Aaron POV

Quase esbarrei em um dos filhos de Hermes, mas ele me contornou e continuou correndo em direção ao nosso lado do bosque, pensei em ir atrás dele, mas eu jamais alcançaria um filho do deus mensageiro. Barbara se afastou sem dizer nada, e eu quase fui acertado por um golpe de espada de Bruce Beyord, que estava atrás de mim.

– É feio atacar os inimigos por trás, Bruce. – eu disse enquanto usava toda minha força para bloquear um segundo golpe. Forcei minha adaga perto do cabo da espada e girei, desarmando o oponente; chutei a espada para longe e aproveitei o momento de surpresa para prender o garoto numa gravata, o que foi bem difícil, ele era muito corpulento - Isso é tudo que pode dar, garotão? – Assim que ele começou a perder a cor eu o soltei, e ele caiu de quatro no chão. Peguei a espada dele e, como não era muito bom com elas, a escondi entre uma árvore e um arbusto e continuei a caminhada, procurando a bandeira com ânimo redobrado, afinal, não é todo dia que um filho de Hefesto vence alguémpela força.

Ouvi um farfalhar à minha esquerda e apontei a adaga em direção ao barulho, e vi os irmãos Cramp, gêmeos de Dionísio apareceram, ofegantes. Um deles tinha um corte na testa.

–Encontramos a bandeira– eles disseram e uníssono e voltaram por onde tinham vindo. Os segui rapidamente por alguns minutos, nos quais parecíamos estar andando em círculos, até que eles pararam abruptamente e eu quase esbarrei nos dois.

– Shh!! – um deles disse, acho que era o Colin, e apontou para o punho de Zeus, onde vimos a grande flâmula vermelha sacudindo ao vento, fincada entre as pedras e uma dúzia de campistas estavam na defesa. Vi duas filhas de Atena se esgueirando por ente as árvores alguns metros à frente, longe da vista do time vermelho. Vi também Isaac mais à esquerda, que fez um sinal para nós e para as garotas, dizendo para atacarmos no três. Assim que ele levantou três dedos, atacamos ao mesmo tempo.

O garoto que eu mirava estava com uma lança. Assim que eu tentei acertar o elmo dele com um murro ele defendeu-se com o cabo, assim como mais dois chutes meus, até que ele acertou dois golpes seguidos em baixo dos meus braços, e, aproveitando-se da surpresa, acertou o cabo novamente em meu elmo, me derrubando.

Tentando fazer com que o ar voltasse a circular pelos meus pulmões, foi difícil reagir quando ele forçou a lança contra meu pescoço (a parte de madeira, é claro), mas ainda assim consegui bloqueá-la com a parte chata da minha adaga e, lembrando que havia afiado a lâmina pela manhã, forcei a parte cortante contra a madeira, que se partiu ao meio.

O garoto jogou os dois pedaços da lâmina partida no chão e olhou para mim furioso e, enquanto eu levantava ele desferiu um gancho de direita, que eu bloqueei. Fingi rebater na mesma moeda mas, quando ele levantou o antebraço para bloquear o golpe, acertei um chute entre suas costelas, bem na abertura da armadura. Aproveitei a surpresa dele e fiz o mesmo do outro lado e o empurrei contra as pedras do Punho de Zeus.

Enquanto ele se recuperava, uma garota veio para cima de mim e eu a afastei com um chute na armadura, que a fez cair, e escalei rapidamente a formação rochosa. Assim que agarrei a bandeira, percebi que eu não iria conseguir leva-la para o nosso lado antes dos outros campistas me alcançarem, pois não era muito rápido. Vi Miranda, filha de Atena, de uns catorze lutando com um garoto corpulento com uma destreza e agilidade impressionante. Era nossa melhor opção. Corri para ajuda-la, mas um garoto me barrou, eu não tinha tempo para lutar, isso poderia fazer o nosso time perder. Então, Barbara pulou nas costas dele, o que me permitiu correr.

Cheguei perto de Miranda e acertei seu oponente com o cabo da minha adaga e entreguei a bandeira para ela, que entendeu e saiu correndo em direção ao riacho. Corri atrás dela para lhe dar cobertura.

Alguns metros à frente, Margo apareceu diante de mim apontando sua enorme espada para o meu pescoço.

– Cadê a bandeira?

– Já está longe, vá com calma.

Assim que ela se virou para correr, a concha soou. O jogo havia terminado.

Shawn POV

A idéia de Piper não foi tão ruim afinal. Assim que todo o chalé sete estava empoleirado encima das árvores ao redor da bandeira – que estava no meio de uma clareira, percebi uma movimentação de folhas se aproximando rapidamente. Um filho de Hermes, pensei, e preparei meu arco. As flechas usadas nos jogos não matam, mas derrubam o oponente. No momento em que o garoto apareceu na clareira, antes que eu pudesse soltar minha flecha, uma dourada acertou o elmo dele, quicando no metal e derrubando-o. Piper. Numa fração de segundo, Clary, filha de Nike apontou uma espada para ele, desarmou-lhe e o conduziu para flora da clareira. O plano estava dando certo.

A maior parte das flechas disparadas era da Piper. Era surpreendente como a novata se destacava, talvez fosse por causa de seu arco mágico. Isso até que ela desceu da árvore e começou a correr entre as árvores em direção ao riacho.

– O QUE VOCE ESTA FAZENDO? - gritei

– Acho que posso ser útil lá na frente.

Pareceu que funcionara, pois por um bom tempo não apareceu nenhum campista por ali, isto é, até um dos filhos de Hermes, de uns quinze anos eu acho, apareceu correndo e desviando de todas as nossas flechas. Ele capturou a bandeira e saiu correndo e todos os que estavam nas árvores pularam e bloquearam sua saída. Ele era muito bom na esgrima e, enquanto defendia a bandeira, duelava com um filho de Nike e um filho de Hebe ao mesmo tempo.

Mas ele era rápido demais e conseguiu escapar. Droga.

Piper POV

Empoleirada num pinheiro perto do riacho eu tinha uma visão privilegiada de todos os oponentes que tentavam entrar e os acertava antes mesmo que chegassem à nossa área. Isto é, até que três entraram correndo de uma vez e um conseguiu escapar. Uns vinte minutos depois, vi uma garota do nosso time correndo para o riacho, segurando a bandeira vermelha. Um garoto loiro a perseguia, o que não foi problema depois de ser derrubado por uma flecha minha. Animada com a perspectiva de ganhar no meu primeiro jogo de capture a bandeira, foi tarde demais quando vi outro garoto loiro, na nossa área, carregando a nossa bandeira em direção ao riacho. O acertei com uma flecha, que o derrubou, mas ele levantou e continuou a correr rápido. Rápido demais.

Miranda estava mais perto do riacho que ele, mas ele era mais rápido e, assim que a viu, apressou o passo e saltou sobre o riacho, no mesmo momento que ela saltou também e os dois se chocaram. Como ela era mais lave, foi arrastada junto com ele para o lado da equipe vermelha. O som da concha soou.

– Filho da puta!! – ela gritou, assim como eu.

– Olha a boca, gatinha – ouvi o garoto dizer para ela quando eu voltei para o chão.

Aaron POV

Margo me acompanhou correndo em direção ao riacho, eu estava feliz da vida, pensando que tinha vencido, quando me deparei com o filho de Hermes que eu deixara passar sendo levantado por alguns campistas do time vermelho e, segurava a bandeira azul na mão. A garota me olhou incrédulo e foi se juntar ao coro. Do outro lado, parte dos campistas do time azul estava observando a festa. Piper não estava lá. Não que eu ficasse procurando por ela e tals.

Alguns campistas se reuniam ao redor do riacho, uns para festejar, outros para observar a festa. Quando Quíron e o Sr Jackson apareceram sorrindo, aquele garotinho negro que Messi ajudara no arsenal apareceu correndo e gritando.

– SALVEM-SE QUEM PUDER!

Então vimos uma sombra escura se projetar sobre a clareira em que estávamos e dois projéteis chatos e longos como penas, atingiram as costas do garoto, atravessando-o completamente. Ele caiu inerte no chão, sangrando. E o pandemônio começou.