Viveram felizes para sempre. Mas, num certo dia, que está previsto, embora inesperado, chegou a morte e levou-a de seus braços.

Ele, viúvo, passou a desfiar lembranças sobre cada um daqueles momentos felizes que viveram juntos. Passava horas contando às pessoas sobre sua amada, seus hábitos, suas pequenas manias, seus gestos suaves de folhas embaladas pela brisa, sobre como ela o alimentava com sua dedicação. Reconhecia que, não raras vezes, fora ele um egoísta e recebera mais do que dera. E repetia isso com um suspiro sentido e saudoso.

O viúvo não parava de relembrar as histórias de seu amor. Na verdade, tudo o que havia em torno dele eram as recordações, que o envolviam como tênues fios dos incontáveis dias da felicidade perdida.

– Essa paixão irá matar-te. Tenta esquecê-la por um só momento- aconselhavam-no aqueles que compreendiam a extensão de seu sentimento.

– Nãos vês? A lembrança é o amor que sobreviveu à minha amada, é o fio de vida que me sustenta e também sobreviverá a mim-respondeu, de dentro de seu casulo.

Vós, que sofreis porque amais,

amai ainda mais. Morrer de amor é viver dele.

–Victor Hugo-