Percy estava parado no meio da bagunça do chalé de Poseidon. As cortinas estavam fechadas em todas as janelas, e a luz vinha de uma pequena lâmpada no canto do quarto.

Houve uma leve batida na porta. Ele soube que era ela porque o jeito que ela batia na porta... Sabia que era ela porque batia na mesma porta centenas vezes antes da mesma maneira. Não sabia como chegara a essa conclusão, apenas sabia.

Ele abriu a sua boca e deu um leve suspiro para depois sussurrar, alto o bastante para que ela possa ouvir

– Pode entrar.

A maçaneta da porta girou e uma linda figura dourada e cinza entrou. Annabeth. Ela sorriu, seus olhos cinzentos brilhando ao olhar para ele.

– Ei... Me chamou? - ela disse levemente

– Sim. - Percy sorriu intensamente - Escuta... Precisamos conversar. Mas antes de qualquer coisa. - ele tirou um papel dobrado do bolso da calça e entregou a ela - prometa pelo Estige só ler esse papel quando chegar no chalé de Atena.

A felicidade no rosto dela foi varrido e substituído por uma expressão inquieta e preocupada.

– O que você quer dizer? - ela perguntou, suas sobrancelhas franzidas de confusão.

– Apenas prometa. - ele repetiu.

– Eu... prometo. Agora me diz, o que está acontecendo?

– N-nós não... podemos... ficar juntos. - Percy lutou para que as palavras saíssem.

Levou um tempo para que ela entendesse. Então, ela cambaleou para trás, como se as palavras dele tivessem dado um soco no seu peito.

– ... mas... Mas Percy!... porque? Nós passamos... Por tanta coisa juntos... - ela arquejou, seus olhos brilhando com as lágrimas.

– Eu não posso ficar com você. - ele repetiu. Seus olhos endureceram, e ele disse asperadamente - Saia. Saia agora. Eu não quero te ver nunca mais.

Annabeth engasgou enquanto as lágrimas começaram a descer pelo seu rosto como cacos de vidro, quebrando no chão. Ela olhou para ele completamente em choque, incapaz até mesmo de demonstrar um pouco de raiva. Um segundo. Um minuto. E quase em câmera lenta, ela se virou e saiu correndo pela porta que ela tinha aberto apenas alguns segundos atrás, com um coração cheio de amor, que agora está quebrado.

A porta estava agora vaga e vazia, como o buraco no coração de Percy onde antes ocupava algo.

A força envolta em trevas que estava invisível, riu.

"Que esperto" sua voz atravessou a tristeza, agora o consumindo "Uma vez eu disse que você seria forçado a assistir a pessoa que realmente o ama morrer em minhas mãos... E você preferiu deixar o coração dela morrer em suas próprias mãos para que ela não tenha que passar por isso... muito inteligente... muito corajoso." ela sussurrou, sua voz parecida como a de uma cobra "infelizmente, o seu tempo acabou, Percy Jackson"

Percy pousou os olhos na porta. Ele se levantou e olhou fixamente, sem se mexer ou falar algo. Ele se lembrou de Annabeth, seus cabelos como o sol, seus lindos olhos como a lua, e pensamentos como estrelas. Eles se beijando à luz da lua. Nadando no lago de canoagem juntos, comendo juntos. As missões. Os momentos que sobreviveram juntos. Ele a abraçando enquanto ela chorava com medo de que não sobrevivessem. Suas lágrimas. Suas lágrimas caindo... caindo... caindo... por causa dele. Ele a imaginou de pé na frente dele, na sua beleza. Annabeth, seu amor, sua vida, sua esperança.

E de repente as palavras estavam escapando do vazio escuro de ódio que havia se feito do seu peito. Lentas e hesitantes palavras. Palavras que não o pertenciam. Palavras que se tornaram um poema, se tornaram uma canção.

"você é meu sol, meu único raio de sol..."

"... você me faz feliz quando o céu está cinza e escuro, mas agora..."

"...você nunca saberá, querida, o quanto... eu te amo"

"...... por favor, não leve.... o meu raio de sol embora"

E só então, a escuridão o consumiu

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“Annabeth, espero que entenda tudo isso.Mas para você permanecer viva, tive que fazer o que fiz. Você ainda tem muito pra viver. Muitos projetos para fazer. Eu só traria mais problemas para o seu lado. Ela me disse, quando você não estava perto para ouvi-la, que a pessoa que realmente me amava morreria nas mãos dela. Não podia deixar isso acontecer. Agora, você está a salva. Não existe mais um Percy. Ela não pode te fazer mais mal algum. Estarei te esperando aonde quer que eu vá no Mundo Inferior. Sei que um dia estarei junto a você novamente. E quando esse dia chegar, acredite em mim Annie, será o dia mais feliz da minha “vida após a morte”. Enquanto isso, estarei pensando em você e em tudo o que passamos juntos. Todos os momentos. É a única coisa que me restará de você: lembranças. Queria poder estar ai com você. Te consolando como sempre fazia quando você ficava para baixo. Me desculpe por não estar. Eu te amo, minha sabidinha. Nunca se esqueça”

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*Annabeth*

Após ler o que ele tinha me deixado, corri. Corri de volta para o chalé de Poseidon o mais rápido que minhas pernas que bambeavam conseguiam, as lágrimas embaçando minha visão. O vazio do meu peito agora se preenchendo novamente de esperança. Mas quando cheguei lá, o que eu encontrei foi isso: um vazio. Nada.

Então eu gritei, gritei com toda a minha força que me restava. Chorei com toda a minha dor, tudo que havia se acumulado, jorrando em forma de lágrimas. Chorei a ponto de ficar sem fôlego por algum tempo. Não consigo acreditar ainda. Percy se foi. A única pessoa que me fazia ter um motivo para continuar a lutar, se fora.

Seus olhos verdes que me deixavam acesa, seu cheiro de mar que impregnavam minhas roupas, seu sorriso que me encantava, sua voz que conseguia me acalmar, o garoto que sempre nas piores horas me fazia feliz pelo simples fato de tê-lo comigo... tudo isso.

Agora se fora.

Certa vez, eu fui sequestrada, e todos achavam que eu estava morta, menos Percy. Outra vez, Hera tirou ele de mim e ele simplesmente sumiu. Eu nunca parei de procurá-lo até o achar.

Mas agora, não me restou mais nada.

Só tenho uma coisa em que me segurar, uma coisa em mente: que um dia, iremos nos encontrar.

E eu esperarei por esse dia ansiosamente.