilo só não lhe aborrecia mais do que o fato de não poder ver Emily.

Precisava treinar. Se a treinadora fosse fazer a escolha para os candidatos a eleição, ela estaria muito encrencada.

Sarah entrou no seu quarto alguns minutos antes das oito, que era o horário que sua aula normalmente começava. A mãe se aproximou dela e após ver que ela não estava bem buscou um termômetro para medir sua temperatura.

Constatando que ela realmente estava doente.

– Levante que vou te levar ao médico – ordenou Sarah após constatar que a filha estava com febre.

– Eu estou bem! – informou a nadadora tentando manter convicção no que dizia.

– Não está! Pegou chuva ontem não foi? – Ao receber a confirmação da filha com a cabeça, Sarah se viu na necessidade de fazer seu papel de mãe – Quantas vezes eu já te disse para não ficar andando na chuva com esse tempo Paige? Você sabe que sua imunidade não é lá grandes coisas. Não quero ouvir nem mais nem menos, vamos para o médico agora – informou a mãe saindo do quarto da nadadora – Agora!

Paige odiava ir ao médico. E se houvesse escutado Emily talvez não estivesse naquele estado.

Com dificuldade a nadadora se arrumou, para logo em seguida procurou a mãe que já lhe esperava para ir ao hospital.

Pelo que podia constatar Emily tinha somente duas disciplinas com Paige, espanhol e química e as duas não eram naquele dia. O que significava que o único horário que a veria seria no intervalo e no treino após as aulas.

Emily a procurou no horário do intervalo ,mas não a encontrou. Aquilo lhe desapontou, não podia fazer alarde e perguntar para todos se alguém havia visto ela, por isso não o fez.

Emily lhe mandou uma mensagem antes de voltar para a sala de aula, que ela não respondeu.

Estava começando irritar-se consigo mesma por preocupar-se tanto com Paige.

Quando a aula acabou e foi para o treino ela também não estava lá.

– Hoje seria a escolha para os candidatos a capitão da esquipe, mas como temos um desfalque ficará para amanhã, todos em suas posições. Rápido – informou a treinadora.

Por mais que não fosse de sua conta, Emily sabia que a treinadora poderia saber algo de Paige e como ela ainda não havia respondido sua mensagem se viu na necessidade de conversar cm a treinadora.

– Aconteceu alguma coisa com a McCullers? – perguntou Emily, tentando não demonstrar sua preocupação.

– Ela está doente, a mãe dela ligou avisando que ela está com um resfriado terrível – informou a treinadora, não entendendo a curiosidade da nadadora nova em Paige.

Aquela noticia fez com que a culpa se espalhasse por cada célula do corpo de Emily.

Provavelmente Paige ficara doente por causa da chuva que havia tomado na noite anterior.

Se ela tivesse ficado em sua casa, nada daquilo haveria acontecido, o problema era que Paige era mais teimosa que uma porta. O que não tornava as coisas fáceis.

Emily treinou normalmente, mas foi inevitável não pensar que Paige poderia estar muito mal, queria vê-la, saber como ela estava.

Seria muito ruim se fosse a casa dela? – Emily se viu perguntando.

Uma hora depois quando o treino finalmente acabou, decidiu que não seria tão ruim assim.

Ainda mais porque Paige não lhe respondera ainda.

Saber como Paige estava era a única coisa que lhe importava naquele momento.