Pov Malina

Após sairmos do clube – e da escola - todos fomos o parque da torre Inazuma onde íamos começar o nosso treino... Um treino que achei desde início completamente bizarro, e duvido muito que tenha algo a ver com bing, bang, reboing.

No topo do monte, no local onde está a torre, estava o Someoka segurando um pneu gigante com uma almofada dentro dela, enquanto todos nos esperávamos em baixo, que ele... Mandasse aquilo.

Sim... Este é o nosso treino.

–Este é o plano para hoje. O treino especial para aguentar as investidas dos adversários.- assim que anunciou que ia largar o pneu, todos nos afastamos o mais depressa possível, excluindo o Shidou, que ficou parado, mas só quando nos viu a afastar é que percebeu- Cá vai!- e largou.

–Quem eu?- só agora é que ele tinha percebido?- Mas isto é uma loucura!

Já um pouco longe do local onde é aquele treino maluco, consegui o pobre Shidou, praticamente voar por cima das árvores.

–Coitado.- mas antes ele do que.

–Que inveja de treino.

–Mas tu és o quê? Masoquista?- por vezes gostava de saber o que raio o meu primo tem na cabeça.

–Mamoru, Malina, posso falar com vocês um bocado?

–Claro!- respondi.

–É sobre o caderno secreto.

Depois do pedido do Goenji, os três ajoelhamo-nos – ficando o Goenji no meio - para ouvir o que ele tinha a dizer, para de seguida o ver pegar num pauzinho para desenhar no chão de areia.

–Talvez o vosso avô estivesse a falar disto.- e aí começou a fazer uma linha que virou no final fazendo um arco- Primeiro uma pessoa salta. Dois outros saltam usam o segundo como trampolim para subir mais alto, e quando os dois conseguirem altura suficiente, realizam em conjunto um remate aéreo desde essa posição.- e terminou de desenhar- O que acham?

Não tinha palavras!

–Goenji...- já o meu primo – encantado assim como eu -, tinha-as- Assim é! Tenho a certeza de que era isso!

–És um génio, Goenji! És brilhante!

Ele apenas ficou a olhar para nós de forma estranha. Será que a minha atitude tinha sido assim tão esquisita?

De repente, o Mamoru levantou-se, enquanto nós os dois ficamos de joelhos.

–Só existem duas pessoas que podiam rematar para o gol sem problemas!- e apontou para nós- Goenji! Malina! Só vocês podem fazê-lo!

Eu e o loiro, fitamo-nos.

–Quem? Nós?- apesar de ter sido ele a perguntar, aquilo soou-me de maneira tão estranha que não pude deixar de corar.

Além do mais... Farei uma técnica em conjunto com o Goenji! Estava tão grata ao Mamoru!

–Sim! E de trampolim podia servir-vos...- de repente, vimos o Kabeyama voar por cima das árvores tal como acontecera com praticamente todos os nossos companheiros- Kabeyama Heigoro!

O Mamoru reuniu todos nossos companheiros, avisando a todos sobre como seria técnica e do facto do Goenji ter descoberto o que raio queriam dizer aquelas estranhas palavras do avô. Após anunciar também que eu, o Goenji e o Kabeyama íamos fazer a INAZUMA OTOSHI, cada um, voltou aos seus treinos normais, excepto nós os três, o Someoka e o Kazemaru, os quais me ajudavam a mim e ao nosso atacante a treinar os saltos para fazermos o pontapé de bicicleta conjunto ficar perfeito.

–Pronta?

–Sim!- estava com receio que o meu problema parvo viesse à tona e que isso nos prejudicasse.

–Aqui vamos nós!- e ambos começamos a correr na direção dos nossos companheiros, que agarravam os braços um do outro, de modo a que pudéssemos saltar com a força deles sem os magoarmos.

O nosso tempo de salto não foi sincronizado como era suposto, já que ele acabou por saltar primeiro e fazer o pontapé de bicicleta antes de mim, que fiz logo a seguir a ele, mas, devido ao meu atraso, acabei por chocar contra ele em pleno ar, fazendo-nos perder o equilíbrio. O pior de tudo foi que ao cair, o Goenji ficou mesmo por baixo de mim e acabei por cair em cima dele, de cara virada para o chão, enquanto o pobre caiu de costa, ainda para mais suportando o meu peso.

Saí rapidamente de cima dele assim que o ouvi gritar quando chegamos ao chão. Só rezava para que ele estivesse bem.

–Goenji!- ajoelhei-me ao seu lado, imensamente preocupada com o seu estado.

Tanto o Someoka como o Kazemaru aproximaram-se de nós, perguntando se ele estava bem.

–Estou bem mas não chegamos suficientemente alto e ainda não estamos sincronizados. Temos que tentar novamente.- e começou a levantar-se. Mas as costas não lhe doíam?

–Eu... Eu tenho uma coisa para confessar.- se não o fizesse, provavelmente isso só iria prejudicar ainda mais o Goenji. Os três olharam para mim, esperando que eu dissesse o que era- Bom, quando eu era mais nova, na altura em que estava em Espanha, andava na ginástica e uma vez, ao fazer um salto de trampolim, tentei chegar o mais alto possível mas não consegui, e ao fazê-lo, caí de lado e acabei por partir o braço.- era vergonhoso dizer aquilo, mas não queria afetar a equipa- Desde essa altura, eu tenho medo de saltar alto e ainda mais, tenho medo da queda porque parece que vou partir o braço novamente.

Os três ficaram a olhar para mim, até começarem a ficar pensativos, provavelmente preocupados com a situção, sinceramente, também eu estava.

–Então só temos que arranjar uma maneira de te sentires segura durante a queda.- levantei a cabeça, fitando o Goenji, que me sorria e esticava a mão, a qual agarrei, sendo levantada com a força dele- Vamos arranjar uma maneira para que não sintas medo.

Mesmo depois de o ter magoado nas costas, ele foi gentil ao ponto de me querer ajudar com o meu problema! Como não o posso amar?!

As horas foram-se passando e aos poucos, começamos a sincronizar-nos, saltando ao mesmo tempo, conseguindo fazer o remate em pleno ar. Por vezes chocamos um contra o outro, o que nos atrapalha bastante e sem esquecer, claro, o meu problema, o qual o Goenji tentou dar um jeito, agarrando-me antes de eu chegar ao chão, só que não resultava, o acaba por arranha-lo ou eu acabava por me magoar, se bem que ele não podia estar sempre a fazê-lo, já que por vezes ele também se desequilibrava e caí mal.

Mais uma vez, ele voltou a cair de costas, e eu de barriga para baixo, no chão, já ambos cansados, fazendo com que ele se deixar estar deitado, enquanto eu me sentei ao lado, vendo os rapazes aproximarem-se.

–Vamos parar, está bem?- propôs o Someoka- É obvio que vocês já não conseguem mais.

–Digo o mesmo.- respondeu o nosso companheiro.

Realmente, olhando para os braços dos rapazes, notava-se bem o quão vermelho eles estavam, já para não falar em todos os arranhões que lhes provocamos com as chuteiras.

–Isto não é nada.- o Someoka gosta sempre de se fazer de forte- Por outro lado, por vocês...

–É igual! Isto não é nada!- respondeu, antes de me fitar- E tu? Podes continuar?- levantei-me rapidamente, o que me fez desequilibrar um pouco, mas não ia deixar que isso me vencesse.

–Claro que sim! Não podemos desistir só por uns quantos arranhões!

Os outros dois fitaram-se, antes de suspirar.

–Está bem, como queiram.

Estiquei a mão para o Goenji, que a agarrou e ajudei-o a levantar para continuarmos, já que nenhum de nós pretendia desistir.

Tentamos mais umas quantas vezes, e tudo estava perfeito – sincronização, salto, e remate –, o Goenji aterrou perfeitamente no chão, enquanto eu ia cair mal novamente, mas antes de chegar ao chão, ele agarrou-me no braço, puxando-me para cima, o que me magoou bastante, antes dele me baixar o braço lentamente, sentando-me no chão.

–Muito bem! Assim é que é!- gritou o rosado.

–Bem, isto resulta mas...- comecei a rodar o braço depois do estalo que o meu ombro deu- Dói bastante.- ri-me.

Vi-o sorrir-me após o que eu e o nosso companheiro dissera, antes de o ver cair, fazendo-me esticar os braços para o apanhar para que ele não caísse para o chão, fazendo-o cair em cima de mim, colocando a sua cabeça caída no meu ombro direito.

–Go-Goenji...- não pude deixar de ficar embaraçada com a situação, ainda para mais quando o sentia respirar para cima do meu pescoço.

Os rapazes correram até nós, ajudando-o a levantar, assim como eu o fiz, pondo-me de joelhos assim como eles.

–Estou bem.

–Finalmente conseguiram!- parabenizou-nos o Someoka.

–Não, ainda não. Esta é só uma parte da técnica.

–Mas agora estamos mais próximos para a conseguir.- estava de acordo com o Kazemaru.

–Pelo menos, nós já conseguimos!- não pude deixar escapar uma lágrima de felicidade, a qual limpei com as costas da mão, vendo-os sorrir.

No final do treino, todos nos reunimos no mesmo local onde de início estávamos a fazer aquele treino maluco com o pneu, para descansarmos, colocar gelo e hidratar-nos depois da tarde estafante que todos tivemos.

–Rapazes, já só nos falta uma parte!- como sempre, o Mamoru tinha a última palavra do dia- A partida contra o Instituto Wild está próximo!

Nenhum pode evitar gritar um alto “Sim!”, excluindo, já não pude deixar de olhar para única estrela que brilhava no céu, como se me dissesse que ia correr tudo bem... Que nós vamos vencer!