O amigo - A lei de Newton escrita por Primata Sociável Jovem


Capítulo 1
A escola - 1 ano e 7 meses


Notas iniciais do capítulo

Hoje será um dia comum para mim, vou para a escola com um objetivo: destruir a vida de Allan Johnson. Não conheço meus pais, as pessoas dizem que eles morreram... Quando recebi alta do hospital com cinco meses, fui para um orfanato onde fui criada com muito cuidado pelas senhoras que trabalham lá. As pessoas do hospital me chamavam de 9 que era meu leito, mas já no orfanato colocaram meu nome de Samantha.
Quando eu tinha um ano e sete meses, um casal foi no orfanato a procura de um garoto e uma garota para adotarem. Eles preferiam que fossem bem crianças, então eles foram visitar eu e as outras 105 crianças que moravam em um dos nove pavilhões do orfanato que abrigava confortavelmente 407 pessoas desde bebes até os 18 anos. Enfim, aquele casal parecia ser do tipo papai e mamãe, então todas as crianças foram correndo ver eles. Todas as crianças, menos eu:



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Com 1 ano e 7 meses:

Estou no canto do pátio com minha mesinha colorida e pintado uma floresta que logo darei a diretora do orfanato. Quero que fique bem bonito porque gosto muito da tia Marla, ela sempre me dá leite com biscoitos quando o sol está passando pela janela do meu quarto e indo para detrás das montanhas. Ela também arruma meu cabelo em um rabo de cavalo toda manhã antes deu ir brinca de pintar. Hoje não foi diferente, ela penteou meu cabelo e me deixou aqui pintando uma floresta.

Espero que o desenho fique bonito! Mas não é isso que está acontecendo... Sinto-me tonta, mas isso não me impede de pintar a floresta. Pego meu lápis de cera com a cor mais bonita: o verde. Começo a pintar uma folha que esta perto de uma flor e...

- oi garotinha – disse um homem que estava na minha frente. Eu abaixo minha cabeça e respondo:

- oi

O homem tem pele escura e cabeça raspada, seus olhos também são escuros. Ele esta usando uma blusa verde que logo me chama atenção pela cor que gosto muito. O homem se senta na pequena cadeira do outro lado da mesinha. Eu pego meu lápis de cera verde e aponto para a camisa do homem. Ele sorri! Seu sorriso e branco como a neve.

- isso mesmo, é verde! Você gosta de verde?

Concordo com a cabeça. Continuo pintando meu desenho, agora resolvo colocar umas flores, tem de todo tipo: rosas pequenas, roxas grandes, vermelhas pequenas, amarelas medias e azuis pequenas. Vejo o homem chamar a tia Marla e ela vem até ele, se senta no chão ao meu lado e acaricia meu cabelo e aperta meu rabo de cavalo. Escuto o homem lhe perguntar quantos anos eu tenho, ela lhe responde. Ele diz que me achou muito inteligente e perguntou se eu já aprendi a falar. Ela concorda e diz que algumas palavras: ‘oi’ ‘verde’ ‘céu’ ‘tchau’ eu aprendi com 6 meses... E algumas frases eu já entendo, ela diz que deve ter alguma coisa a ver com meus verdadeiros pais. Eu não entendo.

Olho para a tia Marla, ela sabe que eu não gosto que ela fale a palavra ‘pais’. Ela me olha docemente e olha meu desenho. Eu seguro a folha o mais alto que posso e ela pega.

- pá cê.

- é para mim? Obrigado Samantha, está lindo! Vou guardar na minha estante.

Ela se abaixa e me dá um abraço. Eu começo a trabalhar em outro desenho: o céu. Este é fácil de fazer.

O homem sorrir para mim sempre que eu olho para ele, a mulher que veio junto com ele está um pouco longe, mas agora ela se levanta e vem para onde estamos. Chegando ao lado do homem, ele se vira e lhe diz:

- essa garotinha é linda! Acho que é ela!

A mulher me olha, e eu levanto a cabeça. Ela não parece ter gostado de mim. Ela não sorrir e só concorda com a cabeça.

Mas eu não quero ir! Eu quero ficar aqui com a tia Marla e meu amigo Victor e minha amiga Sara. Eu não quero ir para outro lugar!

Tia Marla me pega no colo me fazendo soltar o meu lápis de cera verde. Eu grito querendo pegar meu lápis. O homem se levanta pega o lápis e estica para me entregar. Eu recuo, mas acabo pegando meu lápis, só porque é meu lápis favorito.

Tia Marla me leva até a sala dela onde tem vários desenhos meus em cima de uma mesa. O homem e a mulher vêm atrás de nós. Um garotinho também vem, ele está de mãos dadas com a mulher e andando de cabeça baixa. Ele deve ter a minha idade.

Chego à sala com a tia e nos sentamos na cadeira junto à mesa, eu não solto meu amado lápis. Ela pega dois papeis cheios de pontos e entrega ao homem e a mulher.

Tia olha em meus olhos e diz:

- é minha querida! Está na hora... Sabia que este dia ia chegar...

Ela me abraça e suas lagrimas molham o meu ombro. Eu não sei por que a tia está chorando, mas eu não gosto que ela fique triste então eu tiro as lagrimas de seu rosto. Ela sorri.

Eu vou para meu quarto com a tia e uma mala que ela tinha comprando para mim. Fico sentada em cima da cama. Ela abre meu guarda-roupa e pega todas às roupas de uma vez e as joga dentro da mala. Fecha a mala e me pega no colo com um braço e puxa a mala do outro. Chegando à porta do orfanato, a tia me coloca no chão. Mas eu quero colo e estico as mãos para ela. Ela começa a chorar e eu desisto. Ela se agacha e me abraça bem forte.

-Ho minha filha! Vou sentir saudades... Mas é o melhor pra você.

Ela me solta e eu não sei o porquê ela está chorando. Eu tiro as lagrimas de seu rosto de novo. Vejo vindo de dentro do orfanato o homem a mulher e o garotinho. O homem vem até meu lado e cumprimenta a tia. Ele tenta me pegar no colo, mas eu saio. Ele pega minha mão, mas eu tiro. A tia disse que é para eu ir com ele.

Eu faço um não com a cabeça e abraço a perna da tia. Ela me pega no colo. Agora eu a tia o homem a mulher e o garotinho estão andando pelo meio de um monte de coisas grandes, que parecem não ser da terra. O homem aperta um botão em uma chave e uma das coisas grandes pisca. Ele abre a coisa grande e coloca o garotinho lá dentro. Ele tenta me pegar de novo mais eu nego. Tia tenta me colocar lá dentro, mas eu sou forte e não a solto.

A mulher vai para o outro lado da coisa grande e abre a coisa grande e entra na coisa grande. O homem fecha um pedaço da coisa grande deixando o garotinho lá dentro. O que aconteceu com o garotinho?

O homem abre o outro pedaço da coisa grande e se senta e pega algo. Não sei o que é, brilha e ele descasca... E verde! Eu quero!

Estico a mão para pegar, ele me segura. Eu alcancei! É um bombom verde!

Escuto o barulho de algo caindo, olho para tia ela esta do outro lado de um vidro preto. O que? Eu estou dentro da coisa grande!

Coloco o bombom na boca e olho para o homem. Ele sorri e gira a chave fazendo um barulho estranho, mas bonito. Varias luzes se acendem perto da chave. Eu me deito no colo do homem assistindo as luzes que brilham...

A coisa grande se meche fazendo tudo que está ao nosso redor passar bem rápido... Nossa!

Nossa! As coisas estão passando mais rápido, e mais rápidas! Olho para o homem e ele está olhando para frente. Eu olho também. Tem varias pessoas passando, agora eu consigo ver uma por uma. Também vejo crianças, uma brinca com um boneco e outra com uma planta. Vejo animais e arvores. Árvores verdes.

A coisa grande está andando mais e mais devagar até parar. O vidro que está do meu lado desce e aparece um homem com um chapéu esquisito. Eu tenho medo do homem com chapéu esquisito. Eu aperto o braço do homem em que estou sentada e me cubro com minhas mãos. O vidro sobe e o homem me dá um abraço me fazendo não ter mais medo. A coisa grande começa a andar de novo. E entra em uma casa bem grande. Muito maior que minha antiga casa – o orfanato – e muito mais estranha. Têm vários dessas coisas grandes lá também, e a coisa grande em que estou fica do lado de outras.

O homem abre a coisa grande e me pega no colo. Eu lhe abraço e nós saímos de dentro da coisa grande. Ele fecha a coisa grande. Saem também à mulher e o menino pequeno. Vêm outras pessoas em nossa direção, eu abraço o braço do homem, fazendo com que eu não veja nada. Sinto que alguém quer me puxar. Eu não deixo, e me agarro mais ainda ao homem. Param de me puxar.

Eu começo a chorar e o homem me abraça forte e me coloca em seu ombro. Eu abaixo a cabeça e ele anda. Ele entra na casa e passa por varias pessoas. Todas as pessoas olham para mim, eu não gosto disso. Fecho os olhos e deito a cabeça no ombro do homem, eu ainda choro. Quando abro os olhos, nós estamos dentro de um quarto rosa. Tem uma cama que parece com minha antiga. A mulher coloca minhas roupas na cama e me puxa para sair do colo do homem. Eu não deixo, eu gosto dele.

Minha barriga doí. O homem me tira de seu ombro e tenta me colocar na cama. Eu grito:

- Não! Fome! Fome!

- você está com fome? Ok fique aqui um pouco e eu vou buscar sua comida.

Eu não quero ficar só. Pode vir umas pessoas e me tirar deste lugar. Mas não faço nada. O homem sai junto com a mulher e o menino pequeno. Eu pego o travesseiro e abraço ele. Cubro-me com o lençol para ninguém me ver e não me levarem embora daqui. Eu choro.

Tempos depois o homem chega. Ele traz um como e um pacote de bolacha. Ele se senta ao meu lado na cama. Eu ainda estou abraçada ao travesseiro e chorando. Ele coloca o leite e a bolacha na mesinha do lado da cama. Ele tira o travesseiro devagar dos meus braços e me puxa para seu colo. Eu me sento e ele pega um pedaço do lençol e enxuga meu rosto e assua meu nariz. Ele pega o leite e coloca perto de minha boca. Eu não gosto de leite. Faço uma carreta. Ele coloca o copo em cima da mesinha.

O homem pega a bolacha e coloca perto de minha boca. Eu olho para ele, e ele esta me olhando com olhos apreensivos. Ele quer que eu coma, mas eu não gosto nem de bolacha nem de leite. Ele fala:

- coma a bolacha. Você me disse que estava com fome e me falaram que você gosta de leite com biscoitos.

Eu aceno com a cabeça. Pego o meu lápis de cera verde que está no meu bolso. Parto o lápis em dois pedaços um maior que o outro. Dou para o homem o pedaço maior de lápis. Ele pega e sorri. Eu pego a bolacha em sua mão e me estico para molhar a ponta da bolacha no leite. Eu como o pedaço da bolacha que está com leite. Eu jogo a bolacha no leite. O homem olha e pega o resto das bolachas que estão no pacote e coloca dentro do copo. Eu sorrio para ele. Ele pega uma colher e pesca um pedaço de bolacha dentro do copo. Eu como.

- há! Então você gosta deles juntos...

Concordo com a cabeça

- meu nome é Bruno.

Eu olho para ele. Ele parece ser legal. Sua cabeça brilha.

- você ainda não tem nome aqui. No orfanato, te chamavam de Samantha. Mas a gente tem que mudar... Qual nome você quer ter?

Eu pego meu pequeno pedaço de lápis de cera e aponto para a camisa de Bruno que também e verde.

- mas minha querida, você não pode se chamar Verde. Só o Huck que pode...

Ele sorri, mas eu não entendo. Huck? Eu pego o lápis e aponto novamente para a camisa dele.

- que tal Bruna?

Concordo freneticamente com a cabeça.

- Bluna?

- Bruna.

-Buna?

- não. Bruna.

- buruna?

- um dia você aprende...

Eu abaixo a cabeça e volto a comer o leite com biscoito. Um homem entra no quarto. Ele usa uma roupa toda preta. O homem não parece ser muito novo. E branco e tem olhos verdes, e pouco cabelo. O homem fica de frente para mim. Ele acena e sorri. Eu abaixo a cabeça e me escondo no braço de Bruno. Escuto o homem dizer para mim:

- vamos começar!


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Notas finais do capítulo

Isso é tudo pessoal - Mel Blanc



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