Pov Malina

–Malina!- ouvi a voz do Mamoru, chamar-me, fazendo-me desviar o olhar do céu para as escadas onde o meu primo subia a correr- Pronta para treinar?!- perguntou-me com um enorme sorriso, já junto a mim.

–Sim.- respondi tentando sorrir, mas não conseguia deixar de pensar no acontecera momentos antes com o Goenji. Porém, ao parecer, o meu sorriso não o tinha convencido já que o Mamoru me olhava de forma estava e desconfiada.

–O que se passa?

–Nada!- respondi rapidamente.

–Eu sei que se passa algo!- continuou semi-serrando os olhos enquanto me fitava- Não sabes mentir!- então, limitei-me a suspirar e a dar um meio sorriso.

Acabei por me sentar com o Mamoru no banco do parque e acabei por lhe contar o facto de ter falado com o Goenji e da pequena discussão que tivemos poucos minutos antes dele chegar.

–Entendo. É realmente uma pena. Ele parece ser um ótimo jogador.

–É...

–Mas não te preocupes!- continuou, levantando-se juntamente com um sorriso-

Tenho a certeza que juntos, vamos conseguir que ele mude de opinião!- o que ele dissera fez-me sorrir, fazendo-me também levantar.

–Sim! Tens razão! Se bem que ele me chamou chata...- voltei a sentar-me- E disse que não queria falar mais comigo.- e fiz biquinho como se fosse chorar.

–Isso agora não importa!- respondeu, indo até um pequeno monte de quatro pneus, onde bateu com a mão- Vamos treinar?!- e estava ali de novo aquele sorriso, que me contagiou, fazendo-me levantar novamente.

–Vamos a isso!

Como ele me contou antes de virmos para este local, eu e o Mamoru vamos fazer o nosso treino com pneus gigantes. Como ele é goleiro, irá tentar parar a enorme roda com as mãos, enquanto eu, sendo avançada, irei tentar para-la, pontapeando o enorme pneu à minha frente. Tudo isto, com um outro às costas para fazer ainda mais força. Toda esta ideia partiu do caderno do nosso avô, Endou Daisuke, que foi um incrível e talentoso goleiro!

Infelizmente, este treino e horrivelmente duro e tanto eu como o Mamoru estamos fartos de levar com as enormes rodas em todo o corpo, seja na cara, na barriga, nos braços, nas pernas, até já me fez andar à roda e ir parar à grade cinzenta. Muitas vezes tivemos que nos ajudar a levantar porque o peso do pneu nas costas era horrível.

Mas não desistíamos! Isso nunca! Apesar de todas as vezes que éramos mandados para trás, levantamo-nos logo com ainda mais vontade de mandar o pneu para trás e voltar a tentar empurra-lo com toda a nossa força! Até que finalmente...

–Consegui!- tentamos gritar os dois, enquanto o meu pé se aguentava contra o pneu e o Mamoru continuava a empurrar o dele se o deixar empurra-lo. Mas nem cinco segundos passaram quando fomos novamente empurrados para trás, fazendo o meu primo cair de cara no chão e a mim de costas. Parecíamos mortos.

–Que dor...- murmurou o meu primo no seu audível, deixando-me de acordo com ele.

–Poxa. Mas que treinamento mais pesado.- assim que ouvi a voz do Kazemaru, abri os olhos vendo o azulado aproximando-se de nós.

–Olá Kazemaru.- cumprimentou-o o Mamoru com uma voz esganiçada.

–Olá.- acrescentei.

–É o treino mais estranho que já vi.- comentou o azulado ajudando o Mamoru a levantar-se que juntamente com ele, levantaram-me.

–É por causa disto!- respondeu o Mamoru apontando para o caderno do nosso avô.

Fui buscar o caderno e procurei pelo capítulo onde mostrava o treino que estávamos a fazer naquele momento e entreguei-o ao Kazemaru para que o visse, mas ele pareceu não perceber nada do que estava ali.

–Ah... Não percebo o que diz. Vocês conseguem ler isto?

–Claro! Descreve como temos de parar os remates!

–Oh!- ele pareceu intrigado, olhando para o caderno uma segunda vez.

–São instruções escritas pelo nosso avô!- conclui.

–O vosso avô?- eu e o meu primo entre-olhamo-nos e sorrimos um para o outro.

–Sim!- respondi para deixar o Mamoru continuar.

–O nosso avô morreu antes de nascermos. Foi treinar da equipe da Raimon!

–É verdade! E este é o caderno de treinos especiais que escreveu naquela época!-acrescentei.

–Como os da Teikoku são mais fortes que os jogadores normais, ocorreu-me que a única maneira de poder deter os seus remates, seria usando as técnicas do nosso avô!- concluiu o Mamoru. Mas o Kazemaru pareceu espantando, olhando para nós.

–A sério... Que pensam que podem ganhar à Teikoku?

–Claro!- respondeu ambos. E logo depois, vimos a mão do azulado ser estendida para o meu primo.

–Eh? Mas o que estás...

–Escutem um pouco.- interrompeu o Kazemaru- O vosso espírito convenceu-me!- eu e o Mamoru olhamos um para o outro, demos um enorme sorriso um para o outro. E depois o Mamoru apertou a Mamoru do Kazemaru.

–Obrigado! Muito obrigado, Kazemaru!- agradeceu o Mamoru, feliz com o apoio do nosso novo companheiro. E eu também não estava indiferente! É claro que estava feliz! Nesse momento, sem percebermos porquê, ele voltou para trás, para um local cheio árvores, para onde sorriu.

–Rapazes, eu junto-me! E vocês?! O que vão fazer?!- fiquei sem perceber para quem falava até ao momento em que os rapazes do clube começaram a aparecer por entre os arbustos e árvores.

–Capitão.- chamou o Shidou.

–Olá!- cumprimentou o Kabeyama.

–Rapazes!- gritou o meu primo começando a correr, porém, logo caiu ao chão depois de tropeçar no próprio pé.

–Capitão!- gritaram o Kabeyama e o Kurimatsu correndo para o Mamoru, assim como eu e ajudámo-lo a levantar-se.

–Não podes magoar-te antes de jogar contra a Teikoku.

–Ele tem razão.- concordei. Já o Mamoru apenas se riu.

–Nada disso! Eu estou muito bem!

–Endou, Malina, eles estavam a observar-vos antes de eu chegar, sabiam?- comentou o Kazemaru, deixando-me surpresa.

–Impressionaram-nos com o esforço que fizeram para convencer as pessoas!- constatou o Handa.

–É... Um pouco.- continuou o Someoka com o rosto meio rosado como os seus cabelos.

–Foi ao ver este vosso treino especial vosso que nos comoveram totalmente!- continuou o Kurimatsu entre lágrimas.

–Capitão! Malina! Eu também quero fazer este treino especial!

–E eu!- acrescentou o Shourinji.

–Eu também quero treinar!- pediu o Kurimatsu.

–Podemos treinar juntos?!- perguntou o Kabeyama.

–Sim... Claro que sim, rapazes!- via-se mesmo que o Mamoru estava orgulhoso dos nossos companheiros e da decisão deles, não conseguindo conter as lágrimas, e eu não tinha ficado indiferente.

–Emocionaram-me completamente!- acrescentei limpando as lágrimas que tinha nos olhos. E de seguida, o Mamoru deu um enorme berro de alegria.

–Agora sou completamente feliz!- gritou o meu primo, mais feliz do que nunca e com uma determinação incrível.

E assim, começamos o treino! Uns puxavam rodas ou corriam com elas às costas, outros davam-lhes pontapés para que se mexessem, e até mesmo tentavam o parar uma roda como eu e o Mamoru, que continuávamos com o mesmo treino. Já outros utilizavam a bola, jogando entre si, tentando driblar-se. Apesar de todo os esforço que fazíamos e do facto de estarmos todos cansados, era notável o quanto todos nos divertíamos imenso a treinar!

*Dia do Jogo*

–Rapazes, vou apresentar-vos! Ele é o jogador que nos faltava para o jogo de hoje! O nome dele é Kusuke Matsuno!

–Mas podem chamar-me Max, se vos apetecer! É mais curto!- realmente estava de acordo com ele, era melhor Max- Quando vi o capitão e a Malina por aí a chamar pessoas para o clube, pensei que serviria para deixar de estar aborrecido!

–Deixares de estar aborrecido?- perguntou o Someoka, chateado com a respostas do Max, se eu que eu também não estava feliz, mas preferia nem comentar- Ouve, este jogo não é nenhum jogo.

–Não se preocupem! Não sou nenhum pró no futebol mas vou apanhando o jeito enquanto formos jogando!

–Assim é que é!- respondi indo para o lado do Max- Confio que o farás muito bem, né?!- perguntei para o Mamoru que apenas respondeu com um simples "Hum hum!"

–Mas capitão, continuamos a ser só dez jogadores.- avisou-nos o Handa, e ele realmente tinha razão.

–Não... Já somos onze.- respondeu um estranho rapaz de longos cabelos cinza aparecendo por trás do Handa que se arrepiou todo.

–Desculpa, Jin. Não te vi.

–O Jin também acabou de se juntar à equipe!- respondi, se bem que também fiquei assustada com a sua aparição.

–Não faz mal.- começou o "rapaz sombra"- Juntei-me ao clube para sair das sombras e para que as pessoas se dêem conta da minha existência.- realmente ele dava arrepios e, com a resposta do Jin, todos ficaram meio deprimidos.

–Agora só falta o nosso substituto!- comentei tentando alegrar o ambiente, lembrando que só precisávamos de mais uma pessoa para termos um time completamente, completo- E bem... Vamos para o jogo?!- e todos assentiram.

Saímos do clube prontos para jogar e confiantes com o jogo, pelo menos alguns de nós...

Assim que chegamos ao campo, a primeira coisa que podemos sentir foi o chão tremer por baixo dos nossos pés. Vimos também uma enorme poeira de fumo cobrindo a paisagem, deixando-a completamente sombria, e com isso, seguiu-se a aparição de um enorme autocarro negros, cheio de bandeiras vermelhas, que parou à porta da escola. Todos se perguntavam o que era aquilo e até mesmo vinham às janelas para perceber o que se passava.

Do veiculo, foi aberta a porta de onde primeiro saiu novamente fumo e de seguida, a correr, saíram vários rapazes que estenderam uma passadeira vermelha e puseram-se ao lado, com bolas de futebol de baixo do pé e numa posição como se estivessem na tropa. Já nós, ficamos parvos com tudo aquilo, se eu que eu pensei que aqueles tipo eram uns grandes convencidos.

Os jogadores da Teikoku começaram a sair para o campo, saindo primeiro o seu capitão, Kidou Yuuto, um ótimo estratega em campo, dotado de uma grande inteligência para organizar tácticas de jogo. Vi-o dizer algo para um dos companheiros que havia começado a conversa, enquanto tinha um sorriso nos lábios, olhando para uma parte da escola, como se procura-se por algo.

E finalmente, por cima daquele monstruoso veiculo, apareceu sentando num cadeirão negro, o treinador da Teikoku, Kageyama Reiji.

Sem me aperceber, vi o Mamoru correr até ao time adversário, parando junto do Kidou, disse algo que não ouvi, estendeu-lhe a mão mas o capitão da Teikoku apenas olhou para outro local da escola, dizendo algo ao meu primo, que logo voltou para juntos de nós.

–O que se passou?- perguntei.

–Eles pediram para aquecer no nosso campo já que é a primeira vez que vêm aqui! Só isso!- e sorriu, fazendo-me dar um pequeno sorriso.

O meu olhar foi desviado para o campo onde vi os jogadores adversários rirem-se de algo enquanto falavam, antes de começarem a aquecer. Tentei ignorar, pensando que talvez o facto de eles estarem a planear algo mau fosse só imaginação minha e olhei para fora do campo onde tentei procurar pelo Goenji. Sei que estou a ser parva em manter a esperança sobre ele vir ajudar-nos mas... Quero confiar nele! Tenho a certeza que alguém que faz um remate daqueles tem imenso amor ao futebol! Mas logo "acordei" voltando a minha atenção para o campo onde estavam os jogadores da Teikoku já a treinar e vi um dos jogadores de cabelos prata, correr a velocidade incrível.

–Como é possível?!- perguntou o Mamoru tão admirado quanto todos nós.

–Ele desapareceu.- comentou o Handa.

De seguida, começaram a passara bola uns para os outros, a fazer imensos truques com ela e sem esquecer a rapidez com que o faziam.

–Mas... Mas que movimentos são esses?- perguntou o Shidou, visivelmente assustado, mas também não o censuro.

–E temos que jogar contra esta gente?- perguntou o Someoka depois de ver a violenta cabeçada de um dos jogadores.

Enquanto estava absorta com o aquecimento deles, vi o capitão da Teikoku estalar os dedos fazendo todos os outros jogadores reagir, passando rapidamente a bola uns para os outros até que finalmente acabou no Kidou, que deu um salto antes de rematar a bola com imensa força até ao...

–Mamoru!- gritei, vendo a bola ir na direção do meu primo e corri até na tentativa de o ajudar ou de o desviar da bola.

Felizmente, ele agarrou a bola a tempo e não se magoou, mesmo sem a minha intervenção e ajuda. Todos os rapazes gritaram pelo seu capitão, mas ele continuava curvada, fitando as suas luvas de goleiro depois de largar a bola.

–Estás bem, Mamoru?- perguntei já junto dele. Assim que ele abriu as mãos, consegui ver que as suas luvas estão cheias de marcas negras de queimadura devido à enorme potência da bola- Que força.- comentei num murmúrio. Ambos olhamos para o Kidou e vimos um sorriso de dentes aparecer na sua face.

–Este jogo será interessante!

Apesar da minha preocupação, o Mamoru não deixava de sorrir e de se entusiasmar, o que me contagiou, fazendo-me sorrir também, tendo confiança que de alguma forma, tudo vai correr bem!